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quarta-feira, 3 de julho de 2024

Acabo de ler "Epic Win for Anonymous" de Cole Stryker (lido em inglês/Parte 4)

 


A internet é a criação de vários projetos. Ela nunca foi muito unificada quanto a visão de seus portadores. Não há um senso dirigente geral. Existe apenas uma mescla de várias variações que saúdam umas as outras ou se afastam. Existe uma tradição virtual daqueles que não gostam do funcionamento da vida real: somos muitas vezes marcados por laços e traços de identidades que nos classificam, várias vezes de forma errônea, sendo julgados muitas vezes por condições que nem sequer fomos nós que escolhemos.


Qualquer um que tenha estudado, trabalhado ou vivido em sociedade sabe: somos classificados e hierarquizados o tempo todo. A existência de fóruns que permitam uma não identificação permitem que outros julgamentos possam vir a ser feitos. Esses julgamentos não se baseiam mais na beleza, no porte físico, na capacidade financeira ou na cor dos olhos. Eles pertencem exclusivamente ao âmbito das ideias. É assim que se pensava a Usenet e Futaba, e é assim que também se pensou inicialmente o 4chan.


Não existem muitas leis, nem muitas regras. Ninguém te conhece, nem te julga. Você pensa o que quer e joga aquilo que quer por lá. Não há muita restrição, tão somente interação. Esse seria o ambiente de possibilidade criativa perfeita, com toda envolvente dinamicidade de anônimos conversando entre si. Essa possibilidade de internet foi a internet que o mundo perdeu.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Um Gorducho com Duas Espadas - Parte 1 (Hereges - G. K. Chesterton, pág. 1 a 33)





Começando - e já amando - a leitura do livro "Hereges" de Chesterton, começo a entender mais do universo do nosso príncipe dos paradoxos. Certos sentidos me escapavam e me feriam a compreensão mais integral de seus escritos.






Uma das principais características a serem observadas é que a palavra senso comum (que seria mais para "bom senso" na língua inglesa) apresenta uma realidade que foge da radicalidade daqueles que têm uma visão um pouco excessiva e acentuada da realidade. O "senso comum" é um parâmetro que delimita as regras da vislumbração da própria realidade na qual nos inserimos.


É importante observar que o termo: "herege" não surge aqui por acaso. "Herege" não está no sentido daquele que compreende e nega a ortodoxia e sim daquele que acentua um ponto e que pode adicionar outros pontos a crença excessivada. Só que o desmembramento de uma crença só faz com que ela se radicalizesse e torne-se tão abstrata a ponto que a realidade mesma se perca. Sendo o real multifacetado, a crença do radical dirige-se contra essa mesma realidade que nega a crença do real: o mundo é muito mais complexo do que uma crença obsessiva e monótona possa comportar.





Chesterton questionava-se como teístas idealistas e ateus militantes encomtravam-se unidos num mesmo propósito e em mesmos locais. A resposta mais direta é: os dois condicionavam-se por uma crença que não era delimitada por nada, a própria radicalidade sem freio de suas ideias ([I] tudo é bom porque Deus existe; [II] tudo é ruim porque Deus não existe) carrega um fator que é igual: o radicalismo bestial na qual se encontram.





Por essa razão, Chesterton não se tornou ortodoxo lendo autores ortodoxos. Tornou-se ortodoxo simplesmente pela necessidade de ver uma razoabilidade plausível entre ideias que, quando extremadas, perdiam o próprio contato com a realidade e tornavam as pessoas cegas a visão da realidade enquanto tal. O pensamento de Chesterton é propriamente esse: o de comportar ideias num plausível para que elas se tornem comportáveis na realidade em vez de agigantar pontos específicos. Dialética pura, meus caros.