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domingo, 12 de dezembro de 2021

Acabo de ler "Ed Mort e Outras Histórias" de Luis Fernando Veríssimo.

 



    Um autor versátil e capaz de dar vários entendimentos distintos, erudito tal como ninguém e referência múltipla para diversos agrupamentos. Homem de diversas leituras e humor genial, talvez um dos maiores gênios do humor da história lusófona.


    O livro conta com uma série de contos que traduzem uma série de sentimentos distintos - além de um certo constrangimento pelo autor ser demasiadamente culto. Tal como o "Você vai ver" no qual a marginalidade, o crime e o mundo distópico remetem a um cyberpunk cada vez mais real e aproximado do Brasil. Coisa que traz um certo mal sentimento e um elogio a capacidade profética do autor. Confesso também que me perdi numa série de referências que partem de um Brasil que não vivi e que me deixou meio perdido no entendimento de alguns contos, mas nada que fizesse com que eu perdesse a qualidade da leitura.


    "Organizamos os nossos dias em datas com a ilusão que assim estamos organizando, de alguma maneira, o Universo. O primeiro ato racional de Robinson Crusoé na sua ilha foi marcar a passagem dos dias no tronco de uma árvore. Só então, situado nas suas datas, partiu para pôr ordem na sua solidão e tratar de sobreviver"

    É incrível como o autor consegue traduzir a sua erudição em comédia, já que a maioria de nossos ilustres intelectuais transformam a sua erudição em alguma produção chata, formal e que não dá tesão algum em se ler. As suas referências dão um gosto maior a leitura, tal como a piada do rato albino que sempre volta e por isso se chama "Voltaire" ou quando Ed Mort investiga o caso de Sartre no Brasil.


    Termino o livro com uma certeza: quero e lerei mais livros do autor que, para mim, é genial.


sábado, 16 de outubro de 2021

Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.




    Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.Sabe aquele livro que facilmente daria um filme bacana? Esse é esse tipo de livro. Com um enredo fascinante, somos conduzidos por uma história bastante estranha, dando-nos conta de fatos da vida e como nos deixamos iludir pelas pessoas e coisas.


    Esse livro poderia ser uma ficção teológica, e talvez de fato o seja. Já que ele dá uma aula magna sobre a anatomia do pecado, mostrando que somos seduzidos por ele e deixamo-nos envenenar. Uma das citações vistas nesse livro é exatamente sobre essa natureza psicológica e teológica: "os deuses são justos, e dos nossos vícios agradáveis fazem instrumentos para nos atormentar". O homem não se deixa envenenar por amar o veneno, mas sim pela doçura atraente do veneno. Os grandes personagens desse livro vão morrendo, um a um, pela sedução do pecado da gula. Coisa que vemos de forma correlacional com outros pecados e outros defeitos, num galopante aumentar de complexidade narrativa. Onde cada personagem é brilhantemente explorado, cada qual com sua história peculiar e também estranha.


    Nunca pensei que veria um livro tão interessante na seção de humor na parte de literatura da biblioteca que frequento. Nunca pensei que um livro que faz parte da seção de humor teria tanta complexidade, seja psicológica, seja teológica. Esse livro certamente está entre as minhas melhores leituras do ano e entre as minhas maiores surpresas literárias.