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sábado, 29 de abril de 2023

Acabo de ler "Marx y los socialismos reales y otros ensayos" de Carlos Rangel (lido em espanhol)

 



De onde vem o ódio a personalidade? Provavelmente de um lado primário e pouco desenvolvido dentro de nós. Historicamente - e biologicamente, aposta o autor - estamos mais acostumados com uma mentalidade coletiva do que com uma capacidade de tomar decisões individualmente. A consciência individual é de origem muito recente.


Sendo a humanidade socialmente forjada, a adequação social se tornou um importante mecanismo para a sobrevivência. Essa busca constante por aceitação se liga claramente com um instinto. E é por isso que, ao buscarmos convalidação, caímos numa retórica tribalista e socialmente idólatra, tipicamente mundana.


Internamente, em sua estruturação primária e primitiva, a humanidade buscará um reforço a unidade primordial em que a coletividade se justificava por si mesma. Onde o peso da escolha individual era inexistente. A liberdade agoniza o ser e o faz buscar instintivamente um passado não tão longínquo onde a consciência individual era inexistente. O peso de ser pode ser diluído na tribalização em que a carga da escolha é, por obrigação, socialmente dividida.


Essa asserção, que talvez seja bastante herética para alguns, é o que guia muito do pensamento de Carlos Rangel. E a sua retórica é muitas vezes guiada por uma defesa da liberdade e da consciência individual, indo contra as fantasias reacionárias tribais de direita ou de esquerda, que sempre ameaçam a liberdade em nome duma fuga coletivista e totalitária.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Acabo de ler "El tercermundismo" de Carlos Rangel (lido em espanhol)

 



O que faz um país ser de "terceiro mundo" ou adotar uma ideologia terceiro mundista? Um livro, escrito quando a União Soviética ainda existia, tenta responder essa questão pela visão de mundo liberal. A forma com que ele encara é distinta: em sua visão, o capitalismo é sempre uma revolução permanente nos meios de produção, muito mais radical que a do socialismo.


Já tinha lido anteriormente um livro de Carlos Rangel, todavia este se encontrava em português. Resolvi ler um livro em que o autor escreve em sua língua nativa. É até estranho pensar que Carlos Rangel, Nicolás Maduro e Hugo Chávez nasceram no mesmo país: a Venezuela. Como uma terra, hoje conhecida por seu socialismo bolivariano, criou esse liberal? Quiçá uma ironia da vida. 


Segundo o autor, o socialismo surge da mentalidade coletivista e tribal anterior ao pensamento individualista atual. Isto é, o socialismo seria uma forma de retornar ao estado primário em que a individualidade ainda era inexistente. As pessoas buscam apenas subterfúgios sociais para não encarar o peso de sua própria existência e caem em tribalismos coletivistas (socialismo e fascismo), desta forma: o socialismo seria uma fantasia reacionária.


Segundo Rangel, o capitalismo é ditado por círculos - e isto também acreditou Marx - e quando esses chegam em sua saturação, faz-se necessário uma revolução brutal na forma com que se produz. Essa seria, por sua vez, a forma com que o capitalismo revoluciona permanentemente a forma de produzir. Isto é, não há e nem haverá capitalismo afastado da revolução. Desta forma, o capitalismo será uma mentalidade eternamente revolucionária.


Um livro bastante interessante que não poderia ser inteiramente captado por uma análise tão diminuta, recomendo a leitura do livro. Gosto muito da forma com que Rangel escreve.