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domingo, 30 de junho de 2024

Acabo de ler "Dracula Defanged: Empowering the Player in Castlevania" de Clara Fernandez-Vara (lido em inglês/Parte 11 Final)

 


Nome completo do artigo: Dracula Defanged: Empowering the Player in Castlevania: Symphony of the Night

É muito bom chegar até aqui. Castlevania foi um dos jogos que mais marcou a minha vida de jogador e eu sempre quis trazer algo de mais profundo acerca das reflexões que o jogo em si mesmo me causava. Escrever esse texto foi uma forma de me recordar de quando tinha onze anos de idade e jogava aquele glorioso clássico em meu PlayStation 1. Desde que o joguei, o gênero metroidvania se tornou um dos que eu particularmente mais gosto.


Escrever essa pequena saga de análises foi uma das formas de demonstrar o quão impactante, interessante e curiosa foi a minha experiência com o jogo. E também quis abri-los a uma percepção mais elevada das questões morais, psicológicas, literárias, filosóficas, sociológicas, mitológicas e até mesmo religiosas que rondam o jogo. Não sei se isso será de "grande utilização" para vocês, mas uma coisa é certa: Castlevania Symphony of the Night é um marco e será para sempre lembrado como um dos melhores jogos da história, mesmo que poucos deem o devido valor – inclusive valor intelectual – que ele merece.

sábado, 30 de março de 2024

Acabo de ler "Dramaturgia Coletiva no Teatro para Crianças: comunicação em processo" de André Ferraz Sitônio de Assis

 



Muitas vezes concebemos o teatro para crianças como um produto menor, o objetivo é meramente um entretenimento que deixe as crianças temporariamente quietas e, quiçá, alienadas. Outra forma de concebermos o teatro para crianças é a do espectador-receptáculo que absorve o conteúdo didático de que lhe passamos doutoralmente.


Há algo estranho nessa relação, e aí adentram três questões: 

1- Queremos que o teatro infantil seja apenas uma distração para nos dar um descanso a nossa responsabilidade para com as crianças?

2- Vemos as crianças como seres fora da complexidade do mundo em que vivemos e que, por isso, são incapazes de compreenderem os dramas humanos?

3- Queremos gerar pessoas subordinadas às nossas cosmovisões, meros seres-receptáculos que, na medida em que crescem, tornam-se nossa imagem e semelhança no âmbito das ideias?


Indo na contramão dessa tendência, há uma outra opção que no fundo é uma opção política: o teatro para crianças como veículo transmissor dum processo dialógico entre a criança e o adulto. Onde os anseios humanos são tratados como universais e a própria criança está envolta neles. E o processo de construção cênica se dá numa relação de liberdade e construção coletiva em vez de uma programação pregada antecipadamente por um adulto visto como ser superior e condutor do processo.


Se queremos uma sociedade mais libertária e autônoma, onde padrões não são previamente estabelecidos como superiores aos outros, temos que retirar esse "aspecto subordinativo" que sempre aparece: adulto X criança, hétero X LGBT, saudável X doente, branco X negro, são X louco.


Quando criamos um "modelo" ou aceitamos esse "modelo" como critério normalizador, pressupomos uma relação subordinada em que tudo deve copiar exemplarmente esse modelo. A criança se torna melhor quando se torna mais adulta, a pessoa LGBT quanto mais se aparenta com os critérios de heteronormatividade, o negro quanto mais se branquifica, o "louco" quanto mais se aparenta com o "são". Essa relação modelar é uma relação de submissão que deve ser quebrada pela liberdade.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Acabo de ler "A Criança e o Teatro na Escola" de Claudia Damasio

 


A arte teatral pode ser uma das formas centrais de aprendizagem. E há uma razão para tal: ela correlaciona o sentimento na sua forma de educar, o que demonstra um desenvolvimento distinto e mais integral em sua abordagem pedagógica.


Um dos grandes problemas da educação atual é o fato de que ela vai por uma via muito objetiva. A objetividade em si mesma é louvável, mas há um questionamento inserido nela: como algo que se apresenta tão distante pode ser sentimentalmente atraente? Dependemos sempre de que algo nos impulsione. Para estudar é preciso gostar.


Quando adentramos no seio da educação infantil a problemática é apresentada de forma maniqueísta num dualismo estéril: lúdico x didático. O terreno acadêmico é, por sua vez, enquadrado como que numa soberania científica em que a frieza e o calculismo - altamente idealizados e criados pela própria imaginação, visto que inexistentes no mundo real - são valores absolutos e devem reinar universalmente. Só que o conhecimento deve ser atraente, se não o seu estudo é ignorado ou, até mesmo, torna-se incompreensível.


O drama do teatro nas instituições de ensino é exatamente isso: a imagem duma educação séria contra a imagem duma educação lúdica, além da ausência duma aproximação entre as duas. A escola não é local para o sentimento. Todavia essa crença gera um estado inversamente proporcional ao que almeja: em vez de aumentar a eficácia da educação, diminui.


Para amadurecermos nas metas na educação do Brasil temos que alterar não só a forma com que ensinamos, temos que mudar a forma com que pensamos a educação. E também a forma com que lidamos com nossos sentimentos e nossa imaginação. Não mais criminalizando ou oprimindo cada qual que imagine e sinta, mas criando uma síntese entre o racional e o emocional. Nisso o teatro, como arte, tem muito a contribuir.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Acabo de zerar "The Legend of Zelda: Ocarina of Time" no 3DS

 



"O fluxo do tempo é sempre cruel, sua velocidade é distinta para cada pessoa, mas ninguém pode mudar isto..."

Há muito tempo, há uma frase que é dita para cada um que se interessou apaixonadamente por videogames. Uma estranha frase. Dizem as lendas que havia um jogo que era considerado a maior obra prima dos jogos - recomendado a cada gamer e programador. Esse jogo era como as sinfonias de Mozart, ele era como "Crime e Castigo" de Dostoiévski, ele era o "Dom Casmurro" de Machado de Assis. A frase dizia que "jogue Ocarina do Tempo, o melhor jogo de todos os tempos".

Jogo videogame desde meus 5 anos de idade. Não demorou muito para que eu entrasse em contato com uma série de análises e dicas de jogos. Aliás, é graças aos videogames que peguei gosto pela literatura e pela carreira de escritor e intelectual. Um mundo inimaginável construía-se perante mim e eu ia crescendo ao lado das obras que jogava. Como num passe de mágica, interessei-me por ficção, filosofia, teologia, psicologia, jornalismo. Todo esse amadurecimento foi criado pela beleza dos jogos que me marcavam na cabeça e faziam-me desejar mais ardentemente a filocalia da vida intelectual.

Tardei anos para zerar esse jogo. O menino tolo e autista que vos fala passou por várias dificuldades na vida real. Só que sempre encontrei refúgio nos livros e nos jogos, por causa disso livrei-me da pulsão suicida. Só que havia a hora de me abrir ao melhor jogo de todos os tempos, era chegada a hora de apreciar a máxima iguaria. Quando esse tempo chegou, já tinha me formado em filosofia e publicado mais de dez livros anonimamente. O menino se tornou um homem.

Joguei Ocarina do Tempo como homem feito, mas com alma daquele menino que aos 5 anos de idade jogava Sonic no Mega Drive. A experiência foi fantástica, um retorno à infância mágica dos tempos de outrora. Muitas vezes, eu terminei jogos dizendo "fantástico". Só que dessa vez, digo outra frase: "muito obrigado". Eu agradeço pela fantástica experiencia que tive. Sou eternamente grato.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Acabo de zerar "Digimon Rumble Arena" do PS1

 



Esse foi o primeiro jogo que joguei no PS1. Joguei-o quando ainda era criança e, de tempos em tempos, zero ele de volta apenas pelo prazer de zerar um dos meus jogos prediletos. Esse estranho ritual, quase que religioso, sucede-se de ano a ano.

Por incrível que pareça, esse é o único jogo de luta que eu de fato gosto. Além de ser o jogo que mais zerei em toda minha vida. Considero sua jogabilidade simples, embora ela seja extremamente agradável. Os gráficos me encantam até hoje e eu simplesmente esperei anos para poder jogar o 2, quando joguei no GameCube (pelo Wii), senti-me imensamente decepcionado com a sua gameplay, desequilíbrio de personagens e digimons que se repetem. Embora os gráficos sejam bem bonitos.

Eu sempre me sinto agarrado a minha solitária, porém divertida, infância quando rejogo alguns joguinhos. Esse é um dos que mais me encanta, já que é um dos que eu apagava do Memory Card apenas para ter o prazer de zerar de novo. Parece que algumas coisas ficam pra sempre em nossas vidas. O gosto por um autor em específico, um livro que guardamos no coração, um determinado sabor de sorvete e, também, jogos que amamos jogar e rejogar.

Termino essa preciosa jogatina com a quase certeza que, se tudo der certo, jogá-lo-ei ano que vem novamente.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Acabo de ler "A sexualidade segundo a teoria psicanalítica freudiana e o papel dos pais neste processo" de Elis Regina e Kênia Eliane

 



Estudar psicanálise não é algo fácil e demora a vida toda. Como não sou nenhuma espécie de ser com aprendizado linear, resolvi complementar a leitura. Fora que ler artigos acadêmicos aprimora a capacidade de fazer bons artigos acadêmicos - o que pra mim é essencial.


Esse livro aborda as cinco fases do desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital. O interessante é que elas são explicadas tendo como objetivo de ser usadas na pedagogia e no aconselhamento dos pais. A razão é de que não de quer uma pessoa que cresce com traumas e complexos. Ver a psicanálise como uma ferramenta do desenvolvimento infantil é fantástico e muito útil, sobretudo pelo fato de que demonstra a amplitude da psicanálise.


Outro fato importante a ser comentado: as fases do desenvolvimento psicossexual são bem interessantes de serem analisadas. Aprendemos que a sexualidade é muito mais genitalidade e que somos seres sexuais desde o início de nossas vidas. Fora que temos que nos lidar com os nossos desejos e aprendendo como são, aprendemos a mesurá-los.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Notas do Gamesolo #1 - Digimon Rumbe Arena

 



Não me lembro muito bem em que ano joguei Digimon Rumble Arena pela primeira vez. Não me lembro também da idade, mas eu deveria estar com 10 ou 11 anos. No dia, um amigo de minha irmã mais velha trouxe um PS1 aqui em casa. O jogo que, de longe, mais curti era exatamente ele. Até hoje é um dos meus jogos favoritos, chego a zerá-lo quase uma vez por ano.



Era uma boa época. Ninguém falava de sexo ou namoro como pauta existencial absoluta, boletos ainda não existiam e eu tinha pesadelos com a imagem do zumbi que apareceu no jogo do Resident Evil - e não com a política nacional ou internacional. Minha maior frustração era ter apanhado do amigo de minha irmã durante aquela gameplay. Sinto saudades de quando o maior drama existencial era a pergunta se zumbis eram reais.





Quando conheci o jogo, conheci o 3D. Na época, só tinha jogado Super Nintendo, Mega Drive, Master System e Nintendinho. Jogos 3D eram puramente revolução, ao menos em minha cabeça oca e de baixo orçamento. Já havia PS2, já havia até Xbox 360. 

sábado, 18 de dezembro de 2021

Acabo de ler "Harry Potter e a Pedra Filosofal" de J. K. Rowling.



    "Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele" (Dumbledore).


    Ler Harry Potter depois de anos é uma maravilha. A primeira vez que o li, estava no segundo ano do ensino médio. Ou seja, há cerca de oito anos atrás. Não me lembrava do quanto o seu universo era curioso e nem o quanto o livro era engraçado em diversos bons aspectos. E digo-lhes o livro é melhor que o filme, embora eu o tenha assistido - o primeirão - enquanto ainda era só uma criança. Assisti-o naquela ferramenta tecnológica, hoje antiquada, chamada Fita Cassete. Até hoje me lembro de estar ao lado de minha irmã enquanto assistia o primeiro filme de Harry Potter, das poucas coisas que me lembro da infância, essa é uma das melhores.


    Talvez a serenidade da vida adulta tenha acalmado o desordenado senso de realidade que me fazia digerir livros rapidamente em minha tenra mocidade adolescente. Talvez eu tenha ficado lento e reacionário, mas tendo fortemente a gostar mais de produções literárias que audiovisuais. Muitas coisas hoje não me agradam, entre elas os memes e as microescritas e microleituras que dominam a internet atual. Só que hoje, afastado da reação espalhafatosa, creio que é melhor calar-se e curtir um "próprio" universo cultural do que entrar em briga com uma unanimidade de imbecis. 


    Se alguém disser que "Harry Potter" é insuficiente como produto literário, dir-lhes-ia que são poucos os capazes de criar universos ricos de sentido e que a beleza da vida está mais contida em coisas que não veem do que as que veem. 

    Quanto a velhice e a morte, fico com as palavras de Dumbledore:

    "Afinal, para a mente bem estruturada, a morte é apenas a grande aventura seguinte".