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domingo, 16 de novembro de 2025

NGL #14 — Não sou namorável


Faça suas perguntas anônimas: https://ngl.link/lunemcordis


Não sou uma pessoa namorável. Sou, na verdade, uma pessoa absolutamente detestável. Por várias razões:

1. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu simplesmente sumi por querer passar um tempo sozinho lendo e estudando;

2. Eu já perdi as contas da quantidade de vezes que comecei a odiar a pessoa que eu namorava por ela atrapalhar meus momentos intelectuais e criativos;

3. Eu já perdi a conta da quantidade vezes que eu comecei a sentir ódio das relações em que eu estava por achá-las intelectualmente limitadores.

Sim, esse conflito sempre aparecerá mais cedo ou mais tarde. Em algum momento, eu me sentirei extremamente entediado por estar numa relação e não quererei fazer mais nada. Eu já disse isso várias vezes, mas nunca disse aqui: eu poderia viver tranquilamente sem nunca mais fazer amor, mas não poderia viver sem nunca mais estudar. Não estou falando de "fazer faculdade" ou "obter diploma", não estou falando de nada institucionalizado. Estou falando em estudar através de pesquisa livre e criação livre.

Eu não tenho nada de bom a oferecer. Já escrevi isso várias vezes. Não tenho dinheiro, não sou bom de cama, não sou engraçado, não sei andar junto, não tenho interesse em conversas extremamente banais. E pior: além de eu não ser bom de cama e não ser amoroso, não tenho quase nenhum interesse em manter relações por mais de três meses.

Fora isso, a monogamia pouco me atrai. Gosto da não monogamia por ser um indivíduo pouco empático. Não é que eu "sou super mente aberta", é por eu simplesmente ser misantropo. De qualquer modo, frequento meios liberais e, em alguns momentos, saio com casais.

Se for namorar, em um contexto monogâmico ou a longo prazo, namore com alguém que seja compatível com isso. Eu não sou.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Prelúdios do Cadáver #6 - Olá, meus queridos companheiros

Texto publicado em 23/07/2018

Desculpem-me atordoá-los nesse dia inebrio, mas uma ideia nauseabunda floresce em meu peito amargurado.


Essa sensação começou aos quatorze anos e foi progredindo paulatinamente. Conforme eu adentrava no mundo literário, a minha relação para com a socialidade afogou no deslocamento. Contar-lhes-ei tudo ou quase isso.


Muitos dizem que a literatura é uma forma de fugir da realidade. E, para mim, ela é exatamente isso: uma forma de salvação redentora que tira o indivíduo da realidade na qual o mesmo está sujeito. Sempre achei a maioria das pessoas desinteressantes ou vulgarmente simples -- embora que, evidentemente, alguns afirmem que há uma complexidade inabalável em cada sujeito vivo ou morto.


Tornei-me um misantropo. Há uma progressividade misantrópica na qual eu me afundo mais e mais. Já me recomendaram sair de meu abstracionismo, mas toda vez que saio acabo por me decepcionar. Como odeio a realidade, acabo por me isolar em universos ficcionais de meu agrado. Parece que continuarei assim até eu findar minha existencialidade.


O mundo é fútil. As opiniões gerais me enojam. Os jornais são um câncer. A televisão é o inferno sendo transmitido ao vivo e a cores. Meus conterrâneos são entediantes. A sociedade despreza-me e eu a desprezo igualmente. Eles, as pessoas que constituem o corpo social, odeiam meu modo de ser e eu odeio o modo de ser deles.


Ainda mantenho certas coisas que me permitem uma certa normalidade e contato com o mundo ao redor. Tenho um perfil no cancrolivro, mas enojo-o devido a sua capacidade de inserir todo tipo de porcaria. Sei sobre o que se passa em meu país, porém muito parcamente, desinteressadamente e como um objeto que me é de estranheza -- tal como se eu não fizesse parte do mesmo.


Quanto mais leio, mais me afasto. Quanto mais adentro na profundidade, mais estou longe da superfície. Atualmente tenho vinte e um anos. Minhas leituras tornaram-se mais densas e meus gostos mais dotados de especificidades.


Quanto mais vejo meu futuro profissional, mais me vejo um solitário. Mesmo trabalhando, frequentando faculdade e tendo que me relacionar obrigatoriamente com outras pessoas: mais me vejo só. Não me sinto infeliz com isso, muito pelo contrário: fico felicíssimo.


Pois bem, meus senhores, essa é a minha história. Gostaria de saber se essa pequena história também faz parte da vida dos senhores e, se possível, adquirir relatos semelhantes.

 

Desculpem-me atordoá-los nesse dia inebrio, mas uma ideia nauseabunda floresce em meu peito amargurado.