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quarta-feira, 16 de março de 2022

Acabo de ler "Homens sem Mulheres" de Haruki Murakami



Ler Haruki Murakami é sempre uma tarefa grata. O autor, já indicado ao prêmio Nobel de literatura, é simplesmente um gênio inigualável que goza de um estilo potente, sobretudo no aspecto subjetivo.

O livro conta com uma série de contos de homens que não têm mulheres. Não no sentido que não possuam nenhuma relação social, sexual ou romântica com mulheres. É no sentido de que o relacionamento não entra num tom mais perpétuo, num "relacionamento mais sério" (não, não vou entrar na polêmica do relacionamento aberto ou poliamor). Se questiona sobre o casamento, casar ou não tem a ver com isso, só que não inteiramente. De qualquer modo, são homens que não possuem um relacionamento muito estável.

Talvez o livro vá de encontro com a vida pós-moderna ou líquida, já que o termo modernidade líquida não é o mesmo que "pós-moderno" (esse pressupõe superação da modernidade). Ele vai de encontro com as relações de hoje: sempre mutáveis, com poucos laços duradouros e condições de "fidelidade única". Não poderia ser diferente, é um retrato das relações contemporâneas, de nossa sociedade - aqui sem nenhum juízo de valor do relacionamento ideal ou normativo ou o que quer que seja.

É impossível ler sem sentir nada, já que tudo em Haruki Murakami é descrito com uma subjetividade. Essa subjetividade que nos assombra ou nos encanta é o principal aspecto desse grande autor. Eu não deixei de sentir em nenhum momento, Haruki Murakami me prendeu a cada conto e cada um entregou uma sensação diferente, mesmo que a experiência central (homens sem mulheres) permanecesse a mesma.

sábado, 16 de outubro de 2021

Acabo de ler "Crônica da estação das chuvas" de Nagai Kafu.




    Acabo de ler "Crônica da estação das chuvas" de Nagai Kafu.

    É um livro bem peculiar, centra-se na vida de uma prostituta que abandonou a casa dos pais. A prostituição é, inclusive, a chave de sua liberdade e independência econômica - se é que a gente possa ligar a prostituição a isso.

    Eu gosto muito de ler livros japoneses. É sempre uma experiência diferente, já que o que mais consumo do Japão é anime e jogo. Só que cada setor do Japão parece ser carregado de alguma peculiaridade que distingue. Os jogos japoneses, os animes japoneses, os livros japoneses... Todos eles habitam locais diferentes e possuem formas distintas. Os livros são fantasticamente adultos, com nuancidades incríveis. Os animes encantam e animam. Os jogos são obras de arte completas.

    Ler um livro japonês não é o mesmo que ver um anime. O personagem quase nunca está no ensino médio ou, talvez, num mundo fantástico e medievalesco. Só esse fato já altera tudo. Creio que, conforme cresço, mais a literatura se assenta ao meu espírito. Muitas vezes os animes repetem tantos clichês que se tornam enfadonhos, já a literatura japonesa preza por uma originalidade e maturidade. Não que eu queira bancar o "adultão", mas por vezes animes cansam e assistimos mais por hábito do que qualquer outra coisa. Já com os livros, tal fenômeno nauseabundo não ocorre.

    Esse é um livro bastante boêmio e profundo, se você já foi de "noitadas" - e no sentido mais "picante" ou "adulto" (se bem que o sexo, em si, nada tem de extremamente adulto) -, você se identificará muito com o livro e a forma - para alguns decadentes - dos personagens. Talvez esse livro seja um dos que mais bem descreve a vida adulta "boêmia" e o comportamento dos adultos em suas noitadas. Ver como o tempo passa e como a noitada influência na personagem principal é uma experiência assustadora, mas igualmente maravilhosa. Traz aquela reflexão: "toda essa 'coisa' valeu a pena?". E é o pensamento que carrego, também, para muitas de minhas noitadas. Só que o autor está certo, dalguma maneira algumas pessoas possuem uma aura ligada a esse tempero do tempo noturno e a frase: "o presente é o que você vê", é o que mais me marcou.