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sábado, 4 de outubro de 2025

Memória Cadavérica #8 — Isolacionismo Pessimista

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Após ver as críticas negativas que se apresentam em quantidade nauseabunda e volumosa, questiono-me a respeito dos (des)caminhos que nosso país toma.


Acusam-me de ser uma nova espécie de Bruno Tolentino, por causa da bissexualidade, da libertinagem e da polêmica. Confesso que sou os três: um bissexual, um libertino e um polemista. Esse tipo de "ofensa comparativa" soa-me como um elogio. Um grande elogio, diga-se de passagem. Bruno Tolentino era cultíssimo. Um dos maiores intelectuais conservadores da nossa história. Tendo sido tristemente esquecido por essa geração de entusiastas que o único modelo de conservadorismo que conhecem é o reaganismo e o trumpismo.


Digo, em minha defesa — ou para mais uma acusação dos meus odiadores —, que quem lê Gustavo Corção, Nelson Rodrigues e Antônio Paim não precisa de figuras extravagantes como Bolsonaro. Estive trazendo mais conteúdo para o debate público do que múltiplos membros da chamada "direita nacional". Embora eu prefira chamá-la de "lobby americano" ou "geringonça tresloucada".


Até o presente momento, creio que eu fui o único que procurou trazer mais sobre a Tradição Red Tory (Conservadorismo Vermelho), sobre o neohamiltonianismo, sobre o distributismo de Chesterton, sobre o rurbanismo de Gilberto Freyre, além de análises mais completas sobre a UDN. Com essa ampla jornada, destaco-me como um dos mais odiados, com desafetos múltiplos na esquerda e na direita. Mesmo que, por algum motivo absolutamente aleatório, minhas últimas três namoradas eram todas comunistas. O que significa que já posso pedir música no Fantástico.


Por influência do meu pai, que era anarquista, e do meu tio, que era comunista, li muitos livros de Marx, Lênin, Bakunin, Proudhon, Kroptokin. Tudo isso já na minha adolescência. Um dos meus vira-latas chama-se Lênin em homenagem ao meu comunista favorito. Enquanto outros rapazes se preocupavam apenas em álcool e mulheres, preocupava-me com o renascimento, com o iluminismo, com as revoluções. Devo dizer que me tornei abstrato. Demasiadamente abstrato. Leio e converso com comunistas e anarquistas até hoje. Deng Xiaoping é pouco lido pelos comunistas brasileiros. Creio que canais como Second Throught e Red Pen demonstra que existem bons comunistas americanos, ambos canais com excelente qualidade.


Em meio a biblioteca, fui descobrindo vários livros. Li Pondé por acaso, depois li Nelson Rodrigues por causa do Pondé. Foram sendo apresentados outros: Theodore Dalrymple foi um que mais li. Natsume Soseki e Haruki Murakami, dois intelectuais fantásticos, foram descobertos por acaso em um passeio na biblioteca — embora não se possa chamá-los de conservadores, são grandes referências para mim. Atualmente leio bastante Christopher Buckley, Rick Wilson e Stuart Stevens foram de grande importância para minha formação mais recente.


Quanto as análises da América Latina, José Luis Romero, Carlos Rangel e Ernesto Sabato foram cruciais para para desenvolver muito do que presentemente penso. Carlos Taibo apresenta uma versão fascinante da história da União Soviética, tudo com uma lente anarquista de excelentíssima qualidade. Gilberto Freyre, excetuando-se as questões raciais, apresenta o rurbanismo que é uma das principais formas de redução das desigualdades regionais que já vi.


Em relação as polêmicas, faço todas elas em forma de ato filosófico. A filosofia é, em primeiro lugar, um ato de confissão. Confessar verdadeiramente e sinceramente o que pensa é elementar antes de qualquer construção filosófica. Sem esse requisito, constrói-se uma prisão mental que encarcera a alma nas paredes de uma linguagem que se constrói tão somente para se proteger das agonias do mundo real.


Escrever é, para mim, altamente terapêutico. Um hábito de higiene mental. Todo conservador deve ser, antes de tudo, um conservador da consciência pessoal. Aqueles que pretendem destruir a sinceridade ontológica jamais poderiam ser verdadeiramente conservadores. Muito pelo contrário, atentam contra o principal fator. Juntam-se ao coro que matou Sócrates e depois Jesus.


De qualquer modo, hoje em dia converso mais conservadores americanos, europeus e canadenses do que com conservadores brasileiros. Pouco me importo para os rumos do movimento, também não espero nada de bom. As gestões me parecem mais uma repetição monótona da fórmula reaganiana em economia (neoliberal), uma cópia discursiva da retórica beligerante de Trump e táticas militantes da direita woke. Muito longe do pessimismo, ceticismo e pragmatismo dos grandes conservadores.


Cresci na época em que o politicamente incorreto era predominante na Internet. Via-se uma direita que amava mais livros do que qualquer outra coisa.  O mais odiável era a redução do ser em prol dos bandos. Hoje em dia, a direita brasileira torna a si mesma numa cópia da direita woke americana. Por causa do grande atraso que há no nosso debate público, o termo "woke right" (direita woke) ainda não chegou. A direita de hoje se torna quase tudo que criticou.


Lembro-me que muitos concordavam com a ideia de que só imbecis andam em bandos. E vejam só como é: hoje a direita é uma cópia nefasta da esquerda das massas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Memória Cadavérica #5 — Sobre Republicanismo e Conservadorismo

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Nota: expandi algumas sessões para dar mais clareza.


Os Republicanos Rockefeller eram defensores do estado de bem-estar social e dos direitos iguais. Transfaridos para o momento atual, defenderiam os LGBTs. Mary Dent Crisp era até feminista. Eisenhower fez um excelente governo. Alexander Hamilton também foi um excelente estrategista conservador. Eu me identifico muito mais com essa visão pragmática do conservadorismo, ligada a pessoas como Rick Wilson, Christopher Buckley e Stuart Stevens. Sou favorável ao aborto e a legalização das drogas. Reagan, Trump e Bolsonaro são o câncer do movimento.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Acabo de ler "Thank You for Smoking" de Christopher Buckley (lido em Inglês)

 


Nome:

Thank You for Smoking


Autor:

Christopher Buckley 


Christopher Buckley pode não ser um nome comum ao brasileiro médio. O fato é: Christopher Buckley é filho do William F. Buckley Jr., um dos maiores conservadores da história dos Estados Unidos e que foi fundador do National Review. Em outras palavras, esse é um daqueles conservadores puro sangue que existem nos Estados Unidos da América.


Cabe notar que Christopher Buckley, se tivesse no Brasil, levantaria toda uma série de suspeitas. Visto que ele não se posiciona de modo puramente alinhado aos interesses do bando. É um pensador extremamente crítico e capaz de enxergar nuances. Essa qualidade vem faltado a direita que vem surgido. Se quiserem outros exemplos, temos o Rick Wilson e Stuart Stevens, que se posicionaram contra Donald Trump.


No livro de Christopher Buckley, temos um vislumbre do que o conservadorismo era para ser: ponderado, engraçado, cético, pessimista, mas ao mesmo tempo capaz de enxergar toda uma série de nuances. Seja o lado do lobby pró-cigarro e seja do lado do lobby anti-cigarro, todos são satirizados. Buckley não poupa críticas. Muito pelo contrário, ele enxerga todo nuance que pode observar no debate público e o expõe muito bem.


Antes de termos o nome "woke", já tínhamos o nome "neopuritano". E os neopuritanos eram ligados a um moralismo secular. É evidente que esse livro se passa antes da radicalização do wokeísmo de esquerda e de direita, visto que foi escrito em 1994, porém já tínhamos as deixas que estavam por vir e sondar o debate em nosso tempo. De qualquer forma, ambos os lados pecam pelo exagero e na incapacidade de verem as próprias falhas.


Recomendo seriamente esse livro. Há também um filme, mas como eu nunca o vi — tenho uma séria preferência por livros — não posso recomendar sem cair numa hipocrisia danada.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Acabo de ler "The Conservative Mind" de Russell Kirk (lido em Inglês/Parte 1)


 

Nome:

The Conservative Mind


Autor:

Russell Kirk


Tardei muito para analisar esse livro. Pretendo lê-lo de pouco a pouco. Bem devagar. Fragmentando cada análise. É evidente que tentarei trazer os pontos principais. No entanto, preciso dizer que algumas análises serão menores e outras maiores. Quero trazer reflexões essenciais sobre esse livro, não me alongando muito.


O conservador e o conservadorismo são palavras muito ditas e pouco compreendidas. O partido conservador já foi chamado de "Partido Estúpido". O conservadorismo agrega todo um punhado de gente. O conservador pode ser tanto um homem pouco culto como um homem muito culto. Sendo sincero, a aversão a mudanças radicais é um sentimento muito comum para a população. Isso traz um respaldo ao pensamento conservador ao menos tempo que lhe traz a desvantagem intelectual de ter uma maioria de pessoas incultas em seu movimento.


O conservador é avesso a mudanças radicais. Ele se questiona quais sombras ele possui e quais sombras ele persegue — ele não crê na sociedade perfeita e angelical, não se vê como um anjo, tampouco vê os seus semelhantes como anjos. Todavia o conservador não é inteiramente avesso a mudanças. Ele precisa manter uma estrurura que tenha uma mudança e uma preservação — é uma linha tênue.


O conservadorismo, ao contrário das ideologias, não tem um fixo e imutável corpo dogmático. Ele tem por princípio um aversão a mudanças integrais e crê na sociedade como um corpo espiritual. A sociedade possui um corpo transcendental, as pessoas estão ligadas de geração a geração. Além disso, as pessoas que compõem a sociedade são diferentes umas das outras e devemos respeitar essas diferenças. 


Qualquer iniciativa que apareça com um design abstrato para alterar toda a sociedade exige um poder absoluto e um poder absoluto é algo que faz com que o Leviatã (Estado) se torne tirânico. É por essa razão que o conservador teme que o Estado tenha todas as propriedades para si.


Os sistemas de pensamentos radicais, ao contrário dos conservadores, acreditam num ilimitado progresso social e na perfectibilidade infinita do homem. Eles possuem uma aversão a tradição. Acreditam na politização e "economicação" de tudo e todas as coisas. 


Se podemos traçar de forma simples a diferença entre um conservador e um radical, poderíamos dizê-la da seguinte forma: o radical tem amor ao novo, o conservador une uma geração a outra.

domingo, 1 de junho de 2025

Acabo de ler "Devil's Bargain" de Joshua Green (lido em inglês)

 


Nome:

Devil's Bargain — Steve Bannon, Donald Trump, and the Storming of the Presidency


Autor:

Joshua Green


Resolvi fazer complementos e hipóteses para o livro nessa análise, visto que os leitores já devem estar entediados com análises que ficam na mesma tonalidade e repetindo os mesmos eventos sem uma mudança qualitativa ou um acréscimo substancial. Esse blog não pode correr o risco de se tornar tediosamente repetitivo.


Os Estados Unidos, nos tempos atuais, se estabelecem mais como uma incógnita do que como uma estabilidade. A razão dessa incógnita é o fato de que os Estados Unidos estão num processo de autoquestionamento em relação aquilo que lhe fundou: a crença na ordem liberal (e o apego a ela). É disso que surgem movimentos que trazem ora um aspecto mais reacionário e ora um aspecto mais progressista. Não há ainda um desenho total de um Estados Unidos pós-ordem liberal. É por isso que pensadores e políticos como Christopher Lasch, Bernie Sanders e Patrick J. Deneen — além de várias pensadores progressistas pós-liberais ou conservadores pós-liberais — são de suma importância.


Creio que muitos americanos já estão estudando e pensando num Estados Unidos pós-ordem liberal (POL). A alt-right pega a sua influência de teorias que foram retiradas por sua toxicidade. Vários progressistas inspiram-se no modelo chinês e soviético ou num socialismo liberal ou, mais propriamente, num socialismo de mercado. Alguns conservadores aproximam-se do comunitarismo. De qualquer forma, há sempre uma tentativa de introduzir elementos que não se correlacionam com o modelo da ordem liberal e que, muitas vezes, demonstram-se antagônicos a essa ordem. Aparentemente, os americanos andarão entre o sincretismo e a síntese até formarem um quadro novo.


Enquanto iniciativas de uma política antimigração levantam sérias suspeitas de como os Estados Unidos racialmente vê pessoas de uma coloração não-branca e pessoas do Sul Global, pouco a pouco a China vai se consolidando com uma referência e como um modelo para um mundo pós-ordem liberal. Se os próprios Estados Unidos possuem dúvidas em relação ao seu próprio modelo, e eles são os principais representantes desse modelo, a China e o modelo chinês pouco a pouco assumem uma possibilidade no imaginário de muitas nações. Além disso, o crescimento das questões raciais levará um desenrolamento em que as pessoas verão, a cada dia, os Estados Unidos como um país racista e que odeia aqueles que, até então, o veem como um modelo e uma referência.


A Europa está fazendo um afastamento gradual dos Estados Unidos. Japão e Coreia do Sul vão, pouco a pouco, deixando as suas richas com a China. Austrália, mesmo de longe, toma precauções com o crescente isolacionismo econômico e político dos Estados Unidos. O Canadá, outrora um gigantesco parceiro historico dos americanos, vai se redesenhando politicamente e procurando um modelo em que ele se conecta mais com o mundo e tem uma preocupação mais soberana.


Creio que o leitor não sabe, mas o trumpismo e a sua mensagem já são, em si mesmos, um ceticismo americano para com o que é ou o que foi os Estados Unidos. Steve Bannon, de formação católica tradicionalista, já está ciente da forma com que os americanos estão ressentidos e questionantes. Os fundamentos centrais dos Estados Unidos vão, pouco a pouco, sendo vistos como um entrave. O que dá uma possibilidade de um anticapitalismo e um antiliberalismo de direita ou de esquerda. Quanto mais essa dúvida existencial e identitária surge e se consolida, mais os Estados Unidos posicionam-se ambiguamente, tornando-se um mistério que levanta a tempestade da dúvida no mundo.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Acabo de ler "Everything Trump Touches Dies" de Rick Wilson (lido em inglês)

 


Nome:

Everything Trump Touches Dies: A Republican Strategist Gets Real About the Worst President Ever


Autor:

Rick Wilson


Esse livro foi o livro que me fez apaixonado pela escola conservadora americana. Talvez seja porque eu vivo numa realidade em que a linguagem é demasiadamente formal e o grande público não chega a ter uma proximidade do conteúdo produzido por intelectuais — a linguagem acadêmica mata muito dessa possibilidade. Talvez seja pelo fato do livro ser engraçadíssimo e quebrar muito da nossa noção de uma linguagem engessada e burocrática foi o que me aproximou dele. Há por todo esse livro uma sinceridade que transborda, seduz e faz rir a cada momento. É um livro que pode ser considerado popular e erudito ao mesmo tempo sem um aspecto contradizer o outro.


Esse livro trata de uma questão bastante complexa: o que fazer quando tudo aquilo que ajudamos a construir é destruído por aqueles que deveriam estar do nosso lado? É por essa razão que esse livro é uma porta para uma perspectiva diferente. Ele traz a perspectiva de um conservador, de um homem que foi filiado, por muito tempo, ao Partido Republicano. E que viu o Partido Republicano trair todos os seus valores históricos por uma horda de fanáticos que se mexiam como manequins através de um hipnotismo conspiratório. Lembra-me um pouco do drama de Trotsky na União Soviética, e isso abre uma pergunta interessante: seria o conservador antitrumpista um trotskista de direita?


O que determina os princípios de um conservador? A aversão a ideia de que o Estado é a política, através da força da engenharia social, pode trazer o paraíso para Terra; a ideia de que a natureza humana é passível de erros e que nenhum ser humano é um anjo; a ideia de um Estado pequeno para se evitar a tirania do Estado em sua acumulação constante de poder; a defesa da liberdade de expressão, peça fundamental para o funcionamento do autogoverno; o império da lei para que não impere o império da força; o constitucionalismo que separa os poderes para que nenhum homem seja rei; o federalismo que fragmenta as esferas de decisão, aumentando a eficiência e reduzindo a concentração de poder. Trump e a sua trupe não são a encarnação de nada disso, mas justamente vão no sentido oposto de tudo isso.


Rick Wilson escreveu um livro controverso. Mesmo sendo um republicano de coração, de intelecto e de alma, ele precisou expor uma série de mentiras que levaram o Partido Republicano a se tornar o que se tornou. Para ser exato, o Partido Republicano se tornou, pouco a pouco, antirepublicano. Uma paródia de si mesmo e de tudo que veio a historicamente representar em seus momentos mais belos. Uma série de acontecimentos levam a uma perda contínua dos valores historicamente apreendidos. Tudo culminará na eleição da figura mais grotesca já criada pela história americana: Donald Trump.


A mensagem que Rick Wilson tenta trazer é uma mensagem de resgate. É o de trazer de volta o coração e a mente conservadora. De sair das fantasias políticas e embarcar nas vias tradicionais dos princípios conservadores. Em outras palavras, um resgatamento da crítica conservadora ao acúmulo sem fim do poder. O retorno da prudência. A noção de que as ideias têm consequências. Não caindo nos infortúnios das ideias perigosas das paixões passageiras.


Os Estados Unidos enfrentam o drama do império. Todo país que comporta vários povos dentro de si é espiritualmente um império. Ser um império é diferente de ser imperialista. Ser imperialista é defender uma posição beligerante, onde todos os outros ao redor devem der submissos. Ser um império, no sentido espiritual, é tão somente possuir vários povos. Por muito tempo, havia um ímpeto de ser tão somente uma república comercial. De ter só boas relações comerciais e seguir somente os próprios objetivos sem interferir no exterior. Os Estados Unidos deixaram-se, então, serem absorvidos pelas ideias imperialistas. As ideias imperialistas que eles mesmos deixaram de seguir para se tornarem o que são — o que levou ao abandono do Antigo Regime.


O Partido Republicano, pelo bem que se diga, buscou utilizar o ódio remanescente como estratégia eleitoral. Todavia esse ódio adentrou, pouco a pouco, em suas veias. Mesclando-se, pouco a pouco, como a sua própria natureza. Muitos conservadores, não gostando do rumo do movimento republicano, acabaram por deixar o partido. O que vem substituído os mais notáveis conservadores são os nacional-populistas de verve trumpista que entram em seu lugar.


O fim do livro é um alerta e uma esperança. Está na hora dos conservadores e daqueles que querem ser sinceramente conservadores aceitarem as batalhas perdidas. Aceitarem o casamento gay e a legalização da maconha, por exemplo. Mas o livro todo é sobre isso, de tornar o Partido Republicano conservador novamente. Com um respeito pela imigração, pelo livre-mercado e pelo livre-comércio e pela liberdade individual. Rick Wilson é um conservador clássico na época do conservadorismo populista, do nacional-populismo e da alt-right. O que Rick Wilson traz é a essência conservadora adapta aos tempos modernos, se demonstrando absolutamente capaz de articular os princípios conservadores de forma sólida.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Acabo de ler "The Rise and Fall of Constitutional Government in America" de Thomas e Douglas (lido em inglês)


 

Nome:

The Rise and Fall of Constitutional Government in America — A Guide to Understanding the Principles of the American Founding


Autores:

Thomas G. West;

Douglas A. Jeffrey.


Os Estados Unidos são um país singular. Todo o debate que tenho entrado, nos últimos tempos, vem me levado a refletir bastante acerca de como vejo o mundo e como seria um mundo desejável. Tenho levado uma porrada intensa ao tentar me adaptar ao inglês, mas toda essa jornada vem me tornado um leitor assíduo da língua inglesa — embora não tenha ainda me tornado um escritor e/ou um falante salutar e bem qualificado desse idioma.


Quando comecei essa jornada, ainda tinha um quê muito intenso de intelectual brasileiro. Acostumado ao formalismo burocrático de nossa linguagem e a ambientação fossilizada de nossa estrutura acadêmica e intelectual. Apesar de não ser um clássico inteligentinho de esquerda, ainda sofria com aquele ar pedante e estapafúrdio de um tedioso ódio antiamericano típico do nosso intelectual médio. Conforme lia e estudava o debate público americano, mais e mais ia vendo que o que se falava por aqui era uma grande bobagem. Além disso, via a cada dia uma abertura dialógica e um desprendimento intelectual que não encontrava, de maneira alguma, em meu país.


Conforme ia lendo, fui deixando aqueles ares de superioridade moral e vendo uma face cada vez mais humana das pessoas que eu analisava. A palavra "estadounidense" foi, pouco a pouco, deixando o meu vocabulário. E aquelas pessoas com quem eu conversava também saíam, pouco a pouco, do meu lado. Cometi um crime: o de me "americanizar". Para um rapaz latino, isso é em si mesmo uma grossa bandalheira. Mas e daí? Romper com tudo que é sagrado para o intelectual médio da América Latina é um dever que me consagro a cada ultraje que me afasta da uniformidade.


Sinto muito mais liberdade, hoje em dia, em ambientes americanos do que em ambientes latinos. É uma pena. Além disso, os outros afastam-se de mim conforme veem que me interesso muito mais pelo o que ocorre lá do que aqui. Quando vi o debate deles, vi que era formidavelmente mais interessante e com gente inteligente e bem capacitada de ambos os lados. Hoje em dia não posso fazer mais nada. Tornei-me estranho em minha própria terra.


Voltemos a análise do documento. Esse documento foi escrito pela "The Claremont Institute". Para quem não está habituado ao debate americano, essa é uma instituição conservadora. O que eu quero entender aqui é: por qual razão o debate americano sempre volta a um constitucionalismo declaradamente conservador e um dos propósitos do Project 2025 é retornar ao constitucionalismo original? A questão que será tratada aqui é a intencionalidade primária dos Pais Fundadores (de uma matriz de pensamento bastante delineada por um momento histórico) e da intencionalidade da "Progressive Era" que tenta, de algum modo, refundar os Estados Unidos sobre bases que são estranhas aos fundamentos da política e do espírito americano.


Os Estados Unidos foram fundados na base do liberalismo e dos direitos negativos. Na interpretação dos assim chamados direitos naturais. O que querem é uma reinterpretação dos Estados Unidos a partir de uma perspectiva progressista que está muito longe da intencionalidade que fundou os Estados Unidos. Essa reinterpretação e alteração são conflitantes com a origem americana e é por essa razão que os Estados Unidos estão agonizando existencialmente. Toda a luta moderna dos Estados Unidos categoriza-se pela ideia do que é a identidade americana e como modernizar esse país para o tempo presente segundo as condições modernas.


A questão que surge para quem analisa o drama americano é a seguinte: se os Estados Unidos foram fundados sobre a tese duma natureza humana imutável, de direitos naturais que precedem até mesmo a existência do governo, dum constitucionalismo que restringe o poder do governo, dum federalismo que descentraliza o poder governamental, da separação dos poderes e da primazia da individualidade, como ele pode virar o exato oposto disso tudo e continuar se intitulando americano? A tese atual é que o governo deve produzir igualdade de condições, que juízes podem legislar e fazer parte do executivo por uma série de anomalias, que agências reguladoras com pessoas não eleitas podem tomar parte do poder para si, que o coletivismo está acima da individualidade, que a natureza humana está a alicerçada sobre bases históricas e mutáveis — cabendo a sociedade criar as condições disso —, além de tantas outras questões. Não estou dizendo que concordo e discordo com nenhum dos lados, apenas estou apresentando a seguinte dúvida:

— Os Estados Unidos devem voltar a ser o que eram? Os Estados Unidos devem ser refundados? Os Estados Unidos devem mesclar a visão original com a visão da Progressive Era?

domingo, 11 de maio de 2025

Acabo de ler "The Politically Incorrect Guide to The Presidents" de Steven (lido em Inglês)

 


Nome:

The Policatilly Incorrect Guide to The Presidents: from Wilson to Obama


Autor:

Steven F. Hayward


Mais um texto analisando um livro que fala sobre a história americana. Isso é algo que vem me mobilizado bastante nos últimos tempos. E espero que quem acompanha o blog esteja curtindo. Adentrar em uma cultura, uma história, em um país, estudar para compreender parcimoniosamente uma língua e um povo, tudo isso expande o horizonte de consciência e o torna mais capaz de analisar os fatos do mundo. Mesmo que não possamos, evidentemente, nunca chegar a uma interpretação da realidade objetiva dos fatos, podemos aumentar a nossa capacidade analítica pela expansão contínua do nosso horizonte de consciência.


A razão que me mobiliza aqui é um estudo do debate, olhando os múltiplos pontos e tentando absorvê-lo. Como escrito anteriormente em uma análise, escolhi introduzir o meu estudo com base no conservadorismo americano pois as fontes primárias do Project 2025 estavam nessa parte do debate. Depois disso, fui galgando para uma compreensão da crítica do próprio movimento conservador as iniciativas conservadoras ou supostamente conservadoras — ou aquelas que estavam no quadro da direita política sem, contudo, pertencerem ao cânon do conservadorismo americano em sentido puro. Após isso, tive meu primeiro contato com um autor progressista para entender a história do Partido Republicano e a sua transformação.


Adentrar ao espírito americano envolverá outras cruzadas intelectuais que ainda me escapam, como a visão histórica dos diferentes movimentos de esquerda que disputaram, através dos tempos e dos espaços, o poder político, cultural e social dos Estados Unidos. Também preciso compreender mais e melhor a forma com que esses movimentos que acolhem ideias pós-liberais encontrariam conformância numa sociedade que surgiu pela sua criação nesses valores liberais. Creio que aí está uma agonia da esquerda americana: apresentar como palatáveis valores pós-liberais ou desdobramentos da própria mentalidade liberal para o cidadão americano que vê como sagrada a sociedade que surge com o rompimento do Antigo Regime/Mundo.


Mesmo que eu ainda não tenha adentrado profundamente nos escritos da esquerda americana, foi-me salutar assistir vídeos do First Thought, Second Thought, Red Pen e Contrapoints. Eles me deram um balanceamento interessante do debate. E continuam me dando. Ler um e outro escrito do proudhoniano Kevin Carson também me deixou vislumbrar um problema contínuo do moderno Estados Unidos, marcado por corporações que sobrepujam o poder civil. Ver essa suspicácia pelas grandes empresas poderiam adentrar, igualmente, na visão cética de Christopher Lasch também é um conexão interessante para a compreensão global do debate americano.


A visão do autor desse livro se estabelece na longa e contínua tradição do conservadorismo americano, essa tradição possui um respeito intelectual enorme pela Constituição Americana e a sua forma de ver o mundo é inegavelmente constitucionalista. Ela vê, com bastante preocupação, o aumento do tamanho do Estado como suspeito, visto que isso pode levar a recriação do Antigo Regime por outros meios. Grande parte da análise conservadora americana surge da crítica liberal ao Antigo Regime e é nesse sentido que o conservadorismo americano se contrapõe aos diferentes conservadorismos que existem no mundo. E é por essa razão que o autor prende muito das suas críticas ao grau de constitucionalismo que os presidentes americanos apresentaram durante o seu ofício.

domingo, 4 de maio de 2025

Acabo de ler "American Psychosis" de David Corn (lido em inglês)


 

Nome:

American Psychosis: a historical investigation of how the Republican Party went crazy


Autor:

David Corn


O estudo da queda da hegemonia americana levanta questões profundas sobre o que podemos aprender acerca do florescimento, desenvolvimento e queda das nações. Estudar tudo isso vem sido uma tarefa graciosa e de crescimento intelectual contínuo para mim. Espero que os leitores desse blog também possam sentir o mesmo. Se não pela leitura dos livros, talvez pela leitura das análises que venho feito.


A metodologia empregada para essa série de análises foi uma contínua exposição e abertura ao debate público americano. Não li só livros, também vi vários vídeos e, inclusive, assisti a documentários para empreender essa tarefa de modo mais razoável. O método analítico empregado é o agnosticismo metodológico em que concordo com o que é expressado em cada livro, tendendo a ser de direita quando ele é de direita e de esquerda quando ele é de esquerda — mesmo que eu recorrentemente saia dessa tendência em múltiplas análises. Evidentemente dei uma predileção especial aos livros conservadores no início dessa empreitada, mais pelo fato de eles estarem no poder e por toda a história envolvendo o Project 2025 do que por alguma outra razão específica.


Em primeiro lugar, qual é um dos fundamentos da mentalidade americana? Qual fundamento é recorrentemente lembrado e que está sempre marcado no debate público? Os Estados Unidos tem uma aliança histórica com uma dada concepção de liberdade. Essa concepção de liberdade aparece historicamente sendo interpretada e reinterpretada de várias formas por diferentes por figuras que se deslocam pelo tempo-espaço dessa nação. Muitas vezes, são amadas. Outras vezes, são rejeitadas. Apesar disso ocorrer em diferentes períodos e a análise dessas figuras e feitos serem passiveis também de reinterpretação de múltiplos grupos ao sabor de cada momento.


A liberdade, tal como se pode pensar erroneamente, não é algo tão simples de se conceituar, a liberdade é passível de discussão. Por exemplo, a liberdade é algo que é dado ou é algo que temos naturalmente? Se ela é dada, quem garante que essa figura que dá a liberdade não possa outorgá-la posteriormente? O Estado deve garantir um direito a algo para que essa pessoa tenha liberdade (exemplo: saúde, educação e segurança) ou o fato de ser o Estado o garantidor dessa liberdade que essa liberdade não é confiável? Várias questões poderiam ser levantadas.


O que deixou, por exemplo, que o Partido Republicano empregasse vários métodos corrosivos dentro dos Estados Unidos sem uma punição clara? Aliás, o que garantiria essa punição? Será que todas as ações historicamente feitas pelo Partido Republicano não se enquadrariam como a propagação estratégica de tribalização, seitização e utilização massiva de fake news e teorias da conspiração como ferramentas de controle e poder social e político? As consequências disso não são atualmente nefastas e colocam em risco a própria experiência americana? Como se lidar com a necessidade de se manter uma sociedade aberta e temente do crescente poder do Estado ao mesmo tempo que se lida com a necessidade de frear uma série de grupos que se utilizam dessa liberdade provinda dessa mesma sociedade liberal para promover o ódio e a divisão?


No Brasil, vivemos aumentando o poder regulador do Estado sobre o discurso na esperança de que possamos dar um basta nessa onda de utilização de desinformação como metodologia política. O Brasil, digamos a verdade, é bastante acostumado com uma ideia burocrática na regência da sociedade civil. Só que isso também leva uma dúvida: o poder do Estado sobre o discurso não cria uma necessidade de uma burocracia especializada na análise do discurso para ver qual é correto e qual é falso? Se sim, isso não implicaria na criação de uma tecnocracia que decide qual discurso é verdadeiro e qual é falso? Se a primeira hipótese é verdadeira, então a própria tecnocracia diria o que o povo pode crer e o que o povo não pode crer. Isso levaria ao fim da própria democracia. Embora hoje já se possa falar dum regime híbrido entre a tecnocracia e a democracia (democracia vertical).


Numa democracia — em que há a necessidade de um autogoverno — há a necessidade de que os discursos sejam livres para que as propostas possam ser lidas, ouvidas e/ou assistidas para serem publicamente analisadas. Uma tecnocracia cria camada, essa camada separa o tecnocrata do restante da população civil e caberia a esse tecnocrata, que está acima do povo, o de agir paternalmente. A necessidade constante de controlar o aspecto discursivo da população para impedir que a desinformação se espalhe abre margem para a criação de uma nova população que se distinguiria da população primária e seria não uma igual perante a lei, mas acima da lei ou sujeita a leis especiais. O que leva a própria corrosão da liberdade — visto que sujeita a uma decisão superior — e a democracia — visto que cabe a um tecnocrata decidir e sua decisão está acima da maioria constituída.


A mentalidade americana surge duma suspicácia do poder constituído e da capacidade desse poder de se sobrepor aos interesses orgânicos dos indivíduos. Em outras palavras, a ideia de uma hierarquização social traz o retorno de uma aristocracia — algo que remete ao Antigo Regime, o mesmo regime que o americano surgiu para ser contra. A identidade americana é uma identidade que nega o Antigo Regime e surgiu para afirmar um mundo que vem após esse regime. É por essa razão que mesmo com tantos feitos na sociedade, muitos deles absolutamente negativos, o americano teme ainda mais a possibilidade de ser controlado. Se assim não fosse, ele estaria, de certo modo, contrário a própria identidade americana.


O livro American Psychosis, em sua compilação histórica, levanta esse dilema mesmo que não diretamente: como viver num momento histórico em que os Estados Unidos acumulou múltiplos grupos que possuem uma mentalidade autoritária/totalitária e que visam substituir a própria sociedade liberal por uma mais fechada ao mesmo tempo em que não se pode acabar com a própria sociedade liberal? Muitos americanos têm uma noção muito forte de liberdade e preferem tolerar grupos indigestos do que tolerar uma ação direta do Estado (mesmo que dentro do Paradoxo da Tolerância de Karl Popper). Como os americanos resolverão tudo isso? É algo que só os capítulos da história poderão mostrar.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Acabo de ler "The Conspiracy to End America" de Stuart Stevens (lido em inglês)

 


Nome:

The Conspiracy to End America - Five Ways my old party is driving our democracy to autocracy


Autor:

Stuart Stevens


O que ocorre nos Estados Unidos? O debate americano tem sido bastante arriscado. No começo, tínhamos uma certa noção sobre o autoritarismo crescente e o nacional-populismo de direita em alta. Hoje temos o Project 2025, um projeto que, se posto, terminaria os dias da democracia americana e a colocaria na misteriosa estrada da autocracia. Surgiu, também, um novo modelo de conservadorismo, o conservadorismo populista que abandona o reformismo e adentra na ideia de "fogo purificador controlado". Esse fogo destruiria certas instituições, radicalizando o processo autoritário e indo em direção a uma construção de um governo totalitário. O que é, em si mesmo, uma afronta a continuidade mesma da própria normalidade democrática e o fim desse mesmo regime.


Quando Stuart Stevens escreveu seu outro grande clássico "It Was All a Lie", a situação era outra — e já era ruim. Anos depois, a situação piorou. Agora, ela piorou ainda mais. Temos um padrão, um padrão de uma direção autoritária crescente que põe um dos países mais poderosos do mundo num caminho sórdido. Mas quem diria isso? Os Estados Unidos da América sempre se marcou por uma permanência interna num regime democrático, numa experiência plural de normalidade da ordem democrática e diversidade dentro do autogoverno — mesmo que essa não se efetivasse para todos os grupos de forma congruente, podemos ainda verificar progressos e retrocessos históricos. A ruptura desse padrão que determinou por muito tempo a própria identidade americana não pode ser encarada como o sinal de força e vigorosidade, mas por um sinal de franca decadência. Os Estados Unidos pode se tornar "antiamericano" para a própria visão que possui de si mesmo e para a sua própria experiência histórica.


O experimento americano, querendo ou não, levou a criação da moderna noção de Estado. O chauvinismo de Trump, pelo contrário, retrata o abandono dessa experiência e adentra num aspecto terceiro-mundista — aqui, evidentemente, no mal sentido do termo. Os Estados Unidos surge da negação ao Antigo Regime, ele surge da ideia de que todos os homens nascem iguais perante a Deus, rejeitando a ideia de uma sociedade em que a hierarquia é determinada ao nascer ou até mesmo antes — o rei e a nobreza estavam num patamar acima da população ordinária. A sua razão é extremamente democrática no âmbito jurídico, todos devem ser iguais perante a lei. Essa normalidade democrática é o que tornou os Estados Unidos o que ele é, uma república que, querendo ou não, tem o mérito da continuidade — o que é uma condição da estabilidade, algo que historicamente carecemos por aqui.


Não estou dizendo aqui que os Estados Unidos está longe de contradições históricas. Há uma ampla bagagem documental sobre casos de racismo e demora em integração de dados grupos sociais dentro da sociedade americana. É particularmente sobressaltante a questão negra e indígena nos Estados Unidos. Mesmo nos períodos em que poderíamos dizer que foram mais pacíficos e em que o americano esteve mais estável dentro da institucionalidade, casos de violência e discriminação para com grupos desfavorecidos eram notórios. Além disso, o fato dos Estados Unidos ter se comprometido internamente com a defesa da democracia, mas externamente ter favorecido golpes de Estado, grupos extremistas e ditaduras ao redor do mundo também é um ponto. Pode-se argumentar que o cidadão americano é um pouco mais alheio ao que acontece no exterior e as ações do seu próprio país fora dele. Isso deve ser mensurado.


Os Estados Unidos também é marcado por uma longa tradição de uso de desinformação e teorias conspiratórias como arma política. Algo tão amplamente usado hoje leva a um entrave ao próprio desenvolvimento do país, sobretudo quando o ensino superior se torna inacessível e grande parte se torna incapaz de distinguir boas fontes de informação de más fontes de informação. Além disso, junte-se a seitização e polarização social que fazem com que cada grupo acredite no que quer — e que seja favorável ao grupo — sem um questionamento real do que é passado (toda essa questão de ser de direita e de esquerda só eleva o problema e cria uma forte miopia intelectual). As pessoas que lerem "American Psychosis" poderão vislumbrar muito bem isso.


O Brasil, como país, não se vê livre da decadência americana — as mesmas raizes já encontram a sua versão nacional ou foram devidamente importadas por objetivos políticos claros. Em relação aos Estados Unidos, tivemos capítulos semelhantes. Vivemos, há pouco tempo, uma tentativa de golpe de Estado. Teorias da conspiração também são usadas como armas políticas por aqui. Em relação a isso, nossa constituição se apresenta como mais favorável para impedir a propagação de desinformação, mas a aplicação da lei nesses casos não se demonstra tão efetiva assim — basta olhar o estado das nossas redes sociais, elas já são uma mistura de nacional-populismo sabor Steve Bannon e guerra memética sabor 4chan e 8chan. Em relação ao que virá depois disso, já podemos entrever o uso de táticas do conservadorismo populista e uma rede de mídias alternativas para a sustentação de um Networking de Propaganda. Há também outra questão: o império das regulações e reguladores remonta a um império burocrático — bem lusitano — que está longe de ser isento de parcialidade e pode muito bem levar a um crescimento de práticas autoritárias para fins políticos.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Acabo de ler "Dawn's Early Light" de Kevin D. Roberts (lido em inglês)

 


Nome:

Dawn's Early Light: Tacking Back Washington to Save America


Autor:

Kevin D. Roberts


Analisar escritos do conservadorismo americano tem sido um dos capítulos mais apreciáveis intelectualmente de toda a minha vida. Isto pelo fato de que temos, no Brasil, um fechamento intelectual gigantesco. As escolas predominantes, em esfera nacional ou até mesmo em toda a América Latina, são majoritariamente de esquerda ou de centro. Usualmente não sabemos o que a direita americana pensa e temos uma visão deturpada acerca do seu pensamento. A escola conservadora americana é tão intensa e interessante quanto uma escola de pensamento deve ser. Ela possui muitas variações, características e contrastes. Algo infinitamente mais complexo do que é geralmente apresentado.


Creio que os leitores conhecem Kevin D. Roberts, mas se não o conhecem, apresentar-lhes-ei o contexto. Kevin D. Roberts é um homem que apareceu envolto numa polêmica bem recente. Essa polêmica é o "Project 2025" – muito comentado midiaticamente, mas quase todas as fontes desse debate midiático são de esquerda e possuem um caráter muito mais unilateral do que multilateral. Muitas pessoas aguardam uma análise minha sobre o "Project 2025". E de fato, o "Project 2025" é uma obra que pretendo um dia analisar, todavia estou me preparando em uma jornada para "chegar até lá". Voltando mais propriamente a apresentação, Kevin D. Roberts é o presidente da Heritage Foundation. Um homem cuja a posição já leva a um aguçamento da curiosidade, visto que a Heritage Foundation é uma das maiores organizações políticas do mundo. Sobretudo uma organização conservadora de extrema relevância ao debate intelectual.


Vale um pequeno adendo: JD Vance, atual vicepresidente dos Estados Unidos da América, escreveu um pequeno trecho do livro. O que demonstra a importância desse livro para a formação do projeto político da atual gestão dos Estados Unidos. Uma pequena curiosidade é que JD Vance esteve na Europa e criticou a forma com que os políticos europeus vem atuado. Mais especificamente certas elites políticas, culturais e econômicas, visto que essas elites vem promovido um fechamento da Europa para determinadas visões de suas populações. A argumentação européia é de que esses "políticos populistas" não são adequados a normalidade democrática.


O problema é que essas elites creem que são por si mesmas a normalidade democrática. A chamada "democracia liberal" em que diferentes visões, ideologias e doutrinas competem entre si está sendo trocada por uma "democracia" – bem entre aspas – em que uma elite arroga para si o termo "democrata" e define por si mesma o que é a "vontade democrática", muitas vezes indo contra os anseios do próprio povo. Em outras palavras, não é mais o povo que determina o que é a vontade democrática, mas sim a "elite democrática" que define conforme as suas metas o que é a "vontade democrática" e molda os rumos do país conforme as suas vontades e anseios políticos. Tudo que for um "impedimento" a essa "vontade democrática" da "elite democrática" é, por si mesmo, algo "antidemocrático" – generalizado pelo termo "fascista" e "extrema direita" que é repetido e generalizado a exaustão, sem qualquer comprometimento e/ou rigorosidade de aplicação epistêmica séria – e deve ser banido do debate público e da possibilidade de realização de projeto político.


Voltando a centralidade da análise do livro. Vemos que Kevin D. Roberts é mais um daqueles homens que se voltam contra a tradição neoconservadora e pretendem alterar "um pouco" do funcionamento do movimento conservador. Para tal, ele propõe a criação de um novo movimento, esse seria o "New Conservative Moviment", que não é o mesmo que o "movimento neoconservador". Esse "New Conservative Moviment" teria uma espécie de fogo controlado. Esse fogo controlado "queimaria" as instituições que não podem ser reformadas, visto que estão demasiadamente subvertidas ou já nasceram com propósitos subversivos. Essas instituições subversivas tem como caráter um grande network político, corporativo e cultural em que as elites compartilham os seus interesses, interesses esses que muitas vezes vão contra os interesses do americano comum.


Essa diferença tática – que é bem central – permeia uma velha questão do conservadorismo enquanto movimento: conservadores mais antigos tendem a crer que instituições devem ser mantidas ou reformadas, mas nunca "queimadas" (destruídas). A razão disso é o fato de que conservadores são reformistas. O "New Conservative Moviment" é um movimento que quebra essa tática e/ou linha de pensamento conservador. Se é necessário que algumas instituições sejam "destruídas" para preservar e reformar instituições mais nobres e úteis ao país. Em outras palavras, instituições que apresentam propósitos subversivos ou foram demasiadamente corrompidas por agendas ideológicas esdrúxulas devem ser "queimadas" por um fogo controlado e purificador.


Quando Kevin D. Roberts fala sobre as instituições subversivas, ele fala sobre um projeto categoricamente de esquerda que visa um cerceamento do discurso, a adoção de um sistema de imigração em massa para a substituição da mentalidade americana – pouco importando os critérios de eficiência, mas sim um critério de criar um Estado multiculturalista – e também de uma elite que é cosmopolita e ligada a uma agenda internacionalista. Inclusive é preciso notar que muito da elite dos Estados Unidos não é ligada a uma sensação de pertencimento aos Estados Unidos, mas sim a uma sensação de "pertencimento mundial" e "sem fronteiras". Essa elite muitas vezes se contrasta com o americano médio, muitas vezes apresenta um "elitismo do bem" ou um "elitismo de esquerda", que olha o cidadão que não pertence a essa "esfera cosmopolitana" como um incapaz, um estulto e/ou um ignorante. A mídia cosmopolita muitas vezes menospreza e trata esses cidadãos como meros idiotas.


A própria questão da elite cosmopolita e um povo enraizado é uma questão de constante debate. Seja nos Estados Unidos, seja na Europa. Há, além disso, a questão da separação cada vez maior entre a cosmovisão e o modus pensandi das pessoas que possuem ensino superior e das pessoas que não possuem ensino superior. Além disso, esse mesmo quadro se repete entre pessoas que estão na "cidade grande" (regiões mais urbanizadas) e aquelas que estão na cidade do "interior" (regiões menos urbanizadas). O fato da esquerda promover um "bullying do bem" contra esses cidadãos leva a um aumento do tensionamento político e esse tensionamento político aumenta a polarização do país e o sentimento e/ou crença – muitas vezes bem fundamentada – de que existem dois povos americanos e os dois estão entrando num conflito existencial. Para entender melhor essa ideia, sugiro que veja o vídeo "America's Cold Civil War", ele pode ser encontrado no canal da "The Heritage Foundation" no YouTube – ele é bastante elucidativo a respeito do que é uma "guerra fria civil" em que distintas visões de mundo entram em choque por diferentes parcelas da população.


Em relação as elites, vale notar que existe a questão da "elite orgânica" e a "elite artificial". A "elite artificial" – vou utilizar aqui um termo gramsciano – utiliza aparatos de perpetuação de hegemonia para permanecer no poder, desfavorecer adversários e impedir a possibilidade de mudança ou de ascensão dos seus adversários. O que o livro de Kevin D. Roberts critica é uma elite que se utiliza dos instrumentos do poder para realizar a perpetuação e continuidade do seu projeto sem a possibilidade de crítica, de reforma ou até mesmo de um consenso mais ponderado. O fato da imposição da agenda dessa elite, seja pelo domínio político ou pelo ativismo judicial – quando juízes começam a interferir nos rumos políticos tais como se fossem políticos eleitos –, leva a uma necessidade de uma estratégia alternativa.


Vale lembrar que a direita com caráter populista não surge por um acaso, mas num momento em que a esquerda abandonou amplas margens da população – inclusive até mesmo trabalhadores – em favor de valores cosmopolitanos que muitas vezes contrastam com os valores típicos da população de seus países. A conexão e o aumento de proximidade da direita com o povo se deu quando a direita se viu marginalizada na academia (no sentido universitário) – sendo até mesmo perseguida ou com professores fazendo esquemas para promoverem só alunos de esquerda –, na mídia mainstream e nas instituições. Esses dois fatores levaram ao surgimento de uma direita que se conectou com o povo, adquiriu um caráter mais populista – o que era em si mesmo uma necessidade em virtude da agenda cosmopolita – e que questiona as instituições mainstream.


Uma das principais críticas feitas a agenda da esquerda ocidental moderna é o projeto multiculturalista e as políticas de imigração em massa. O antigo processo de imigração envolvia um processo de integração que implicava num assimilacionismo daqueles que entravam no país. Entrar num país não significava, em absoluto, uma preservação ostensiva de um modo de vida e de um modo de pensamento. Ele implicava em uma adaptação aos valores, hábitos e cultura local – mesmo que não de forma absoluta – e um respeito as instituições do país em que se entrou. O projeto multiculturalista envolve imigrantes que não são assimilados, mas sim mantidos em sua forma cultural primária. Esse projeto vai em detrimento da comunidade que estava primariamente em determinado país. Os Estados que aderem o projeto multiculturalista – a imigração em si mesma não é um problema, mas a forma em que a imigração é proposta ou se dá – é que essa agenda leva a uma acentuação dos problemas, muitas vezes gerando questões identitárias e conflitos étnicos. E não, isso não é a mesma coisa que "Great Replacement". É preciso pensar num modelo de imigração que não cause tantos conflitos e seja pensado a partir das necessidades econômicas do país e da capacidade de assimilação das pessoas que adentram no país.


Antes de continuar a linha central da análise, preciso de um breve adendo. A crítica que Kevin D. Roberts faz ao neoconservadorismo – aliás, é bem semelhante a crítica dos "MAGA conservatives" – é a de que os neoconservadores se preocuparam mais em uma "expansão" e/ou um "projeto de Império Global" pros Estados Unidos do que a resolução de problemas internos. A violenta agenda externa neoconservadora custou aos Estados Unidos um grande endividamento e um esquecimento das questões nacionais. Muito dinheiro foi gasto, muitos recursos foram usados e o próprio povo americano foi esquecido no processo. Grandes problemas nacionais, como a infraestrutura, a indústria, a família e o próprio bem-estar do trabalhador americano foram simplesmente deixados de lado em prol do sonho neoconservador. Esses profundos problemas sociais, econômicos e de infraestrutura – além de uma visão bastante pejorativa que a agenda neoconservadora causou – gerou uma revisão intelectual do movimento conservador, o que levou a uma agenda mais voltada as questões domésticas ("America First").


Outra questão apresentada é o renascimento das instituições cristãs e da "alma americana". É a preocupação com o "espírito da fronteira". A questão de "conquistar novos mundos" por um espírito aventureiro e empreendedor. As instituições cristãs que renasceriam seriam as instituições ligadas as atividades educacionais, mais propriamente aquelas que apresentam o caráter da educação clássica. Para compreender melhor o que seria isso, recomendo que busque informações acerca da Hillsdale College. Já o renascimento do "espírito da fronteira" seria a busca pela atividade da realização tecnológica e empresarial – o que só é possível com uma grande reforma educacional e econômica –, fazendo frente a China.


Sem dúvidas, o livro de Kevin D. Roberts é um livro muito impressionante e importante. Ele traz um colossal revisão tática, metodológica e até mesmo na estrutura do pensamento conservador. Creio que ele merece ser lido. É um dos livros mais importantes dessa década e com certeza impactará o debate público e as estratégias políticas dos próximos tempos. Kevin D. Roberts demonstra ser um importante líder e ao mesmo tempo estabelece a possibilidade de uma cópia tática em outros países do mundo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Acabo de ler "The MAGA Doctrine" de Charlie Kirk (lido em inglês)

 


Nome:

The MAGA Doctrine


Autor:

Charlie Kirk


Tradicionalmente o conservadorismo americano apresentava algumas divisões. Existiam os libertários, os conservatários, os paleoconservadores, os neoconservadores, os anticomunistas, os conservadores sociais, os conservadores fiscais. Várias subdivisões. Com a vitória do Trump, o movimento nunca mais foi o mesmo.


Atualmente surge um novo tipo de conservador na tradição do conservadorismo americano. Esses novos conservadores, um gigantesco movimento de massas, são chamados de "MAGA conservatives" (Make America Great Again [Faça a América Grande de Novo]). Um conservadorismo de uma verve mais populista.


Se perguntarmos de onde surgiu o apoio a Donald Trump temos em vista um cenário em que os grandes partidos (Democrata e Republicano) param de apoiar a população para se ancorar em sólidas relações com grandes corporações. Grande parte do povo americano se sentiu abandonado pelos políticos. Trump é um fenômeno dificilmente ignorável. Ele é, em verdade, o clamor de um povo que vê cada vez mais o seu voto sendo anulado pelas gigantescas correlações dos dois grandes partidos com grandes corporações. Trump vem com uma mensagem, uma retórica, que se aproxima das massas populares e suas crenças.


Não é possível deixar de citar o caso dos intelectuais. Os intelectuais, durante o surgimento do movimento MAGA, estavam mais ocupados em defender as suas próprias pautas do que pensar no que o próprio povo queria. O afastamento, sempre maior, do intelectual médio (aqui em gostos e afinidades) para com o povo se tornou cada vez mais triste. A cada dia que passa, o intelectual médio se torna cada vez mais distante do povo. O intelectual médio é visto como um burocrata que aparece tão somente para ditar regras e acabar com a diversão. Essa separação acaba gerando um sentimento de que intelectuais são contra o povo. E rapidamente o povo se torna contra os intelectuais.


A eleição de Trump e a reeleição de Trump demonstram algo que o mundo inteiro ainda não absorveu ao todo. É demonstrado cabalmente que a aliança entre políticos, corporações e intelectuais gera um rival que é notoriamente anti-político, anti-corporação e anti-intelectual ao menos no que se refere a retórica. Em todo mundo, intelectuais passam a ser vistos como cordeiros ou como cúmplices ou como parte do establishment. Em outras palavras, parte do problema e não a sua solução. Visto que são parte do sistema que simplesmente ataca e zomba do povo.


Num cenário em que o intelectual médio é anticristão, em que o intelectual médio é defensor de "formas alternativas de amor", em que o intelectual médio é a favor de uma regulação cada vez maior do discurso – o que infringe sobretudo as massas populares –, em que o intelectual médio quer controlar e regularizar tudo com base em seus próprios gostos, é natural que o povo crie sentimentos cada vez mais anti-intelectuais. O que não é uma aversão ao intelectualismo ou o academicismo em si mesmo, mas ao intelectualismo e academicismo de esquerda ou qualquer versão que se alinhe a linha a trindade governo-corporação-academia.


Creio que muito dificilmente os problemas serão entendidos. Atualmente a maioria dos intelectuais seguirá uma vida excêntrica, desprezando o povo – e rindo dele –, os políticos continuarão com os seus sólidos laços corporativistas e novos populismos surgirão. Esse século pode ser marcado pela trindade governo-corporação-academia contra o eixo outsider-populista.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Acabo de ler "It Was All a Lie" de Stuart Stevens (lido em inglês)

 


Nome:
It Was All a Lie

Autor:
Stuart Stevens

O que é verdade e o que é mentira? Os Estados Unidos passa por uma provação na qual a sua identidade pode se perder. Não só a identidade histórica dos Estados Unidos, como a identidade histórica do Partido Republicano e também a do conservadorismo americano.


O fato é que muitos conservadores se manifestaram contra Donald Trump. Para eles, Trump era um homem inculto e incapaz. Mas toda história republicana contemporânea está marcada por várias chagas que dificilmente podem ser resolvidas: o partido não poderá se ancorar nos votos de pessoas brancas por muito tempo. O país está cada vez mais racialmente diverso, o que impossibilita garantir vitória só com um grupo racial – e esse grupo racial é cada vez menor.

Muitas polêmicas surgiram graças a má atuação ou má compreensão dos republicanos em suas ações. Além disso, as várias tendências conservadoras não podem ser facilmente conciliadas. O Partido Republicano não é um partido da direita, mas sim um partido de direitas. O Partido Republicano não é um partido de conservador, mas diferentes tonalidades de conservadorismo.

Trump representa um componente novo. Ele é mais filho direto do populismo americano do que do conservadorismo americano. A sua retórica é meio confusa. Ela mescla o isolacionismo com o nacionalismo, uma adesão – embora não estrita – a parcela branca da população e um desejo de retorno a grande era americana. De fato, a hegemonia americana está ameaçada e grande parte da produção nacional não mais existe. O país está se tornando cada vez mais ditado por serviços e a qualidade da educação está decaindo. Tudo isso gera novas e novas preocupações.

O fato de Trump ser um outsider e a sua retórica ser confusa aos meios de que vem, além dos republicanos previamente não acharem que ele venceria... Tudo isso indica um momento em que os Estados Unidos procurarão cada vez mais práticas para superarem a sua perda de hegemonia.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 5)


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


A guerra de 1812 levou a uma economia nacionalista que era naturalmente anti-britânica. Disso surgiu uma lição comum: a busca pela autossuficiência.


Três suportes mútuos:

– Proteção baseada em tarifa para as indústrias nascentes;

– Um sistema de financiamento nacional;

– Aperfeiçoamento Interno/Infraestrutura.


Algumas características da Escola de Pensamento Americana seriam:

– Batalha de Ideias;

– Contestação entre Nações;

– Busca pela felicidade e prosperidade geral;

– Segurança nacional;

– A unidade entre as analises econômicas, sociais e os fatores geopolíticos.


O Sistema Nacional era formado pela importância da economia nacional  na emergência da economia global. E o fim era um grau elevado de independência, cultura e prosperidade material – esse conjunto de fatores garantiria segurança interna. Da presidência de Abraham Lincoln até o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América tiveram a economia mais protegida do mundo.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 4)


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


Os Estados Unidos teve o debate entre dois modelos econômicos que poderiam levar ao crescimento. Esses dois distintos modelos eram chamados de "The Hamiltonian Visión" e "The Jeffersonian Vision".


The Hamiltonian Vision:

- República comercial;

- Dirigida pela industrialização;

- Sistema financeiro robusto.


The Jeffersonian Vision:

- Democracia agrária;

- Pequena;

- Fazendeiros livres.


Como o plano de Hamilton acabou sendo seguido, vou detalhá-lo mais aqui:

- Agenda econômica agressiva;

- Tarifa econômica geral para criar um fundo do governo, fundo esse garantiria a função de empréstimo e a sua operação;

- Banco Nacional para a utilidade pública;

- Industrialização com subsídio nacional;

- Independência e segurança materialmente conectada com a prosperidade da indústria;

- Confiança no capital público para assegurar o desenvolvimento nacional, visto que o capital privado não seria o suficiente para assegurar esse desenvolvimento;

- Aquilo que ele era de interesse nacional deveria ser assegurado pela patronagem do governo;

- O investimento é uma afirmativa obrigação do governo federal;

- O interesse público supre a deficiência do setor privado.


domingo, 19 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 3)

 


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


O que é necessário para uma nação se desenvolver saudável e forte? Deixá-la livre para correr nos ventos do livre-mercado? Atá-la um compulsivo projeto de planejamento central? Ou unir o melhor do planejamento central junto ao mais dinâmico sistema de mercado? Observar as devidas proporções e os devidos ajustamentos históricos é extremamente necessário.


Três colocações centrais podem ser feitas:

  1. Um Banco público para o financiamento de um concreto e elaborado projeto nacional;
  2. Um escudo para com a produção estrangeira através de tarifas e um incentivo fiscal para as empresas nascentes;
  3. Uma infraestrutura que conecte os centros comerciais ao restante do país.
É evidente que esse planejamento, por mais simples e mínimo que seja, encontrou posição até no solo americano. O substituto para tal programa era o livre-comércio puro e simples, sem qualquer outra questão ou plano adicional.

Enquanto a esquerda se preocupa com a globalização e a redistribuição de renda, a direita apenas ignora as necessidades atuais dos cidadãos e as necessidades econômicas do país. Esse documento da American Compass, instituição conservadora americana, traz uma nova luz ao debate.


Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 2)

 


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Tom Cotton.


Nenhuma nação pode ser considerada verdadeiramente livre se não tem uma indústria forte o suficiente para suprir o essencial. Nenhuma nação pode ser considerada livre se não é capaz de fabricar aquilo que lhe é essencial, em especial no suprimento militar. Nenhuma nação pode ser considerada livre se os instrumentos essenciais da sua defesa nacional estão sujeitos a especulação de indivíduos ou de nações estrangeiras. Visto que indivíduos particulares seguem seus próprios interesses e nações estrangeiras pensam em defender a si mesmas e a perseguir seus próprios interesses.


A razão do surgimento do Banco Central nos Estados Unidos não era outra: a construção de uma indústria forte para assegurar a independência do seu próprio país frente a ameças externas. Em outras palavras, a segurança de uma nação depende da própria nação, visto que a confiança em fatores externos é prejudicial: países e indivíduos particulares estão na busca dos seus próprios interesses. A segurança nacional é de importância e interesse nacional, não pode correr riscos e nem se deixar levar por uma vaidade.


Durante o período da covid, máscaras respiratórias e medicamentos básicos ficaram a mercê da China, nação inimiga e hostil aos interesses dos Estados Unidos. Para piorar a situação americana, a China era o centro de suprimento global. A China vem colocado tecnologia avançada na comunicação em prol de agentes de espionagem chineses. As pretensões chinesas variam, mas podem ser descritas:

  1. Tecnologia avançada;
  2. Economia forte;
  3. Destruir a ordem americana global;
  4. Tecnologia avançada, sobretudo de duplo uso;
  5. Roubo de propriedades intelectuais.
A China foi considerado um parceiro estratégico durante a Primeira Guerra Fria. Atualmente estamos na Segunda Guerra Fria. Os Estados Unidos precisam passar por alguns processos para conseguirem se preparar para a Segunda Guerra Fria. Entre eles:

  1. Construção de uma força militar mais potente e em constante atualização;
  2. O governo federal deve fazer investimentos estratégicos em tecnologia avançada e em infraestrutura crítica;
  3. Aumentar o investimento federal em pesquisa e em desenvolvimento de forma continuada;
  4. Trazer de volta: medicina, semicondutores e tudo que for essencial;
  5. Correlacionar a protagonismo estratégico do governo a um capitalismo dinâmico para uma robusta economia nacional.
O mundo de hoje é um mundo em que duas potências (Estados Unidos e China) voltam a se confrontar numa guerra fria. A Segunda Guerra Fria já é realidade. Esse processo não pode ser ignorado. Ele influenciará todos os dias da nossa vida.