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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Memória Cadavérica #3 — Emburrecimento Reacionário

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Eu estou vendo a história da UDN pela Maria Victoria Benevides (a UDN e o udenismo), posso lhe afirmar que a direita nacional era mais culta em outros períodos, porém sempre cresceu lado a lado com massas reacionários (tal como a direita americana, como demonstrado pelo livro "American Psychosis"). A diferença é que agora só sobrou a massa reacionária. O período de transição entre a direita que se identificava com o PSDB e a direita bolsonarista foi um período de emburrecimento reacionário.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Acabo de ler "A Tirania dos Especialistas" de Martim Vasques da Cunha (Parte 6)

 


Embora seja possível encontrar uma imaginação desmedida em setores da direita, usualmente tal tradição de pensamento é encontrada na esquerda. Lembrando do pensamento de Marx que os pensadores não deveriam entender o mundo, mas mudá-lo. O problema é que o mundo é complexo demais para ser "mudado" pura e simplesmente, sobretudo quando essa mudança se dá a nível estrutural por causa de uma conflagração revolucionária.


O que precisa ser compreendido é isso: as ideias da esquerda – acima de tudo, da extrema-esquerda – são experimentais. Se são experimentais é por demasiado arriscado aplicá-las em massa, visto que se trata duma aposta em um teste. Apostar todas as fichas da sociedade em um evento experimental pode ser traumático, já que tudo que foi construído anteriormente pode ser perdido. A questão é que o revolucionário se encontra imerso em sua própria linha de raciocínio, visto que o seu anseio é, antes de tudo, religioso. É evidente que o reacionário também segue essencialmente na mesma linha, todavia ele visa um passado mágico.


A capacidade de analisar a complexidade do real se dá por uma série de dados que escapam ao nosso próprio horizonte de consciência, visto que ele, sendo humano, é delimitado pela característica da contingência. O revolucionário – e também o reacionário – creem impiedosamente que encontraram a verdade (elemento gnóstico de fundo religioso) e, portanto, são iluminados e estão acima da própria capacidade de raciocínio do resto da humanidade, sendo capaz inclusive de julgá-la e conduzi-la para um rumo superior/melhor.


Os dados sempre nos escapam. Eles são como que infinitos. As variedades são inúmeras. As variações incalculáveis. A realidade não se curva ao nosso anseio idealístico. Nossa mente não acompanha os dados constituentes do mundo. A imaginação reacionária e revolucionária querem criar, através da imaginação, uma realidade totalmente curvada aos seus anseios fundamentalmente religiosos. Só que a imaginação que eles têm é vista como onipotente, detentoras de qualidades divinas, que escapa até mesmo a sua própria humanidade.

domingo, 16 de junho de 2024

Acabo de ler "A Tirania dos Especialistas" de Martim Vasques da Cunha (Parte 4)

 



Existe uma tendência propriamente humana de querer uma imanentização escatológica. Ou seja, o ímpeto de realizar na Terra o juízo final. O que supostamente aconteceria a esse evento seria o fim da história e provavelmente o paraíso terrestre. Nele, teríamos, por fim, todo o gozo que o mundo atual nos rejeita. Tal acontecimento seria possível pelo retorno ao passado glorioso (reacionarismo) ou ao futuro grandioso (revolucionarismo). Isto é, a ficção delirante a ser construída pela extrema-direita (via reacionária) ou pela extrema-esquerda (via revolucionária).


A complexidade da nossa experiência no mundo não pode – e nem deve – ser suprimida por uma panacéia criada por um intelectual. O intelectual, contudo, acredita na potencialidade irrestrita de sua capacidade. O que lhe dá um ar de onipotência divina. Para realizar seus planos, precisa do poder. Esse estranho hábito é chamado de pleonexia (desejo pelo poder). E se existe alguém contrário aos seus anseios grandiosos, o intelectual prontamente se converte sua pleonexia em filotirania (amor à tirania). É graças aos intelectuais que ditaduras pomposas e leis que usurpam o poder dos indivíduos surgem todos os dias.


O intelectual, crente em seu próprio poder, chega ao delírio de se propor como acima de todos os demais indivíduos de seu meio e, até mesmo, fora dele. Tal condição o predispõe amargamente ao gosto por uma tirania que, posta em prática, traz o Inferno para a Terra. É por isso que "o Inferno está recheado de boas intenções", visto que é o próprio anseio de trazer o Paraíso para Terra que faz com que o intelectual traga o Inferno em vez do paraíso. Lembrando analogicamente o Demiurgo que, ao criar o mundo material, trouxe toda a imperfeição junto a sua criação.


Quando descobrimos que "Os Demônios" nada mais são que os intelectuais e que os desejos intelectuais podem causar a ruína ou o desaparecimento trágico duma sociedade inteira, temos uma conscientização da responsabilidade da vida intelectual e das suas consequências. Lembrando o clássico livro conservador "As Ideias têm Consequências" de Richard M. Weaver.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Acabo de ler "La Rusia contemporánea y el mundo" de Carlos Taibo (lido em espanhol)

 



O debate pró-Rússia e anti-Rússia se tornou, graças à guerra atual (Rússia x Ucrânia), um dos mais aguerridos do mundo atual. Não raro, vários grupos decaem numa análise extremamente parcial e pouco factível. E muitos posicionamentos são calados por não serem compreensíveis ao intelectual médio do Brasil: tal qual a famosa direita pró-Rússia, produto intelectual mais recente e de menor notoriedade dentro do campo acadêmico nacional.


É preciso dizer que a Rússia contemporânea não é como a Rússia soviética. Há uma mescla de fatores distintos: preocupações da esquerda clássica, nacionalismo russo, cristianismo católico ortodoxo de caráter oriental, mentalidade europeia clássica (por assim dizer cristã). Esses fatores, alguns de direita e outros de esquerda, entram numa síntese que escapa, em muito, dos possíveis diagnósticos parciais tão comuns e tão raros aos comportamentos dos grupos ideológicos. Rússia tem, ao mesmo tempo, uma disposição reacionária e revolucionária visto que nutre a mentalidade reacionária anticapitalista - ou, melhor dizendo, antiliberal - ao lado duma mentalidade revolucionária.


A retórica e símbolos culturais soviéticos, a ideia dum império que faz frente a uma amalgama de outros, se junta a retórica e símbolos culturais do Império Russo. O Império Soviético, mais o Império Russo, mais as pretensões nacionalistas e cristãs católicas ortodoxas. Ah, que impressionante e sintética mescla de fatores prontas para levantar uma série de confusões mentais nos mais distintos agrupamentos sociais.


Os direitistas pró-Rússia falam da Rússia ser um país autenticamente cristão, que adota uma linha moral condizente com os pressupostos morais do cristianismo, ao mesmo tempo que faz frente ao progressismo do Ocidente contemporâneo que é contrário ao cristianismo. Já os esquerdistas pró-Rússia falam da resistência anti-EUA e, igualmente, das políticas soberanistas da Rússia que vão contra a mentalidade econômica liberal. De semelhante modo, direitas anti-Rússia falarão da economia não-liberal da Rússia como forma de atacá-la. Esquerdistas anti-Rússia do seu reacionarismo.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Prelúdios do Cadáver #8 - Breves Notas Sobre Tudo

Texto publicado em  25/08/2018


Relutei em escrever esse texto, todavia achei-lhe absolutamente necessário. O Brasil vem passado por um incessante movimento de politização. Usualmente tendo a não expressar a minha visão política e, quando eu chego a expressá-la, expresso-a relutante e timidamente.


Sou uma pessoa que está em grupos políticos dos mais variados gostos. Meu facebook é, verdadeiramente, uma diversidade filosófica e ideológica ululante. Acontece que, após ver e ler séries de repetições argumentativas rasas, fiquei decepcionado com a rasura e incapacidade crítica de meus queridos amigos/colegas virtuais. Claro que alguns destemidos salvam-se perante esse caldeirão de lodo.


Também relutava em criar qualquer texto durante a minha jornada de retiro intelectual, todavia não estava aguentanto a atmosfera tenebrosa que provejetava-se em minha querida rede social. Era evidenete também as consequências que essas movimentações também faziam no mundo real.


1. O NTC

O NTC é uma sigla composta por três nomes: nacionalismo, tradicionalismo e cristianismo. Juntei-as pois os seus simpatizantes e ideólogos caracterizam-se por uma condição: o desprezo a modernidade e tudo aquilo que a modernidade representa.


Os nacionalistas não odeiam a “modernidade” ao todo, mas têm certo desprezo dela por causa de sua incapacidade de respeitar as barreiras territoriais, por causa de sua incapacidade de preservar a diversidade cultural, por causa de seu desrespeito as tradições – e, nisso, acham apoio dos tradicionalistas. Os tradicionalistas fazem por motivos razoavelmente parecidos com os nacionalistas, embora mais focados na tradição de seu país. E os cristãos, nesse balaio, acham que a moral cristã, que querem impor a todos, está sendo substituída por uma moral anticristã.


Há também um movimento cristão católico que defende a criação de um Estado confessional – leia-se: Estado declaradamente católico. O mesmo Estado favoreceria a Igreja Católica. O Estado também seguiria a moral católica. Isso, é claro, é um devaneio teocrático reacionarista. A verdade é que o movimento cristão católico – tradicionalista assumido ou não – defende algo que seria muito similar ao que acontece em países islâmicos, só que de maneira cristã. Nisso há uma divisão entre os católicos não-integralistas e integralistas, que defendem quase a mesma coisa só que de maneiras diferentes. Há uma rixa entre eles. Existem católicos que defendem que o integralismo é uma doutrina herética, isso são outros quinhentos e não vou me delongar nesse assunto.


Antigamente, havia uma divisão clara entre o nacionalista e o patriota. Hoje em dia há uma confusão. O patriota, em seu emprego terminológico antigo, era uma pessoa capaz de amar o seu país e respeitar o que pessoas de outros países também sentiam pelos seus países; o nacionalista, no passado, era tido quem amava seu país e aceitava qualquer decisão do seu país sem titubear, o nacionalista não conseguia compreender o que pessoas de outras nacionalidades sentiam pelos seus países. Como essas duas empregações terminológicas estão ultrapassadas, prefiro não usá-las aqui.


Quanto ao Brasil, sou pragmático. Prefiro uma economia que seja sustentável, capacitada de fornecer um bom padrão de vida e que dê um bom desenvolvimento tecnológica do que uma fortemente pautada pela defesa irracionalizada dos bens nacionais. Para que eu não seja mal compreendido já digo que sou centrista. Defendo um papel atuante do Estado, só que de forma pragmática e não conduzida por motivos ideológicos maniqueístas.


Sobre a questão tradicionalista e cristã. Oponho-me aferradamente, mesmo que eu seja cristão. Compreendo a separação entre o Estado e a religiosidade, também não defendo a forçação de tradição. Nesse sentido, compreendo que o cristianismo e a tradicionalidade devem serem postas opcionalmente e não forçosamente. É preciso que elas apresentem-se como uma escolha boa e não como uma obrigação feita por meio da coerção que é imposta.


2. O Movimento da Renovação Cristã/Católica Carismática

Antes de começar a falar da RCC, já aviso antecipadamente que não sou um defensor ferraz da “Santa Tradição” e que reconheço alguns méritos da RCC. Tenho uma certa ogeriza e rivalidade para com o movimento carismático. Apesar de muitos de meus amigos saberem disso, muitos não o sabem. Isso acontece também por minha culpa, toda vez que me manifesto sobre o movimento carismático acabo por fazê-lo timida e concisamente.


As minhas razões são simples. Em primeiro lugar, há a presença de técnicas hipnóticas feitas nas orações conduzidas pela RCC, há quem defenda isso como perfeitamente moral e que a hipnose é aceitável nesses casos; mas eu sou contra pelo fato de que a maioria dos frequentantes desses locais não sabem que há técnicas de hipnose no meio de tudo isso e, desse modo, não são capazes de opinar a respeito. Em segundo lugar, a RCC torna o cristianismo em um sentimentalismo vulgar, esquecem-se das meditações existênciais propostas a todos os cristãos e, por conseguinte, tornam o cristianismo em algo que os intelectuais riem apaixonadamente.


Em todo esse movimento de sentimentalização do cristianismo, o velho lema “fé e razão” tornou-se um passado reacionário e não um guia para todo cristão basear-se não tão somente na fé, mas também na boa utilização da razão. Um dos efeitos mais notáveis dessa sentimentalização é criação de cristãos incapazes de refletir, cheios de si e que são ridicularizados pelos mais densamente intelectuais. Muitas pessoas que buscam esperançosamente a salvação, encontram um cristianismo bobo alegre e sentimentaloide que lhes causa nojo e afastamento.


3. Olavo de Carvalho

Há muito tempo atrás, criticava ferrenhamente o dito cujo. Todavia não tinha estudado a sua obra. Após ler dois livros dele e estar lendo o terceiro nesse momento, vejo que a maioria das críticas que o autor recebe são estúpidas e, até mesmo, inválidas. Reconheço que Olavo é uma pessoa extremamente inteligente, que possui uma estilística insuperável e uma capacidade de argumentação superior a maioria gritante de seus odiadores. Acho-o um autor extremamente agradável de se ler, embora não concorde com tudo que ele diz. Efeito semelhante ocorre com Chesterton, pelo qual também nutro grande admiração intelectual.


4. Pós-Modernos

Nos últimos tempos, tenho lido alguns autores pós-modernos. Incluindo aí autores pós-modernos nacionais e internacionais. Noto que, quando os leio, vejo muita coisa apreciável e, é claro, uma inteligência ilustre. Consigo gostar tanto dos progressistas pós-modernos quanto gosto dos conservadores que leio. Isso me torna meio termo e em cima do muro.


Todavia é-me odiável a maioria de sua militância – tal como é, similarmente, meu ódio a militância conservadora. Há uma vulgaridade, irracionalidade e tribalidade em toda militância, por isso grande parte é constituída por estúpidos homens-massas.


5. A Democracia

Já odiei a democracia de dois modos: como um totalitário e como um libertário. Hoje em dia, ponho-me na defesa dela. Posso dizer que acredito agora na pluralidade de visões, religiosidades, partidos políticos, culturas e tudo o mais. Não substituiria isso por nada.


O movimento antidemocrático concebe-se da incapacidade de muitos brasileiros em estudar e aprender visões divergentes das suas. Essa acusação vai e é perfeitamente cabível para todos os espectros políticos. O problema do Brasil não é a democracia, é a falta de esforço intelectual em aprender a estudar e aprender sistematicamente diferentes escolas de pensamento. Quando houver tal esforço intelectual por parte de nossa população, a maioria das implicações religiosas, políticas, econômicas e intelectuais dissolver-se-ão.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Éramos dois, e daí?

 Você me contava do seu desejo de virar socióloga. Era de esquerda juvenil, adolescente lutando contra o tédio. Tão desafiadoramente bonita quanto inteligente e simpática. Revelei a ti o meu amor quando já era tarde, tinha vergonha metódica de mim e não queria lhe envergonhar com minha obscura imagem social. Por um momento, éramos dois, mas depois de alguns meses, já não éramos nada.


Eu te diverti com meu humor adolescente de anarquista niilista e rebelde sem causa. Pagando-lhe bebidas na esperança que transfigurasse a sua lesbicalidade e bissexualidade. Me aproximando com distâncias calculadas e passos patéticos que geraram tragédias insensatas. Eu sumi por sete anos, em crises sem fim, falei-lhe que era teu amigo, mas e daí? Eu sumi. Sumi e voltei transfigurando proximidade em distância abjeta e sem explicação sensata.

Você jogava videogame em minha casa. Na doce infância era tão bom, só que eu era idiota e inadequado demais para a pré-adolescência. Como consequência de meu desenquadro, criei em você a vergonha que lhe permitiu o afastamento adequado. Éramos dois, e daí? Daí que sumi sem nunca mais falar contigo. Daí que lhe achei um cara que preferiu a sociedade a amizade dourada.

Nos pegamos três ou duas vezes. Dormi contigo, em teu quarto. Sua mãe trouxe pizza, sem pensar em sexo homossexual de dois caras bissexuais que não davam pinta de nada. Éramos dois, éramos dois amigos e coloridos adolescentes numa época de liberalidade sexual. Quem você é agora? Você se assumiu ou ainda isola o fato sexual de sua família com ocultamentos constantes de sua inconstância inata?

De pastor você foi a ateu convicto. Íamos ao puteiro em apostasia à faculdade. Conversávamos muito. Você voltou a ser pastor, traiu o puteiro, o anarquismo, o ateísmo e a mim. Éramos dois, e daí? Daí que nunca mais falamos e eu até hoje não me lembro de seu sobrenome.

Eu era tão católico quanto um católico deve ser. Num retiro vocacional buscando irmão ser. Te vi algumas vezes em conversas doutrinais que foram fáceis de esquecer. Lia "Ordem Nova", o reacionarismo era moda, a monarquia voltava em mentes e não em regimes. Sempre quis te comer, sobretudo quando bebíamos na igreja. Eu fiquei sabendo, você beijou garotas e eu beijei rapazes. Éramos perfeitamente heterossexuais e completamente bissexuais.

Em Santa Catarina foi um horror, afastado da família e da cidade que morei com louvor. Identidade em choque em novo mundo cultural. Você foi padre, agora era homossexual e casado. Eu? Eu era o cara que ia em retiros vocacionais e militava no movimento negro. E mesmo você sendo casado com outro homem, desejei que fosse meu próprio homem. Treinamos juntos, sugeri poliamor e um dia no pós-treino você me chupou. Eu fui pra São Paulo, você lá permaneceu. Ficou onde fui, para permanecer de onde era. Eu voltei pra São Paulo, para permanecer de onde vim. Éramos dois, e daí? E daí que ainda penso em você.

Eu lia Olavo de Carvalho, você lia Nietzsche. Eu era Apolo e você era Dionísio. Só que eu tinha um Dionísio oculto e você tinha um Apolo oculto. Pegamos duas mulheres, mas quando a pegamos, uma das duas não estava presente e nem conhecíamos a outra que estava por vir. Pegamos a mesma flor e depois a outra flor, em perfeita conformância com a igualdade do sabor. Você me apresentou a social, eu te apresentei a transexual. Você me apresentou a Dionísio e eu te apresentei ao tradicionalismo. Éramos loucos sem tirar e nem pôr, talvez seja por isso que você foi um dos únicos que ficou.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Acabo de ler "Harry Potter e a Pedra Filosofal" de J. K. Rowling.



    "Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele" (Dumbledore).


    Ler Harry Potter depois de anos é uma maravilha. A primeira vez que o li, estava no segundo ano do ensino médio. Ou seja, há cerca de oito anos atrás. Não me lembrava do quanto o seu universo era curioso e nem o quanto o livro era engraçado em diversos bons aspectos. E digo-lhes o livro é melhor que o filme, embora eu o tenha assistido - o primeirão - enquanto ainda era só uma criança. Assisti-o naquela ferramenta tecnológica, hoje antiquada, chamada Fita Cassete. Até hoje me lembro de estar ao lado de minha irmã enquanto assistia o primeiro filme de Harry Potter, das poucas coisas que me lembro da infância, essa é uma das melhores.


    Talvez a serenidade da vida adulta tenha acalmado o desordenado senso de realidade que me fazia digerir livros rapidamente em minha tenra mocidade adolescente. Talvez eu tenha ficado lento e reacionário, mas tendo fortemente a gostar mais de produções literárias que audiovisuais. Muitas coisas hoje não me agradam, entre elas os memes e as microescritas e microleituras que dominam a internet atual. Só que hoje, afastado da reação espalhafatosa, creio que é melhor calar-se e curtir um "próprio" universo cultural do que entrar em briga com uma unanimidade de imbecis. 


    Se alguém disser que "Harry Potter" é insuficiente como produto literário, dir-lhes-ia que são poucos os capazes de criar universos ricos de sentido e que a beleza da vida está mais contida em coisas que não veem do que as que veem. 

    Quanto a velhice e a morte, fico com as palavras de Dumbledore:

    "Afinal, para a mente bem estruturada, a morte é apenas a grande aventura seguinte".