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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Acabo de ler "The Myth of Left and Right" de Hyrum e Verlan (lido em inglês)

 


Nome:

The Myth of Left and Right: how the political spectrum misleads and harms america


Autores:

Hyrum Lewis;

Verlan Lewis.


Grande parte do conflito contemporâneo — e que é uma efetiva ameaça a democracia — é o fenômeno da seitização, da polarização e da tribalização da política. O fato é: se a democracia se dá pela convivência harmoniosa entre diferentes ideias, como estabelecer uma democracia em que o diálogo se torna cada vez mais raro e as pessoas se encontram presas em suas tribos políticas?


O livro trata sobre a questão da visão essencialista dos espectros políticos. Usualmente tomamos esquerda e direita como aspectos essenciais e invariáveis. Tomamos a ideia de que as pessoas escolhem as suas ideias e depois assumem um grupo político para si. Só que essa teoria essencialista foge da realidade: as ideias de esquerda e direita variam tanto historicamente que podem até ser autocontraditórias se colocadas em quadros históricos diferentes. Uma ideia de esquerda pode se tornar de direita e uma ideia de direita pode se tornar de esquerda.


Um exemplo disso é a contradição histórica entre determinadas políticas. Stalin, por exemplo, ressuscitou o nacionalismo na Rússia — o socialismo marxista era internacionalista. Ronald Reagan era pró-migração, pró-acordos multilaterais, pró-comércio global e Donald Trump é o exato oposto disso tudo. Como algo pode ser uma coisa e depois se tornar o absoluto oposto disso? As políticas econômicas de Lenin levaram a abertura do mercado (Nova Política Econômica) e as políticas de Stalin (planos quinquenais) levaram ao fechamento dele. Atualmente, os conservadores falam de uma nova doutrina econômica com um mercado mais fechado à concorrência externa e um Estado mais participativo na esfera econômica.


Outra questão que o livro aborda é a ausência de sistematização real das ideias quando postas lado a lado. Por exemplo, o que ser a favor das fronteiras abertas tem a ver com ser a favor de um Estado mais atuante na esfera econômica? O que ser contra o aborto tem a ver com a redução dos impostos? Em verdade, essas opções que usualmente adquirem o rigor de uma sistemática nada tem a ver uma com a outra e poderiam ser muito bem pensadas separadamente. Mas usualmente pensamos numa adesão em bloco, de forma muito mais religiosa do que filosófica. O pensamento em bloco indica a unidade da fé, o pensamento que vai pouco a pouco, direcionando e analisando cada aspecto, é o pensamento filosófico. Atualmente temos muito mais a adesão em bloco do que uma análise minuciosa de cada parte.


Temos que admitir hoje em dia que muito do que pensamos, não pensamos de fato. Isto é, grande parte de nossas visões vieram de "compra casada". Ou seja, adquirimos essas visões mais por um processo de socialização e adesão grupal do que um processo reflexivo, duradouro e consistente. Devemos voltar a pensar com desprendimento, mas com rigor. Pouco importando as decisões da tribo política. É preciso analisar várias formas sem se prender a uma ritualidade tribalizante, buscando um livre pensamento, desprendido de vieses de confirmação.


Atualmente não temos muito da seriedade democrática. Muito pelo contrário, o que temos são diferentes grupos brigando pelo poder e distorcendo o poder de todas as formas para dar continuidade ao projeto de poder. Ou seja, a própria noção de convivência democrática e a possibilidade de aprender com o adversário ou pessoa de ideia diferente é completamente ignorada. A democracia existe mais institucionalmente do que internamente. Ela é uma instituição que caminha morta pela força dos ventos, visto que não mais habita os corações e mentes. Nessa condição, quem garantirá a continuidade da democracia? Se a democracia já está morta a nível social de forma inconsciente, basta que as pessoas se deem conta disso para que ela acabe a nível institucional.

sábado, 23 de março de 2024

Acabo de ler "Raça e Etnia"

 



Nota:

- Como o nome da pessoa que escreveu não foi apresentado, não o apresentarei. Mas o conteúdo veio do curso de teatro e poderia ser provavelmente debitado a pessoa que escreveu o documento anterior.


Existem diversas formas de preconceito. E aqui tratamos do preconceito na forma que ele é usualmente encarado: um juízo alienatório de uma pessoa incapaz de sair da circunferência de seu eu e de seu grupo social, de raça, de gênero, de orientação sexual, etc. O preconceito se manifesta por uma atitude discriminatória hostil a determinados segmentos sociais. E se revela pelos seus impactos não só socialmente destrutivos, mas semelhantemente:

- Pelo impacto psicológico, gerando transtornos mentais e, em casos mais graves, suscitando ideações suicidas e práticas de automutilação;

- Pelo impacto econômico, fomentando a desigualdade e até a dominação de determinados grupos;

- Pelo impacto político, criando estruturas politicamente nocivas que paralisam a igualdade harmônica e desejável entre membros de uma mesma sociedade;

- Pelo impacto social, caracterizando uma sucessiva construção de um aparato deslegitimador de pessoas por suas orientações sexuais, etnias, religiões, dentre outras características.


Existem, evidentemente, outras características nocivas que poderiam aparecer aqui. Todavia o número de caracteres do Instagram impossibilita um detalhe mais minucioso.


O racismo, o preconceito mais trabalhado no texto, é uma forma de dominação e uma mentalidade que justifica algumas raças e subjuga outras. Ele atribui que algumas características, típicas de determinados fenotipos, possuem uma superioridade intrínseca. Enquanto outras, pertencentes a outros tipos, possuem inferioridade intrínseca. Esse determinismo gera uma confirmação passiva ideologicamente determinada para estruturar todo um aparato repressivo.


Combater o preconceito, seja de qualquer espécie, é um dever de um educador na medida mesma que qualquer preconceito impede o pleno exercício da humanidade. Combater o preconceito é possibilitar que exista, no outro ou em nós mesmos, uma humanidade aspirante de sonhos e dignidades.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Acabo de ler "A sexualidade segundo a teoria psicanalítica freudiana e o papel dos pais neste processo" de Elis Regina e Kênia Eliane

 



Estudar psicanálise não é algo fácil e demora a vida toda. Como não sou nenhuma espécie de ser com aprendizado linear, resolvi complementar a leitura. Fora que ler artigos acadêmicos aprimora a capacidade de fazer bons artigos acadêmicos - o que pra mim é essencial.


Esse livro aborda as cinco fases do desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital. O interessante é que elas são explicadas tendo como objetivo de ser usadas na pedagogia e no aconselhamento dos pais. A razão é de que não de quer uma pessoa que cresce com traumas e complexos. Ver a psicanálise como uma ferramenta do desenvolvimento infantil é fantástico e muito útil, sobretudo pelo fato de que demonstra a amplitude da psicanálise.


Outro fato importante a ser comentado: as fases do desenvolvimento psicossexual são bem interessantes de serem analisadas. Aprendemos que a sexualidade é muito mais genitalidade e que somos seres sexuais desde o início de nossas vidas. Fora que temos que nos lidar com os nossos desejos e aprendendo como são, aprendemos a mesurá-los.