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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Acabo de ler "The Agony of the American Left" de Christopher Lasch (lido em inglês/Parte 5)

 


O fim das ideologias, as arrogâncias utópicas, era algo bastante comentado. Aparentemente os devaneios totalitários perderam o seu poder persuasivo ante às massas. Tal ideia só poderia ser irrisória: a humanidade não aprende de forma permanente e nem tem seu legado transmitido de forma automatizada.


As instituições de ensino superior, agora massificadas, tinham a missão de darem pessoas tecnicamente capazes a uma sociedade tecnicalizada. Embora houvesse toda uma propaganda dizendo que a faculdade – o ensino superior, no geral – lhes daria uma educação humanista. Todavia esse humanismo deveria ser integrado a um interesse corporativo sem o qual a própria massificação do ensino superior seria impossível.


As universidades americanas criaram os estudantes enquanto classe. Essa classe era psicologicamente adulta, mas sociologicamente adolescente. Essa classe detém uma visão extremamente crítica do mundo, sendo incapaz de se integrar a ele devido a sua ultra criticidade. Essa ficou conhecida como a "nova esquerda" e tinha uma visão romântica acerca da violência e do conflito.


Essa "nova esquerda" via com maus olhos as autoridades, como também via com maus olhos a burocracia e a hierarquia. Eles acreditavam que a sociedade estadounidense lhes retirava a autenticidade. Para viver uma vida mais autêntica, eles fizeram frente as instituições que julgavam padronizadoras. Com tal mentalidade, a nova esquerda fez vários protestos e esses protestos tomaram várias formas e proporções.


Um dos fatos que mais ligam a nova esquerda é a sua atuação antiguerra. Inclusive, seu movimento antiguerra foi protagônico no rumo político dos Estados Unidos da América durante a guerra do Vietnã. De qualquer forma, após tanto e tanto tempo, tantas e tantas revoltas, o movimento da nova esquerda não foi capaz de resolver problemas estruturais da sociedade estadounidense.


Pensando em todas essas aspirações humanistas não realizadas, podemos pensar na estrutura econômica dos Estados Unidos. Ainda hoje se pode afirmar que os Estados Unidos é caracterizado por grandes corporações de alta tecnologia, por um lado, e pelo mercado tradicional, por outro lado. Os intelectuais – cientistas, acadêmicos, técnicos – são empregados no setor de alga tecnologia. Só que existem aqueles que ficam de fora.


Numa sociedade onde a alta tecnologia é o foco e todos os setores da sociedade depositam sua esperança na formação de intelectuais, o principal foco político não é outro se não a própria universidade. Muitos vão a ela esperando que ela crie condições melhores, mas recebem um mundo perdido em troca do seu ato de boa fé. São incapazes de cumprirem aquilo que a própria sociedade lhes exige ao mesmo tempo que a universidade não lhes dá o futuro garantido que ela mesma prometeu enquanto instituição.


A instituição universitária, por sua vez, está corrompida pela a sua ligação com quem a financia. As corporações e o governo querem que ela tenha uma utilidade que é contrária aos anseios democráticos e humanitários dos seus próprios alunos. Isso a faz tornar o palco de um conflito que sempre aumenta.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Acabo de ler "El Pacto Menem-Kirchner" de Juan Gasparini (lido em espanhol)

 



O que ligaria o governo Menem com o governo Kirchner? Ambos são, notoriamente, autodeclaradamente peronistas. Embora se duvide muito que Menem de fato o seja, visto que ele tem uma mentalidade bastante liberal - e Perón estaria mais próximo da terceira via. De qualquer modo, nasceram no meio dessa mentalidade que nos é estranha e distante.


O governo Menem pode ser considerado problemático e um sucesso em múltiplas vias. A depender também, é claro, da linha política daquele que analisa. O que poderá variar muito e, igualmente, verificar-se-á um contorcionismo mental gigantesco para ser absolutamente contra ou absolutamente a favor. Se bem que eu, não ligado a nenhum grupo de esquerda ou direita, prefiro seguir uma análise mais cética ou tíbia.


Menem e Kirchner são governos contrários. O primeiro defendeu a menor participação do Estado no intento de modernizar e dinamizar a atividade econômica. O segundo (e a terceira, já que a sua esposa também governou) defendeu uma maior participação do Estado como forma estratégica e soberana. Só que eles têm um ponto em comum: a defesa de suas atividades ilícitas.


Numa posição nem tem rara assim, os três queridos, politicamente distintos, uniram-se num conluio em que cada qual defenderia a costa dos outros. Não por animosidade e tolerância democrática, mas por ocultação de crimes. O que leva a pensar: seria a corrupção o motivo mais  forte e irresistível para impulsionar a convivência democrática? A piada acaba, porém o questionamento fica.

sábado, 16 de julho de 2022

Acabo de ler "Monster (Vol. 1)" de Naoki Urasawa



Há mais de dez anos atrás, pensei em assistir Monster devido a recomendação de um colega virtual. Eu era jovem e imaturo, logo não consegui absorver a densidade da obra e tão logo desisti de assisti-la. Anos depois, deparo-me com seu mangá dando sopa no Centro Cultural Vergueiro e, finalmente, adentro na experiência que até agora tinha me neguei a ter.

O drama das relações humanas em Monster é complexo. Tudo aqui é explorado de forma meticulosa e bem adulta. Lemos o mangá com uma grande preocupação do que virá - somos sempre bem recompensados pela carga dramática do enredo. A leitura é sempre tensa e cheia de suspense. Se você espera uma leitura mais adulta, esse é certamente o mangá que você deve ler.

Nunca pensei que seria encantando por esse mangá. Optei por ler o mangá em vez de ver o anime por gostar mais de ler do que assistir. Fora que já estou ficando cansado de ver animes. De qualquer forma, não me arrependi. Gostei bastante da estética do mangá e a forma com que ele aborda a tensionalidade da vida em si. Sinto até um certo arrependimento por não ter compreendido a grandiosidade dessa obra quando era mais novo.

A impressão final que tenho é: quão mesquinha é a estruturação da vida em si e quão vaidosa é a nossa alma que se perde em vaidades. Lendo o mangá, tornei-me mais pessimista e mais do que isso: reconheci a realidade corrupta ao qual me encontro e que o autor descreve bem. Ler "Monster" é reconhecer a nossa própria miséria e a miséria do mundo em si.