segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Acabo de ler o livro de Craque Daniel.

 


    Acabo de ler o livro Craque Daniel.


    Se a felicidade é a integração na sociedade e o bem-estar dessa mesma sociedade, o ser se perde na justificação contínua para essa sociedade. Cria-se uma linha dura mundana que escraviza o homem em ada ptações eternas para essa sociedade. Toda construção é uma negação de si mesmo, já que mundanismo nunca é aceitação de si mesmo ou autoconsciência: é servidão aos interesses de uma sociedade, condicionamento contínuo ao bezerro de ouro social.


    Trazer o paraíso para Terra se tornou a perda de tempo mais comum do intelectual médio. Talvez isso seja pelo próprio fato de que o moderno e o pós-moderno já perderam as noções mais preliminares de teologia faz tempo. Quiçá seja pelo fato do idealismo tipicamente gnóstico domine o mundo com a sua imanentização escatológica, trazendo não o paraíso, mas uma própria forma de inferno. Ditaduras nascem cheias de boas intenções.


    É preciso ser realista para ser comodista. Não se pode frear o mal no mundo, mas pode-se atenuá-lo através de boas ações, políticas públicas, programas sociais e uma economia com algumas ideias voltadas ao bem-estar comum. O homem que se dedica a colocar o paraíso na Terra só poderá ser um Deus "mais incompreensivo que o do Antigo Testamento". Já que o reino de terror em todas as ditaduras nada mais foi que o "reino de amor" de homens que queriam o bem.


    Um homem que se dedica a ordenar toda a realidade ao seu gosto - mesmo que seu gosto seja bem-intencionado - só pode sofrer pela incapacidade de subjugar o real. Ou delirantemente atacar toda falha como uma conspiração feita por seus inimigos, tornando-se um tiranete ou algo pior: um efetivo líder totalitário. É preciso ser pessimista para reagir com prudência as tentativas infernais daqueles que querem um mundo melhor, já que quase todo mal do mundo vem sempre deles e de suas supostas boas intenções. A sobriedade nos leva a negar o paraíso na Terra, visto que essa ideia sempre leva para o inferno na Terra.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Acabo de ler "Agnosticismo" de Laurence B. Brown




    Acabo de ler "Agnosticismo" de Laurence B. Brown.


    O agnosticismo era para ser uma metodologia que tenta verificar a verdade ou inverdade presente na religião. Se o agnosticismo configura ou leva a uma covardia intelectual que se recusa a encontrar uma solução para o drama religioso, isso é uma questão que precisa ser avaliada com mais calma.


    A questão da verdade, na esfera da religião, é um terreno turvo e turbulento. Sendo transcendental, deve estar acima e imaculado. A transcendência é ascendência do espírito, mas como podemos saber se nossa crença é, de fato, real? Se Deus é puro e não erra, como pode nos passar algo que não é crível? Se o paraíso depende de uma crença, como poderíamos crer em algo pouco razoável? Se a crença não é razoável, a própria fundamentação escatológica está inteiramente errada ou é injusta - não se pode condenar alguém por errar num debate sem fontes cabíveis e estruturação intelectual certa. Essas questões sempre vão e voltam na questão teológica, questões difíceis de responder e que carregam uma eterna tensão. O pensamento religioso não pode se dar o luxo de errar sem se tornar menos religioso. 


    O autor fala de diferentes tipos de vivência de fé entre cristãos:

    "Adeptos doutrinários podem ser divididos em subcategorias funcionais com base nisso. Por exemplo, os cristãos teístas (ortodoxos) que concebem que concebem que a realidade de Deus pode ser provada, os cristãos gnósticos que concebem o conhecimento da verdade de Deus como reservado à elite espiritual, e os cristãos agnósticos, que mantém a fé ao mesmo tempo em que admitem a incapacidade de provar a realidade de Deus. A diferença distinguível entre esses vários subgrupos não reside na presença na fé, mas nas tentativas de justificá-la"

    A forma como ele coloca três alternativas que são quase sempre resumidas em duas: teístas e gnósticos. Apresentar a opção de um cristianismo agnóstico enriquece o debate na medida em que tira a sua imprecisão.


    Esse livro demonstra que o drama religioso tem múltiplas vias, todas difíceis e com alta tensão para o vivenciador da fé. Algumas mais sentimentais, outras mais racionais e outras menos seguras de si. Teologia não é pra criança.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 12)

  Essa é a última parte de Emil Ludwig, indo da página 185 à 208. Aqui termina a triunfalmente rica e arguta análise de Ludwig. E talvez sej...