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domingo, 16 de junho de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 28)

 


Essa parte foi escrita por W.E.B Du Bois, vai da página 377 à 380. Creio que a perspectiva de W.E.B é bastante interessante. Você veja, a biografia é composta por vários capítulos. E ela não se furta à extrabiografia. Ou seja, a vida dum homem não termina quando ela acaba. As suas ações se movem na história. O que foi desencadeado por ele, continuará ressonando em outras ações de outras pessoas, mesmo que essas pessoas sejam inconscientes desse processo. Você não precisa necessariamente conhecer Napoleão Bonaparte, Stalin ou Hitler para ser Influenciado por pessoas que foram influenciadas por eles. Nem pelas políticas que surgiram a partir deles ou contra as ações deles.


Mesmo que Stalin tenha morrido há muitíssimo tempo, suas ações são até hoje relembradas ou, se não relembradas, ainda possuem um impacto na formação do mundo em que vivemos ou no mundo em que nossos sucessores viverão. O estudo na história, seja qual ela for, ajuda-nos a compreender a formação da história na qual estamos inseridos ou nas quais podemos nos inserir. É o próprio estudo comparado de distintas civilizações que possibilita a capacidade de alterar o ritmo de nossa própria civilização. É por isso que, por exemplo, sugere-se que uma pessoa estude, no mínimo, a história de três civilizações distintas para se livrar do domínio alienante da sua própria civilização. Essa condição, esse estudo, possibilita relativizar uma postura dogmática e rígida ao mesmo tempo que nos torna senhores de nossa própria história e vida. E isso não só como indivíduos concretos, mas como "eu plural" – como sociedade, como nação, como grupo político.


Estudar a União Soviética e a sua forma política não é o mesmo que querer reproduzi-la. Pode até mesmo levar a um impulso contrário. Como é o caso de Jordan Peterson, que se afasta dos regimes socialistas que estudou. Ou o caso de Carlos Taibo que pensa num socialismo libertário e uma posição que é dialógica, mas não concordante com o antigo regime soviético. De qualquer modo, a ampliação da visão é de suma importância para a capacidade de enxergar novas possibilidades.

sábado, 2 de março de 2024

Acabo de ler "Sobre el Nacionalismo Español" de Carlos Taibo (lido em espanhol)

 



Esse é o quarto livro que analiso do escritor espanhol Carlos Taibo. É, para mim, uma imensa honra prestar uma espécie de homenagem - mesmo em minha total irrelevância acadêmica - a este grande anarquista espanhol. E espero que, deste modo, possa levar a uma maior divulgação de sua obra no Brasil. Esta é uma obra merece ser lida.


Saindo das bajulações, vamos ao conteúdo do livro: o nacionalismo dentro da conjuntura espanhola em suas dinâmicas próprias. Quando pensamos em nacionalismo espanhol, não pensamos em um "grande nacionalismo". Pensamos numa nação que perdeu a grandeza de super potência. A própria noção de Espanha, e também Portugal, já foi uma nação que "dominou (grande parte d)o mundo" é algo que quase sempre nos escapa. Talvez olhemos a Espanha mais como um país acolhedor ou com maior proximidade linguística do que uma grande nação.


Na Espanha, existem conflitos entre visões distintas de nacionalismos. Tal qual qualquer país. O separatismo de Catalunha não é, por exemplo, uma questão que se poderia ignorar nessa conjuntura. As questões linguísticas que aparecem dentro do território espanhol, que prioriza demais o castelhano enquanto se esquece de outras línguas, leva a uma hostilidade das diferentes regiões internas e comunidades dentro do próprio país.


Existem nacionalistas que pensam que os demais países de língua espanhola - embora esse termo seja questionável, visto que há um debate sobre se deveríamos chamá-lo de "castelhano" - deveriam prestar uma espécie de reverência pela Espanha, por ser sua "pátria-mãe". A noção de Espanha como pátria-mãe da civilização hispânica é, de certa forma, um retorno a uma noção, mesmo que espiritual, do Império Espanhol. E existem os nacionalistas liberais, mais retraídos em suas propostas de grandeza hispanicista e mais ligados a questões de convivência pacífica e harmoniosa no seio da própria comunidade, tratando as ex-colônias como "irmãs" e não como "filhas".


Este é um livro bem pequeno, apenas 49 páginas. Mas garanto que não é, por tal pequeneza, pouco complexo em seu assunto e, muito menos, de menor importância. É  denso.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Acabo de ler "Marx y Rusia" de Carlos Taibo (lido em espanhol)

 



A obra de Carlos Taibo é uma obra muito rica em seus pontos. Sendo ele um exímio estudioso da realidade russa, é também um leitor apaixonado da obra de Marx. Embora o próprio Carlos Taibo seja, por assim dizer, um autor anarquista. Ele faz frente aos vulgares que sendo marxistas ou anarquistas não lêem o conteúdo teórico de outros autores por divergências intelectuais, empobrecendo em muito o conteúdo da própria obra e (auto)limitando a capacidade de expansão do próprio horizonte de consciência.


Percebe-se que Marx, o velho Marx, tornou-se um homem mais sábio e mais aberto. Em vez de se encurralar pelo corpo teórico já construído pelos seus anos de vida intelectual, tornou-se, muito pelo contrário, aberto ao revisamento intelectual de sua própria obra. Estabeleceu novas pontes, construiu pouco a pouco um contato maior com sociedades pré-capitalistas em diálogos teóricos com o futuro anticapitalista. Além disso, estabeleceu um horizonte teórico de maior ecumenicidade com autores anarquistas.


A pesquisa de Carlos Taibo sobre o velho Marx traz uma luz que pode desencadear uma série de estudos que são muito relevantes ao desenvolvimento duma linha de raciocínio mais crítica e, ao mesmo tempo, mais abarcante e, portanto, mais completa. Hoje em dia é soberanamente necessário que não sejamos mais intelectuais dogmatizados e brutalizados pela adesão irrestrita ao bando. Temos que ser pessoas abertas, navegantes do mar de dados que é o conhecimento.


Sem dúvidas, hoje para mim é indubitável que se pode amadurecer intelectualmente sem que, ao mesmo tempo, sejamos pautados por uma rigidez mental tão característica de vários intelectuais que nos predecederam. E, quem sabe, a partir disso: construir uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais humana. Que a mesa onde nos assentamos seja a de um diálogo irmão e não a de uma selvageria desavergonhada.