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quinta-feira, 21 de março de 2024

Acabo de ler "Teatro Completo: Tragédias Cariocas II" de Nelson Rodrigues

 



(Texto publicado atrasado. Já havia sido lançado do Instagram e Facebook)

Ler Nelson Rodrigues é um ato de ex-covardia. O homem expôs para nós o que escondíamos em nossos corações amaldiçoados pela falsificação contínua do discurso para negação continuada de nossa realidade psíquica. A sua obra é um contínuo enfrentamento da condição perfomática que a sociedade nos insere.


Nelson quis deixar a sociedade nua. Talvez por uma forma de vingança, talvez uma forma de ser um professor moral, talvez pelo simples desejo de ver a verdade sendo pouco a pouco revelada. A sua obra é duma somatória de confissões e revelações que dão os contornos das almas humanas e brasileiras em toda a sua veracidade trágica.


E, no fim, não é na confissão em que se reside a verdadeira postura filosófica e psicológica? Só nos damos por conhecer quando somos verdadeiros, só alcançamos degraus mais altos de filosofia quando expressamos nossas ideias de fato como elas são. Criar adornos verbais imposibilita a própria capacidade evolutiva e prende a vida num ciclo de mentiras ilusórias que fazem com que percamos o nosso tempo de vida vivendo uma vida falsa.


A intenção do moralismo mortal de Nelson Rodrigues é que a ontologicidade humana não se autodevore em nome duma adequação social de caráter puramente normativa e perfomática, o moralismo de Nelson Rodrigues é daquele que confessa a radicalidade de sua subjetividade. O moralismo rodrigueano é o moralismo confessional. Porém a confissão é um dos maiores atos de coragem, ela é pressuposto e antecedente de toda autenticidade.


Nelson Rodrigues deve ser estudado como um filósofo, como um poeta, como um psicólogo, mas sobretudo como um verdadeiro mestre da ciência ontológica. É ele que nos ensina que devemos voltar a estar nus perante Deus sem a falsidade do discurso moral.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Acabo de ler "Teatro Completo: Tragédias Cariocas I" de Nelson Rodrigues

 



A leitura dessa análise pode ser precedida pelas análises anteriores, visto que essa só é análise final do conteúdo que vem sido exposto por aqui já a algum tempo.


Empenho-me em analisar toda a obra teatral de Nelson Rodrigues e disponibilizar uma análise que seja sucinta, porém que tenha algo de minuciosidade e subjetividade. O que não é algo fácil, porém que me disponho a fazer com certa satisfação, visto que Nelson é um dos meus autores prediletos.


Resolvi adentrar na análise das tragédias cariocas, última fase do autor, em vez de ir por aquilo que lhe seria mais "inicial" por assim dizer. Espero que o formato não desagrade aos leitores que esperavam algo mais metódico em ordem de leitura.


Essa série de textos que venho feito é, antes de tudo, um convite para aqueles que me seguem: leiam a obra de Nelson Rodrigues. Ela pode ser uma forma de se libertar e de amadurecer, encarando o mundo de forma mais sóbria e adulta.


Ler Nelson, nestes tempos de solidão, tem sido um pouco de alívio nessa escala de terrores contínuos, de preocupações inenarráveis, na qual se alinha a presente fase de minha vida. E creio que pode lhes ser útil lê-lo também.