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terça-feira, 29 de outubro de 2024

Acabo de ler "Heretics" de G. K. Chesterton (lido em inglês/Parte 3)


Nome:

Heretics


Autor:

G. K. Chesterton


Não há nada que seja desinteressante, a não ser a pessoa que, por falta de imaginação, considera tudo desinteressante. A pessoa que julga tudo desinteressante, crê que está acima de todas as coisas. E, por crer que está acima de tudo, impiedosamente não se abre a experiência do fantástico que a vida apresenta. Essa ausência de abertura, que conduz a ausência de fantástico, reduz a sua capacidade de percepção e a torna uma pessoa previsível e tediosa, numa estrutura rígida e estéril.


A questão que não estamos vendo não é a grandiosa imaginação de quem vê o mundo como algo a ser moldado por si. Aqueles que veem o mundo como algo a ser moldado por eles não possuem a humildade para compreender que a capacidade humana de apreender a totalidade dos fatos não lhes pertence. O que falamos é de outro tipo de imaginação, uma imaginação humilde que compreende que a humildade é o primeiro degrau da inteligência e do saber. É só com a humildade que podemos ver que o mundo é mais do que pensamos sobre ele, visto que não podemos abarcar o mundo em sua complexidade. Essa humildade nos permite ver que não vemos todos os detalhes, que a correlação dos fatos e objetos possivelmente nos escapa.


Quando dizemos que tudo é poético, as pessoas veem isso como uma linguagem comum ou, pura e simplesmente, um exercício de demagogia. A realidade é que não enxergamos o que está em nossa vida com os olhos de quem se admira, visto que nos julgamos acima de tudo o que está em nossa volta. O fantástico pode estar em tudo, inclusive no que é comum. Essa ausência de espantamento do intelectual moderno o leva a se afastar de tudo que está em sua volta. A arrogância lhe impede de ver o mundo, lhe conduz a querer mudar tudo. Só que ele não conseguiria, visto que isso requeriria mais do que a sua capacidade, a possibilidade de mudar o mundo requer uma inteligência sobrehumana, que não é acessível a nenhum intelectual ou burocrata.


A incapacidade de sentir a concretude de tudo por causa das abstrações que antecedem a própria existência da concretude é um mal de nossa intelectualidade desvairada. Ela indica tudo numa idealidade de quem foge. Foge da vida. Foge do próximo. Tudo está preso num esquematismo mental psicologista.  Só que esse psicologismo é mais um retorno a si do que uma abertura ao entendimento do mundo, pois o mundo nos escapa. Não podemos compreender o mundo, mas podemos amar o que está a nossa volta se nos abrirmos a esse amor. Amor esse que não podemos, de fato, compreender. A existência de uma verdadeira inteligência está ligada a uma humildade em que, no fim, não compreende o mistério profundo que a ata, mas magneticamente a conecta com tudo. 


É preciso compreender: há diferença em um estudo que torne tudo pequeno e um estudo que torne tudo grande. A simplificação para a compreensão é apenas um reducionismo para ser digerido por massas, mas não por homens e mulheres conscientes e sujeitos de si. O homem e a mulher aspiram a grandiosidade de uma vida mágica, mágica por ser concreta e fantástica em simultâneo.

sábado, 8 de abril de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung: Capítulo 6 - A Teoria da Libido e As Personalidades: Extrovertidas e Introvertidas"

 



Jung desenvolveu uma teoria de tipos psicológicos para explicar a estrutura comportamental de sujeitos. Dessa forma, trouxe um importante instrumento classificativo, seja para o autoconhecimento, seja para a própria prática terapêutica. Demonstrando, mais uma vez, a amplitude da psicologia desenvolvida por Jung.


O tipo psicológico de alguém se forma a partir da forma que esse alguém adotou para interagir com o meio em que vive. É evidente que a forma com que esse meio é altera as formas possíveis de agir nele. Com o tempo a estratégia desenvolvida de atuação vai se solidificando num tipo psicológico específico, dispondo a pessoa a agir duma maneira e não de outra.


Os extrovertidos gostam da ação e sentem cansados quando a ação não é tomada. Os introvertidos gostam da reflexão e precisam de tempo para refletir para se sentirem reanimados. Pessoas que analisam o mundo se baseando na razão querem pensar sobre determinado objeto para compreendê-lo. Pessoas que gostam de sentir o mundo, veem os objetos e sujeitos a partir do que sentem em relação a ele.


Existem pessoas que, dominadas mais pela percepção, preferem que as escolhas fiquem em aberto para se sentirem seguras. Já as que são mais ligadas ao julgamento gostam que decisões sejam tomadas para que se tenha segurança quanto ao processo que ocorrerá.


Evidentemente que somos ligados as mais diversas operações e que uma atua junto a outra. Embora as disposições principais sejam de caráter mais permanente. Jung também observou que quando uma disposição é reprimida, ela tenderá a aparecer num momento de crise  e dominará as ações das pessoas de modo imprevisível e por isso é bom que pessoas de determinados tipos psicológicos tomem ações inusuais para si mesmas na tentativa de regular a atividade psíquica.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Solidão em Solitude




Nos últimos tempos, venho me relegado a transformar solidão em solitude - triste tarefa que demonstra a presente decadência de minha figura. A leitura dos livros de Harry Potter vem sido o meu alívio, também retornei ao estudo de obras de caráter mais teórico e abstrato. Nelas encontro um aconchego de um mundo fantástico ou uma elevação teorizante que me livram da crueza do mundo real. Mesmo isso sendo obtuso e até mesmo alienante, venho visto na figura de Snape um pouco de mim: arrogante, sem relações de concreta amizade ou de amor, solitário, sofreu bullying na infância e adolescência. 

De qualquer forma, tenho muito de semelhante e queria estabelecer relações aproximadas. Algumas ideias não m

Te calham pelo meu ressentimento, alguns traços se encaixam mais pelo meu sofrimento do que por minha real adesão. Sei que não posso renegar o meu passado e parte de minha revolta contra esse mundo parte dele. Sei que, no fim, relações se esgotam e pessoas se afastam. Por outro lado, estou tão perturbado que igualmente me afasto. É como se uma paisagem turva se apresentasse a tudo que meus olhos tocam e que meu coração deseja. O desejo se choca com a incorrespondência e todo contato cai na percepção que todo contato é ilusão, sempre caio e me afogo na desilusão. Estou ficando cansado demais para sentir, já que todo sentir é decepcionante.

O que sinto presentemente é um hiato. Hiato esse que se caracteriza não por uma forma ou deforma, mas por uma nuvem fantasmagórica que em parte revela o que já foi e em outro projeta em fragmentos o que virá. Não sei se sou forte o suficiente para isso. Por vezes, penso que nada mais importa. Às vezes quero que tudo se acabe, já tive mais do que o suficiente. O prazer de tentar, a força de se seguir, a coragem para prosseguir, tudo isso se esvai a cada dia e arrasto-me como se eu fosse manco.