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domingo, 22 de janeiro de 2023

Acabo de concluir o curso de "Ética Cristã"

 



Fazendo parte da grade curricular da pós-graduação em "Docência em Filosofia e Teologia", a "Ética Cristã" é uma de suas interessantes disciplinas. Não só complementa a outra disciplina ("Ética Geral e Profissional") como traz um aprimoramento e uma ótica cristã.


Os direitos humanos, olhados pela ótica cristã, traz já em seu seio uma frase veterotestamentária: o homem foi criado a Imagem e Semelhança de Deus. Decorre disso a razão e liberdade. E, igualmente, a sua condição como fim em si mesmo e portador duma natureza divina que o iguala a todos os outros homens sem qualquer distinção.


A ética cristã basear-se-á na fonte revelada (Sagradas Escrituras) e na razão natural (conhecimento adquirido sem auxílio da revelação divina). O que dá um caráter dialógico a formação da ética cristã, visto que está não está só inteiramente fundada numa posição teológica graças ao auxílio da razão. Este auxílio da razão, por sua vez, se faz pelo contato com a cultura contemporânea e insere a lógica cristã no período em que vivemos.


O cristianismo leva, de forma necessária, a um imperativo ético pelo qual o cristão é chamado a responder. A fé, per se, já é uma resposta do cristão ao chamado divino. O cumprimento dessa mesma fé, para que ela não seja um mero conhecimento doutrinal, se dá pelo respeito, amor e responsabilidade para com o próximo e para com a promoção de sua dignidade. O cristão é chamado a promover o bem-estar social com base nos preceitos éticos veterotestamentários e neotestamentários - essa, por sua vez, tendo foco na mensagem evangélica portada por Jesus Cristo.


Um curso extremamente interessante e conscientizador, vindo a calhar bem num momento em que direitos humanos são desrespeitados e o individualismo exacerbado busca romper o tecido social que produz uma sociedade harmônica - esquecendo que a pessoalidade é possível graças aos arranjos sociais, intercâmbios e sociabilidade que a possibilita - com interesses puramente egocêntricos e autocentrados. O respeito aos direitos humanos é, também, o respeito à humanidade portadora da Imagem e Semelhança de Deus.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Diários Cadavéricos #1 - Inluta

Se eu morresse hoje, sentir-me-ia triste. Sei que minha família me ama, mas queria algo quente vindo de outro alguém. Alguém não ligado pelo fogo do sangue. Se assim não é, o amor não me basta. Não é suficiente o amor que vem do sangue, já que ele é quase que necessário. O amor de sangue é necessário e gratuito, mas o amor do outro, que não de sangue, é apenas gratuito. É por isso que invejo quem ama e quem é amado.


A luta que "inluta" em meu peito é luta amarga, meu Deus. Eu receio desejar mais o amor do outro que o seu - e assim o é. Como humano, é-me mais fascinante o amor humano do que o divino. O divino me parece mais distante do que o próximo. Se não tenho amor das coisas visíveis, como posso sonhar com o amor do Deus invisível? Eu preciso de um amor de carne, estou sozinho e confuso. A cada dia mais, a consciência de sua presença se apaga.


"Os desígnios de Deus são inexoráveis; não trateis de apressá-los" (Surata 16:1)  

"Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo" (Salmos 2,8)


Os dois argumentos provêm do mesmo Deus. Só que a pergunta que vem é essa: quando devo pedir e quando devo esperar? Devo pedir e esperar? O meu coração é aflito e na obscuridade perece. Sinto saudades de minha mãe e de um amor tal qual dela: tão pulsante quanto seu coração batente. Só que o que tenho é: uma vida vácua de amor e espiritualidade, recheada de caminhos tortos e passos insensatos. Deus, afasto-me de Ti, já que a tua presença se apaga de minha vida. Não pela sua inexistência, mas pela minha impiedade. Sua glória é tão benigna que parece inalcançável e por ser tão benignamente inalcançável, soa-me como irreal, impossível e irreproduzível nesse Vale de Lágrimas.


"Ele criou, com justa finalidade, os céus e a terra. Exaltado seja, pelos parceiros que Lhe atribuem" (Surata 16:13).

"O rei Davi estava velho, avançado em anos, e por mais que o cobrissem de roupas, não se aquecia" (I Reis 1,1).


Deus, se a tudo você ordenou, a razão de meu conflito é como um pó que se desfaz com a vassoura do tempo. Do mesmo modo que Adonias governou por tempo delimitado, em aparente desordem, meu sofrimento é igualmente delimitado. Só que esse tempo delimitado, que para Ti é nada, para mim é muito. A desordem momentânea é sensitivamente eterna. Já que a ordem natural encerra o mal visto que por Ti ordenada. 


"Poder-se-á comparar o Criador com quem nada pode criar? Não meditais?

Porém, se pretenderdes contar as mercês de Deus, jamais podereis enumerá-las. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.

Deus conhece tanto o que ocultais, como o que manifestais.

E os que eles invocam, em vez de Deus, nada podem criar, posto que eles mesmos são criados." (Surata 16:17-20)


O reino da matéria me parece tão único que minha pobre mente cai em idolatria, busco amar de forma deformada pois reduzida. A busca pelo amor daqueles que podem amar, mas não por Aquele que é o Amor. Busquei em outros amores te encontrar, quando encontrava, abandonava-o; quando eles sumiram, voltava a Ti tal como a ti volto agora. O que eu oculto é o que agora manifesto: sou tão errante quanto precário. Sou feio, meu Deus, e sofro de ausência de brio. Não sou bonito para ter direito e nem forte para conquistar. Se eu morresse hoje, arrepender-me-ia de ter passado tanto tempo me movendo pelo espaço-tempo do nada.