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Em primeiro lugar, agradeço a enorme consideração e apreço. Para mim, é muito gratificante ler isso.
Creio que a vida é cheia de ocasiões e conjunturas que não controlamos. Não pedi uma série de acontecimentos na minha vida, apenas aprendi a jogar com o que tinha. Não pedi para nascer autista, mas assim nasci. Não pedi para ser bissexual, contudo sou. Não decidi que seria do underground, porém foi o único lugar que me acolheu.
Espero que as próximas fases da minha obra não sejam tão assustadoras quanto foram as primeiras. Espero me afastar das polêmicas e construir um legado mais sólido. Espero que se as pessoas olharem pro meu passado, que seja mais com a abertura de uma dúvida do que com uma série de certezas pré-programadas.
Sim, vim de uma cultura radical. Do mesmo modo que muitos vieram de outras culturas radicais. Amadureceram, cresceram. Viram diferentes facetas dos seus movimentos. Facetas não exploradas midiaticamente (tal como ocorre com o leftypol [chan da esquerda politicamente incorreta] ou com o magalichan [chan de mulheres brasileiras]) por causa de narrativismos sensacionalistas. Vi as melhores construções, como a wiki do /mu/ e do /lit/, e as piores também, como à ascensão de Trump com auxílio do /pol/ e de QAnon.
De qualquer modo, sou uma figura que esteve dentro da história de algo que moldou e ainda molda parte da internet. Olho tudo hoje não mais como um jogador, um treinador ou um estrategista, mas como um mero expectador. Tal como um político aposentado ou um ex-jogador.
As novas gerações descobriram seus próprios erros e darão os seus próprios passos. Espero que consigam sair da radicalidade e encontrem um horizonte mais pragmático.
