terça-feira, 25 de novembro de 2025

NGL #16 — Nome no Reddit

 


CLIQUE AQUI


Eu sempre amei corvos pela sua simbologia e sempre amei a língua latina pela sua elegância. O nome Volatus Corvi poderia ser traduzido como voo do Corvo.

É um nome que achei extremamente maneiro e simbólico! Além de altamente impactante.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Dois Sistemas Intelectuais Portáteis

 


BAIXE O SISTEMA INTELECTUAL PORTÁTIL


Quem tiver interesse, tenho dois sistemas intelectuais portáteis: "Esochannealogy" e "Esochannealogy of War". Estive desenvolvendo esses dois sistemas em linguagem token para serem usados em IAs. Eles foram otimizados exatamente para isso. O link conta com um bot baseado no sistema da esochannealogia.


Há também um jogo para se jogar com IA: MAGOLÍTICA GAME.


Os dois produtos podem ser baixados gratuitamente. Eles são altamente interativos e te garantem uma imersão ampla, além disso, são extremamente educativos no sistema esochannealógico baseado no universo Magolítica.


Caso tenham interesse de me enviarem perguntas anônimas: PERGUNTAS ANÔNIMAS.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Esochannealogia: Jogo e Sistema

 


Para quem curte o universo Magolítica: Harmonia da Dissonância. Acabo de lançar dois produtos para enriquecer a experiência literária e do sistema. Os dois foram feitos para se usar em uma IA


1. Magolítica: The Game;

2. Magolítica: O Sistema.


O primeiro é um jogo que você pode ser um esochanner ou magolósofo. Se você for um esochanner, você trabalha pela destruição da democracia. Se você for um magolósofo, você trabalha favoravelmente a democracia. A IA vira automaticamente do lado oposto.


O segundo é o sistema intelectual inteiro da esochannealogia. Todo em linguagem token para ser usado em uma IA. Eu chamo isso de "versão portátil", já que comprimi um sistema intelectual inteiro. Ele possui múltiplas utilidades distintas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

NGL #15 — Vergonha de parecer mulher...

 


Faça suas perguntas anônimas: https://ngl.link/lunemcordis


O que te fez pensar por um momento sequer que me comparar com uma mulher soaria ofensivo?


O que te fez pensar que eu teria vergonha de ser ou parecer uma mulher?


O que te fez pensar que isso é uma forma de demonstrar que estou em uma posição inferioridade?


Pressupor isso é acreditar que eu acredito na superioridade masculina, tomando a feminilidade como ofensa. E diferentemente de você, eu nem por um momento sequer acreditei nessa crença estúpida. Até porque eu tenho algo que você não tem: cérebro.

Nota de Pesquisa (NDP): 4chan Happening Archive (Links)

 


Fonte/Source: https://boards.4chan.org/bant/


Past happenings: 


https://wiki.bibanon.org/4chan/History


See how active 4chan boards are in real time: 


https://4stats.io


Search 4chan: 


https://find.4chan.org


Archives: 


https://wiki.archiveteam.org/index.php/4chan


Public ban archives (no longer updated): 


http://185.10.68.107:1776/ (4bans) 

https://hiddenservice.cc/bans (IPv6 only)


Self-serve ads: 


https://4ch-ads.pages.dev/


Enhance your 4chan Experience (no 4chanX): 


https://rentry.org/4chan_Userscripts_1


Enhance your 4chan Archive Experience:


https://rentry.org/FoolFuuka_Userscripts


Yotsuba catalog: 


https://catalog.neet.tv/


4chan media browsers: 


https://thread-puller.party/ (Images) 

https://www.4webm.org (Webms / [wsg])


How to access IRC and contact the mods: 


https://desuarchive.org/qa/thread/1654916/#1690512

Estatísticas do Blogspot Cadáver Minimal #1







Top 11 países que acessaram o blogspot:


1- Brasil:

10,5 mil


2- Singapura:

5,5 mil


3- Estados Unidos:

3,78 mil


4- Hong Kong:

2,97 mil


5- México: 

1,85 mil


6- Alemanha:

1,37 mil


7- Finlândia:

496


8- Áustria:

453


9- Países Baixos:

436


10- Irã:

407


11- Rússia:

348

Nota de Pesquisa (NDP): Política Econômica de Esquerda (links)

 



Conteúdo recomendado pelo Leftypol (https://leftypol.org)


Youtube Playlists

Anwar Shaikh - Historical Foundations of Political Economy

https://www.youtube.com/playlist?list=PLTMFx0t8kDzc72vtNWeTP05x6WYiDgEx7

Anwar Shaikh - Capitalism: Competition, Conflict and Crises

https://www.youtube.com/playlist?list=PLB1uqxcCESK6B1juh_wnKoxftZCcqA1go

Anwar Shaikh - Capitalism

https://www.youtube.com/playlist?list=PLz4k72ocf2TZMxrEVCgpp1b5K3hzFWuZh

Capital Volume 1 high quality audiobook from Andrew S. Rightenburg (Human-Read, not AI voice or TTS voice)

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUjbFtkcDBlSHVigHHx_wjaeWmDN2W-h8

Capital Volume 2 high quality audiobook from Andrew S. Rightenburg (Human-Read, not AI voice or TTS voice)

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUjbFtkcDBlSxnp8uR2kshvhG-5kzrjdQ

Capital Volume 3 high quality audiobook from Andrew S. Rightenburg (Human-Read, not AI voice or TTS voice)

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUjbFtkcDBlRoV5CVoc5yyYL4nMO9ZJzO

Theories of Surplus Value high quality audiobook from Andrew S. Rightenburg (Human-Read, not AI voice or TTS voice)

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUjbFtkcDBlQa-dFgNFtQvvMOgNtV7nXp

Paul Cockshott - Labor Theory of Value Playlist

https://www.youtube.com/playlist?list=PLKVcO3co5aCBnDt7k5eU8msX4DhTNUila

Paul Cockshott - Economic Planning Playlist

https://www.youtube.com/playlist?list=PLKVcO3co5aCDnkyY9YkQxpx6FxPJ23joH

Paul Cockshott - Materialism, Marxism, and Thermodynamics Playlist

https://www.youtube.com/playlist?list=PLKVcO3co5aCBv0m0fAjoOy1U4mOs_Y8QM

Victor Magariño - Austrian Economics: A Critical Analysis

https://www.youtube.com/playlist?list=PLpHi51IjLqerA1aKeGe3DcRc7zCCFkAoq

Victor Magariño - Rethinking Classical Economics

https://www.youtube.com/playlist?list=PLpHi51IjLqepj9uE1hhCrA66tMvNlnItt

Victor Magariño - Mathematics for Classical Political Economy

https://www.youtube.com/playlist?list=PLpHi51IjLqepWUHXIgVhC_Txk2WJgaSst

Geopolitical Economy Hour with Radhika Desai and Michael Hudson (someone says "he's CIA doing reheated Proudhonism" lol)

https://www.youtube.com/watch?v=X7ejfZdPboo&list=PLDAi0NdlN8hMl9DkPLikDDGccibhYHnDP


Potential Sources of Information

Leftypol Wiki Political Economy Category (needs expanding)

https://leftypedia.miraheze.org/wiki/Category:Political_economy

Sci-Hub

https://sci-hub.se/about

Marxists Internet Archive

https://www.marxists.org/

Library Genesis

https://libgen.is/

University of the Left

http://ouleft.sp-mesolite.tilted.net/Online

bannedthought.net

https://bannedthought.net/

Books scanned by Ismail from eregime.org that were uploaded to archive.org

https://archive.org/details/@ismail_badiou

The Great Soviet Encyclopedia: Articles from the GSE tend to be towards the bottom.

https://encyclopedia2.thefreedictionary.com/

EcuRed: Cuba's online encyclopedia

https://www.ecured.cu/

Books on libcom.org

https://libcom.org/book

Dictionary of Revolutionary Marxism

https://massline.org/Dictionary/index.htm

/EDU/ ebook share thread

https://leftypol.org/edu/res/22659.html

Pre-Marxist Economics (Marx studied these thinkers before writing Capital and Theories of Surplus Value)

https://www.marxists.org/reference/subject/economics/index.htm

Principle writings of Karl Marx on political economy, 1844-1883

https://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/economy/index.htm

Speeches and Articles of Marx and Engels on Free Trade and Protectionism, 1847-1888

https://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/free-trade/index.htm

(The Critique Of) Political Economy After Marx's Death

https://www.marxists.org/subject/economy/postmarx.htm

Nota de Pesquisa (NDP): esquerda na Austrália e Oceania (links)

 



Esquerda na Austrália e Oceania.


Conteúdo recomendado pela esquerda australiana e da Oceania do leftypol (https://leftypol.org).


Links:

https://www.greenleft.org.au

https://www.auscp.org.au/militant-monthly

https://solidarity.net.au

https://redflag.org.au

https://marxistleftreview.org/?topic=australia

https://www.michaelwest.com.au

https://overland.org.au

https://arena.org.au

https://www.themonthly.com.au

https://www.crikey.com.au

https://www.redblacknotes.com

https://www.surplusvalue.org.au/McQueen/index.htm

https://reddit.com/r/AustralianSocialism 

https://www.labourstart.org/news/country.php?country=Australia&langcode=en

https://anarchistnews.org/content/spotters-guide-anarchism-australia-and-aotearoa

https://thewhiterosesociety.writeas.com



domingo, 16 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #31 — Em vez de chamar de extrema-direita...

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: postagem no Threads. Expandida para fins de recordação.


A esquerda e a mídia precisam parar de escrever "extrema-direita". É uma estratégia que não funciona mais. Muitos direitistas apenas olham e dizem: "sou de extrema-direita mesmo". 


Seria infinitamente mais útil pegar comentários racistas, misóginos, LGBTfóbicos, xenofóbicos e exibi-los indefinidamente. Essa estratégia ganha "fator turbo" no período eleitoral.


Exemplos:

- Política ou discurso antimigracionista no Sul contra nordestinos = ódio contra nordestinos = exiba as mensagens ou as políticas do Sul no Nordeste em massa = direita perde base eleitoral no Nordeste;

- Discurso LGBTfóbico em redes sociais ou políticas públicas LGBTfóbicas em qualquer local do Brasil = ódio contra LGBTs = exiba as mensagens ou as políticas LGBTfóbicas para LGBTs em massa = direita perde base eleitoral entre LGBTs.


Infelizmente vocês não estão prontos para essa malandragem. No período eleitoral, vira até autofire. Qualquer discurso, qualquer política, em qualquer ponto que seja: pode e deve ser usado contra o próprio criador do discurso. Isso é uma estratégia mais inteligente do que ficar escrevendo "extrema-direita" indefinidamente, visto que essa relatividade conceitual gera receio até entre a centro-direita.


Se você pega os males discursivos ou políticas enlouquecidas da direita woke (você lembrou de pesquisar "woke right" no Google, não é? Essa é a milésima vez que escrevo isso), ninguém vai querer ser identificado como apoiador delas.


Isso fará que eles tenham um número limitado de escolhas:

1. Acusar uns aos outros;

2. Pedir perdão público;

3. Deixarem de praticar políticas divisíveis.


É evidente que você também não pode praticar os mesmos exageros retóricos. Dizer que "pessoas ricas têm muito privilégios nesse país com baixa distribuição de renda" é muito melhor do que dizer "brancos têm muito privilégio nesse país". Você precisa tornar os seus adversários reféns verbais das próprias palavras que eles proferiram sem que você se torne refém verbal das suas palavras também.


Claro, isso é só um "conselho bobo" de um escritor mequetrefe sem influência alguma. No fim, minha opinião ou a ausência dela não impactam em nada.

NGL #14 — Não sou namorável


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Não sou uma pessoa namorável. Sou, na verdade, uma pessoa absolutamente detestável. Por várias razões:

1. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu simplesmente sumi por querer passar um tempo sozinho lendo e estudando;

2. Eu já perdi as contas da quantidade de vezes que comecei a odiar a pessoa que eu namorava por ela atrapalhar meus momentos intelectuais e criativos;

3. Eu já perdi a conta da quantidade vezes que eu comecei a sentir ódio das relações em que eu estava por achá-las intelectualmente limitadores.

Sim, esse conflito sempre aparecerá mais cedo ou mais tarde. Em algum momento, eu me sentirei extremamente entediado por estar numa relação e não quererei fazer mais nada. Eu já disse isso várias vezes, mas nunca disse aqui: eu poderia viver tranquilamente sem nunca mais fazer amor, mas não poderia viver sem nunca mais estudar. Não estou falando de "fazer faculdade" ou "obter diploma", não estou falando de nada institucionalizado. Estou falando em estudar através de pesquisa livre e criação livre.

Eu não tenho nada de bom a oferecer. Já escrevi isso várias vezes. Não tenho dinheiro, não sou bom de cama, não sou engraçado, não sei andar junto, não tenho interesse em conversas extremamente banais. E pior: além de eu não ser bom de cama e não ser amoroso, não tenho quase nenhum interesse em manter relações por mais de três meses.

Fora isso, a monogamia pouco me atrai. Gosto da não monogamia por ser um indivíduo pouco empático. Não é que eu "sou super mente aberta", é por eu simplesmente ser misantropo. De qualquer modo, frequento meios liberais e, em alguns momentos, saio com casais.

Se for namorar, em um contexto monogâmico ou a longo prazo, namore com alguém que seja compatível com isso. Eu não sou.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

NGL #13 — Uma liderança intelectual?

 


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Em primeiro lugar, agradeço a enorme consideração e apreço. Para mim, é muito gratificante ler isso.

Creio que a vida é cheia de ocasiões e conjunturas que não controlamos. Não pedi uma série de acontecimentos na minha vida, apenas aprendi a jogar com o que tinha. Não pedi para nascer autista, mas assim nasci. Não pedi para ser bissexual, contudo sou. Não decidi que seria do underground, porém foi o único lugar que me acolheu.

Espero que as próximas fases da minha obra não sejam tão assustadoras quanto foram as primeiras. Espero me afastar das polêmicas e construir um legado mais sólido. Espero que se as pessoas olharem pro meu passado, que seja mais com a abertura de uma dúvida do que com uma série de certezas pré-programadas.

Sim, vim de uma cultura radical. Do mesmo modo que muitos vieram de outras culturas radicais. Amadureceram, cresceram. Viram diferentes facetas dos seus movimentos. Facetas não exploradas midiaticamente (tal como ocorre com o leftypol [chan da esquerda politicamente incorreta] ou com o magalichan [chan de mulheres brasileiras]) por causa de narrativismos sensacionalistas. Vi as melhores construções, como a wiki do /mu/ e do /lit/, e as piores também, como à ascensão de Trump com auxílio do /pol/ e de QAnon.

De qualquer modo, sou uma figura que esteve dentro da história de algo que moldou e ainda molda parte da internet. Olho tudo hoje não mais como um jogador, um treinador ou um estrategista, mas como um mero expectador. Tal como um político aposentado ou um ex-jogador.

As novas gerações descobriram seus próprios erros e darão os seus próprios passos. Espero que consigam sair da radicalidade e encontrem um horizonte mais pragmático.

NGL #12 — O que a nova geração deve fazer?

 


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Não me aposentei enquanto escritor underground. Aposentei-me enquanto gerador de OC (Original Content) da cultura channer, visto que cumpri a tarefa de sistematizar e transferir o esoterismo para as novas gerações. Tal como anteriormente escrito.

O que vem depois de mim? Eu não sei. Cada geração precisa tomar as suas próprias decisões. O que a nova geração fará depois da minha aposentadoria? Também não sei, não cabe a mim dizer aos mais jovens como devem ou não devem agir. Se eu acredito num futuro para a cena? Creio que o futuro não é algo que apenas se "acredita", mas se constrói.

Só tenho um único conselho: leiam de tudo, retenham o que é bom. Estudem várias escolas de pensamento, isso cria pragmatismo. Evitem escolhas exageradas, isso trará arrependimento. Construam uma vida que possam se orgulhar, mesmo que não sejam conquistas financeiras. Procurem se conectar e aprender com os mais diferentes tipos de pessoas. E se lembrem: qualquer que seja a era em que se viva, qualquer que seja a sua geração, livros serão sempre os mecanismos mais importantes de se ter acesso ao conhecimento. O surgimento das Inteligências Artificiais, e o futuro da Inteligência Artificial Geral, não mudam a pedra basilar de uma boa vida: que é a leitura e a reflexão. Ler e refletir é sempre moderno e sempre tradicional, é a conexão do passado, do presente e do futuro. Nunca subestimem o poder do estudo, da leitura e da reflexão.

NGL #11 — Sou um vilão?

 


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Muitas vezes os conceitos de vilão e herói passam por construções e percepções históricas distintas. Confesso que tive períodos bastante tóxicos na minha vida e particularmente não me considero uma boa pessoa.


Também creio que estamos em uma era de automarketing moral onde todo mundo precisa passar a imagem de santidade (dentro dos parâmetros modernos), o que leva as pessoas a não considerarem os próprios erros... um dos primeiros passos para alguém se tornar mau é se crer bom. Creio que só lendo "A Gravidade e a Graça" da Simone Weil para compreender.


Para alguns, eu sou um vilão. Para outros, eu sou um herói. Lembro-me do bullying na pré-adolescência e na adolescência, além do deslocamento social por ser autista. Fora isso, as diversas experiências pessoas pela bifobia.


Passei minha vida em fóruns undergrounds e em livros. Muitas vezes vendo animes e lendo mangás, embora tenha me afastado bastante do ambiente otaku nos últimos tempos. Jogos? Joguei e ainda jogo vários, mas bem menos. Os únicos hábitos constantes são os livros. Hoje assisto mais vídeos informativos sobre Inteligências Artificiais e outros assuntos. Assista aqui e ali algum documentário. Fora isso, vejo uns vídeos sobre SCP Foundation antes de dormir. O livro que leio agora é "Running Against the Devil" do Rick Wilson. Um livro engraçadíssimo.


Quando falei mal do trumpismo e bolsonarismo, muitos ficaram extremamente irritados comigo. Quando fui um dos primeiros a trazer o termo "woke right" (direita woke) e acusar grande parte da direita de ser canceladora e censuradora, ocorreu o mesmo. Me dizem muitas coisas, me acusam de muitas coisas. Eu particularmente prefiro manter a crença particular que "as ideias têm consequências" (Richard M. Weaver) e seguir uma linha pragmática. O custo é o isolamento. Não sigo cartilha para ser considerado bom e prefiro ler múltiplas escolas de pensamento antes de chegar a uma conclusão temporária.


Não sei se eu poderia ser considerado "mau" ou um "vilão", vai do imaginário de cada um. Eu particularmente sou um pessimista antropológico e uma pessoa bem deslocada. Fora isso, mantenho uma vida relativamente liberal e amizades com pessoas dos mais diversos espectros políticos. Estou numa linha tênue e sei disso.


No fim, sou eu e os múltiplos livros que leio que estarão comigo.

NGL #10 — Eu virei trans?

 


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Não, não "virei trans". Você muito provavelmente deve estar comentando a minha foto de drag.


Faço alguns posicionamentos:

1. Ninguém vira trans, as pessoas nascem com disforia de gênero;

2. Não creio que alguém "vire trans", seja por carência ou por fetiche, isso parece ser mais uma teoria maluca e transfóbica da internet;

3. Como uma pessoa bissexual, sou mais inclinado a ser questionante dos padrões de gênero que são muitas vezes construções sociológicas, não biológicas. Qualquer coisa, pesquise "bissexualidade" no blogspot e haverá uma série de textos em que analiso artigos acadêmicos sobre o assunto. Muitas vezes, identifico-me como bigender por causa disso. Visto que há uma linha bastante tênue na compreensão popular entre sociologia e biologia, mas como uma pessoa bissexual, vejo as coisas dentro de uma perspectiva mais queer.


Espero que isso tenha resolvido a sua pergunta.

NGL #9 — Sobre o legado e as futuras gerações


 

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Vira e mexe alguém vem e me pergunta: "você conhece esse membro da (cite alguma panelinha ridícula de channers mais novos)?". E eu agradeço por não conhecer ninguém. É sempre uma burrada da machosfera ou alguma coisa idiota do movimento red piu-piu. Ver esse tipo de pergunta é um alívio, visto que sei que ela vem de gente da velha guarda e não entusiastas do sensacionalismo.

Quantas histórias e quantas memórias. Estava relembrando isso hoje, li minha troca de mensagens com o antigo ex-administrador do 77chan. Veja como a memória é uma coisa frágil, comecei a usar chans em 2011. Pensei que tinha começado em 2012. Significa que tenho meus 14 anos de experiência. Muito tempo, muita coisa.

Vi de tudo: o BRchan, o 55chan, as indas e vindas dos jorges, as quedas, as ascensões. Sinto um carinho especial pelo magochan (uma época ele foi o maguschan), apesar de eu não lembrar particularmente quase nada do recinto.

Na época em que eu estava conversando com o administrador do 77chan, tinha lá as minhas rixas com o 55chan (a segunda versão). Naquela época, veríamos muitas coisas ocorrendo. A raid contra Godilson (esquerdista e membro da Staff), os ataques repetidos contra a Flower (uma mulher de esquerda que chegou a ser administradora do 55chan) e a onda da alt-right gerada por Qb (staff do 55chan).

O que odiava no 55chan era moldagem de conteúdo. Qb queria censurar a galera da esquerda. Fowler queria censurar todo mundo. Sentia saudades do espírito bananalista e anárquico da Terra de Ninguém (período tão amado e odiado na história do BRchan). O 55chan morreria em 2021.

Naquela época, ainda testemunhávamos a ascensão da alt-right na cena channer nacional. Em grande parte, pelos esforços de Qb. Um tempo depois, tornei-me moderador da Panelinha do Bananal. Para depois fundar a Seita da Banana Invisível e ir embora do grupo que fundei.

A administração da segunda versão do 55chan cometeria uma série de erros. Uma delas foi deixar que os servidores piratas ligados ao 55chan tivessem chats no Discord. Isso daria margem para a criação das padogonelas (panelas dogoleiras), diferentes das panelinhas tradicionais (criadas originalmente por Reptar e seus sucessores), porém essa discussão é quase incognoscível para quem é de fora da cena.

Conheci muita gente graças a esses movimentos. Guardo contato com alguns. Recentemente cheguei a conhecer IHM, uma channer americana conhecida por fundar o 94chan. Além disso, conheci o irmão da fundadora da Encyclopedia Dramatica (wiki satírica channer). Fui também administrador do chat do telegram da Encyclopedia Dramatica por um curto período de tempo. Falei com gente que tem mais de 20 anos de chan, os chamados "originais" ou "anciãos".

Mantenho amizade com o Tiago, grande administrador da Panelinha do Bananal. Atualmente afastado. Esquerdista sangue bom. O que me lembra o quão diferente eu sou dos outros: tenho amigos de esquerda, sou bissexual, leio um bocado de livros e participo de festas liberais. Além de, é claro, ter um posicionamento extremamente contrário ao bolsonarismo e trumpismo.

Eu prometi em 2021 que escreveria um livro chamado Harmonia da Dissonância e que daria o sistema esochannealógico completo (um sistema gnóstico operacional) para as novas gerações. Aí está:


Minha geração cresceu com uma cultura channer brasileira extremamente anárquica para ver ela ser capturada em prol de interesses políticos mesquinhos. Houve um tempo em que víamos marxistas inteligentíssimos dentro do movimento. Vimos um dos mais famosos membros da Panelinha do Bananal (o Rei do Norte) discursar ao lado do Bolsonaro. Em uma época, as panelinhas (as originais que eram no Facebook, não confundir com os padogonelas do Discord) tinham até milhões de membros.

Hoje em dia, cá estou eu. Nunca gostei do bolsonarismo. Essa pesca, a que nunca pude morder, tornou-se algo absurdamente característico da cultura channer brasileira. Sem os esforços da comunidade channer nacional em "memar" Bolsonaro, talvez ele nunca tivesse ido pro Superpop e virado uma "estrela política".

O 4chan, por outro lado, sempre permitiu todo tipo de discurso. Chega até ser impressionante ver todo tipo de gente de esquerda e de direita por lá. Sobretudo no /lit/, mas podemos ver comunistas no /v/. É impressionante o quanto é fácil encontrar pessoas que odeiam o /pol/ dentro das outras boards.

Cumpri o meu objetivo de entregar o sistema esochannealógico para as novas gerações. Hoje em dia, estou muito mais afastado. Não que eu tenha "deixado" de ser channer. Visto que isso faz parte da minha identidade. Mas sim que não me verá dando grandes contribuições ao horizonte cultural. As pessoas devem saber o desgosto que sinto dos incels e redpills. Além do meu orgulho de nunca ter participado desse besteirol cancerígeno que é a betosfera/machosfera ou seja lá como se chame essa porcaria.

Conversei dois anos atrás (ou seria um ano atrás?) com Parallax (ex-Xetrak), um dos maiores membros da Wikinet (wiki de channers e irmã brasileira da Encyclopedia Dramatica). É interessante, ele disse que me conhecia desde o grupo Libertarianismo. Foi ele que apagou minha página na Wikinet, inclusive a pedido meu.

Já estive no bate-papo com vários channers, membros do 4chan, ourchan, 8kun, leftypol, dentre tantos outros. Conheci channers de esquerda e de direita. Além de alguns ocasionais ex-channers. Já conheci channers americanos que são filiados ao Partido Democrata e vários channers americanos que odeiam Donald Trump. Além de ter participado de festas de alguns channers brasileiros.

Eu não me importo que alguns channers brasileiros me vejam como um trumpista vê Rick Wilson. Já passei dessa fase. Creio que essa geração de channers, que vive no r/brasilivre no Reddit ou postando porcaria no X está bem perdidinha. Espero que um dia possam crescer e deixar essa mentalidade rancorosa, conspiratória, por vezes flagrantemente misógina, racista e LGBTfóbica. Porém isso só virá com o tempo, já que a cultura channer é o veneno dos jovens dessa geração.

Deixo que cada um siga seu rumo. Continuarei no meu. Lendo livros, fazendo minhas análises. Afastado das novas gerações. Sem querer saber das rixas e das brigas. Já estou velho demais para isso.

Memória Cadavérica #30 — Sobre Christopher Buckley e Rick Wilson

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: creio que quando escrevi essa breve nota, estava lendo "Thank You for Smoking" do Christopher Buckley. Realizei algumas alterações, como deixar o texto maior.


A forma satírica e a escrita do conservador Christopher Buckley é extremamente brutal. Ele apresenta tudo que um conservador deveria ser: inteligente, engraçado, cauteloso em suas posições, além de apresentar uma mistura de cultura popular e erudita.


Uma pena que o conservadorismo letrado se afasta cada vez mais do conservadorismo das massas — veja, por exemplo, o bolsonarismo e o trumpismo. Qualquer conservador como Rick Wilson e Christopher Buckley seria chamado de esquerdista no Brasil pela legião de pseudoconservadores desmiolados.


A geração trumpista e bolsonarista afastarão milhares ou milhões de acadêmicos e futuros acadêmicos que poderiam ter sido conservadores, mas que viram no conservadorismo um carnaval sem fim de teorias da conspiração, negacionismos de todas as espécies, sensacionalismos, produção de pânico moral, ódio às pessoas LGBTs e revisionismo histórico.


Negros terão que olhar para a revisionismo histórico sobre a escravidão, ver-se-ão afastados do conservadorismo. LGBTs, sobretudo pessoas transgêneras, verão o espetáculo LGBTfóbico do Project 2025. Olharão para milhões de mortes na época da Covid, e verão o uso obsceno de teorias da conspiração como tática política. Nada disso é, à longo-prazo, positivo.


Caberá aos conservadores intelectualizados construírem um movimento separado e discreto, longe do bolsonarismo e trumpismo. E, acima de tudo, CONTRA o bolsonarismo e o trumpismo. O que atrará meia dúzia de pessoas verdadeiramente interessadas nas escolas de pensamento conservadoras.

Memória Cadavérica #29 — A Arte Política

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: originalmente postado no threads, expandido para melhor estrutura argumentativa.

Aviso: postagem com objetivo satírico.


Política pra gado:

- Figurinhas políticas pra quem não é inteligente o suficiente para estudar uma escola de pensamento.

Aqui estão os entusiastas que tratam celebridades pops da política como se fossem cantoras de música pop.

Política idealista:

- Escolas de pensamento que nunca se efetivam 100% na realidade. Debates pautados em vieses de confirmação onde a escola predileta é tido como santa e a escola de pensamento rival é tida como demoníaca.

Aqui estão as pessoas que acreditam piamente em uma escola de pensamento, sendo incapazes de fazerem sínteses de múltiplas escolas de pensamento, levando a uma auto-limitação intelectual grosseira.

Política pragmática:

- Estuda diversas escolas de pensamento e pensa num modelo .

Aqui estão aqueles que realmente deveriam governar e também a forma com que as pessoas deveriam estudar política, visto que só estes são capazes de gerar boas ideias, baseados no ceticismo e na prudência, tendo um experimentalismo comedido pela fusão de múltiplas ideias sintéticas. Entram aqui pessoas ilustres como Deng Xiaoping e Alexander Hamilton.

Política real:

- Psyops, guerra informacional, memética, guerra cognitiva.

Aqui está como a política realmente funciona. Uma permanente guerra de narrativas na qual várias mensagens são estudadas para ter efeito narrativamente positivo.

Memória Cadavérica #28 — Normies e condicionamento comportamental



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: originalmente postado no threads, expandido para melhor estrutura argumentativa.

Aviso 1: "normie" é redditspeak e não chanspeak.

Aviso 2: "normie" seria aquilo que chamamos de pessoas normais, porém no sentido de serem genéricas.

Um(a) normie precisa sempre se questionar:


- Será que homens/mulheres gostam disso?

- Será que os(as) outros(as) acadêmicos(as) curtiram/curtirão?

- Será que vou conseguir uma parceria romântica com isso?


O(a) normie mede as suas ações com base na aceitação social/romântica que conseguirá de acordo com determinada ação. Em outras palavras, são movidos(as) pela carência. Isso é simplesmente patético.


Sai uma pesquisa que diz: "mulheres/homens (não) gostam de homens/mulheres que fazem isso". E, de repente, todos entram em uma reforma comportacional para ser objeto de adoração/aceitação. Do mesmo modo, aparece um: "socialistas/conservadores/liberais de verdade são assim". Do nada, todo mundo se ajusta ao comportamento coletivo.


Grande parte dos movimentos políticos contemporâneos se baseiam na carência para com os grupos que as pessoas se inserem. É como se o integrante tivesse que se questionar se determinado movimento ou fala poderia se encaixar bem ou não dentro da lógica do grupo.


Código do comportamento esperado = internalização do código para a aceitação social/romântica.


No fim, todo mundo precisa balançar bem o rabinho (aceitar e imitar o comportamento julgado adequado) para os mais amplos modismos que são sugeridos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

30 Mil Visualizações!

 


Cadáver Minimal


Hoje o meu blogspot chegou a marca de 30 mil visualizações. Um feito muito bom para um blogspot marcado pelo underground, pela análise de múltiplas escolas de pensamento e por postagens dos mais diversos tipos!


No Halloween, fiz alguns movimentos especiais para dar ao Blogspot a homenagem que ele merecia (crio conteúdo desde 2021, publicando cerca de 815 textos).

1. Em especial, publiquei uma foto montada de drag queen: "Goth Drag Queen" no Instagram


2. Publiquei um ensaio de horror epistemológico em inglês chamado "Homo est spectaculum hominis";


3. Desfragmentei um sistema de pensamento gnóstico operacional (em comemoração ao Halloween também) chamado esochannealogia, que pode ser expandido e entendido com IAs: Esochannealogia!


É muito bom poder fazer parte do underground dos escritores brasileiros. Para quem gosta de ter um hobby, digo que escrever é sempre fantástico! Muito obrigado aos leitores que acompanham esse blogspot!

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #27 — Muitas pessoas SÃO BISSEXUAIS e NÃO SABEM

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: postado previamente em um fórum.


É impressionante a quantidade de "héteros" que acham normal se relacionarem com pessoas do mesmo sexo. Para se ter uma ideia, isso ocorre até mesmo dentro das cadeias. Isso com uma ambientação mental cheia de desculpas para apagar e invisibilizar a bissexualidade.


De uma maneira geral, a pessoa que exerce o papel ativo é diferenciada da pessoa que exerce o papel passivo. O que abre margem para relativização do termo hétero. Isso ocorre com todo o tipo de gente, o tempo todo. O principal problema da bissexualidade é a invisibilização da sua identidade.


O fato da orientação bissexual ser excluída da mídia e do senso comum abre pretexto para uma confusão enorme. Só ler o "Jornal of Bisexuality" para se ter uma noção. Foi lendo que eu descobri mais sobre o mundo e sobre mim.


Creio que eu ser um bissexual assumido abriu margem para toda uma série de experimentações. Estudar teoria queer bissexual me fez compreender que posso ser epistemologicamente bissexual, brincando com os mais diversos conceitos e escolas de pensamento de maneira diversa. Tudo de maneira artística, com diferentes matrizes de pensamento. Preocupando-me com a vida intelectual como um estado de arte.


O interessante da teoria queer bissexual é que ela fala que a bissexualidade é estar entre os mundos. E estar entre os mundos epistemologicamente é usar os mais diversos meios intelectuais para criar artisticamente a vida intelectual. Esse ponto demonstra o quanto a bissexualidade pode impactar até mesmo a visa intelectual. Conceitos como monossexismo e monodissidência são muitos caros para nós.


Se a bissexualidade fosse mais aceita e visível, teríamos uma sociedade melhor. Com pessoas mais experimentais e menos dogmáticas: seja na cama, seja na cabeça.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

NGL 8# — Trumpismo e Bolsonarismo

 


Envie as suas mensagens anônimas: https://ngl.link/lunemcordis


Não, de maneira alguma. Nem o blogspot e nem eu. Tanto que eu fui um dos únicos a comentar as obras de três conservadores anti-Trump: 


- Christopher Buckley;

- Rick Wilson;

- Stuart Stevens.


Recomendo o The Lincoln Project no YouTube:

https://youtube.com/@thelincolnproject?si=4_nWKQecO591zAxT


Recomendo também que leia os seguintes livros:

- "Make Russia Great Again" do Christopher Buckley;

- "It Was All a Lie" do Stuart Stevens;

- "The Conspiracy to End America" do Stuart Stevens;

- "Everything Trump Touches Dies" do Rick Wilson;

- "Running Against the Devil" do Rick Wilson.


O que eu sinto pelo trumpismo e bolsonarismo poderia ser descrito como um misto de nojo, de horror e de desgosto. Eu tenho uma absoluta rejeição ao bolsonarismo e ao trumpismo. São dois movimentos extremamente incultos, iletrados, incapazes de gerar algo de bom, útil ou proveitoso aos interesses dos seus respectivos países. São movimentos nauseabundos, isto é, que causam náuseas.


O trumpismo e bolsonarismo não são só nocivos aos Estados Unidos da América e ao Brasil, são nocivos — e extremamente corrosivos — para a própria direita e para o conservadorismo. Além disso, possuem um legado que afastará gerações inteiras da tradição intelectual conservadora.

Memória Cadavérica #26 — Inadequação ao Debate Público Brasileiro



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: resposta a um amigo no Discord.


Creio que um grande problema que tenho com o ambiente brasileiro é a minha inadequação. Eu nunca me adapto ao ambiente e tampouco acho interessante o que produzem por aqui. Anteriormente eu tinha um interesse, mesmo que vago, na mídia e no desenrolar das condições políticas e econômicas que se construíam.

Com o passar do tempo, percebi que grande parte do que via era uma reprodução de qualidade duvidosa. Após aprender a ler em inglês, espanhol e francês, vi grande parte de um debate que anteriormente não tinha conhecimento. Percebi que estávamos atrasadíssimos e que grande parte das novidades não adquiria a substância que deveria.

Exemplos:

- A tradição Red Tory (Conservadorismo Vermelho) nunca chegou oficialmente ao Brasil;

- O neohamiltonianismo, o conservadorismo nacionalista, sobretudo a sua produção na American Compass, nunca adentrou no debate nacional;

- O socialismo de mercado, na China, no Vietnã e em Laos, é pouco estudado e o debate é tratado aos barros por trotskistas e stalinistas que lutam para o retorno de um "marxismo puro" ou seja lá o que isso for;

- Até hoje, poucos são os que pesquisaram o termo "woke right" (direita woke) e descobriram que a direita também é woke e que o wokeísmo é uma estrutura comportacional;

- Muitos poucos estudaram Kevin Carson, um defensor moderno do mutualismo e da linha de Proudhon, defensor do anticapitalismo de livre-mercado;

- A regulamentação da internet se reduz a pura e simplesmente a regulamentação das redes sociais, nunca adentrando em sites que não são redes sociais e nunca adentrando em assuntos essenciais como guerras cognitivas, guerras informacionais, operações psicológicas, intervenções eleitorais provindas de países estrangeiros;

- Debates como ecologia, antiwork (anti-trabalho) e pirataria não tomaram a proporção que deveriam;

- Ausência de compreendedores de múltiplas escolas de pensamento, não em nível de só compreender escolas de esquerda, centro ou direita, mas de compreender múltiplos lados de vários espectros políticos.

Com um debate nacional desses, o Brasil não precisa de inimigos. Será sempre o mesmo gerador de esterilidade contínua. Sem inovações reais devido a necessidade crônica de agradar os bandos ideológicos.

Memória Cadavérica #25 — Fiscal de Masculinidade

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: texto originalmente postado em um fórum.


Hoje em dia, um fenômeno cresce na internet: o(a) fiscal de masculinidade.


Frases como:

- Homem de verdade;

- Homem com "H" maiúsculo;

- Homem tradicional;

- Virilidade.


Tudo isso cresce como mato em floresta. Dali por diante, vários cursos vão sendo construídos. Nasce até mesmo a indústria da redpill, que avidamente procura o red money (pessoas que pagam por conteúdo redpill).


Todo mundo quer homens músculos e fortes (ui), reforçando papéis de gênero que muitas vezes não são construídos na base biológica, mas através de construção social. Há toda uma confusão epistemológica entre quais aspectos são biológicos e quais aspectos são sociológicos.


Eu mesmo não posso me enquadrar como "homem tradicional". Nesse Halloween, por exemplo, escrevi um ensaio em inglês chamado "Homo est spectaculum hominis" e fiz drag para celebrar o Halloween "Goth Drag Queen". Em outras palavras, ritualisticamente quebrei o círculo da masculinidade.


O problema da indústria da masculinidade tradicional é que existem pessoas que nunca se enquadrarão nela e muitas pessoas são condenadas a um sistema em que todo mundo deve comprovar a masculinidade o tempo todo, a todo momento. Como bissexual, isso é particularmente problemático.


O que usar saia ou maquiagem tem a ver com a biologia masculina? O que usar rosa tem a ver com a biologia masculina? Absolutamente nada.


Encaixar-se ou não no modelo de masculinidade hegemônico não deveria ser motivo de vergonha, martírio ou medo. Muito pelo contrário, as pessoas deveriam ser livres. E a sociedade não deveria entrar naquilo que Freud veria como repressão desnecessária.