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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Acabo de ler "They Eat Puppies, Don't They?" de Christopher Buckley (lido em inglês)

 


Livro:

They Eat Puppies, Don't They?


Autor:

Christopher Buckley


Christopher Buckley é o rei da sátira americana, tal como Nelson Rodrigues foi o rei da sátira brasileira. Mas, precisamente, o que é a arte da sátira? Em primeiro lugar, não podemos definir a sátira como uma redução ao absurdo, mas sim como algo que vá além disso. Uma boa sátira se traduz em captar a essência de um problema, captá-lo de forma radical, e traduzi-la em forma de piada para que as pessoas se afastem, tal como num exercício cômico ou numa catarse engraçada, do problema em que estão envoltas.


Grande parte da cultura moderna, sobretudo no âmbito do humor, não é ao todo cativante. Se vermos um humorista mais conservador, a sua sátira dos progressistas é extremamente clichê e dá a entender que ele não compreende quem está satirizando. Se formos a um humorista mais progressista, parece-nos que ele nada entende de conservadorismo. A sátira, para ser certeira, requer o rigor de quem toma uma cerveja para saborear e depois decidir qual o gosto dela.


Pensemos nos livros do senhor Christopher Buckley que analisei anteriormente. Sugeri que o leitor ou a leitora use o "modo web" e clique no nome "Christopher Buckley". No livro "Thank You for Smoking", existia um quadro diverso de críticas, o lobby do cigarro era um deles. No livro "Make Russia Great Again", o objeto era o próprio Donald Trump. No livro "Little Green Men", a ideia absurda de transformação radical de um homem que se tornou em uma espécie de "lunático" e perdeu tudo. Todos esses temas, se olhados de longe, não são só sérios. São drasticamente sérios no mais rigoroso e concreto sentido do termo. Porém Christopher Buckley, em seu raciocínio, trouxe eles com a maestria de quem faz a carne mais dura se tornar a mais macias das carnes.


Entender como as ideias se formam e como elas são manipuladas e enviesadas para atuarem em conformidade com grupos, essa é a missão desse livro. É evidente que a sátira alivia e atenua a situação. Eu costumo dizer que a ficção é um "conceito aplicado a uma realidade simulada". E compreendo os personagens como "pessoas-conceito", onde cada um desempenha conceitualmente o seu papel de forma viva. Dentro de uma obra de ficção satírica, isso equivale a um papel razoavelmente exagerado.


Eu digo que esforço do Christopher Buckley é um ato de recuperação da voz diante do absurdo. É olhar para o mundo em ruínas, completamente tombado pela ridicularidade densa e satirizá-lo não por ele ser sério, mas por ser em si mesmo uma sátira. Christopher analisa a partir de múltiplos pontos, dos quais conhece extremamente bem. É por isso que a sua sátira não é unidirecional, mas multidirecional. A sátira buckleyriana é extremamente humana, densamente humana, como se composta por uma série de corações juntados com uma linha e uma agulha.


Em "Little Green Men", por exemplo, não há só uma sátira para teorias da conspiração e controle do governo. Há também um ponto extremo: a marginalização social dos assim chamados excêntricos. Aqueles que não podem ser controlados pela norma social. Aqueles que escapam das categorias que enquadram e oprimem. Aqueles que pelo não enquadramento, caem no martírio social. Christopher Buckley é particularmente excelente em trazer a ideia de "imagem pública" diante de múltiplos cenários e múltiplos grupos sociais. Em "Thank You for Smoking", isso é particularmente excelente também.


Os conflitos que Christopher Buckley apresenta não são unidimensionais. A sátira não é um reductio ad absurdum do universo que trata. Todas as relações humanas são bem trabalhadas em suas novelas satíricas. Há uma dimensionalidade enorme das relações humanas em suas críticas. Creio que é isso que faz Christopher Buckley ser quem ele é. Mesmo que ele não seja um autor muito lido no Brasil, o brasileiro poderá encontrar nele horas de diversão e de expansão de horizonte de consciência. 


Um dos fatores que me fez amar Christopher Buckley é o fato de que ele não é uma espécie de "alinhado". Não é um homem que toma, em suas considerações, posicionamentos fáceis e rápidos, tal como se seguisse uma cartilha ideológica pronta. Não é aquilo que poderíamos chamar de "orgânico de partido" ou "partidário", mas sim um intelectual que observa atenta e criticamente a forma com que as relações humanas se constroem. Em outras palavras, ele é distinto de muitos intelectuais brasileiros que vivem em função de aprovar ou negar automaticamente (e alinhadamente) conforme a posição do grupo em que se está.


Um intelectual como Buckley não pode ser catalogado de forma simples. Ele não vive em função de um panelismo mequetrefe. Ele não ali para justificar um posicionamento de um político não importando qual posicionamento seja. Em outras palavras, é um homem que estuda múltiplos pontos e toma posicionamentos equilibrados, afastando-se de um viés extremamente militante e ideologizado. A obra de Buckley é mais um apagamento de paixões do que um obra voltada ao propagandismo político.


Num mundo em que a panelização, seitização e tribalização tomam conta do mundo, Christopher Buckley ergue-se como um homem que apaixonadamente despaixona o mundo. Isso leva a uma quebra de encantamentos falsos de bezerros de ouro e seus eternos fetiches mentais rodando em ciclos idiotizantes.


Aquele que não reduz a sua vida intelectual em um exercício contínuo de mesquinharia ideológica sempre acaba por ser afastado dos mais diversos grupos. Isso ocorreu com Christopher Buckley e ocorrerá com qualquer intelectual que seja verdadeiramente livre.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Acabo de ler "Little Green Men" de Christopher Buckley (lido em Inglês)

 


Livro:

Little Green Men


Autor:

Christopher Buckley


Meses atrás, fiz a análise do livro "Thank You for Smoking". Hoje retorno com mais um livro de um dos mais brilhantes satiristas americanos: Christopher Buckley.


A obra de Christopher Buckley é muito conhecida por ser uma obra irrevogavelmente política e satírica. Mesmo que Christopher Buckley seja filho de William F. Buckley Jr., uma das maiores figuras do conservadorismo americano, a sua obra agrada democratas e republicanos. Para ser mais exato, nosso querido Christopher Buckley consegue destruir estereótipos, ser um crítico arguto seja de conservadores ou progressistas, sempre mantendo um humor que lhe consagrou como escritor.


Ler Christopher Buckley é mais do que buscar humor, é aprender a ir além do senso comum e compreender que o humor é uma boa forma de crítica social. É preciso lembrar daquele velho ditado em latim: "castigat ridendo mores", que quer dizer que podemos corrigir os costumes rindo deles. Quando se trata da política americana, Christopher Buckley demonstra que essa forma não é só verdadeiro, como também pode ser brilhante.


Como esse livro é uma novela, e eu sigo a política de comentar muito para não dar spoilers, darei um breve resumo do "plot inicial". O livro trata da figura de John Oliver Banion, um homem que cuida de um show e vive uma vida extremamente interessante. Tudo muda quando ele é abduzido por alienígenas. A partir disso, ele começa a demandar que o Congresso e a Casa Branca comecem a investigar a existência de seres extraterrestres.


Confesso que amo uma estranheza, mas ver todo o deslocamento social que sofreu o nosso personagem central foi, de certa forma, psicologicamente angustiante. O livro não trata só a sátira política de maneira densa, como traduz muito a questão da marginalização social provinda do afastamento natural que as pessoas têm quando consideram alguém estranho. Além disso, o livro traz uma percepção muito densa dos jogos de percepção que a sociedade tem e trabalha bem a questão da autoimagem.


Como sou um indivíduo pra lá de estranho, confesso que a leitura foi extremamente interessante. Fiquei curioso sobre como são as comunidades de ufologia (investigadores ou especialistas em alienígenas) e como a sociedade vê essas pessoas. Lembrei-me até mesmo do Tom DeLonge que se afastou da banda Blink 182 para investigar a existência de vida extraterrestre.


Little Green Men é um livro impressionante, engraçadíssimo, com uma sátira avassaladora. É uma pena que nosso queridíssimo Christopher Buckley é pouco conhecido por aqui. Espero que essa análise aproxime as pessoas da sua obra.

sábado, 26 de julho de 2025

Novo Weblivro do Medium

 


Funk Buda:

https://medium.com/@cadaverminimal/list/ba695f314465


Em primeiro lugar, agradeço a quantidade de visualizações no webantilivro Harmonia da Dissonância. Ele foi um dos livros que escrevi no Medium que mais foram lidos. Embora eu possa dizer que a polêmica precedeu a compreensão da obra. O que eu posso dizer é: não ganhei nenhum centavo, apenas uma esquerda me acusando de ser de direita e uma direta me acusando de ser de esquerda — o que não é uma grande novidade para mim.


Trabalhar em um projeto tão parcamente compreendido, por um tempo tão longo para algo nem tão pretencioso, foi divertido. A Harmonia da Dissonância era sobre a utilização de Inteligências Artificiais, Arquétipos da Manipulação e da Engenharia Social, cultura channer e debate público brasileiro. Abarcava uma série de assuntos e tentava exprimir isso com algumas doses de humor e sátira. 


O livro foi "projetado" para ter múltiplos caminhos. Se existiu um lado que serviu para satirizar o debate, também existiu o lado que servia para apresentar algumas críticas sociais. Além disso, as técnicas apresentadas, quando juntadas lado-a-lado com uma IA, possibilitavam — e ainda possibilitam — uma análise não só da cultura channer, como também um meio de enxergar a história, a sociedade e a política.


Creio que graças a essa fusão de IA e livro gerou um desentendimento num redditeiro que veio aqui dizer que todos os textos — escritos desde 2021 — eram gerados por IA. Foram mais de 30 textos, então resolvi desativar temporariamente todos os comentários. Desde já, aviso que eu nunca usei IA em nenhum texto desse blogspot, a não ser naquele em que eu trollo redditeiros dizendo que odiar IAs não fará com que eles vendam a sua "arte". Se bem que, nos dias de hoje, o redditeiro acredita profundamente que qualquer texto com mais de três linhas foi escrito por uma IA.


De qualquer forma, eu deixo aqui um devido esclarecimento: o nicho desse blog é underground, o nicho do Medium também é underground. O Blogspot se concentra em copiar o estilo intelectual e o pensamento de quem está sendo analisado — pouco importando a linha política — e o Medium se concentra em textos/weblivros com diferentes estilos de escrita e visões artísticas.


Eu não escrevo visando compreensão ou aumento de número de leitores, e é exatamente por isso que nunca publiquei algum conteúdo pago. Eu não espero ser compreendido e amado. Eu não espero que as pessoas gostam do que escrevo. Eu apenas escrevo pois gosto de escrever. É isso e tão somente isso. Então não exija que eu me ajoelhe diante de um grupo ou uma ideia, isso jamais acontecerá.


O meu novo weblivro é um escrito que mistura o estilo acadêmico com o estilo de wikis satíricas. Ele visa se afastar muito do debate mainstream e de ser, dalguma maneira, engraçado. Eu sei que pelo fato dele ser "hostil" a esquerda e a direita, ele terá pouquíssimos leitores. E tudo bem. Para mim, escrever é me aliviar dos sentimentos que carrego e não uma forma de ascensão social. Não escrevo nada para obter lucro — seja social, seja financeiro.


Após eu me formar em filosofia e depois me pós-graduar em neuropsicanálise clínica, anuncio-vos que adentro em minha terceira faculdade, vou cursar Direito. Muito em breve, trarei análises a respeito disso.


Encerro dizendo que sou um sujeito solitário, disfuncional e de poucos leitores. Só em ocasiões extremamente raras alguém conversa comigo sobre os meus escritos. Nem a minha família lê o que eu escrevo. Porém tenho um enorme benefício: sou um escritor que é sincero e que pode ter liberdade intelectual — mesmo que eu sofra com as angústias das minhas dúvidas e com o isolamento social. Espero continuar sendo esse eterno Cadáver Minimal que vos escreve.


Muito obrigado a todos!

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

A Conspiração


O assunto que aqui trato é um tanto perturbador e um tanto sinistro. Todavia garanto-lhes que ele goza duma íntima certeza credível e altera o rumo do mundo. Claramente não consigo traçar com total miudeza a minha linha argumentativa e narrativa, porém lhes garanto que tudo aqui escrito é uma verdade de estatura inquestionável. Sei que não vão acreditar em mim, será necessário um pouco de fé e superstição para tal, se não uma qualidade imagética para se preencher hipoteticamente todas as lacunas faltantes. Vocês não sabem, mas existem várias conspirações rolando mundialmente, todas elas se destinam a infelicidade dum único homem: Seu Zé de Piraporinha.


O leitor, a partir daqui, pode questionar-se da relevância de Seu Zé. Possivelmente o leitor desconhece o glorioso Seu Zé. Digo-lhes que trazer questionamentos antes mesmo da enunciação dos fatos que se sucederão é mera defesa prévia contra a integral realidade que se apresentará. Seu Zé, tal como ele mesmo reconhece, é o homem mais importante do mundo e forças terrenas e cósmicas conspiram de toda forma contra a sua vida devido a sua monumental importância. O próprio Seu Zé percebe, ao juntar uma série de dados e preenchê-los com a sua portentosa imaginatividade, que está sendo perseguido, caluniado, barrado, censurado e tantas outras coisas mais que tiram a sua dignidade humana e a máxima excelência que deveria gozar segundo a sua gigantesca estatura (autogerada). Se questionam a mim, recomendar-lhes-ei falar com Seu Zé e todos os arroubos de sua emoção enfática comprovarão tudo que, a partir de agora, escrevo.


Para ilustrar o começo disso tudo, servir-me-ei da Bíblia como fonte de autoridade. Ela é fonte digníssima para todos os cristãos e judeus, além dos muçulmanos - embora esses últimos creiam que ela é uma revelação parcial e não se encontre em totalidade e em perfeição, coisa que poderia ser resolvida se consultassem a opinião do ilustríssimo Seu Zé. Como todos sabemos (ou não), o início da humanidade deu-se com Adão e Eva. Só que, antes mesmo dos patriarca e matriarca da humanidade darem seus tíbios passos, as forças divinas tiveram o ataque inesperado de um tal de Lúcifer - posteriormente conhecido como Satanás. Alguém há de se perguntar como um ser infinitamente mais inteligente que um ser humano atacaria a Deus, ser de absoluto poder e absoluta honra. Ora, a resposta por trás dessa tolice não é clara? Lúcifer - ou Satã - tinha em mente o Seu Zé de Piraporinha. Ver o quão fantástico era esse homem, auge da criação celeste, deixou Tio Lúcifer enraivecido e, meu Deus do céu, com uma inveja tremenda. Tornou-se uma criança birrenta por ser incapaz de encarar a própria imagem medíocre frente ao reflexo dum espelho. Nem a luz desse ser de luz, o Lúcifer, igualava-se a de Seu Zé. A partir disso, Satã viveu de atordoar a humanidade com a sua galhofa.

 

Vários fatos passados, presentes e futuros demonstram como toda uma série de humanos, demônios, entidades e outras criaturas se dedicarem para arruinar Seu Zé de Piraporinha. Dar-lhes-ei um exemplo magnífico, contado pelo próprio Seu Zé de Piraporinha. Aquele a que conhecemos por Maomé nada mais era do que um inimigo de Seu Zé de Piraporinha, antes mesmo que o próprio Seu Zé nascesse. Se você não entendeu a coligação entre Maomé e Seu Zé, sinto muito, a sua inteligência talvez seja de natureza rasa. Maomé queria que os ancestrais de Seu Zé desviassem da verdadeira religião. Ora, se você não entendeu, todo movimento islâmico tem como fim o desvio dos ancestrais e descendentes de Seu Zé da verdadeira religião. Seu Zé é cristão devoto, isso é um fato suficiente. Quando o islã começou as suas conquistas territoriais, toda uma série de líderes islâmicos tinham um só objetivo: desviar os ancestrais de Seu Zé da verdadeira religião - o cristianismo, segundo o maior teólogo do universo (Seu Zé) - e fazer com que Seu Zé fosse não um cidadão de bem e cristão, mas um islâmico. Maomé enganou grande parte da humanidade e conspirou muito contra Seu Zé, só que Maomé não contou com a inteligência de Seu Zé e a providência divina dada aos cristãos enquanto Deus se preocupava com o ilustre Seu Zé.


 

Ok, tudo isso pode parecer um tanto estranho para o querido leitor de imaginação precária. Precisarei ilustrar tudo com mais exemplos. Os Illuminati, grupo fundado em 1776, bem antes de Seu Zé nascer, tinha como objetivo destruir a vida de Seu Zé. Para que os Illuminati assim procedessem, teriam que destruir algo de menor importância, a civilização ocidental. Era óbvio que para destruir a vida de Seu Zé, teriam também de se empenhar em outra coisa de menor importância que o Seu Zé: o mundo inteiro. Tão logo que os Illuminati, satanistas endemoniados, viram que para destruir Seu Zé teriam que controlar o mundo, nisso se empenharam. Os Illuminati então se tornaram amiguinhos de outra organização diabólica que também queria - vocês não vão acreditar, meus caros leitores! - ferrar com o coitado do Seu Zé. Organização essa que não era nada mais nada menos que a própria maçonaria. Para tal fim, a maçonaria nasceu no final do século XIV e projetou-se secretamente. Os maiores mestres maçônicos foram ensinados, desde aprendizes, a odiarem a pessoa de Seu Zé e a ele dedicarem seu máximo ódio. Tarefa dificílima, tendo em vista que Seu Zé só nasceria no século XX. Mas vejam só como é a natureza do ódio dos homens, sobretudo quando se trata de uma pessoa tão majestosa quanto Seu Zé.

 


 

Se você acha que os inimigos de Seu Zé datam só de tempos antediluvianos, da Idade Média ou algum outro tempo passado sem nunca chegar propriamente no século XX ou XXI, você se engana severamente. O próprio Bill Gates é um inimigo mortal de Seu Zé. Como é que provarei isso? A resposta é também óbvia, leitor incapaz de esforço imagético: todo conspirador não assume a sua própria conspiração, se o fizesse não seria conspirador. Por qual razão Bill Gates, estrategista brilhante da Nova Ordem Mundial, diria que tudo o que ele construiu foi feito para destruir a vida de Seu Zé? Tê-lo-iam como louco. Porém posso provar tudo, tudo que meu foi explicado pelo próprio Seu Zé a respeito desse não tão maravilhoso homem que é o Bill Gates.


Para o leitor incapaz de correlacionar os fatos por si mesmo, por ausência de conhecimento da vida do magnífico Seu Zé e da vida do medíocre Bill Gates, eu mesmo me darei a esse esforço. Vocês sabem onde Bill Gates estudou? Bill Gates estudou em Harvard. Só daí já tiramos várias das conclusões mais impensáveis para aqueles que não possuem a capacidade duma imaginação laboriosa e intelectualmente enriquecida: Harvard é cheio de modismos comunistas no pensar. Não preciso dizer que toda universidade é imersa no filocomunismo e em toda aquela papagaiada esquerdista que crê em modelos civilizacionais não idôneos. E, se você não sabe, todo o comunismo existiu para destruir a vida de Seu Zé. Quando Lênin escreveu seus escritos, querendo a destruição do único sistema econômico que Seu Zé acredita válido, ele pensava em impossibilitar a própria vida na Terra. O próprio Karl Marx decidiu corromper e destruir a família para acabar com a possibilidade futura do nascimento de Seu Zé. Todos os bolcheviques tinham como missão impossibilitar a própria vida humana com a implantação de um sistema econômico criado para impedir que o próprio Seu Zé nascesse. Pense bem, se a União Soviética invadisse o Brasil, escravizasse a população e controlasse a natalidade, como é que Seu Zé nasceria? Está tudo conectado. A União Soviética existiu para não só destruir coisas irrelevantes como o sistema capitalista mundial ou coisas totalmente toscas como estabelecer o domínio planetário do sistema socialista. Não, meu caro leitor (ou leitora), a União Soviética existiu para destruição de Seu Zé. Vendo quão notável seria Seu Zé de Piraporinha, capaz de refutar qualquer argumento com sua retórica brilhante cheia de palavrões, ela viu que a própria possibilidade dum sistema socialista era impraticável diante de uma inteligência tão monumentalmente sofisticada quanto a de Seu Zé. No entanto, quase todos os líderes soviéticos decidiram continuar com seu plano megalomaníaco para destruir Seu Zé. É óbvio que os Illuminati, maçons, comunistas e Bill Gates farão de tudo para destruir a vida de Seu Zé.


Agora se você me pergunta o que tudo isso tem a ver com a relação de Bill Gates e Seu Zé, respondo-lhes claramente: Bill Gates criou o coronavírus para aniquilar Seu Zé! A resposta que conecta tudo é, por si só, suficiente - considerando, é claro, que o leitor dê a devida importância ao Seu Zé. Considerando, entretanto, a incapacidade do leitor de juntar os fatos por si mesmo, ilustrar-lhes-ei mais. Bill Gates, sabendo que Seu Zé já tinha nascido, não tinha como paralisar a Seu Zé e a sua descendência gloriosa sem um maravilhoso plano. Junto com outro grande inimigo de Seu Zé, George Soros, teve várias ideias mirabolantes. As frentes foram, é claro, diversas. Não posso detalhar toda minuciosidade de tamanho plano de diversas linhas de atuação e complexidade inata - menos complexa apenas para a grandiosidade de Seu Zé de Piraporinha - num texto tão pequeno quanto esse. Vocês vejam que George Soros investiu e continua a investir numa série de organizações de esquerda e isso já demonstra que George Soros é inimigo de Seu Zé. Se os planos de esquerdizar o mundo derem certo, como é que a descendência de Seu Zé poderá nascer com o diabólico aborto como direito de saúde pública? A pauta do aborto só existe com uma finalidade: impedir que a descendência do magnífico Seu Zé nasça e perdure. Todos sabem, evidentemente, que aborto é assassinato. Outro plano que o mau-caráter do Soros tinha era de legalizar a maconha para que o Seu Zé fumasse e tivesse uma overdose - se você duvida que maconha cause overdose, pergunte ao próprio Seu Zé. Só que todo defensor do aborto ou da maconha tem só uma coisa em mente e ela não é uma questão de saúde reprodutiva ou simplesmente da defesa da liberdade individual. O defensor do aborto e o defensor da legalização da maconha tem em mente a figura messiânica de Seu Zé e a sua descendência. Imagine que tivessem convencido a mãe de Seu Zé que era bom que ela abortasse? Imagina se o pai de Seu Zé tivesse morrido de overdose de maconha? E agora, por meios de corrupção cultural, querem convencer a filha de Seu Zé ao mesmo. O próprio Seu Zé uma vez pegou seu filho, desviado estudante da USP, fumando um baseado na praça!


Ok, o leitor deve estar achando que estou divagando absurdamente. Só que tudo isso é comprovado pela própria narrativa direta de Seu Zé. Bill Gates criou o coronavírus com o objetivo secundário e menos importante de causar um desequilíbrio global e governar o mundo como imperador supremo da Nova Ordem Mundial. Só que o que é a desordem do mundo inteiro e o controle supremo de toda extensão da Terra perto de algo tão fantástico quanto ferrar com o Seu Zé de Piraporinha? Está tudo, é claro, mais uma vez explicado e brilhantemente explicado. Todos os dias, nosso querido Seu Zé de Piraporinha, defronta-se com todo tipo de artimanha demoníaca direcionada a sua pessoa. Se a humanidade tomasse conhecimento de tal enredo absurdo, ela saberia que não é nada diante de tudo que se fez e tudo que se fará para destruir o maior dos humanos, Seu Zé. Se a humanidade tomasse conhecimento, logo proclamaria Seu Zé como imperador absoluto da Terra. Só que, até hoje, ninguém sabia disso, excetuando as elites mundiais que, antes mesmo do surgimento do universo, conspirava contra Seu Zé.