Pouco tempo antes da enorme convulsão que tomou forma de revolução, Porfirio Díaz governava o México com mãos de ferro. A serviço das grandes elites nacionais, ignorava os grandes desajustes sociais que, mais cedo ou mais tarde, trariam enormes dificuldades na governabilidade do país.
Desde cedo, verificou-se um caráter acentuadamente campesino na revolução mexicana. O assalto das elites pelas terras gerou um processo traumático acumulativo através dos tempos e um desejo de justiça - que foi bastante ignorado. Desta conjuntura, surge um homem radicalmente democrata chamado Madero que clama aos homens por uma reforma. Sendo incapaz de aplicá-la, logo recorre à revolução. O próprio Madero, homem de forte amor à democracia, mas por demasiado tíbio em suas reformas, acabaria assassinado.
É difícil precisar as debilidades do México, um país que carecia de desenvolvimento e foi bastante invadido. Não só pela agressão estadunidense, mas igualmente francesa. A luta por sua real independência e autonomia se realizou em grande parte pelos anseios legítimos por igualdade, desenvolvimento, liberdade e paz. Nesta luta temos Zapata - que também seria assassinado.
Nesta luta contínua, cheia de golpes e traições, vingaram-se contradições que geravam mais conflitos. Questões religiosas, questões territoriais, questões econômicas, educacionais. Sucedem-se presidentes e golpistas num processo convulsional no qual perguntamos quando haverá estabilidade.
De qualquer modo, o estudo da Revolução Mexicana - mesmo que traída pelos sucessivos governos posteriores -, traz uma percepção diferente da América Latina. É difícil olhar para uma história tão sofrida e tão instável sem se chocar - e, em meu caso, chorar. Por outro lado, devemos continuar caminhando, mesmo que em angústia, pelo nosso sonho civilizacional.