segunda-feira, 20 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 15)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 229 à 232). Com a derrota da primeira revolução russa, algumas conclusões foram tomadas:

1- Era necessário uma expansão do conhecimento doutrinal da doutrina bolchevique por parte dos trabalhadores;

2- Dominar o processo revolucionário era de suma importância para garantir a permanência e vitória plena da própria revolução;

3- O partido que liderasse a revolução também seria o partido que dominaria o Estado revolucionário que surgiria dessa mesma revolução.


Ora, a política não é uma arte fácil. Ela é bruta e ao mesmo tempo sutil. O "sutil" empregado aqui está no sentido "esotérico" de "mundos sutis", isto é, mundos que precisam de alto conhecimento para se compreender a sua dinâmica processual na totalidade ou quase totalidade de sua inerente complexidade. Os bolcheviques, sobretudo os seus líderes, habituados na leitura dum pensador tão complexo quanto Marx, não seriam incapazes de compreender tamanha necessidade. Além disso, a política é bruta pois se dá em paralelo a dinâmica dos desejos que se conflitam e dos poderes que se anulam. O acúmulo do poder também é, por sua vez, a possibilidade de efetivação do próprio desejo.


Todos aqueles que batalhavam naquele período turbulento queriam o poder para efetivar o próprio desejo. As múltiplas versões revolucionárias, as versões reformistas e até mesmo as reacionárias. Todas queriam o poder para realizar o próprio desejo. Seja o desejo de sua classe, de seu grupo, de sua religião, de seu povo ou um desejo de natureza pessoal. Essa é, em si mesma, a natureza do poder e do seu conflito que é sempre intrínseco e, quiçá, necessário.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 14)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 219 à 228). O que são as questões doutrinais? Meras abstrações? Norteadores da conduta ontológica da humanidade? Vulgaridades perante a prática? Algo que esquecemos quando começamos a agir verdadeiramente? Creio que, com base numa série de estudos, posso afirmar que as questões doutrinais sempre pesam radicalmente na conduta humana. Ao menos naquelas pessoas que, conduzidas pelo uso da razão e pela busca de uma vida de significado, buscam viver uma vida de propósito e missão.


Numa revolução em que as próprias ideias anteriores são atacadas e se busca colocar um sistema de ideias novo para que a máquina do Estado se renove ou se mude as questões políticas e quais ideias políticas vão ser aplicadas são de importância vital. Isto é, era da natureza mesma desse processo uma disputa doutrinal entre os revolucionários e uma batalha pela hegemonia para a condução do poder. E a luta doutrinal não se fazia só entre marxistas, liberais, monarquistas, reacionários e conservadores. A luta também era entre aqueles que posteriormente seriam chamados de "sociais-democratas" e aqueles que são anarquistas, socialistas revolucionários e também os chamados trotskistas.


Stalin, assim como todos envoltos nesse processo de radicalização para uma mudança, buscou uma forma de defender as suas ideias. Foi combatente fiel. Lutou contra trotskistas, socialistas revolucionários, anarquistas e sociais democratas. Combateu aquilo que chamou de "burguesia democrática" e outras tendências que estariam mais para a esquerda legalista e outras tendências revolucionárias.


Veja que a luta entre cristãos e gnósticos, nos primeiros momentos de nosso século, também carregava forte aspecto doutrinal. Na revolução francesa, a luta doutrinal também era bastante característica. A humanidade, sempre narrante, briga por suas narrativas de tempos em tempos. Daí o aspecto conflitual das ideologias, religiões, ideias e doutrinas que se chocam com uma periodicidade fulminante e que são um fato histórico em todas as épocas.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 13)

 


Nessa parte, começamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 211 à 218). Na outra, de Emil Ludwig, tínhamos uma análise de um observador não-marxista. Agora temos uma análise marxista e uma pequena biografia de Stalin. Seria Stalin um diminuto revolucionário de menor importância que subiu ao poder por mero acaso e depois arrombou o poder com a sua mesquinhez? Talvez esse, como muitos incitam por aí, não seja o caso.


A vida de Stalin é notória. Como já escrito anteriormente, sua inteligência já era maior que a média e ele era um diligente estudante. Tanto que foi colocado num seminário de uma Igreja Católica Ortodoxa. Seu rumo se desviou conforme entrava em contato com a literatura revolucionária, isto é, uma literatura considerada subversiva. Não só marxista, mas também de índole nacionalista. Os problemas da Geórgia lhe eram comuns, seja na esfera empírica, seja na epistemológica.


O contato com a literatura marxista lhe eram satisfatórios. Conheceu a literatura produzida por Marx e Engels, mas não só eles. A literatura bolchevique e, sobretudo, os escritos de Lenin lhe eram bastante comuns. O contato com a obra de Lenin foram profundos em suas vida e na condução da ala revolucionária que escolheu: o marxismo. Com o tempo, tornou-se um grande e inegável apologista do marxismo.


A atividade de Stalin como propagador, agitador, defensor, escritor, estrategista e líder revolucionário é de importância vital para o crescimento do marxismo no extinto Império Russo. Graças a ele, as zonas dominadas pelos czaristas foram influenciadas pelo marxismo. Sem ele, dificilmente essa atividade teria dado frutos. Tal noção básica, após anos de esforço de apagamento, foi se desfazendo com o tempo. Hoje é preciso acima de tudo recordar o papel de Stalin no maior acontecimento do século XX.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 12)

 


Essa é a última parte de Emil Ludwig, indo da página 185 à 208. Aqui termina a triunfalmente rica e arguta análise de Ludwig. E talvez seja penoso: quem teve contato com o brilhantismo de Ludwig quereria que ele não só analisasse até aqui – parando na Segunda Guerra Mundial –, mas todo o governo stalinista. O que é uma pena: terminamos com um gostinho de quero mais.


A União Soviética não se preparou para o domínio territorial ou a depressão do território alheio. Pelo contrário, preparou-se para a defesa do seu território e o da sua causa dentro do seu território. Não era um regime – ao menos na época de Stalin – dedicado à contínua expansão de suas terras. Hitler e Mussolini, por outro lado, tinham ambições expansionistas megalomaníacas e não tardaram em adentrar num estado de delírio imperialista. Movidos por suas vaidades e crenças de superioridade, atacaram sistematicamente, seja fisicamente, seja verbalmente, seja teoricamente, vários povos, nações, identidades.


Hitler não pôde se paralisar. Seus desejos de dominação cresciam dia após dia como numa inflação narcisista. Ele não se preparou para se defender, preparou-se para atacar e destruir. É característico do fascismo uma exaltação da guerra pela guerra. Não por acaso, o fascismo sempre faz pipocar a mais vergonhosa barbárie incivilizada e incivilizatória. Sua agressividade, sempre incontinente, é um sinal de temor para todos. Não por acaso, todos odeiam fascistas – a exceção, é claro, são os próprios fascistas.


A comparação entre fascismo e socialismo é errônea. Mesmo que ambos apresentem aspectos semelhantes, essa semelhança se dá mais por acidente do que por substância. Essa compreensão hoje em dia é crucial, sobretudo numa época em que tanto a esquerda quando a direita se dedicam a espelhar o velho fantasma do fascismo para caluniar o lado adversário em vez de se dedicarem num debate honesto – o fascismo, por exemplo, destacava-se por ser contrário a ambos os espectros políticos de forma simultânea e tinha ao mesmo tempo características de ambos.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 11)


Essa é a penúltima parte de Emil Ludwig, indo da página 169 à 184. Nesse capítulo, Ludwig analisa o fenômeno bolchevista. Podemos dizer que a sua análise é bastante positiva e ele via com olhos bem treinados a esse fenômeno. Isto é, embora considerasse o empreendimento totalitário e coletivista, acreditava que muitos de seus aspectos eram renovadores e positivos.


Ludwig chega a traçar uma linha de desenvolvimento histórico, colocando o bolchevismo – uma expressão do marxismo – como parte da linha evolutiva das ideias humanas e, por conseguinte, uma concretização das  aspirações da humanidade. Ludwig também dirá que muitas vezes as ideias surgem mais como teses e só posteriormente adquirem forma concreta por meio de uma prática política. Também deixará claro que a forma radical usualmente cai pouco a pouco e é gradualmente implantada por meio de reformas.


De qualquer forma, se pegarmos a Revolução Francesa e os seus lemas, veremos uma incapacidade de realização plena daquilo que a revolução se propôs a fazer. A Revolução Francesa tinha três ideias: liberdade, igualdade e fraternidade. A única que ela pode conceber – e não de modo pleno – foi a da liberdade. E essa liberdade era circunscrita à própria capacidade econômica do sujeito que a exercia. Logo era válida perante a lei e inválida perante a realidade do universo de possibilidades da maioria absoluta das pessoas.


Fundamentalmente falando: a Revolução Francesa fracassou por causa de sua tendência abstrata. A liberdade, a igualdade e a fraternidade professadas eram falhas a partir do momento em que a liberdade era unicamente garantida pela lei e a igualdade era só perante essa mesma lei. A fraternidade em si mesma é impossível no regime econômico liberal. Não há como garantir liberdade sem garantir a igualdade econômica. Uma igualdade meramente perante a lei é uma abstração: o próprio poder econômico corrompe e distorce essa mesma igualdade. Ou seja, o regime burguês falsifica a si mesmo enquanto o regime proletário tenta efetivar concretamente aquilo que se propõe a fazer.

domingo, 5 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 10)

 


Esse trecho ainda é o de Emil Ludwig. Vai da página 161 à 168. Nessa parte, Emil nos dá pistas de suas ideias em relação à União Soviética e Stalin: existe uma dualidade, essa dualidade é entre a alta admiração e, ao mesmo tempo, o desgosto. Emil Ludwig é um anticoletivista e, portanto, não pode ser descrito como um comunista. Emil tinha uma visão bastante complexa, cheia de detalhes, acerca da União Soviética. Sendo admirador de suas proezas e contrário aos aspectos totalitários.


Emil Ludwig, sendo um homem bastante culto, consegue filosoficamente delinear pontos de concordância e disconcordância. Algo que falta aos intelectuais mais inaptos, todavia que não faltaria a um grande intelectual. É desse dissecamento, dessa capacidade de sutileza, dessa visão de traços, que surge uma rica análise. A análise de um doutrinador ou de um doutrinário é sempre simplista, visto que concorda ou discorda dogmaticamente em blocos, como numa unidade de fé. Algo bastante comum em nossos intelectuais mais fracos, mas igualmente comum no mundo todo.


Emil conheceu Stalin e esteve na União Soviética. Ele pôde ver de perto tudo o que acontecia. Esteve livre para analisar tranquilamente. E graças a isso a sua visão é favorecida. Emil via em Stalin as características típicas de um autocrata asiático: a de um ditador parcimonioso e acostumado a uma análise crítica e estratégica da situação política. O Stalin visto por Ludwig não se surpreenderia com seus aliados, com o povo ou com seus admiradores. É da natureza dos homens a volatilidade e tudo pode ir da água pro vinho e do vinho pro abate. Graças isso, confiava mais em manter o bem-estar geral e em manter uma rígida política de controle social.


Manter um progresso contínuo, um bem-estar relativo e uma política de controle social. Essa linha – também vista na China – é a garantia da permanência no poder. Para Emil, Stalin sabia da falsidade de seus seguidores. Essa diferença crucial demonstra a frieza e, ao mesmo tempo, a expertise de Stalin. Algum dia, compreenderão a genialidade da análise política de Emil Ludwig e a genialidade política de Stalin.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 9)

 



Essa parte também foi escrita por Emil Ludwig, é concernente às páginas 153 à 160. Ter um governo não basta, ter um Estado não basta. Se não há um princípio que regulamente as atividades, não há garantia de poder – e nem da continuidade desse poder. O poder, para ser harmônico, depende dum comportamento estrutural. Esse comportamento estrutural é estruturalizado nas ideias dos detentores do poder. Se cada um seguir aquilo que quer, de forma individualizada, reina o caos e não a ordem – a ordem dos detentores do poder. É próprio de um grupo detentor do poder criar regras que garantam a própria funcionalidade da sociedade em correlação aos seus interesses, o Estado soviético seguiu essa mesma lógica essencial à natureza mesma do poder.


Se o Estado burguês é caracterizado por garantir a inviolabilidade da propriedade privada dos meios de produção como aspecto majoritário e motor da atividade econômica, o Estado soviético, sendo proletário e campesino, teria um fundamento oposto, ou seja, a propriedade coletiva/comum dos meios de produção como aspecto majoritário e motor da atividade econômica. Isto é, um regime que dialeticamente é montado para estruturar um Estado contrário ao Estado burguês. A oposição – a completa inversão de valores que se demonstram contrários à ordem até então instituída – é evidente por si própria.


Enquanto que o Estado burguês se caracterizará por uma igualdade no âmbito da lei – embora não possa cumprir isso com perfeição graças a distorção econômica criada pela desigualdade socioeconômica –, o Estado proletário terá não só a igualdade no âmbito da lei, como a igualdade no âmbito da economia – embora as elites tenham burlado muito desse aspecto. É evidente que um indivíduo mais rico tem acesso a melhores recursos que um indivíduo mais pobre. O Estado burguês, junto a ideologia burguesa, justifica essa mesma desigualdade como natural, mesmo quando essa corrompe a própria igualdade perante a lei instituída pelo próprio Estado burguês. É por isso que o Estado operário buscará impedir que exista uma economia baseada na desigualdade, visto que a própria desigualdade corrompe.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 8)

 


Mais uma parte de Emil Ludwig, essa vai da página 123 à 152. O que demonstra a genialidade de Stalin? Talvez seja o fato dele não ter dado crédito à esperança trotskista de que existiria uma revolução na Europa – o que de fato não houve – e muito menos tenha gastado os já cansados cidadãos soviéticos na expansão brutal do socialismo – o que aumentaria a hostilidade dos países em relação à União Soviética. Todavia não se resume a isso: a forma com que ele assumiu o poder, como o manteve, como realizou os planos, como concretizou o que concretizou, tudo isso demonstra o pleno vigor dum homem metódico e determinado.


Stalin nunca foi um covarde e nem um incompetente. Sua vida demonstra que era um homem comprometido com a causa socialista, embora divergisse do rumo socialista de outros teóricos socialistas de seu tempo – inclusive no seio da própria União Soviética. Chamá-lo de traidor ou ver em sua concretude política a imagem dum capitalista é o mesmo que um delírio. Acusá-lo de ser semelhante ao Hitler é o mesmo que mau-caratismo ou argumentação alucionatória. Hitler e Stalin tinham gênios distintos e planos ainda mais distintos, distintíssimos por sinal.


Hitler criou um aparato governamental que era visto por vários cidadãos de seu país como algo tenebroso e que só serviria para a sua destruição ou opressão. Stalin, por sua vez, criou um aparato governamental que fez o povo inteiro se identificar como parte constituinte do Estado – poder-se-ia dizer-se: "o Estado somos nós". Enquanto Hitler oprimia minorias por simples diferenças, Stalin acolhia-as e empregava-as na máquina soviética. Enquanto Hitler destruía parte da educação para elitizá-la, Stalin ampliava a educação e a melhorava substancialmente. Enquanto Hitler queria criar um sistema na imagem e semelhança de seu narcisismo, Stalin criava um sistema que valia por uma construção coletiva e não pelo peso de uma figura excêntrica.


Existem tantas distinções que não poderíamos categorizar o regime soviético como semelhante ao nazismo, mesmo que os dois tenham um caráter "coletivista" e "totalitário".

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 7)

 



Continuando, mais uma vez, a parte de Emil Ludwig, estamos nas páginas 109 à 122. Nessa parte temos a acentuação do conflito de Stalin e Trotsky, indo até a expulsão de Trotsky do país e, posteriormente, adentrando no conflito da União Soviética com a Alemanha nazista. É evidente que, nesse conflito, temos mais o aspecto da luta pelo domínio do poder interno na União Soviética do que a luta da União Soviética contra a Alemanha Hitlerista.


É interessante: o poder tem uma natureza que é paradoxal. Ao mesmo tempo que apresenta uma sutileza que é regida pelas múltiplas contrariedades que carrega, existe uma outra colocação, esta é o de sua brutalidade. Algo que só alguém de olhos bem treinados poderia entender, num esforço de grau simetricamente parecido ao do exercício esotérico. Trotsky e Stalin tinham o mesmo objetivo: o de trazer luz a um mundo socialista. E, mesmo assim, caíram um contra o outro como dois predadores de objetivos opostos. Como poderíamos explicar tamanha contradição? Talvez pelo próprio impulso de governar, de mandar, de estar na liderança. Mesmo num regime de comunidade, de governança coletiva, de cooperativismo, a natureza humana ainda pesa e ainda se faz escutar por meio da sua influência incontornável.


Outro ponto salutar: a capacidade de manter o socialismo no país requisitava uma harmonia de interesses. Sem essa harmonia, manter o socialismo no país seria algo absurdamente difícil. Uma tarefa quase impossível, para não dizer ingrata. É dessa dualidade – manter o desejo político dum projeto de poder comum ao mesmo tempo em que se lida com as múltiplas versões desse mesmo projeto por diferentes pessoas que se antagonizam – que surge a anatomia do poder soviético e a sua carga de repressão. Olhando minuciosamente, o aumento do poder repressivo do Estado soviético para manter o próprio Estado soviético não é um mero acidente em sua substância, mas a própria substância do mesmo Estado soviético. Tal como é a substância de qualquer modelo de Estado, isto é, a mesmíssima substância de autoconservação. Uma das naturezas do Estado é a de manter a própria natureza do Estado.

sábado, 4 de maio de 2024

Acabo de ler "Kage no Jitsuryokusha - Vol VI - Aizawa Daisuke" (lido em espanhol)

 


A obra de Shadow Garden continua bastante interessante, embora não tenha o ar de glória que tinha em seus primeiros volumes. Para ser mais exato, o enredo desse aqui me passou quase que indiferentemente. O que não é um bom sinal, embora a história da light novel ainda me encante e eu queira ler os volumes posteriores para ver no que vai dar.


Quanto ao volume existe um recurso que me chamou muita atenção nesse volume, existe uma série de piadas que remetem ao nosso mundo. Isso faz com que o autor possa dar pistas sobre a sua própria vida intelectual. Essas referências, muitas vezes literárias, que aparecem em forma de piada, com nomes trocados, servem para demonstrar a erudição do autor. Um recurso bem inteligente, bem colocado e, por sinal, bastante inusual. Demonstra a genialidade dum escritor que rompe paradigmas com a sua obra que sempre quebra os clichês da indústria cultural nipônica.


Uma correlação que se poderia traçar é: a obra tem o aspecto sombrio das obras modernas (Chainsaw Man, Demon Slayer e Jujutsu Kaisen) junto ao humor de Konosuba. Essa correlação cria quebras interessantíssimas: o aspecto sombrio é bem preservado, sendo típico da nossa contemporaneidade (The Boys e Deadpool são fenômenos evidentes disto), ao mesmo tempo em que o humor se mantém intacto com a sua fórmula já montada desde o primeiro volume.


Creio que o autor seguirá uma linha em que a fórmula vá, pouco a pouco, sendo atenuada. O protagonista já não é mais completamente inconsciente das mentiras que contou. Sobretudo do fato de que as mentiras que contou eram, por estranho acaso, uma verdade neste mundo em que agora está. Uma continuidade dessa linha seria equívoca, visto que o próprio enredo vai em direção contrária. O que me pergunto é: como o autor conseguirá atenuar o efeito cômico dessa fórmula que utilizou nos primeiros volumes e que agora não apresenta mais um sentido e que perdeu seu efeito? Essa resposta será dada pouco a pouco e isto revelará o vigor artístico e narrativo dessa obra que ainda tem muito potencial. 

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 15)

  Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 229 à 232). Com a derrota da primeira revolução russa, a...