Cuba é um país espetacularmente curioso, desperta amor e ódio em diferentes públicos. Alguns saem numa apologética apaixonada, outros numa crítica brutal. Eu prefiro nem concordar e nem discordar sistematicamente de nada, visto que isto é uma postura dogmática. Só consigo pensar pontualmente, de forma lenta e menos apaixonada.
Com esse livro, o leitor entenderá um pouco do descomunal ódio que nutrem alguns cubanos pelos americanos. Parte dele é verdadeiramente justificável, visto que os Estados Unidos da América quiseram prezar muito mais pelos próprios interesses do que por uma relação fraterna de povos equivalentes em soberania. O que gerou uma histórica interferência radicalmente imperialista e metodologicamente colonialista, muitas vezes se pensando que Cuba seria um dia integrada aos Estados Unidos.
A história de Cuba é marcada por uma forte tensão: um povo que é sempre tido em menoridade, arrastado por potências e agentes que lhe são exteriores, dando-lhes uma sucursal sensação de impotência. Esta é ainda mais frequente nas figuras de Espanha e Estados Unidos, porém os EUA são mais opressores mais recentes.
A colonização espanhola, e a colonização semidireta dos EUA, sempre levou ao esmagamento das pautas orgânicas do país. Talvez a continuidade opressiva levou a um desgaste e a uma radicalidade que hoje se configura em forma de ditadura de extrema-esquerda, essa seria uma psicologia bastante conveniente - e explicativa de seus momentos históricos e estado atual - a um país historicamente marginalizado e oprimido.
De todas as formas, o final do livro assume tons de hagiografia e o autor parte para uma apologética triunfal do regime, como se este fosse incapaz de, em sua dimensionalidade profética e sacrossanta, cometer erros. Creio que a carga crítica some e dá os ares religiosos que, a meu ver cético, nenhum regime político deveria ter.