quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Agnosticismo Metodológico - ou: da Mortificação Literária como Predisposição da Inteligência




    
Muitas vezes eu me pegava me perguntando sobre a chave da interpretação teológica. Acabei notando que o pensamento teológico envolve aquilo que chamo de "virtude negativa", ou seja, uma virtude que vem a partir da mortificação que leva a abertura do ser ao outro (ou Outro). Essa mortificação que fecha o espírito para si mesmo e o predispõe a outro espírito é aquela que torna o ser apto a recepção do divino - só que não serve só para a recepção do divino, serve para receber qualquer outra pessoa ou qualquer outro pensamento ou coisa. Lembrava-me ocasionalmente de frases - que vou reproduzir incorretamente - como: "você deve convencer a si mesmo daquilo que Deus quer de você" e "a inteligência só é exercida quando se cala". Foi pensando nessas frases que melhorei meu método de estudo, não só no estudo da teologia, mas no estudo geral, já que todo estudo envolve uma liberalidade, uma tolerância que se entrega e torna-se aceitação.

    A leitura pode ser muito útil e pode servir como um exercício não só de tolerância, mas um exercício duma alteridade dialógica que faz o ser se abrir e, abrindo-se, cresce. A pessoa que lê deve tentar, durante a leitura, não apenas tolerar a ideia do outro, é preciso que a pessoa leitora vá além daquilo que é e tentar, por meio da leitura, tornar-se o outro. Se faz necessário um esvaizamento do espírito para que outro espírito adentre e relativize, não anulando, mas expandindo o horizonte de consciência. O problema de muitas leituras é a incapacidade de aceitação, já que a aceitação é amarga. No entanto, a aceitação é absolutamente necessária para o entendimento do outro. Isso dói principalmente no entendimento de obras que nos são opostas ou que tocam em pontos sensíveis, só que mesmo nesses momentos o entendimento precisa da aceitação provisória para fins de inteligibilidade.

    É preciso que a gente leia, leia com atenção e mais do que isso: com recepção. É preciso que a gente se mortifique para nos abrirmos a leitura do próximo. Leitura que só será possível quando a gente se mortificar, quando sairmos de nós mesmos momentaneamente para que o outro ocupe nosso lugar e conduza-nos ao entendimento dele. Claro que não conseguiremos nos abrir em absoluto, mas é preciso que saiamos de nossa vontade para nos encontrarmos com o próximo. Já que não cabe a vontade inteligir, cabe a vontade decidir. Quando a vontade pega o lugar da inteligência, vemos o preconceito tomar forma. Já que a vontade serve para julgar, só que não se pode julgar verdadeiramente o que se desconhece. A inteligência é aquilo que recebe e a inteligência só é exercida quando se torna apta a receber. É preciso, então, que entremos numa apostasia temporária de nossas crenças.

    Se para o entendimento se faz necessário um processo de abertura, é preciso que também se tenha um processo de negação de nossas próprias crenças. Nesse ponto, o agnosticismo pode ser a chave para a inteligência já que o agnosticismo declara que não sabe. O agnosticismo é um bom termo e uma boa metodologia no tocante a vida intelectual. É preciso se esquecer momentaneamente do que se sabe para que haja a apreensão do objeto ou do "subjetivo" estudado. O termo que se utiliza para a palavra que chamaríamos de "autoprivação", no âmbito religioso, é chamado de mortificação. A palavra mortificação, em meu entender, pode ser usada para o entendimento do "agnosticismo metodológico". A mortificação do próprio pensamento (da vontade) é necessária para o entendimento. Logo é preciso uma mortificação durante a leitura, mortificação que predisporá a pessoa ao estudo real e mais concreto, já que o estudo requer essa abertura. A "apostasia provisória" é a abertura para a alteridade sem a qual o conhecimento se torna impossível. Quando a vontade domina, tem-se não a epistemologia e nem a empatia, mas o oposto disso: a doxa (opinião) ou o preconceito.

    Virou-se lugar-comum falar da "democracia", falar de "empatia", falar de "tolerância". Só que todas essas coisas não são coisas que são "essenciais", já que elas não surgem de algo natural e já dentro do sujeito. Nós não somos "democráticos", nós "estamos democráticos". De igual modo, nós não somos "empáticos", nós "estamos empáticos". Na tolerância, o mesmo se serve: não se "é" tolerante, se está "sendo" tolerante. E fundo isso na virtude negativa: uma virtude negativa é uma virtude que é exercida provisoriamente, uma virtude que envolve uma negativa do ser para consigo mesmo. Aceitar o outro ou outras ideias envolve virtude negativa. Aquele que se diz empático, tolerante e democrático já afirma como algo dentro de si mesmo, como algo natural, e se tem como algo natural, aquilo que fala já se perdeu. Se você acha que está aberto, você simplesmente não se abre. É por isso que vemos uma contradição: muitas pessoas que se julgam democráticas, tolerantes e empáticas não são nada disso. Só que a própria auto-intitulação gerou um "estado hipnótico" que a faz não perceber mais nada. 

    Muitas vezes vemos pessoas dizendo coisas preconceituosas e muitas vezes essas pessoas detêm algum conhecimento ou estudam ativamente algo. Só que o estudo delas é direcionado abertamente a um horizonte de assuntos e crenças bem delimitado. Quando a pessoa vê outra epistemologia, seja de qualquer grupo a qual ela não se vincula, ela sente um certo medo identitário que a coloca numa insegurança que ela fará tudo para evitar. É por isso que a leitura pode ser uma chave de encontro com o próximo, a gente pode ler algo de diferente e abrirmo-nos ao entendimento não do que a gente já crê e sim daquilo que a gente simplesmente não crê. Todo estudo normativo cria um discurso da naturalidade e um discurso da inaturalidade. O discurso da inaturalidade é um discurso racionalizante de uma pessoa que apagou a luz por não poder se lidar com o próprio medo. Aquilo que gera incerteza ameaça a onipotência do pensamento e tão logo que causa uma ameaça, essa mesma coisa é demonizada e exorcizada do campo teórico. Em outras palavras, cria-se uma ideia de natural (normal) e cria-se uma ideia de inatural (anormal) para se rejeitar algo da realidade. Só que quando isso ocorre, acontece aquilo que poderíamos chamar de inversão dogmática: esse fenômeno, "a inversão dogmática", ocorre quando a vontade (faculdade de julgamento) passa a ocupar o lugar da inteligência (faculdade de abertura).

    Se a gente pudesse ilustrar um momento de "inversão dogmática", poderíamos ilustrar com a islamofobia da sociedade brasileira contemporânea. Muitas vezes vemos cristãos se lidando com o islamismo de forma desrespeitosa e, quiçá, penosamente duvidosa. Eu percebi que o islamismo traz um discurso sobre o divino que o cristianismo faz parte, mas não catalogou. Um dos fenômenos intelectuais que geram erros e mais erros é a ausência de autocrítica e a ilusão do pensamento para consigo mesmo. O estudante vê tudo com um olhar externo, onde a sua própria figura não faz parte da arquitetura de seu pensamento - isso cria uma ilusão narcísica-dogmática chamada: onipotência intelectual. Vendo tudo externamente, vê-se longe de qualquer erro e torna-se um típico "fariseu intelectual". Já que um dos fenômenos que levam ao defeito da razão é, por excelência, a onipotência do pensamento que vê todos os fenômenos que ocorrem como uma figura onisciente - essa é a ilusão central do pensamento que traz uma espécie de narcismo intelectual que se recusa a se ver como errada. O narcisista cristão não pode suportar o muçulmano dizendo que Jesus não é Deus, assim ele só pode fazer uma coisa: reprimir, seja o Islã, seja qualquer outra crença que ponha em dúvida a sua própria identidade intelectual e/ou religiosa.

    No fundo, o islamismo faz crescer uma dúvida teológica. E toda teologia nasce, em primeiro lugar, duma dúvida que é respondida por algo/alguém que o homem considera como superior. Só que o islamismo faz voltar o cristão vulgar para a terra da incerteza e isso destrói o que o cristão ocultou de si mesmo: a dúvida quanto a sua religião. O islamismo faz a consciência perceber que o discurso teológico, até então predominante, não era de fato onipotente - não era imune de erros. A inteligência cristã, apercebe-se não de sua onipotência intelectual, mas sim de sua impotência intelectual: o cristão percebe que não abarcava a tudo, que seu pensamento não era tão perfeito e tão pleno. E é por isso que dizem: "isso é satanismo", só que tudo isso é gerado por uma "fé fraca" e uma "inteligência adormecida". Mas, é claro, isso não serve só ao cristão para com o Islã. A onipotência do pensamento é um mito que circunda todo pensamento e toda construção de pensamento. E toda vez que uma construção de pensamento se lida com algo estranho - que lida com uma identidade profunda - há esse choque.


    Pensando um pouco mais longe, indo do terreno religioso para o terreno de gênero: esse caso serve também para o homem que vê, no efeminado, a dúvida quanto a sua própria identidade e valores. Toda desconstrução - seja no islamismo desconstruindo a teologia cristã ou no não-binárie desconstruindo o gênero - traz uma dúvida quanto a construção. A construção de gênero ressente a não-binariedade que a desconstrói. O cristianismo ressente o agnosticismo que não o aceita. O construído ressente-se com o desconstruído, já que todo construção envolve personalidade e algum grau de certeza. E quanto maior a certeza, maior o medo para com aquilo ou aquele (a) que desconstrói. Já que aquele que assume uma identidade também assume uma forma de vida (modus vivendi) e isso gera uma dúvida quanto a forma de vida que ele leva. Se toda ação que fazemos é marcada no tempo para não poder ser contornada, aquele que se privou de muitas coisas por causa de sua identidade acaba por perceber que, quiçá, tenha jogada a sua vida fora. Toda desconstrução, todo "outro", leva o questionamento do ser para consigo mesmo. A consciência-de-si necessariamente termina na dúvida-de-si e isso pode levar a um sofrimento.

    Para lidar com esse sofrimento de dúvida quanto a nossa ação temporal que é irremediavelmente registrada na história sem possibilidade de mudança - não há como mudar o passado, ao menos não agora -, cabe um ceticismo para com nossas próprias crenças e também a aderência de pensamentos que relativizam nossa própria seriedade enquanto seres existenciais. É preciso que a dialogicidade adentre não para uma relativização que leve a anulação de duas coisas, mas uma relativização expansionista que leva a elevação das duas coisas num paradoxo harmônico - eis aí, meus amores, a chave do entendimento da dialética chestertoniana e a chave para o entendimento da sanidade em Chesterton. É por isso que, abrindo-me ao oposto, durante a leitura: se leio um autor islâmico sunita, tento convencer a mim mesmo a me tornar um islâmico sunita; se leio um ateu irreligioso, ou, até mesmo, antirreligioso, tento eu mesmo me tornar um ateu irreligioso ou antirreligioso. Esse processo de mortificação me abre ao entendimento do próximo e de sua obra, já que a inteligência só é exercida quando se cala. Voltando a uma das frases iniciais: "é preciso que você convença a si mesmo que o oposto está certo". Só aceitando o próximo, mesmo que com desgosto da vontade, podemos ter uma maior compreensão dele. Assim fica mais fácil: aderir um agnosticismo metodológico que faça uma mortificação para com nós mesmos e nossas crenças nos abre à verdadeira leitura.

domingo, 24 de outubro de 2021

A Ilusão Conservadora - ou: da Inversão Ritualística como Obra de Confusão Mental

 

"Se é verdade que o socialismo ataca a família na teoria, é muito mais verdade que o capitalismo ataca na prática"

Chesterton


    Existe um fenômeno a qual eu denomino de "inversão ritualística". Aquilo que chamamos de ritual é a manifestação no espaço-tempo de uma ideia. O ritual não é a ideia em si, o ritual é tão apenas a manifestação da ideia num determinado espaço-tempo. Só que há gente que confunda ritual com ideia. O fenômeno da inversão ritualística ocorre quando um ritual adquire a forma de ideia na cabeça daquele que é confundido. Um bom exemplo: o calvinismo não é o cristianismo em si e sim uma forma de se manifestar o cristianismo, tal como o cristianismo não é a religião por si mesma e sim uma forma de se viver a religiosidade. Indo um pouco mais longe, a União Soviética não é o socialismo e sim uma forma que se manifestou o socialismo. Só que a pessoa que confunde o ritual com a ideia não é capaz de saber que a ideia não se manifesta puramente na realidade e, quando se manifesta, manifesta-se de uma forma imperfeita. 


    Qualquer coisa, pessoa ou ideia pode se tornar vítima da inversão ritualística. E a confusão mental que enfrentamos é tão grande que se pensa que o ritual está acima da ideia que ele tenta reproduzir. Vê-se nisso quando se fala a palavra "teologia" que quer dizer: "discurso sobre o divino". Só que a palavra "teologia" é tão má empregada e tão má entendida que, para muitos, ela quer dizer: "discurso sobre o cristianismo". Na verdade, até mesmo a mitologia grega é teologia. Para ser sincero, até mesmo aqueles que chamamos de "umbandistas" praticam a sua teologia - mesmo que, muitas vezes, sem o aval dessas pessoas ilustres a qual chamamos de cristãos. Até mesmo a "bruxaria", vista como algo horrível para pessoas tão ilustres quanto cristãs, é uma forma de teologia. Só que a inversão ritualística leva a crer que teologia é cristianismo tal como leva a crer que socialismo é marxismo ou que socialismo é stalinismo.


    O legal da história é que ela prova quase sempre o contrário do que se espera. Pegue todas as maiores figuras da Idade Média e verificar-se-á um punhado de desajustados hereges que só depois de muito tempo foram tidos como bons, já que a maior parte do tempo em que viveram ou até depois do tempo de sua morte, foram tidos como maus. Se o que define alguém como parte de seu tempo é estar contra o seu tempo, tal regra se aplica até mesmo aquela idade espaço-temporal tida como conservadora chamada Idade Média. E falo isso sem a menor vergonha. Qualquer grande figura, da Idade Média, foi uma figura desajustada: seja Dante, Tomás de Aquino, Boaventura, Francisco de Assis, Domingos. Podemos pegar até mesmo o ilustre Agostinho de Hipona, o nosso santo que disse: "Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora". Agostinho de Hipona foi tido como um gigantesco devasso hipócrita a qual todo mundo atribuía luxúria sem fim - e, quiçá, sem retorno. Só que hoje, todas essas figuras de desordem, são tidas como figuras de ordem por defensores da ordem. O que é engraçado, já que nenhuma dessas figuras representou ordem alguma. Sabem o que isso demonstra? Demonstra que nada compreendemos sobre história.


    O maior problema de tudo: tudo foi invertido para que desajustados ululantes parecessem ajustados ululantes para aqueles que não o conheciam de fato. Assim a ordem engoliu a desordem como Saturno engolia seus filhos. Assim a ordem gerou ordem matando a desordem. Assim a desordem desonrada e deslegitimada foi feita ordem por um revisionismo reacionário. O sistema é tão alienantemente denso e hipócrita que não se negará a mentir a cada capítulo da história, colocando figuras desajustadas como ajustadas até que todos se ajustem ao sistema como que por efeito cascata.


    Dante foi um poeta popular, que escreveu sua maior obra não em latim, mas numa língua vulgar para que não só a elite o lesse, mas sim para que todos pudessem ler. Dante defendeu a separação entre o Estado e a Igreja, já que a autoridade chamada de temporal precede à Igreja e não é causa necessária da Igreja - Dante era, meus senhores, um teólogo diferente: ele era o teólogo do laicismo. Tomás de Aquino foi um cara duma ordem considerada herege (Dominicanos) por muitos e ainda defendeu Aristóteles, sua tarefa era, estranhamente, conciliar razão e fé - coisa absurdamente progressista que almejava diminuir a penúria de uma vida puramente condicionada aos ditames do canôn bíblico. A fé de Tomás de Aquino era tão grande que em sua Bíblia não cabia só Paulo de Tarso e Isaías, mas também Aristóteles. Já que para ele, haviam-se modos de se descobrir a obra de Deus: e a sagrada escritura não era a única, visto que Deus, meus amores, é extrabíblico. Francisco de Assis era um daqueles vagabundos que andavam feito mendigos pregando o Evangelho. Já que os monges viviam encastelados em seus mosteiros longe do povo pecaminoso, Francisco, em sua estranha humildade, preferia viver entre os mendigos do que viver feito um elitista em um mosteiro. Domingos literalmente defendeu uma ordem em que todo mundo pudesse pregar, coisa que era compromisso só de bispos e até mesmo aos padres isso era dificultado. O compromisso de Domingos era com a democratização do discurso cristão, numa clara revolta hierárquica. Boaventura foi um místico duma ordem de vagabundos (franciscanos) que teve que sofrer as pressões que queriam a dissolução de sua ordem por causa de arautos do conservadorismo católico. Boaventura era um descendente espiritual de Francisco de Assis e toda a sua teologia mística é baseada nesse modus vivendi herético o qual se chama franciscanismo. Agostinho de Hipona teve uma das maiores obras no campo da teologia, da psicologia e da moral. Nessa obra, ele não analisa uma série de erros cometidos por outra pessoa e sim uma série de erros cometidos por ele mesmo.


    Todas essas figuras são utilizadas de modo errôneo. Tomás de Aquino, defensor da liberdade de estudo, da liberdade de investigação é utilizado por pessoas que são contra essa mesma liberdade. Dante Alighieri é utilizado por elitistas, só que Dante era o contrário de um elitista. Domingos, defensor da pregação como meio efetivo de conversão, é hoje utilizado por aqueles que querem, pura e simplesmente, a imposição da fé por vias não dialogais. Agostinho de Hipona, homem sincero para aquilo que ele próprio acreditava como sendo parte de seus erros, é utilizado por pessoas que se veem imunes de qualquer erro e no direito pleno de culpar o mundo inteiro. Francisco de Assis, homem que decidiu viver em meio ao povo pobre e converter as pessoas através de atos e não de palavras, é hoje utilizado por pessoas que odeiam a população em geral e que amam mais suas riquezas do que qualquer outra coisa. O resultado da obra mística de Boaventura não está naquilo que ele mais disse, mas no silêncio: ele entendia que Deus só se manifestava para aqueles que se calavam, pois aquele que se cala, se abre. Só que os seguidores de Boaventura nunca calam a própria boca, já que só suportam a própria voz e não a voz do outro, seja o outro o próximo, seja o outro a Deus. Se todas essas pessoas ilustres pudessem conjecturar como seus nomes seriam usados por nós, perdem-se-iam de vergonha.


    Sobre todas essas pessoas ilustres, só posso dizer uma coisa sobre nós pensando neles: nós não somos dignos deles, nós os arrastamos para as nossas conclusões errôneas e manchamos os seus legados em nossos fetiches mentais. O que temos deles, não são eles, mas aquilo que foi dito sobre eles e mais precisamente naquilo que se tornou "conventual" sobre eles. Nessa série de mentiras assimiladas, reduzimos suas pessoas ao pó e suas ambições mais puras viram alvo de nossa zombaria preconceituosa. O que vemos é uma série de pensamentos ritualizados que não conseguem trazer as coisas ou as pessoas em si, mas só a deformidade daquilo que se tem das coisas e das pessoas. Na sociedade perfeita de Thomas More, descrita no livro "Utopia", o catolicismo não é a religião oficial, mas quase toda santa vez que se fala dele, lembramo-nos mais de sua religiosidade católica do que qualquer outra coisa. Assim é com quase todas as coisas, tem-se mais o ritual do que aquilo que há em si.


    A inversão ritualística nos faz pensar em Tomás de Aquino como um exemplo de padronicidade, só que Tomás de Aquino era um destruidor de rituais, sobretudo o ritual platonista que virou o cristianismo. Tomás de Aquino foi perseguido por defender as heresias de Aristóteles e hoje queremos usar Tomás de Aquino para expurgar a academia das heresias modernas sendo que Tomás de Aquino era modernamente um herege. Colocamos tanta santidade em Francisco de Assis que o afastamos do "povo pecador" com que ele viveu. Queremos adornar com tantas palavras a mística de Boaventura que esquecemos que a mística se encontra mais na abertura total da percepção do que no julgamento desenfreado. Falamos de alta cultura e colocamos Dante Alighieri como o portador máximo da alta cultura, só que Dante defendia a cultura popular e por causa dela, virou mártir. Utilizamos Agostinho para condenar a sociedade, mas o que mais Agostinho condenou era a si mesmo. Falamos de Domingos para calar a sociedade, mas o método dominicano era dialógico. Tem-se sempre o ritual, mas nunca se tem a ideia.


    Heterossexuais viveram o amor, então criaram preceitos sobre como ordenar o amor. Sem perceber, transformaram o amor em heterossexualidade. O preceito heterossexual de amor é o preconceito contra qualquer outro tipo de amor. Já, em gênero, conventuou-se que cada peça cabia a determinado gênero e, desde então, tudo virou uma normativa em que o gênero em si mesmo se perdeu. Em jogos, diz-se que o melhor videogame é o que possui mais gráficos, mas o videogame que venceu a sétima geração não foi o PlayStation 3 com a sua arquitetura arrogantemente sofisticada e sim o Nintendo Wii que era o console mais fraco. Na música, disseram que a única música que importava era a clássica e que todo restante era uma falsidade ou uma espécie de música antimúsica. Todo preceito vira preconceito, já que a realidade não é normativa, mas descritiva. Aquele que dá preceitos a todas as coisas, cria preconceito sobre todas as coisas. A norma pode ser tudo, mas se tem uma coisa que define toda norma não é a sua naturalidade, mas sim a sua inaturalidade. O problema da normatividade é nunca ser normal, o problema da normatividade é ser antinatural.


    Se buscarmos nacionalmente, no Brasil, fala-se de Nelson Rodrigues. E o "maior reacionário" não era um santinho e sim um cara que mostrava sistematicamente os erros dos paladinos da moral. Só que o que mais se vê são paladinos da moral defendendo Nelson como se o Nelson fosse um deles. Na verdade, Nelson Rodrigues era contra eles. Nelson Rodrigues dizia: "atrás de todo paladino da moral, vive um canalha". Até quando vamos errar tanto? Até quando nosso juízo será o ritual e não o ideal? Até quando teremos aquilo que nos disseram, mas não aquilo que era aquilo ou a pessoa que era a pessoa? Acho que se eu pudesse definir tudo isso que escrevi numa única frase, sintetizando toda essa série de convenientes contradições que pega cada desordenado e transforma num ordenado, essa única frase seria: 

- A ilusão conservadora é crer que houve conservadorismo.

Acabo de ler "Dante Alighieri - o Poeta Filósofo" de Carlos E. Zampognaro.




    Acabo de ler "Dante Alighieri - o Poeta Filósofo" de Carlos E. Zampognaro.
 
    A pergunta que sempre se faz acerca de Dante é: "quem era esse homem?". E a resposta habitual é: "um grandioso poeta" e, aparentemente, isso basta como classificação a um homem tão conhecido como desconhecido. Posso dizer que, hoje, conheço mais Dante do que outrora conhecia.

    Dante, meus amigos, não era somente um poeta. Ele era um homem de vasta erudição e um erudito que não se afastava do povo e de sua simplicidade. Várias vezes, Dante foi um "democrata" que levou filosofia para aqueles que não sabiam latim - língua intelectual utilizada amplamente por acadêmicos, conquanto que desconhecida pelo povo mais humilde. Dante, além de ser uma pessoa que se aproximava do povo, não fez só isso: ele foi um grande linguista que defendeu a língua popular. Quis estar ao lado do povo.
 
    Dante foi profundamente cristão. Só que não era daqueles cristãos puristas que queriam uma literalidade cristã pura e sim um cristão com grande capacidade de entender obras de "pensamento pagão" - leia-se: obras do período pré-cristão - e, até mesmo, concordar com elas em múltiplos pontos. Dante foi um teólogo de marca maior e um filósofo profundamente filosofante. Dante não era um teólogo por pura intelectualidade, mas por profunda crença e por profundo amor. Dante não foi filósofo por pedantismo, mas por amor real ao conhecimento e por busca real pela verdade - até mesmo pela verdade mais inconveniente.
 
    Dante, sendo alguém de nobreza, nobreza como realidade atitudinal e não como mera herança de sangue, foi perseguido a vida toda e defendeu a pauta da separação da Igreja do Estado. Graças a isso, viveu a vida como exilado, só que mesmo exilado não se entregou a uma posição acovardada que aceitava por medo aquilo que discordava. E é por essa série de coisas que hoje eu gosto mais de sua obra e não só de sua obra: gosto também de sua pessoa, de como ele foi como humano.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Castrando para não Castrar

 Castrando para não Castrar


    (Esse texto é um texto inspirado em Freud, mas não só nele. Surgiu como ideia enquanto eu estudava sobre a teoria queer e lia um texto chamado "O Estranho" de Freud. É um texto que tende a heterodoxia ideológica e não se prende a um esquerdismo ou direitismo vulgar.)


    É preciso que eu me castre sempre para que não me castrem. A castração social é um mecanismo tão efetivo que adentra na interioridade de minha psiquê. E o que era anteriormente uma proibição social, torna-se uma proibição psíquica. O medo que a sociedade me impõe leva a um automedo autocastrante. A reprovação que vem de outrem, logo vira uma reprovação que vem de meu próprio coração. O medo que a sociedade tinha de mim, logo virará o medo que vem do automedo.


    Eu poderia um belo dia passear tranquilamente com uma saia escocesa num lindo parque, mas uma pessoa como eu não pode, já que o discurso aprioristicamente proibiu: saia é coisa de mulher e homens não usam saias. Em vez disso, jogarei futebol, mesmo que eu tivesse preferido ficar em casa lendo um livro - já que livro algum me proíbe. Só que tenho um compromisso, um compromisso marcado com a agenda que não fiz, é a agenda que tenho que cumprir. Já que a sociedade me diz: você é homem, aja como tal. Se eu for aquilo que alguns chamam de "não-binário", castrar-me-ão, então a solução é eu mesmo me castrar para que a sociedade não me castre.


    Scruton separa o "estar com o outro" do "estar no outro". Já eu, um pouco mais tímido e introvertido. Separo o "estar em mim" do "ser a mim". Já que não sou o que sou.


    Kant fala sobre o a priori e o a posteriori. O a priori é o que não precisa de justificação pela experiência. Já o a posteriori é o que vem com a experiência. Só que o discurso que a sociedade me impõe, o discurso que me regula, ele sempre vem a priori e impede todo o posteriori. Eu aceito o que a sociedade me diz, eu aceito toda a construção social que me precede, já que a construção social que me precede também é a construção social que me prevê. Sem a construção social que me prevê, como poderia andar em segurança? Já que só se anda em retitude de passos passados que marcam mais do que a experiência em si. O que me segura é o que me protege da liberdade, mas a liberdade é tão mal falada que causa mais medo do que a segurança que antecede a liberalidade. E a segurança é sempre normativamente fidedigna e garantidora pela a sua fórmula de sucesso.


    Eu poderia descobrir qual batom fica melhor em minha boca, mas não o farei. Já que a sociedade me disse que eu sou homem e mesmo que eu não tenha experiência própria em ser homem e não saber o que é o "homem em si" para me afirmar como homem, assim seguirei fidedignamente, numa retidão moral neurótica e infeliz, só que garantidamente segura. Já que o caminho da masculinidade já foi previsto, sendo previsto, é inteligível. Tudo que é inteligível é bom e o que não é inteligível é ininteligível e o ininteligível é o que dá medo. Já que o ininteligível é novo e também é o oposto do familiar, já que o oposto do familiar é o ifamiliar.


    Gostando eu de duas pessoas e essas duas pessoas gostando de mim e essas duas pessoas gostando umas das outras, cada uma terá que escolher apenas uma e cada uma sentirá parte de uma tristeza correlacionada a uma monogamia forçada, mas socialmente desejada. Já que o desejo que posso não é o desejo que desejo e sim o desejo que é previamente estabelecido. E tudo que é previamente estabelecido é socialmente trajado, socialmente imposto e socialmente necessário. O necessário antecede o ser e ultraja a minha alma, todavia o necessário é o necessário e o dever é o dever mesmo que o necessário, no fundo de minha alma, seja o imprevisto e não o imposto. Só que o imposto é o imposto, socialmente imposto e o imposto que mais dói não é aquele que com o dinheiro pago e sim aquele que com minha existência pago sacrificando a minha alma.


    Deus é Mamom? Deus é Cristo? Não, Deus é a sociedade. Sendo a sociedade normativamente imposta, tem-se não só a sociedade, tem-se também a idolatria social que confere a sociedade o poder de Deus. Sendo a sociedade Deus, a sociedade é inquestionável. Sendo a sociedade inquestionável, aquilo que é socialmente construído e previamente estabelecido é inquestionável. A única coisa questionável não é a sociedade em seu juízo que me parece hipócrita, a única coisa questionável sou eu e esse mesmo eu deve se curvar eternamente perante o construto social.


    Eu poderia descobrir pontos de convergência teológica entre o Islã e o Budismo, só que a única escolha que se tem no campo religioso é o cristianismo e 50% do judaísmo. Eu poderia juntar Chesterton com Foucault, só que os academicistas me condenariam. Só que, ao menos no fim do texto, quero ousar alguma coisa e dizer algo de original e inesperado. O enigma da prisão de Chesterton diz que os homens preferem escolher a melhor prisão em vez de sair da prisão. Só que há um porém: toda nova casa é uma prisão. Toda nova ideologia é uma prisão. Todo discurso cria uma prisão. Tudo que é antinormativo cria um novo normativo que logo se torna prisional. Então, qual seria a saída da prisão? A saída seria permanecer na prisão, aumentando-a infinitamente até que se torne cada vez menos prisonal. Já que a complexidade da sanidade não é um círculo que apenas dá voltas, mas um círculo que se expande. Nesse sentido, o movimento queer é mais libertário que o movimento gay - já que o movimento queer saiu da criação delimitada e foi para a criação continuamente aberta.


    Já disse demais. Em todo meu texto há contradição, só que o texto que fiz, cheio de contradições, ainda é melhor do que minha mente que está cheia de contradições. Só que que as contradições que carrego são necessárias, já que só a contradição leva a singularidade. E eu já disse isso em outro texto: "eu sou eu e minha contradição, se não salvo a minha contradição, não salvo a unidade de minha consciência". Se junto Roger Scruton com Karl Marx, misturando conservadorismo com marxismo, ou se junto Chesterton com Foucault, misturando tradicionalismo com pós-modernismo, assim o faço porque o próprio Chesterton disse que se um homem visse duas verdades, levaria as duas no bolso e a contradição junto com elas. Se sou contraditório é porque sou sistemático. Sistematização é sistematizar-se, sistematizar-se é pôr-se por inteiro.

Acabo de ler "Pais Apostólicos" (Coleção Patrística) da página 277 até 388.



   
    Acabo de ler "Pais Apostólicos" (Coleção Patrística) da página 277 até 388.

    Caracterizado pela certa leveza em abstração, o conteúdo do livro lembra muito bem o Novo Testamento e com ele se confunde em forma, mas não em importância. A Patrística é aquilo que vem depois da Bíblia, a forma como os cristãos encararam o mundo em sua jornada vivencial e vários dramas expostos demonstram como era a vida, os ensinamentos e a forma de ver o mundo dos cristãos antigos. Há um discurso que é mais práxis do que teorético, muitas vezes lembrando aquele antigo conceito de theosis.

    Cabe aqui um adendo: a teologia cristã ortodoxa compreende três estágios, esses são: katharsis (purificação), theoria (iluminação) e theosis (prática). A theosis é, basicamente, a práxis do cristão convertido. É a harmonia. Para os antigos, era-se de vital importância não só o aparecimento, mas o ser profundo que se choca com o mundo através de seu modus vivendi. Estar em conformância com uma pureza de ser - ligada a um estilo de vida - era de importância crucial. A vida era ditada por um essência que não se deixava abater, mas continuava a se esforçar para ser. Pode-se, é claro, falar-se de fanatismo. E é sempre bom ser prudente, mas devemos lembrar que a vida também requer uma dedicação essencialmente contínua que realize o ser diariamente. Ou seja, viver é viver todos os dias, mesmo que seja uma construção mínima e de longo prazo. É preciso que se construa, que se faça.
 
    O que define o essencial é o mínimo de cada dia. Viver o mínimo de cada dia é se ater aquilo que de fato queremos fazer enquanto seres viventes. O mínimo de cada dia responde: "quem somos". Já que quem somos está correlacionado a vontade que, por sua vez, chega na práxis diária.

Acabo de ler o Alcorão da Introdução à Segunda Surata.




    Acabo de ler o Alcorão da Introdução à Segunda Surata.

 
    "Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro" Surata 2:256.
A maioria das pessoas que desconhecem o Islã sempre o têm de forma negativa, encarando-o como uma fábrica de lunáticos fanatizados. Alguns chegam a loucura de pensar numa ditadura islâmica de nível global, onde islâmicos dominariam o mundo. Só que isso é longe de ser uma verdade, está mais para o contrário da verdade. O Islã é uma religião fantástica com uma riquíssima teologia e uma grandiosa forma de ver o mundo. O "versículo" que postei já demonstra que: não há, na teologia islâmica, apoio a conversão forçada. Tudo isso é, na verdade, um devaneio duma direita delirante.

    Inicialmente ler livros islâmicos e o Alcorão era uma pequena curiosidade intelectual como outra qualquer, mas ao me deparar com tal cultura, desgustei-a de tal modo que o seu gosto ficou em minha boca e, dentro dela, adentrou suavemente na interioridade de meu coração. Logo meu coração palpitava em amor a essa cultura tão nobre e tão bela. Tornei-me, então, amante de tal cultura que expandiu o horizonte de minha consciência a um mundo tão novo quanto belo. A minha cultura religiosa adquiriu uma nova forma, mais aberta, mais crítica e, no entanto, também mais apaixonada pelo estudo religioso comparado.

    A experiência de ler o Alcorão e escritos muçulmanos transcendem cada vez mais aquele respeito abstrato que se aplica a todas coisas na cultura pós-moderna. A experiência agora não é mais de uma tolerância a qual se admita como melhor forma de ver diferentes culturas no seio duma sociedade aberta. Eu não "tolero" o Alcorão e o muçulmano, eu os amo. Aquilo que se ama está acima daquilo que se tolera, já que só se tolera o mal e eu não vejo o Islã como mal. Eu vejo o Islã como um bem.

    É preciso parar de ver sombras munidas de preconceito previamente postos. Já que essas sombras só garantem a obscurantização da razão, razão que é substituída por uma vontade não-dialogante e seitizante. É preciso aumentar os limites do inteligível para que sejamos verdadeiramente livres.

sábado, 16 de outubro de 2021

Essa é, meus amigos e amores, a Loucura Verde.

  


    O sangue que verve em meu coração, tornou-se lágrima e habitou em minha face. Habitou de forma amarga, molhando-me como uma chuva na madrugada. Esse sangue lagrimoso tornou-se texto, fez-se verbo como Cristo fez-se carne, num paradoxo um tanto contrário. Transmitindo a alma de minha alma, habitava não mais em mim, mas habitava entre nós. E agora o sangue de meu coração tornou-se parte de todos e quando eu vi, eu já não era, mas todos aqueles que vivem em mim eram em mim - e por eu não ser só a mim mesmo, senti-me não mais impotente, mas senti-me feliz. Eu era o @Jesus Gabriel , eu era a Valen, eu era o Victor e também me era.


    Se meu coração for puro, tudo será puro. Se Halaal é o que é permitido e halaam o proibido, pouco agora importa. Se meu coração for puro, tudo é halaal. Se meu coração for mal, tudo é halaam. E eu queria que tudo fosse, pois eu não mais era importante. Eu queria não ser o ser que fixa o próprio ser, mas queria a poesia do Gabriel, a maturidade do Victor e arte da Valen. Então, finalmente, sendo eu e não me sendo, senti-me tão livre que era pobre de mim, mas ao mesmo tempo tudo me era. E eu queria sistematizar tudo em mim, não como se eu fosse tudo, mas como se eu fosse parte. Sai de mim, e assim por diante disse: faça o que tu queres, pois há de ser tudo da lei. Então eu não era mais a lei de mim, a lei que julga, a lei que condena, mas a lei do amor que a tudo se abre. Pois o amor é de fato princípio, já que princípio é tudo aquilo que pode ser aplicado sem nunca gerar contradição: e aplicando o amor tudo fui salvo de meu inferno.


    O Gabriel com medo, o Gabriel fragilizado, o Gabriel que não se entrega, de repente, altera-se e pela loucura é guiado numa jornada de ID e loucura verde, já que sensata. Ancorei-me não em meus medos, mas nos desenhos da Valen. Ancorei-me não em minha tristeza, mas na poesia do enfrentamento de Gabriel Jesus. Busquei sabedoria, não em mim, mas no Victor. E todas as minhas contradições lá estavam: poesia, putaria, erotismo, teologia, filosofia e literatura. Não mais numa luta de contrários, já que o amor é princípio e o princípio verdadeiro supera a contradição da consciência.


    Eu busquei, eu busquei a feminilidade da Valen. Eu busquei, como um louco, entrar no mundo de Gabriel Jesus. Eu busquei entender a Dionísio e o seu vinho bacanal pelo o Victor. E por amar a todos, fui salvo, não por mim, mas por eles e o amor que sinto por eles e esse amor gerou poder e mais poder e meu ser já não era tentativa, meu ser era e simplesmente era, não por eu ser a mim, mas por eu ser a Valen, o Victor e o Gabriel Jesus.


    Só o amor salvará o mundo, só o amor precede a razão e a minha razão era insuficiente e fui salvo não por ela, mas fui salvo precisamente dela. Essa é, meus amigos e amores, a Loucura Verde.

Acabo de ler "Teoria da Literatura" de Roberto Acízelo de Souza.




    Acabo de ler "Teoria da Literatura" de Roberto Acízelo de Souza.

    Sempre passei pela ala que focalizava a teoria literária com enorme desinteresse. Nunca pensei que um dia eu estudaria teoria literária e curtiria. Esse livro me entregou parte de um conhecimento que eu quero continuar a ter como salutar pelo resto de minha vida, já que eu amo a ficcionalidade, a escrita poética ou artística. Estudar teoria literária me ajuda a compreender um universo que já amo, que é a literatura. Só que ele aprofunda o conhecimento da literatura e é basicamente isso que eu precisava hoje.

    Um dos trabalhos que quero fazer é relacionado a vida intelectual como uma relação não só de adquirir conhecimento seja prático ou teorético, mas como algo profundamente relacional e profundo. Quero desenvolver a ideia da vida intelectual como uma relação que se trava, um processo não só de conhecimento, mas de convivência. Só que até ler esse livro eu não sabia como eu faria isso e graças a ele, tudo parece se esclarecer.

Acabo de ler "Sobre o Desapego" do Mestre Eckhart.




Acabo de ler "Sobre o Desapego" do Mestre Eckhart.

Esse livro só ressalta um ponto teológico que já tinha em mente há algum tempo: Fé é Desordem, ao menos inicialmente.

O mais incrível desse livro é que ele faz o seu discurso teológico elencando não a humildade como principal virtude, mas o desapego. O autor realmente defende o desapego acima da humildade e até mesmo do amor. A forma com que faz isso é genial e brilhante.

Se Deus é infinito e absoluto, nada pode retê-le. Se nada pode retê-lo, e o homem tem como objetivo principal de vida reter o seu Criador, então ele deve adquirir partículas de Deus. Só que aí vem o problema: se Deus é infinito, se Deus é tudo, tal abertura não é uma abertura que se faça momentaneamente: aquele que quer abraçar a Deus, deve abrir-se infinitamente. Daí vem a natureza desordenada do estudo teológico: aquele que quer a Deus, deve buscá-lo eternamente. O estudo teológico abarca o absoluto por querer abarcar a tudo e só pode abarcar a tudo aquele que se abre a tudo.

Para o estudo teológico, não há contingencialidade adequável, já que o ser deve se abrir ao ser que lhe que é inabarcável. É próprio do diálogo com Deus ser o diálogo com o Outro, já que Deus é o Outro em absoluto: a convivência com Deus é, em si, abertura permanente para esse Outro que é o Outro absolutamente. É incrível que tal percepção encontrava-se na obra de Gustavo Corção ("A Descoberta do Outro").

Sei que alguém dirá: "como a fé é desordem se o fim da fé é a ordenação da alma?". A alma ordena-se na medida em que abarca o infinito, logo o primeiro impulso da fé não é o universo já inteligível, mas aquilo que se deve inteligibilizar. O que marca a fé é a desestruturação do pensamento pela abertura epistêmica que, em primeiro lugar, causa desordem e só depois causa uma adequação ordenadora que deixa o ser, enfim, aliviado momentaneamente. É o desapego, seja a nível doutrinal ou em qualquer outra instância, que abre o ser ao absoluto. Fé é desordem e só a contínua abertura desordenada pode ordenar o homem.

Acabo de ler "Opúsculos sobre as origens da Ordem dos Pregadores" do Beato Jordão de Saxônia.




    Acabo de ler "Opúsculos sobre as origens da Ordem dos Pregadores" do Beato Jordão de Saxônia.

    "Porque na nossa peregrinação aqui na terra (Sl. 118,54), desde quando o coração do homem é mau, inclinado aos vícios, negligente e preguiçoso em relação às virtudes, temos necessidade de que nos encorajem, que o irmão venha em auxíliodo irmão(Prov.18,19) e que, por sua solicitude, a caridade sobrenatural ilumine o ardor do espírito que o langor de nossa própria negligência faz desaparecer cada dia"

    Se há algo admirável em uma pessoa, é o fato dela criar e viver o seu próprio sistema, de forma autêntica e sincera, sem corromper-se pelas pressões mundanas que afunilam a consciência e entorpecem o espírito duma vaidade que o leva a negação de si mesmo. Se Deus é "aquele que é", o homem só pode ser "aquele que pode/poderia ser", já que o mundo é, necessariamente, confrontante. E o homem tem que vencer o mundo, não importa o que escolheu ser.

    O modus vivendi é algo que foi deixado para lá e isso prova que nossa sociedade não é tão diversa quanto deveria, visto que há uma uniformização que é aderida para fins de homogeneidade. Se assim é, é por causa da crescente pressão social liga a publicalização duma série de dados que fazem com que a vida seja analisada de todas as formas e assim continuamente julgada. De qualquer forma, cabe ao homem num ato de liberdade e razão escolher ser e lutar para ser, já que isso é melhor do que apenas se contingenciar com base na conveniência de momentos sociais que flutuam ad aeternum.

    O futuro só cabe aos que ousaram. É por isso que o modus vivendi de Domingos de Gusmão é sustentado até hoje e até hoje dá frutos: a autenticidade é eterna, o tempo comum é medíocre, temporal e supérfluo. Aquele que se adapta ao próprio tempo só pode morrer ao lado de seu tempo, a própria percepção temporal humana só surge pelo fato da humanidade estar além de qualquer tempo - já que se ela se ligasse terminantemente ao próprio tempo, seria tal como qualquer outra espécie. Não seja medíocre, viva seu próprio sistema.

Acabo de ler "Crônica da estação das chuvas" de Nagai Kafu.




    Acabo de ler "Crônica da estação das chuvas" de Nagai Kafu.

    É um livro bem peculiar, centra-se na vida de uma prostituta que abandonou a casa dos pais. A prostituição é, inclusive, a chave de sua liberdade e independência econômica - se é que a gente possa ligar a prostituição a isso.

    Eu gosto muito de ler livros japoneses. É sempre uma experiência diferente, já que o que mais consumo do Japão é anime e jogo. Só que cada setor do Japão parece ser carregado de alguma peculiaridade que distingue. Os jogos japoneses, os animes japoneses, os livros japoneses... Todos eles habitam locais diferentes e possuem formas distintas. Os livros são fantasticamente adultos, com nuancidades incríveis. Os animes encantam e animam. Os jogos são obras de arte completas.

    Ler um livro japonês não é o mesmo que ver um anime. O personagem quase nunca está no ensino médio ou, talvez, num mundo fantástico e medievalesco. Só esse fato já altera tudo. Creio que, conforme cresço, mais a literatura se assenta ao meu espírito. Muitas vezes os animes repetem tantos clichês que se tornam enfadonhos, já a literatura japonesa preza por uma originalidade e maturidade. Não que eu queira bancar o "adultão", mas por vezes animes cansam e assistimos mais por hábito do que qualquer outra coisa. Já com os livros, tal fenômeno nauseabundo não ocorre.

    Esse é um livro bastante boêmio e profundo, se você já foi de "noitadas" - e no sentido mais "picante" ou "adulto" (se bem que o sexo, em si, nada tem de extremamente adulto) -, você se identificará muito com o livro e a forma - para alguns decadentes - dos personagens. Talvez esse livro seja um dos que mais bem descreve a vida adulta "boêmia" e o comportamento dos adultos em suas noitadas. Ver como o tempo passa e como a noitada influência na personagem principal é uma experiência assustadora, mas igualmente maravilhosa. Traz aquela reflexão: "toda essa 'coisa' valeu a pena?". E é o pensamento que carrego, também, para muitas de minhas noitadas. Só que o autor está certo, dalguma maneira algumas pessoas possuem uma aura ligada a esse tempero do tempo noturno e a frase: "o presente é o que você vê", é o que mais me marcou.

Acabo de ler "O que é Filosofia" de Caio Prado Jr.




    Acabo de ler "O que é Filosofia" de Caio Prado Jr.

    Uma das maiores questões que tive em minha mente ao ler esse livro foi: se a ideia de Karl Popper da ciência é baseada na falseabilidade/refutabilidade em que um "dado" só é científico se continuar dando certo nos contínuos testes que se sucedem ad infinitum e a ideia do círculo de Viena era a de que a ciência de embasava no critério da verificabilidade em que um "dado" é científico se apenas verificado se poderia dizer que: o critério de Popper é o mundo multiforme e mutável de Heráclito e o critério do Círculo de Viena é a própria imobilidade do ser de Parmênides? Deixemos isso para depois, não nós percamos em divagações.

    É interessante observar que a filosofia é inerente a condição humana e é eterna. Filosofar é ter o pensamento como objeto de estudo. A filosofia é o metaconhecimento, é pensamento analisando o pensamento. Coisa que envolve um grau de abstração maior, mas ainda assim comum a especie humana. Filosofar é o conhecimento do conhecimento. É por essa razão que um inteligentinho, ao dizer que a filosofia acabou, acaba caindo na própria filosofia: sendo a filosofia uma discussão do conhecimento sobre o conhecimento, até a antifilosofia é filosofia. Quando alguém diz que filosofia é inútil, faz filosofia. Decorre-se disso que: a filosofia não é somente eterna, é inevitável. Seja em qualquer área do pensamento.

    Veja que: a discussão do conhecimento químico gera a filosofia da química, a discussão do conhecimento matemático leva a filosofia matemática. Toda discussão que tem por objeto o conhecimento de uma matéria gera o conhecimento do conhecimento, gerando assim a filosofia. A filosofia é inevitável. Enquanto houver homem, haverá filosofia. Tendo isso em mente, qualquer discussão visando o fim da filosofia é por si mesma filosófica. Condenar a filosofia é cair em autocontradição. E é por isso que a filosofia é apaixonante.

Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.




    Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.Sabe aquele livro que facilmente daria um filme bacana? Esse é esse tipo de livro. Com um enredo fascinante, somos conduzidos por uma história bastante estranha, dando-nos conta de fatos da vida e como nos deixamos iludir pelas pessoas e coisas.


    Esse livro poderia ser uma ficção teológica, e talvez de fato o seja. Já que ele dá uma aula magna sobre a anatomia do pecado, mostrando que somos seduzidos por ele e deixamo-nos envenenar. Uma das citações vistas nesse livro é exatamente sobre essa natureza psicológica e teológica: "os deuses são justos, e dos nossos vícios agradáveis fazem instrumentos para nos atormentar". O homem não se deixa envenenar por amar o veneno, mas sim pela doçura atraente do veneno. Os grandes personagens desse livro vão morrendo, um a um, pela sedução do pecado da gula. Coisa que vemos de forma correlacional com outros pecados e outros defeitos, num galopante aumentar de complexidade narrativa. Onde cada personagem é brilhantemente explorado, cada qual com sua história peculiar e também estranha.


    Nunca pensei que veria um livro tão interessante na seção de humor na parte de literatura da biblioteca que frequento. Nunca pensei que um livro que faz parte da seção de humor teria tanta complexidade, seja psicológica, seja teológica. Esse livro certamente está entre as minhas melhores leituras do ano e entre as minhas maiores surpresas literárias.

Acabo de zerar Donald Duck: Goin' Quackers no GameCube.




    Acabo de zerar Donald Duck: Goin' Quackers no GameCube.

    Existem alterações substanciais na versão de Dreamcast/N64, na de PS1 e na de GameCube/PS2. Creio que na versão de PS1, os gráficos são bem mais simples e na versão de N64/Dreamcast, os gráficos são mais detalhados. Já a versão de GameCube/PS2, é basicamente um jogo completamente novo e bem mais difícil que a versão de Dreamcast/N64/PS1.

    Já vi pessoas dizendo que o mundo dos jogos morreu na sexta geração, que o resto é nota de rodapé. Tal como se falassem: a filosofia morreu com Aristóteles, o restante é nota de rodapé. Como devem imaginar, não sou dessa opinião. Minha geração predileta é a sétima, depois a quinta e depois a quarta. A sexta geração não me agradou tanto assim. E mesmo que me digam que a sétima geração é apenas uma geração que aprimorou a sexta, relegando-se a um papel pouco inventivo e demasiadamente secundário: creio que isso seja uma bobagem tremenda.

    A sexta geração de videogames é uma das gerações que menos gosto e apesar disso: amei o jogo. O jogo não é uma mera versão da sua versão de quinta geração passada para o PS1 e N64. E embora os gráficos do Dreamcast sejam lindos, a versão do Dreamcast é meramente uma versão de quinta geração aprimorada. Não que isso faça o jogo ser ruim, é um dos melhores jogos que joguei em toda a minha vida. Entrando facilmente no meu top 20.

    A versão de Donald Duck do GameCube é fantástico e como o GameCube tinha gráficos superiores ao PS2, era-se natural que o jogo em sua versão de GameCube tivesse gráficos ainda melhores e assim certamente o é. O jogo é bem mais difícil, mas não é uma dificuldade injusta ou desnecessária. Ganhamos uma boa quantidade de vida e o "manobrismo" é sempre bem recompensado. Poder-se-ia dizer-se que a versão lançada pro PS1/Dreamcast/N64 é como um passeio no shopping e a versão de GameCube/PS2 está mais para pular de paraquedas. O jogo é sempre radical, sempre fantástico e envolve todo tipo de manobra mirabolante.

    Tal como no Dreamcast, o jogo é curto. Então é melhor se concentrar em não apenas zerar, mas platinar o jogo. Assim terá um melhor aproveitamento e deleite. Concentre-se em fazer tudo o que o jogo oferece.

Zerei a versão de Dreamcast de Donald Duck: Goin' Quackers.




Realmente, esse jogo se aparenta mais com a versão de PS1, só que com gráficos bem aprimorados. Já a versão de GameCube é quase que totalmente diferente, sobretudo o level design. Como são jogos diferentes, resolvi zerar os dois. Assim pude finalmente matar a nostagia que tive ao jogar esse jogo no meu antigo PS1.

Esse jogo sempre me traz lembranças. Quando minha mãe comprou um PS1 usado, foi o primeiro jogo que joguei nele. Não foi o primeiro jogo que joguei no PS1, visto que joguei no videogame de outra pessoa (o primeiro foi Digimon Rumble Arena). Só que foi o jogo que abriu a minha vida e minha história com o PS1 que minha mãe me deu. Eu até hoje lembro de minha mãe chegando do trabalho à noite, eu a esperei por horas: era o dia em que o PS1 chegaria em casa, seria MEU VIDEOGAME. Lembro-me dela chegando, se não me engano: com seu jaleco branco. Naquele dia, estourei de emoção.

Uma pena que NUNCA zerei esse jogo no PS1. Creio que o CD estragou antes. Só que decidi que um dia completaria essa obra-prima e esse dia finalmente chegou. Zerei hoje no meu emulador de Dreamcast e agora o primeiro jogo que joguei no PS1 também foi o primeiro jogo que zerei do Dreamcast - mesmo que tenha sido por emulador, estou me sentindo muito feliz. O jogo tem um aspecto meio geração 5.5 (um pé na quinta geração, um pé na sexta geração). Digo-vos: obra prima. Esse jogo é realmente fantástico. Hã diferenças brutais entre as versões de PS1/64/Dreamcast e a de PS2/GameCube. Mesmo amando os gráficos lindos da versão de GameCube e sua dificuldade avançada que permite mais manobras, não posso deixar de amar essa versão do Dreamcast: ela une a nostalgia do PS1 com gráficos bem aprimorados do Dreamcast, o que a torna única e fantástica!

Estou quase chorando de emoção, já que é como se eu voltasse no tempo. É como se o Gabriel adulto encontrasse o Gabriel criança, zerando um jogo ao que o Gabriel criança sempre quis zerar, mas nunca o pôde.

Acabo de reler "O Incolor Tsukuru"




 Acabo de reler "O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação" de Haruki Murakami.


É sempre fantástico ler um livro de Haruki Murakami, reler e ainda se encontrar nele é ainda mais fantástico. O amor e a identificação que tenho por esse grandioso livro é sempre atual e constante. Eu me vejo bastante no protagonista, seja de forma pessimista, seja de forma otimista. 


Tsukuru, nome do protagonista, quer dizer "construtor". Alguns teólogos da libertação usam a palavra "antropogênese" para se referir a vida humana, já que o homem não é um produto datado ou regido instintualmente tal como um animal irracional. O próprio personagem segue a sua jornada vocacional, perguntando-se sempre quem ele é e nunca dando um resultado cabal. A resposta para tal enigma é que a vida em si é um enigma e todos nós estamos em construção constante e perpétua - talvez até o momento de nossa morte, quiçá até depois dela. Tsukuru, esse personagem incolor ou sem coloração definitiva, reflete cada um de nós: projetos humanos díspares e singulares, cada qual com sua antropogênese. Se você se sente confuso ou mal por não ter uma identificação imediata e concreta, não se assuste: o ser humano está sempre em antropogênese, essa condição disforme é o que caracteriza a sua liberdade e é a maior marca de sua humanidade. Nunca fique triste por não ter uma posição marcada, isso só prova a sua humanidade. Não fique triste por ser humano, orgulhe-se disso.

Comprei algumas coisinhas




Comprei um conjunto de coisas hoje.

1- Caderno:

Servir-me-á para o estudo de psicologia. Separo cadernos diferentes para diferentes anotações de estudo, assim garanto maior organização de estudo e uma variedade de assuntos analisados - aumentando meu horizonte conhecimento. Costumo chamar essa variedade ordenada de: "dieta intelectual". 

2- Tratado sobre a Tolerância: 

Achei esse maravilhoso livro por apenas dez reais, comprei-o pelo baixíssimo custo e também pela qualidade da obra. É uma obra que tive sempre uma especial curiosidade.

3- Caderninho Amarelo:

Será útil para anotações de livros com baixo nível de abstração, já que neles eu anoto bem menos.

4- "Pack de Canetas":

Como tenho um método de anotação dividido em etapas e gosto de anotar em diferentes cores para me localizar melhor na leitura, elas servirão exatamente para isso. Já que costumo escrever todos os dias, sempre tenho que pegar novas canetas.

5- Fones de Ouvido:

Servirão para meu celular, já que gosto bastante de ouvir música e também para meu 2DS quando eu jogar de noite.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 12)

  Essa é a última parte de Emil Ludwig, indo da página 185 à 208. Aqui termina a triunfalmente rica e arguta análise de Ludwig. E talvez sej...