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sexta-feira, 28 de março de 2025

Acabo de ler "(((They))) Rule" de Marc Tuters (lido em Inglês/Parte 1)

 


Quem nunca abriu o 4chan para dar uma olhada no que se passava? O fórum onde surgem os maiores fenômenos digitais. Os memes dos gatinhos, o sapo Pepe e tantas outros fenômenos que abarcam e moldam a vida do cidadão virtual. O 4chan é responsável por comunidades maravilhosas, como o /mu/ e como o /lit/, mas ao mesmo tempo responsável por comunidades estranhas e de comportamento tóxico como o /pol/. O 4chan, bom e/ou mau, é o berço do underground virtual. Sempre com a sua subcultura que se inova e renova.


No /pol/, temos uma espécie de criação memética orgânica criada pelos usuários que estão localizados no mundo inteiro. E um dos comportamentos mais curiosos dessa comunidade é a memética: a arte de gerar uma imagem facilmente assimilável e reproduzível. Essa memética entra num campo político, abrindo o terreno da memepolítica – algo que, quando empregado, reduz complexidades sólidas e dá margens para interpretações reducionistas. Também criando uma forma ritualizada de antagonismo, aquela chamada de "nós" contra "eles" – o outro corre o risco de ser memetizado e reduzido a uma série de piadas. Essa é a linguagem adversária.


O /pol/, como organização underground, tem um jeito diferente de ver a política. Os seus habitantes – que podem ir desde um neonazista a um socialista – tem um ponto de vista antagônico. De lá que surge a chamada alt-right (direita alternativa). A sua forma de se referir a direita mais tradicional era "cuckservative" (cornoservador). O /pol/ é contra o consenso, ele é contra a política dominante. O /pol/ é uma nova forma de ver e pensar o mundo.


Mesmo o /pol/ não sendo em si unânime, ele tem alguns usuários com comportamento característico. O 4chan se trata, sobretudo, duma liberdade de expressão absoluta. Nessa condição, vemos várias pessoas com diversos pontos de vista se manifestando. Todavia o comportamento da alt-right é extremamente característico e salta aos olhos, seja do jornalista, seja do acadêmico, seja do mero olhar curioso de um desavisado. As falas meméticas, as piadas que se generalizam, a forma continuamente opositora, o papel crucial que desempenhou na eleição de Donald Trump em 2016, o fato de que seu discurso se normaliza no espaço público.


quinta-feira, 31 de março de 2022

Psicologia Aplicada de Freud - Capítulo 1: A Vida de Sigmund Freud (pág. 9 a 29)

 



A compreensão do fenômeno da psicanálise não seria completa sem a vida que teve o seu fundador. Não por acaso, esse livro se dedica a ela nas primeiras páginas. E, sem querer ser puxa-saco, que baita vida, meus caros.

A vida de Freud é um exemplo: ele é símbolo de uma resistência. Só que essa resistência se manifesta multiplamente: resistência intelectual, resistência em autocompreensão, resistência investigativa, resistência amorosa. Freud não era um acadêmico que buscava a compreensão da realidade exterior sem compreender a realidade interior. Talvez, por isso, tenha manifesto uma genialidade difícil em nossa época de baixa autocompreensão.

Freud era perseguido por várias vias: pela Igreja Católica, que o julgava perverso; pela academia mecanicista, organicista e darwinista que não aceitava o fato de que a sua suposta racionalidade perfeita inexistia por causa da natureza mesma da mente humana que é ditada majoritariamente por fenômenos inconscientes; e, por fim, pelos nazistas que odiavam Freud pelo simples fato de ser judeu. Nada disso o impediu de continuar, muito pelo contrário: serviu-lhe de força motriz.

Freud viveu perseguições que o seguiram por toda vida, só que no final dela de natureza maior: a barbárie nazista buscava-lhe incessantemente. As dores da primeira guerra não foram suficientes, tinham que ser maiores por causa de Hitler e o ressentimento alemão. Mesmo assim, Freud continuou. Claro que não sem a pressão. Seus livros foram queimados, amigos e familiares perseguidos. Sua atividade foi cerceada.

Com tudo isso, esse homem ergueu o mundo que o odiou e o tiranizou em suas costas e caminhou com ele em sua notável produção intelectual, que se tornou ainda mais notável no período de maior ausência e precariedade. Ele encarou o mundo, dentro e fora de si. Seguiu o lema filosófico do Oráculo de Delfos: "conhece-te a ti mesmo". Com isso, foi magistral, seja no sentido de autocompreensão ou de compreensão da realidade exterior.