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sábado, 14 de janeiro de 2023

Acabo de ler "O Ateneu" de Raul Pompéia

 



Seria difícil precisar o quanto esse livro é belo em sua estilística. O leitor ou a leitora que se deparar com esse livro terá em mãos uns dos livros mais belos de toda a língua portuguesa, uma verdadeira obra prima em qualidade estilística.


O autor apresenta uma qualidade que foge muito do padrão, nessa obra temos uma experiência antebeatífica da experiência do encontro com o divino. Só que não é só na beleza que esse livro marca a sua presença, toda a sua descrição psicológica apresenta uma qualidade e um rigor descritivo que denotam uma capacidade de um exímio psicólogo, conhecedor profundo da alma humana.


A história se passa dentro do domínio do Ateneu, colégio interno com todas as pressões possíveis. O protagonista sofrerá nas mãos repressivas desse aparato educacional condicionador e tirânico. O livro é, igualmente, uma crítica a forma com que se dava o processo educacional.


Um leitor mais acostumado a uma leitura crítica ao modelo de educação de outrora verá, nesse livro, uma importante informação para compreender como essa se dava. A educação, em vez de ser um processo libertacional, nada mais era que um local de geração de todos os traumas possíveis.


Esse livro exigirá, do leitor, uma portentosa atenção para que ele não se perca. O leitor terá, ao fim da leitura, uma experiência artística, intelectual e cultural de primeiríssimo grau.

sábado, 6 de novembro de 2021

Acabo de ler "Teoria Queer" de Richard Miskolci.




    Acabo de ler "Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças" de Richard Miskolci.

    Se anteriormente eu compreendia muito pouco da Teoria Queer, agora compreendo alguma coisa ou outra - mesmo que isso seja ainda insuficiente (e o saber nunca é suficiente). Também é incrível como a teoria queer me leva entender mais a obra de Judith Butler e a obra de Judith Butler me leva a Freud e Foucault com mais profundidade.

    Voltando ao livro, creio que esse livro apresenta uma criticidade fora do comum, visto que ele vai além do que usualmente se questiona. Muitas vezes, temos várias coisas como "dadas" e tomamos essas coisas por naturais. Todavia muitos "dados" nos são dados através de uma construção social que nos precedeu e tomamos essa mesma construção social como natural.

    O livro questiona a padronicidade de gênero que é tida por natural e é "naturalmente imposta". O livro visa desconstruir o discurso que quer legitimar uma uniformização da humanidade por padrões binários que não são tão naturais quanto se pensa, mas sim sujeitos à condicionalidades do espaço-tempo - só que quem pensa nesses padrões binários, crê neles de forma extremista, mesmo que nenhum deles seja tão natural quanto se especula.

    É importante observar que a verdadeira educação não pode ser, tal como tem sido, uma mera engenharia para reproduzir uma série de produtos construídas anteriormente. Isso é, na verdade, um processo condicionante e não um processo investigativo. Reproduz-se papéis bem delimitados de gênero no âmbito educacional tal como um condicionamento pavloviano. Logo a vida passa a se tornar uma performática para o enquadramento social, a vida deixa de ser vida e vira uma mera reprodução vivencial de um padrão que é reproduzido ad aeternum.

    É preciso relativizar o padrão hegemônico, é preciso expandir os horizontes através de relativizações constantes que elevem a liberdade humana em sua mais justa dignidade ilimitada. É preciso que a única delimitância seja indelimitada.