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domingo, 30 de junho de 2024

Acabo de ler "DICTADURAS MILITARES Y LAS VISIONES DE FUTURO" de Gabriela Gomes (lido em espanhol/Parte 3)

 


O desenvolvimento nacional é uma questão de segurança nacional. Seja pela instabilidade interna que um país sofre ao não conseguir suprir as demandas de sua população, seja própria instabilidade externa que é causada pelo assédio imperialista de nações mais desenvolvidas. Sendo assim, o desenvolvimento nacional deve ser tratado como matéria da segurança nacional. Os militares argentinos compreenderam essa questão e, a partir disso, traçaram um plano para "salvar a Argentina" e possibilitar um futuro mais tranquilo onde ela fosse uma nação sólida. Não estou afirmando que seguiram o caminho correto e/ou que seus planos deram certo. Além disso, a questão da "futurologia" é multifacetada e apresentada em diversas propostas distintas por diferentes grupos sociais.


Especulava-se que o subdesenvolvimento não só da Argentina, mas como da América Latina – como também em todos os países subdesenvolvidos – poderia servir como "base operacional" dos países mais desenvolvidos. Isto é, sendo a América Latina portadora de inúmeras riquezas naturais, ela seria um território bastante agradável para nações mais desenvolvidas que não possuem tantas riquezas naturais. A questão é que a América Latina não tinha uma segurança muito boa para discutir com igualdade com essas nações mais desenvolvidas. Logo caso essas nações quisessem tomar a força esses recursos, elas conseguiriam fazer isso. Além disso, o superpovoamento e a necessidade de distribuição de recursos levaria a humanidade a um conflito existencial em relação a esses próprios recursos. Perón, naquele período, idealizou que o desenvolvimento não só da Argentina, como do assim chamado "Terceiro Mundo" era uma pauta de segurança e uma geopolítica sensata. Conjunturalmente faz todo sentido.


O correto seria uma geopolítica latino-americana orientada para um desenvolvimento que desse autonomia para essa região resistir ao assédio europeu ou estadounidense. Não só isso, o desenvolvimento econômico deveria ser sustentável e, de modo semelhante, a distribuição dos recursos deveria ser saudável (igualdade). Ou seja, o desenvolvimento deveria ser ecologicamente sustentável e a distribuição de recursos deveria se basear nos preceitos da valorização da humanidade. Propósitos bastante ricos e nobres. Tanto Perón quanto Salvador Allende tinham visões de um desenvolvimento autônomo da América Latina e as questões acerca da duplicidade e do paralelo desenvolvimento-segurança.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Acabo de ler "Ecocidio, crimen capitalista" de Fidel Castro, Hugo Chávez e Evo Morales (lido em espanhol)

 



Pouco importando onde estivermos, é muito provável que a gente esteja no planeta Terra. Esse nexo ligacional não pode ser quebrado, ao menos não por agora, e dependemos duma ação organizacional conjunta para que possamos conviver no mesmo espaço - nosso planeta - sem que o levemos a destruição e aniquilação da humanidade.


Uma espécie corre risco de extinção, esta é a espécie humana. É necessário que alteremos nossas ações e estabeleçamos um novo tipo de direito: os Direitos da Mãe Terra. Um tribunal comum: o Tribunal Internacional da Terra. Sem isso, é provável que a biocapacidade de suportar a raça humana se perca ou se torne altamente desfavorável a nossa existência.


Não podemos pensar, não podemos nos enganar, que podemos manter uma engenharia econômica que tenha como base o uso radicalizado de recursos numa lógica ilimitada, visto que vivemos num mundo de recursos limitados. Em lugares desenvolvidos, há padrão de consumo excessivo de recursos. Em lugares não desenvolvidos, há um padrão de baixo consumo. Se juntarmos isso ao fato de que temos uma cultura econômica de obsolescência programada: a extinção da humanidade bate em nossa porta.


Precisamos de uma conscientização urgente e coordenada para uma melhor distribuição dos recursos e de combate ao padrão vigente. Uma forma de responsabilizar aqueles que, sozinhos ou em grupo, destroçam a perpetuidade de nosso planeta e espécie. Não podemos destruir o planeta e deixar para resolver os problemas que acumulam só depois, não haverá depois.


É disso que esse livro trata. É por isso que é razoável, e não só razoável, estabelecer um sistema de acordo com a extremidade apocalíptica em que nos encontramos. Sem isso, a espécie humana certamente deixará de habitar a Terra, já que não mais existirá.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Acabo de ler "José Mujica - La Revolución Tranquila" de Mauricio Rabuffetti (lido em espanhol)

 



A vida de Mujica teria tudo para ser um filme hollywoodiano - façanhas não faltam para colorir o cenário. Guerrilheiro no passado, integrou o corpo de um dos movimentos revolucionários mais notórios de toda a América Latina. Posteriormente, renegando as velhas aspirações revolucionárias, tornou-se um dos mais proeminentes presidentes da América Latina no século XXI.


Embora se possa afirmar que o seu governo foi internamente tíbio e sem grandes proezas. Suas realizações no âmbito internacional renderam uma maior qualificação do Uruguai enquanto nação. Além de que, Mujica, trouxe importantes reformas que deram uma cara mais moderna ao Uruguai e o inseriram no campo das nações mais prestigiosas dentro do cenário dos direitos individuais.


As principais reformas de Mujica são: legalização da maconha - pautada num controle estatal -; legalização do aborto; e, por fim, o chamado casamento igualitário (entre pessoas do mesmo sexo). Reformas essas mais sociais, morais ou culturais do que econômicas. Porém de notória importância, visto que tal problemática segue ainda forte no restante da América Latina.


Seu governo, destacado sobretudo internacionalmente, trouxe importantes reflexões sobre a mentalidade consumista e, diga-se de passagem, irracional do capitalismo moderno. Na sanha produção,  consumo e descarte, põe em risco o futuro do planeta e a própria possibilidade existencial da humanidade. Além disso, vemos uma defesa aprofundada e radical do valor da vida humana e seus respectivos direitos.


No fim, somos apresentados a um governo que internamente logrou pouco e externamente foi muito bem qualificado. Talvez Mujica tenha sido um visionário mal compreendido. De qualquer forma, a força de sua personalidade e a simplicidade de sua vida estóica proporcionam uma importante reflexão moral e servem de base para mudanças estruturais políticas, econômicas e culturais.