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quarta-feira, 6 de julho de 2022

Acabo de ler "A Inversão Revolucionária em Ação" de Olavo de Carvalho

 



Achei pertinente dar uma lida num livro do Olavo após um tempo de sua morte. Talvez para enxergar com olhos menos afetados pela sentimentalidade do tempo ou quiçá para um simples entendimento crítico do que estava sendo, até então, exposto nos círculos do jornalismo conservador. Fazia algum tempo que lia mais críticos do Olavão do que o Olavão em si. Li o livro da filha dele e do Meteoro Brasil, além disso, leio o livro do Orlando Fedeli e do Fernando Schlithler contra ele.

Quanto ao livro em si, creio que existam uma série de informações sortidas - é um livro de jornalismo - que, basicamente, variam no grau de plausibilidade e teriam de ser analisadas pormenorizadamente para uma maior razoabilidade. Quanto a estilística do autor, cabe lembrar que o Olavo foi um escritor de nível altíssimo e sua capacidade de escrever bem está acima da média - embora não se possa dizer o mesmo do valor informativo dos seus artigos jornalístico, visto que estão condensados com teorias conspiratórias. O humor do Olavo é sempre surpreendente e é possível dar boas risadas durante a leitura.

Perguntando-me agora a sensação que tenho após ler o Olavo de Carvalho depois de tanto tempo, vejo que sinto falta do "velho fumadeiro". Poderia ter com ele algumas divergências, só que tínhamos vários pontos em comum. E eu francamente achava o velho engraçado. Não ligava para as coisas que discordava ou para o que diziam dele. Ele, para mim, sempre foi uma figura que, pela força de sua personalidade e bom humor, eu sempre ouviria para dar boas risadas ou passar o tempo. Mesmo que isso aparente um desgosto ao querido leitor ou a leitora.

Eu sabia que um dia Olavo de Carvalho morreria, só que me habituei a pensar que não. Tive uma série de amigos que foram olavistas sinceros. Alguns que tive a alegria de conhecer pessoalmente e outros que, pela infelicidade do destino e localização geográfica, só conheci pela net. De qualquer forma, manti-me neutro e distante do debate olavista vs antiolavista. E espero permanecer com minha forma equidistante e confusa por um bom tempo até ter dados suficientes pra uma noção mais cabal.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Acabo de ler "Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota" do Meteoro Brasil

 



Definir o livro é bastante difícil, já que ele se lida com uma série de áreas que são bastante diferentes. Logo é um livro em que cada parte apresenta, em si, um gosto diferente. Embora seja possível construir uma relação geral do objetivo central do livro.

O livro é bastante interessante, particularmente me interessei mais pela parte que tratou do aspecto do "meme" - o qual, em meu tempo de vida atual, considero um mal - e de suas implicâncias negativas. A própria ideia de reprodutibilidade máxima é o farol do esvaizamento conteudístico contemporâneo. Não por acaso, canais do YouTube se esforçam na mera feitura de vídeos de reação a conteúdos simplórios ou de caráter jornalístico. Essa é a razão de eu odiar a internet moderna.

Várias explicações são interessantes. Como sou um típico leitor alienado que prefere tudo escrito a em vídeo, preferi esse formato aos vídeos do Meteoro Brasil - que infelizmente se tornou um grande canal de react aos dados da atualidade e perdeu a feitura de vídeos de maior qualidade, seja em roteiro, seja em edição. De qualquer modo, como já dizia o não tão velho ditado: "na vida o que interessa é dinheiro no bolso e os problemas são eternos".

A sensação que tenho ao terminar o livro é a que detenho uma maior gama de conhecimento geral sobre vários assuntos e que a leitura foi, sim, proveitosa.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Éramos dois, e daí?

 Você me contava do seu desejo de virar socióloga. Era de esquerda juvenil, adolescente lutando contra o tédio. Tão desafiadoramente bonita quanto inteligente e simpática. Revelei a ti o meu amor quando já era tarde, tinha vergonha metódica de mim e não queria lhe envergonhar com minha obscura imagem social. Por um momento, éramos dois, mas depois de alguns meses, já não éramos nada.


Eu te diverti com meu humor adolescente de anarquista niilista e rebelde sem causa. Pagando-lhe bebidas na esperança que transfigurasse a sua lesbicalidade e bissexualidade. Me aproximando com distâncias calculadas e passos patéticos que geraram tragédias insensatas. Eu sumi por sete anos, em crises sem fim, falei-lhe que era teu amigo, mas e daí? Eu sumi. Sumi e voltei transfigurando proximidade em distância abjeta e sem explicação sensata.

Você jogava videogame em minha casa. Na doce infância era tão bom, só que eu era idiota e inadequado demais para a pré-adolescência. Como consequência de meu desenquadro, criei em você a vergonha que lhe permitiu o afastamento adequado. Éramos dois, e daí? Daí que sumi sem nunca mais falar contigo. Daí que lhe achei um cara que preferiu a sociedade a amizade dourada.

Nos pegamos três ou duas vezes. Dormi contigo, em teu quarto. Sua mãe trouxe pizza, sem pensar em sexo homossexual de dois caras bissexuais que não davam pinta de nada. Éramos dois, éramos dois amigos e coloridos adolescentes numa época de liberalidade sexual. Quem você é agora? Você se assumiu ou ainda isola o fato sexual de sua família com ocultamentos constantes de sua inconstância inata?

De pastor você foi a ateu convicto. Íamos ao puteiro em apostasia à faculdade. Conversávamos muito. Você voltou a ser pastor, traiu o puteiro, o anarquismo, o ateísmo e a mim. Éramos dois, e daí? Daí que nunca mais falamos e eu até hoje não me lembro de seu sobrenome.

Eu era tão católico quanto um católico deve ser. Num retiro vocacional buscando irmão ser. Te vi algumas vezes em conversas doutrinais que foram fáceis de esquecer. Lia "Ordem Nova", o reacionarismo era moda, a monarquia voltava em mentes e não em regimes. Sempre quis te comer, sobretudo quando bebíamos na igreja. Eu fiquei sabendo, você beijou garotas e eu beijei rapazes. Éramos perfeitamente heterossexuais e completamente bissexuais.

Em Santa Catarina foi um horror, afastado da família e da cidade que morei com louvor. Identidade em choque em novo mundo cultural. Você foi padre, agora era homossexual e casado. Eu? Eu era o cara que ia em retiros vocacionais e militava no movimento negro. E mesmo você sendo casado com outro homem, desejei que fosse meu próprio homem. Treinamos juntos, sugeri poliamor e um dia no pós-treino você me chupou. Eu fui pra São Paulo, você lá permaneceu. Ficou onde fui, para permanecer de onde era. Eu voltei pra São Paulo, para permanecer de onde vim. Éramos dois, e daí? E daí que ainda penso em você.

Eu lia Olavo de Carvalho, você lia Nietzsche. Eu era Apolo e você era Dionísio. Só que eu tinha um Dionísio oculto e você tinha um Apolo oculto. Pegamos duas mulheres, mas quando a pegamos, uma das duas não estava presente e nem conhecíamos a outra que estava por vir. Pegamos a mesma flor e depois a outra flor, em perfeita conformância com a igualdade do sabor. Você me apresentou a social, eu te apresentei a transexual. Você me apresentou a Dionísio e eu te apresentei ao tradicionalismo. Éramos loucos sem tirar e nem pôr, talvez seja por isso que você foi um dos únicos que ficou.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Acabo de adquirir "Sob a Máscara: as polêmicas de Orlando Fedeli e Fernando Schlithler contra Olavo de Carvalho"




Comprei esse livro antes de Olavo de Carvalho morrer. Como é um livro escrito contra ele e ele faleceu há pouco tempo, respeitarei o momento e abstenho-me de comentar qualquer coisa. Também aviso previamente que não era minha intenção causar qualquer polêmica contra o Olavo, sobretudo nesse frágil momento. Comprei esse livro sem qualquer intenção ofensiva, não esperava que ele morresse e muito menos sabia que o livro escrito contra ele chegaria um dia depois de sua morte.