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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #30 — Sobre Christopher Buckley e Rick Wilson

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: creio que quando escrevi essa breve nota, estava lendo "Thank You for Smoking" do Christopher Buckley. Realizei algumas alterações, como deixar o texto maior.


A forma satírica e a escrita do conservador Christopher Buckley é extremamente brutal. Ele apresenta tudo que um conservador deveria ser: inteligente, engraçado, cauteloso em suas posições, além de apresentar uma mistura de cultura popular e erudita.


Uma pena que o conservadorismo letrado se afasta cada vez mais do conservadorismo das massas — veja, por exemplo, o bolsonarismo e o trumpismo. Qualquer conservador como Rick Wilson e Christopher Buckley seria chamado de esquerdista no Brasil pela legião de pseudoconservadores desmiolados.


A geração trumpista e bolsonarista afastarão milhares ou milhões de acadêmicos e futuros acadêmicos que poderiam ter sido conservadores, mas que viram no conservadorismo um carnaval sem fim de teorias da conspiração, negacionismos de todas as espécies, sensacionalismos, produção de pânico moral, ódio às pessoas LGBTs e revisionismo histórico.


Negros terão que olhar para a revisionismo histórico sobre a escravidão, ver-se-ão afastados do conservadorismo. LGBTs, sobretudo pessoas transgêneras, verão o espetáculo LGBTfóbico do Project 2025. Olharão para milhões de mortes na época da Covid, e verão o uso obsceno de teorias da conspiração como tática política. Nada disso é, à longo-prazo, positivo.


Caberá aos conservadores intelectualizados construírem um movimento separado e discreto, longe do bolsonarismo e trumpismo. E, acima de tudo, CONTRA o bolsonarismo e o trumpismo. O que atrará meia dúzia de pessoas verdadeiramente interessadas nas escolas de pensamento conservadoras.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #23 — Teoria da Internet Morta JÁ É REALIDADE

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Você conhece a teoria da internet morta? Nela, a maioria das postagens são geradas por bots e a internet vira um fluxo de postagens de bots interagindo com bots.


É interessante como as coisas são. Anteriormente a teoria da internet morta era apenas uma creepypasta. Uma creepypasta que se tornou, para muitos, uma teoria da conspiração.


Hoje em dia, com IAs cada vez mais poderosas, podemos ver que há uma direção progressiva na internet: isto é, a concretização da teoria da internet morta.


Você olha e pensa: uma teoria horrenda, um conto de terror, se tornando real. A tecnologia, a nossa disposição, é utilizada para criar um terror existencial real.


Eu já não tenho grandes expectativas. Afasto-me da internet e vou me aproximando de livros.


Houve um tempo que odiava a televisão. Preferia consumir conteúdo da internet. Depois de um tempo, afastei-me do mainstream digital. Hoje em dia, afasto-me até do underground digital. A internet se tornou tão tediosa quanto a televisão.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Acabo de ler "Exploring psyop-based conspiracy theories on social media" de Justin (lido em inglês)

 


Nome:

Exploring psyop-based conspiracy theories on social media


Autor:

Justin Bonest Phillips


Redpill, QAnon e /pol/ (4chan): quando esses nomes entram juntos, eles explodem o debate público. E quando aparece uma teoria da conspiração e psyop, há um prato cheio para todo analista.


Pensando bem, o que é uma teoria da conspiração? Uma teoria da conspiração se distingue por conter algumas características:

1. Ver padrões uma sequência não coincidente de eventos;

2. Identificar atores que aplicam o plano secreto em correlação com outros;

3. Expõem a intenção hostil dos conspiradores;

4. Lutam para revelar a verdade para todos.


O que é uma psyop? Um grupo de pessoas agindo secretamente, desejando mudar o comportamento de determinado grupo.


Uma teoria da conspiração pode surgir por múltiplos motivos, mas existem três razões bem interessantes para gerar uma teoria da conspiração: (1) epistêmica, (2) existencial e (3) social.


1. Epistêmica: estabiliza as visões de mundo;

2. Existencial e social: atende aos anseios daqueles que se veem como dominados ou em um mundo instável.


Em última instância, a teoria da conspiração é um mecanismo de defesa natural que satisfaz uma necessidade. Ela serve como um mecanismo de reforço epistêmico e um mecanismo de defesa simultaneamente. Ela também estabelece, para um grupo, um senso de pertencimento.


O interessante dessa pesquisa é que ela analisa que plataformas mais mainstream possuem um público menos ávido por teorias da conspiração e plataformas mais extremas (4chan e Telegram, por exemplo) possuem um público mais ávido por esse tipo de conteúdo. Além disso, a versão de uma teoria da conspiração é mais leve dentro de plataformas de nicho mainstream e é mais pesada e ofensiva dentro de plataformas de nicho underground. Fora isso, existe um consumo e postagem maior de teorias da conspiração em plataformas extremistas.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Acabo de ler "The Conspiracy to End America" de Stuart Stevens (lido em inglês)

 


Nome:

The Conspiracy to End America - Five Ways my old party is driving our democracy to autocracy


Autor:

Stuart Stevens


O que ocorre nos Estados Unidos? O debate americano tem sido bastante arriscado. No começo, tínhamos uma certa noção sobre o autoritarismo crescente e o nacional-populismo de direita em alta. Hoje temos o Project 2025, um projeto que, se posto, terminaria os dias da democracia americana e a colocaria na misteriosa estrada da autocracia. Surgiu, também, um novo modelo de conservadorismo, o conservadorismo populista que abandona o reformismo e adentra na ideia de "fogo purificador controlado". Esse fogo destruiria certas instituições, radicalizando o processo autoritário e indo em direção a uma construção de um governo totalitário. O que é, em si mesmo, uma afronta a continuidade mesma da própria normalidade democrática e o fim desse mesmo regime.


Quando Stuart Stevens escreveu seu outro grande clássico "It Was All a Lie", a situação era outra — e já era ruim. Anos depois, a situação piorou. Agora, ela piorou ainda mais. Temos um padrão, um padrão de uma direção autoritária crescente que põe um dos países mais poderosos do mundo num caminho sórdido. Mas quem diria isso? Os Estados Unidos da América sempre se marcou por uma permanência interna num regime democrático, numa experiência plural de normalidade da ordem democrática e diversidade dentro do autogoverno — mesmo que essa não se efetivasse para todos os grupos de forma congruente, podemos ainda verificar progressos e retrocessos históricos. A ruptura desse padrão que determinou por muito tempo a própria identidade americana não pode ser encarada como o sinal de força e vigorosidade, mas por um sinal de franca decadência. Os Estados Unidos pode se tornar "antiamericano" para a própria visão que possui de si mesmo e para a sua própria experiência histórica.


O experimento americano, querendo ou não, levou a criação da moderna noção de Estado. O chauvinismo de Trump, pelo contrário, retrata o abandono dessa experiência e adentra num aspecto terceiro-mundista — aqui, evidentemente, no mal sentido do termo. Os Estados Unidos surge da negação ao Antigo Regime, ele surge da ideia de que todos os homens nascem iguais perante a Deus, rejeitando a ideia de uma sociedade em que a hierarquia é determinada ao nascer ou até mesmo antes — o rei e a nobreza estavam num patamar acima da população ordinária. A sua razão é extremamente democrática no âmbito jurídico, todos devem ser iguais perante a lei. Essa normalidade democrática é o que tornou os Estados Unidos o que ele é, uma república que, querendo ou não, tem o mérito da continuidade — o que é uma condição da estabilidade, algo que historicamente carecemos por aqui.


Não estou dizendo aqui que os Estados Unidos está longe de contradições históricas. Há uma ampla bagagem documental sobre casos de racismo e demora em integração de dados grupos sociais dentro da sociedade americana. É particularmente sobressaltante a questão negra e indígena nos Estados Unidos. Mesmo nos períodos em que poderíamos dizer que foram mais pacíficos e em que o americano esteve mais estável dentro da institucionalidade, casos de violência e discriminação para com grupos desfavorecidos eram notórios. Além disso, o fato dos Estados Unidos ter se comprometido internamente com a defesa da democracia, mas externamente ter favorecido golpes de Estado, grupos extremistas e ditaduras ao redor do mundo também é um ponto. Pode-se argumentar que o cidadão americano é um pouco mais alheio ao que acontece no exterior e as ações do seu próprio país fora dele. Isso deve ser mensurado.


Os Estados Unidos também é marcado por uma longa tradição de uso de desinformação e teorias conspiratórias como arma política. Algo tão amplamente usado hoje leva a um entrave ao próprio desenvolvimento do país, sobretudo quando o ensino superior se torna inacessível e grande parte se torna incapaz de distinguir boas fontes de informação de más fontes de informação. Além disso, junte-se a seitização e polarização social que fazem com que cada grupo acredite no que quer — e que seja favorável ao grupo — sem um questionamento real do que é passado (toda essa questão de ser de direita e de esquerda só eleva o problema e cria uma forte miopia intelectual). As pessoas que lerem "American Psychosis" poderão vislumbrar muito bem isso.


O Brasil, como país, não se vê livre da decadência americana — as mesmas raizes já encontram a sua versão nacional ou foram devidamente importadas por objetivos políticos claros. Em relação aos Estados Unidos, tivemos capítulos semelhantes. Vivemos, há pouco tempo, uma tentativa de golpe de Estado. Teorias da conspiração também são usadas como armas políticas por aqui. Em relação a isso, nossa constituição se apresenta como mais favorável para impedir a propagação de desinformação, mas a aplicação da lei nesses casos não se demonstra tão efetiva assim — basta olhar o estado das nossas redes sociais, elas já são uma mistura de nacional-populismo sabor Steve Bannon e guerra memética sabor 4chan e 8chan. Em relação ao que virá depois disso, já podemos entrever o uso de táticas do conservadorismo populista e uma rede de mídias alternativas para a sustentação de um Networking de Propaganda. Há também outra questão: o império das regulações e reguladores remonta a um império burocrático — bem lusitano — que está longe de ser isento de parcialidade e pode muito bem levar a um crescimento de práticas autoritárias para fins políticos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Acabo de ler "Introdução à Nova Ordem Mundial" de Alexandre Costa

 



Antes de tudo, digo que o livro não é lá um primor. Muito do que é dito é de natureza hipotética, construção imagética ou, pura e simplesmente, conspiracionismo. Mas, tudo bem, eu li esse livro já esperando isso mesmo e tenho certeza que será útil para o que estou construindo - e, não, eu não vou dizer o que estou construindo.


O livro conta referências várias a organizações, dotando-as dum espírito inescrupuloso e com a capacidade de resultar num mal perfeito. Como se alguém ou um conjunto de pessoas pudesse ter, dentro de si, uma capacidade extremamente conspiratória e absolutamente ruim em si mesma. Embora haja o fato de que muitos fatos são citados no livro, todavia o preenchimento ficcional e a inserção de psiquismo não favorecem o valor informativo do livro.


Escrevendo tantas atribuições que são negativos, o leitor há de imaginar que odiei o livro em absoluto e que não recomendo a sua leitura. Muito pelo contrário, adorei a leitura desse livro. Se bem que o li apenas por uma espécie de eruditismo e ecletismo. Se você for capaz de manter uma capacidade crítica e um diastancimento sensitivo daquilo que é escrito, tomando tudo como um estruturação conspiratória banal, recomendo que dê uma olhada no livro e curta uma boa dose dum roteiro cercado de vilania - só que o encare como um amontoado de conspiração. 


No final da leitura, não sei que sensação posso exprimir. De um lado, estou contente de ter apreendido uma série de teorias conspiratórias que ajudarão minhas construções imaginárias posteriores e ter ampliado meu leque argumentativo. Por outro lado, vejo que será um tanto difícil aplicar essa leitura em muitas esferas de minha vida.