Mostrando postagens com marcador idealismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador idealismo. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 4)

 


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


O que diferencia o homem dos outros animais? Talvez as centrais diferenças dos homens para os outros animais está na forma com que vemos o mundo a nossa volta. Temos uma consciência mais elevada não só de nós mesmos, mas do mundo ao redor. Consciência suficientemente boa para poder moldar a realidade por meio da transformação do meio.


A animalidade tende, no geral, a se proteger do meio. A humanidade se distingue da animalidade geral pela alteração do meio. O progresso cultural não é apenas um progresso imaterial, é um progresso da humanidade em relação a alteração do meio. Alteração do meio com o propósito de atender as necessidades, sonhos e ambições dessa humanidade.


A humanidade altera os meios para comportar a própria humanidade. A humanidade transforma desejo em verdade. É evidente que falhamos e erramos diversas vezes nesse processo, mas o fato inegável é que a humanidade continua. Sempre em frente, alterando cada parte em prol dum objetivo.


A interação entre anseios humanos e meios gera diferentes formas de relação. Essas relações são pautadas pela distribuição dos recursos. A distribuição dos recursos é pautada, por sua vez, na capacidade de produzir.  Quando os meios de produção mudam, muda-se também a cultura. As forças de produção alteram sociologicamente as relações de produção.


Os idealistas acreditam que podem mudar o mundo pelos céus, os mecanicistas materialistas acreditam que a natureza humana não é modificável. A história demonstra que os meios de produção alteram a cultura.


A mentalidade também é preocupante nesse caso. A mudança tecnológica é muitas vezes paralisada em prol de um tipo de privilégio que não se quer perder. Então os poderosos se juntam e entravam o desenvolvimento da tecnologia. Não é um fatalismo tecnológico, existe também relações sociais que permeiam o avanço e o entrave.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 2)


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


O desenvolvimento do capitalismo industrial trouxe enormes conflitos sociais. Todavia ele veio acompanhado de ótimos benefícios sociais também: pela primeira vez na história poderíamos nos defender de calamidades naturais. O problema é que esses benefícios sociais não estavam disponíveis para a ampla maioria da população. Muito pelo contrário, grande parte dos recursos e melhorias não foi só destinada a parcela mais rica da população, como em vários casos a vida dos trabalhadores piorou muito.


O desenvolvimento da civilização deveria trazer aumento do bem-estar geral, ampliando na vida de todas as pessoas a possibilidade de uma vida permeada de felicidade. Em vez disso, o capitalismo industrial brindou o mundo como uma gigantesca miséria e distorção social. O que era uma contradição: a maior salto de produção de riqueza veio acompanhado do maior salto de miséria.


Marx teve muitos contrapontos, seja na esquerda ou na direita. Muitos dos seus contrapontos de esquerda eram chamados de "idealistas" pelo próprio Marx. Marx chamava-os assim pelo fato de que as suas ideias estavam desvinculadas das condições de vida que as pessoas viviam. Suas propostas não estavam completamente erradas, mas eram isoladas da realidade e isso tirava a substancialidade e possibilidade de concretização real de seus propósitos.


A alienação pode ser descrita como muitos fenômenos. Creio que uma forma de definir a alienação é como uma incapacidade de compreender o processo socioestruturante em que a realidade se move. Para compreender uma estrutura, faz-se necessário uma sistematização do pensamento. Ter vários pontos isolados nos torna incapaz de ver a totalidade de fenômenos que se movem. É preciso um pensamento que se amplie, amplie-se no processo sistematizante duma compreensão cada vez mais rica dos fenômenos sociais. Desalienar-se seria um processo sem fim, tal como uma discussão aporética.


Essa elucubração acerca da alienação não explica a razão do surgimento da alienação. Onde surgiria esse fenômeno? Em que ponto ele surgiria? A alienação é um "ponto" em que a experiência real é ignorada em prol de um prazer momentâneo que não muda a condição precária da vida em si mesma. Ela pode ser forjada socialmente por meio da educação, da mídia, dos influenciadores. Ela pode ser forjada por uma vida dedicada a drogadição como escape da realidade. Estamos imersos num corpo social e esse corpo social determina, em parte, naquilo que creremos.


A última afirmação do parágrafo anterior é, no entanto, inconclusiva. Todos temos uma formação social e estamos dentro de uma sociedade, isso soa determinista. Se estamos determinados sociologicamente, como podemos, então, ter um pensamento fundamentalmente diferente da sociedade que nos originou? A resposta para essa pergunta é: aquilo que nos é passado por meio de uma série de propagandas e aquilo que ocorre na vida do dia a dia sempre se encontram em choque. É por isso que começamos a imaginar e a teorizar um mundo diferente do nosso e das crenças que nos passam.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Intimação a Si #2 - E quando adaptar-se torna-se negar-se, o que sobrou do resto que havia em mim?




1. Imerso em tensionalidade, busco um pouco de fuga no sossego. A música sacra se encontra ao lado de minha libidinosidade deturpada. Amá-lo é ofender a quem amo, não amá-lo é negar a profundidade do que sinto. 

2. O que sobra de minha leitura? Talvez a realidade a qual me choco. Amo-o como amo a catedral. Só que pode o inferno posicionar-se tal como se fosse o céu? Por um lado, a construção de uma vivência super-egóica, por outro a romântica-sexual que, tal como um Deus-Vivo, a tudo evade. Nada pode deter o amor que sinto, só a ansiedade neurótica do condicionado que condiciona sempre ao enquadro.

3.  Se ele é bom ator, ator o suficiente para separar o teatro da vida, como eu que pouco sei de teatro posso alcançá-lo nessa originalidade que ao palco se sobressai pelo coração pulsante que a vida deseja e a sociedade escapa? Quero-o. Desejo-o tanto quanto sinto que a minha carne é de carne. Só que o que temo é esse corpo imaterial a qual chamamos de sociedade. 

4. Sinto que meu coração que hoje se homorromantiza fosse tão de fogo quanto o coração queimante de Agostinho de Hipona era de fogo. E quando ele está a queimar meu coração até meu corpo se queima e sente a minha alma. Tão empírico quanto Aristóteles meu corpo pulsiona, tão idealístico quanto Platão minha alma transcende e aos céus se direciona. A metafísica celeste e a homossexualidade dançam numa dialética que ao meu coração agrada!

5. E quando adaptar-se torna-se negar-se, o que sobrou do resto que havia em mim? Com o bater do martelo, vem-me só o desejo de para sempre amá-lo.