domingo, 30 de junho de 2024
Acabo de ler "Dracula Defanged: Empowering the Player in Castlevania" de Clara Fernandez-Vara (lido em inglês/Parte 10)
sábado, 29 de junho de 2024
Acabo de ler "Dracula Defanged: Empowering the Player in Castlevania" de Clara Fernandez-Vara (lido em inglês/Parte 6)
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
Acabo de ler "Baratas" de Scholastique Mukasonga
"Gostaria de escrever essa página com minhas próprias lágrimas" (Scholastique Mukasonga)
Existem livros que são feitos para que não nos esqueçamos. Livros esses que se recusam a ausência de memória ou o esquecimento de fatos cruciais - mesmo que, para alguns, seja mais conveniente esquecer. Livros que nos despertam para o abismo que se encontra no coração humano e a capacidade irrefreável de se cometer o mal.
Nesse livro, chorei diversas vezes durante a leitura. Mesmo atordoado com uma série de informações de caráter tremendamente negativo, tive de continuar a leitura: era meu dever saber aquilo que foi omitido ou ignorado, as vidas que se perderam graças a ausência de empatia. Com muito esforço, dediquei-me a leitura mesmo que me sentisse mal durante todo esse custoso trajeto literário.
O que ocorreu em Ruanda, o que ocorreu com o povo tutsi é mais do que lamentável. Se há algo que se assemelhe ao puro mal, o genocídio do povo judeu e do povo tutsi, é o que mais se aparenta com isso. Como várias pessoas começaram a matar, violar, roubar, torturar outras pessoas como se isso fosse normal? Existem atos que fogem da barreira do absurdo e adentram num reino que supera até mesmo o crime. Sinto algo maior do que o nojo, eu sinto ódio pelo o que foi feito.
Ler esse livro me fez pensar: como é possível acreditar no bem e no progresso humano? Como não olhar ao humano próximo e não ver um demônio? Como não se olhar no espelho e ver um monstro? De fato, esse é um dos livros que mais me impactou no ano e, devidamente, em toda minha vida.
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Acabo de ler "As Crônicas de Batman: a Prova" de Bruce Canwell, Lee Weeks e Matt Hollingsworfh
Nessa pequena HQ, vemos o teste que Batman ofereceu a Robin (Dick Grayson) para que ele o oficializasse como vigilante da justiça. O desafio era: fugir do Batman até o amanhecer. O que não é, para qualquer um que conhece o Batman, um desafio fácil.
No final, era evidente que Robin não conseguiria fugir do Batman. Porém o Menino Prodígio o surpreendeu fugindo de criminosos, em sua capacidade de lutar e também propondo enigmas para o Batman. Tudo isso leva a um questionamento moral: será que vale a pena colocar um menininho numa vida de trevas? Quem responderá é o próprio Batman: "quando perdi meus pais não encontrei maneira de expulsar minha ira, minha dor. E ainda que ele esconda bem, essas emoções estão se agitando dentro de Dick. Robin será uma válvula de escape, uma via para expulsar a escuridão antes que ela corrompa a sua alma".
Batman vê no Robin a imagem de si mesmo. Esse traço não é só mero capricho, talvez seja a forma com que Batman encontrou de redimir a si mesmo e um traço que lhe torna mais humano. Sabemos que Batman sem Robin é menos humano, mais violento e exatamente frio. Robin é um ponto de sanidade e humanidade, por outro lado: Robin consegue se enxergar dentro do próprio Batman, como uma espécie de arquétipo da redenção do mundo pelo movimento de uma pessoa bem-intencionada no combate ao mal. A crença final é a de redimir o mundo com o impulso da vontade.
No final, sentimos que, mesmo falhando, Robin cumpriu bem o ideal proposto. Viveu na prática surpreendendo o próprio Batman. Embora não sendo totalmente capaz, ainda apresentou estar bem o suficiente pra isso. Fora que a HQ traz uma faceta do Robin e a sua conexão com o Batman, além do próprio processo de treinamento e amadurecimento do rapaz que, com sua presença e semelhança, humaniza o próprio mestre.
quinta-feira, 28 de abril de 2022
Acabo de ler "Nossa Cultura... Ou o que restou dela" de Theodore Dalrymple
Se eu um dia suposesse que um dos maiores autores que ficaria a ler por um período de dez ou quase dez anos seria um médico psiquiátrica que tratava a questão do mal em livros ensaísticos... Eu sequer acreditaria nisso ou, no mínimo, acharia bastante engraçado e curioso. Conhecendo a mim mesmo, é possível que a segunda opção fosse mais plausível.
Ler Dalrymple é sempre uma opção divertida e enriquecedora. Com doses de um pessimismo ponderado, capacidade para satirizar as absurdidades do mundo hodierno, vivência real e assustadora, humor refinado e uma boa capacidade de escrever e refletir, Dalrymple se tornou uma figura obrigatória do conservadorismo britânico. Mesmo aqueles que não são conservadores - meu caso -, podem se divertir e pensar bastante com seus escritos.
Esse livro é considerado o Magnus Opus de Dalrymple e a densidade crítica dele é tão grande quanto a agradabilidade de sua leitura. Leitura de fruição e de pensamento crítico se unem nessa maravilha que aborda sempre a questão do mal e como ele se cria. Dos autores ateus e agnósticos, Dalrymple é um dos maiores também. A forma como ele consegue pensar a questão do mal e sua vivência íntima com ele também é ressaltada. Como ele viu, viveu e também percebeu que o mundo não consegue tratar do problema, o caráter satírico - a piada é uma forma de se lidar com um mundo quebrado - é em demasiado evidente. Só que seu pessimismo nunca nos afasta dele, pelo contrário: percebemos o quão humano Dalrymple é.
Poderíamos definir Dalrymple como uma pessoa sofisticada, de bastante experiência vivencial e de caráter elegante. Seu livro aborda tudo: economia, cultura, literatura, vivência concreta, história, assassinatos, crueldade. Seus comentários de Shakespeare aumentam a palatividade deles e conduzem o leitor a uma leitura mais rica da obra. Fora que a capacidade de usar Shakespeare como método de análise crítica e resolução de problemas sociais e filosóficos é impressionante.
Ao terminar o livro, vejo que Dalrymple é um grande autor e pensador. Embora ele não seja um autor de caráter sistemático, é de uma utilidade máxima.
sábado, 5 de fevereiro de 2022
Acabo de ler "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" de J. K. Rowling