Mostrando postagens com marcador mundo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mundo. Mostrar todas as postagens

domingo, 23 de junho de 2024

Acabo de ler "Epic Win for Anonymous" de Cole Stryker (lido em inglês/Parte 1)

 



O que é a cultura virtual? Quando pensamos em cultura virtual, pensamos nesse mundo em que as pessoas podem publicar o que pensam de forma menos centralizada. Isto é, a internet não demanda um alto custo para os cidadãos que usualmente entram nela. Isto leva a uma descentralização que, por sua vez, leva a uma Ágora Virtual. Essa descentralidade, embora furtada hoje pelas gigantescas empresas que dominam a maioria dos sites, é a forma pela qual grande parte de nós se comunica.


Marxistas desenvolveriam uma teoria sobre os "meios de produção cultural". Esses seriam centralizados nas mãos dos detentores usuais dos meios de produção. Hoje em dia, espera-se uma maior centralização da internet em prol duma maior regulamentação da própria internet. Ou seja, para alguns é benéfico que a internet seja mais centralizada e esteja nas mãos de alguns poucos grupos, visto que é mais fácil fiscalizar a ação social por esses meios. A defesa duma internet mais livre começa pela negação de uma internet centralizada, não por acaso eu deletei redes que centralizassem demasiadamente conteúdos e grupos sociais dentro de si – caso da recente exclusão do meu Facebook, Twitter/X, Trends e Instagram.


A razão pela qual o 4chan tem muita criatividade está pelo fato de seu anarconiilismo ou, até mesmo, aquilo que me acostumei a chamar de niililiberalismo. Mas não só isso. O país em que ele surge sempre foi bastante ligado a uma forte tradição liberal nas falas e nos costumes. Logo a liberdade de expressão, num nível não habitual ao brasileiro médio, é uma regra e o mundo inteiro vai até o 4chan para se beneficiar dessa prática e desse costume. Com o mundo inteiro indo até lá, existe o fator dum forte desenvolvimento cultural nascido desse mesmo intercâmbio cultural. O 4chan se tornou a Meca da Internet e todos o referenciam como portador desse modelo, seja diretamente através de uma participação ativa, seja indiretamente utilizando os seus memes, linguagens ou referências – de modo consciente ou não.


A existência do 4chan é uma incógnita para o mundo. A razão é bem clara: o 4chan é despido de muitas das regras que usualmente norteiam a maioria dos sites e, não só dos sites, como dos países e comunidades do mundo inteiro. Tal liberdade usualmente faz com que pessoas de comportamento atípico ou antissocial o frequentem como uma espécie de escape das comunidades mais regulamentadas ou simplesmente mais normais. O que pode ser positivo ou negativo a depender da variedade do contexto.

sábado, 16 de março de 2024

Acabo de ler "Antes del Fin" de Ernesto Sabato (lido em espanhol)

 


Ernesto Sábato é um dos maiores intelectuais da história da Argentina. Esse livro é escrito como uma forma de atenuar a dor dos jovens que lhe mandavam cartas. E também como uma forma de autobiografia antes de morrer. Um testemunho corajoso de um homem que superou várias decepções e manteve a sua consciência individual apesar de tudo que se sucedesse.


De experiência bastante diversa, Ernesto Sábato sabia sobre arte, ciências exatas e humanas. Foi um literato e, também, um filósofo. Manteve contato com vários intelectuais importantes. Estudou de forma aproximada autores anarquistas e comunistas (de índole marxista). Também teve um período de conversão ao marxismo, porém se afastou do movimento graças a rigorosidade dogmática que esse apresentava.


Ernesto fala-nos da decepção que tem para com o mundo pós-guerra fria. Não que acreditasse na monstruosidade totalitária que se tornou o regime soviético, mas sim que o mundo que surgiu após o fim da União Soviética não era aquilo que foi prometido e sim algo bastante inumano, irresponsável e até destrutível.


A destruição dos recursos naturais, o perigo nuclear, a exploração de massas inteiras de pessoas, a quantidade gigantesca de pessoas morrendo de fome, o contingente populacional de excluídos. Como permanecer otimista nesse mundo? Ou o mundo muda, num radicalismo humanizante, ou morremos todos.


Ernesto, por fim, deixa-nos com a consciência de que temos um mundo a cuidar e um fluxo de ações irresponsáveis a impedir. Isto é, temos que impedir certas ações e mudar de rumo. Sem perder nossa fé utópica na construção dum mundo melhor. No fim, o "fim da história" é uma ilusão propagandisticamente criada para que nos calemos.