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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Acabo de ler "Clarice e as Mulheres" de Várias Autoras




Esse livro me despertou sentimentos mistos. Existem escritos que se sobressaem e outros que parecem ter sido colocados tão somente panfletagem política, o que, diga-se de passagem, não foi de meu agrado. Embora existam, evidentemente, escritos muito bons.


Esse livro foi distribuído, salvo engano, gratuitamente pela prefeitura de São Paulo. A sua estética é deveras agradável e demonstram um esmero para com a beleza do livro. Movimentação essa que é bem rara a política usual do Brasil para com a própria cultura.


O livro conta com várias autoras, cada qual encontrada num campo diferente e com obras distintas, embora tenham um posicionamento político bastante semelhante - ao menos, foi essa a impressão que me causou.


A descrição e a beleza literária sofre de altos e baixos que intermitentemente se intercalam. Por vezes indo ao mero argumentacionismo - artifício de amante de retórica - que, infelizmente, destrói a pretensa qualidade literária que se almejava. Por outras, vê-se uma beleza estilística e originalidade sobressalente que encantam em muito o leitor.


Para um livro distribuído gratuitamente com o objetivo de ampliação do horizonte cultural paulistano, creio que seja uma excelente obra. Como um livro, em si, varia demasiadamente em qualidade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Acabo de ler "Muita Retórica, Pouca Literatura" de Rodrigo Gurgel

 



Não seria surpreendente alguém afirmar que Rodrigo Gurgel é um dos maiores críticos literários do Brasil contemporâneo. Indo numa linha oposta a verve "mais comum" dos outros críticos, contribui de forma inestimável para a amplitudização do debate literário brasileiro enquanto tal.


Sendo de oposição natural ao que se tornou convencional em nosso meio acadêmico, serve muito bem para o aumento do arcabouço teórico e ajudará, em muito, no aumento do horizonte de consciência. E suas críticas são resultados duma pesquisa ativa, exaustiva e minuciosa. Não só isso: o autor do livro em questão é um homem que ministra cursos que ensinam fundamentos e técnicas de criação literária.


Nesse livro, o autor vai demonstrando, capítulo a capítulo, como nossos autores incorrem recorrentemente em discursos altamente retóricos e de caráter pouco literário, tal como se escrevessem um TCC e não um romance ou o que quer que seja. Além disso, o pedantismo e o uso acentuado de adjetivos é constante demais - e poder-se-ia dizer: penoso e nauseabundo. Numa babilônia entediante de argumentos, recorrentemente perde-se a capacidade descritiva.


O autor, é claro, não se encontra numa posição radical de antagonismo. Isso seria um parcialismo extremado que, na estatura de nosso autor, ser-lhe-ia contraditória e pouco digna. Ele é elogioso em muitos pontos, capaz de diferenciar as tonalidades do que lê.


Certamente um livro fantástico. Para quem gostar de crítica literária, recomendo a leitura. Para quem não curte, ainda recomendo pela boa prosa e humor refinado do autor.