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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Philosophy" de Roger Scruton (lido em inglês/Parte 1)

 


Nome:

Philosophy Principles and Problems


Autor:

Roger Scruton


Para que serve a filosofia? Essa é pergunta é extremamente fundamental e extremamente necessária. Ao mesmo tempo que pode surgir de forma completamente instrumental e carregar outro sentido: eu vou ganhar dinheiro com o estudo da filosofia? Ela também pode apresentar outra questão: para que eu usarei a filosofia em minha vida? Todos esses posicionamentos são relevantes e devem ser considerados.


Existe algo muito interessante na filosofia. A filosofia é inevitável. A filosofia é um saber de marca maior, visto que é um saber que se direciona a todas as coisas. Quando fazemos uma pergunta filosófica, fazemos uma pergunta sobre um determinado conhecimento. Ou seja, a filosofia é um saber sobre um saber. Quando entramos num questionamento sobre a filosofia, sobre a sua utilidade ou sobre a sua natureza, já estamos filosofando. Aí é que mora o perigo: a filosofia pode ser um processo que, na sua maioria das vezes, é inconsciente.


A filosofia é tão universalmente praticada que se esquecem que ela existe até mesmo quando a praticam. E isso faz com que esqueçamos que ela existe, pois ela habita o nosso inconsciente, pois estamos imersos na questão filosófica. O ser humano é, por natureza, um ser filosófico.


Entendermos a razão do mundo, entendermos o que essencialmente estamos buscando, essa é a razão filosófica. A filosofia é a busca de sentido. A busca por um sentido que antecede e justifica a ação que tomamos dentro do mundo. Sem filosofia, nada faz sentido. Tudo vira uma aparência na qual estamos imersos. A razão filosófica é sair das aparências.



terça-feira, 22 de agosto de 2023

Acabo de ler "Historia Mínima de la Guerra Civil española" de Enrique Moradiellos (lido em espanhol)




Escrever sobre um conflito tão exaustivo e marcante nas poucas palavras que o Instagram permite é uma certa espécie de martírio. Porém não falho ao meu compromisso intelectual de estudar e analisar, mesmo que sem a minúcia necessária, o universo hispânico (seja este em sua origem ou em suas variações).


Quem estudar espanhol terá um mundo a se abrir diante de teus olhos. A história de inúmeros países e, igualmente, muitíssimos autores aparecer-lhe-ão em companhia para que amadureça em visão de mundo, relativizando a estreita visão de outrora e abarcando um novo grau de horizonte de consciência. A história marcar-lhe-á a alma a ferro e fogo, para que tu crenças na medida do mar imenso e profundo que desbrava.


A guerra civil espanhola teve uma configuração muito importante. A  Alemanha e a Itália estiveram ao lado de Franco, porém a União Soviética manifestou-se a favor do regime republicano. A participação de anarquistas, comunistas (marxistas) e socialistas também foi de suma importância. A neutralidade da Inglaterra e a permissividade da França foram pontos graves.


Tratava-se duma guerra entre um lado tradicionalista (católico e monárquico), de tendências fascistas e outro lado de tendências mais laicas, dominado por uma mentalidade mais própria da modernidade ou até mesmo do socialismo ou do anarquismo. Um lado vendo o outro como intolerável.


Todos já sabemos o fim que levou. A vitória de Franco não seria estrategicamente um grande auxílio ao Eixo (Itália, Japão e Alemanha), todavia afastaria a Espanha duma posição energicamente contrária aos seus interesses. Já a União Soviética, neste tempo ainda sem seu gigantesco arsenal militar, não seria suficientemente capaz de sustentar uma revolução socialista ali com sua baixa capacidade produtiva e produtos fora do padrão de excelência que um dia conquistaria. Mesmo que se possa dizer que outra república socialista ser-lhe-ia de grande ajuda.


Uma luta tão multifacetada, tão demonstrativa das contradições históricas não pode ser ignorada por qualquer um que goste e queira estudar seriamente o mundo.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Acabo de ler "1776" de David McCullough

 



"Queremos grandes homens que, quando o destino se zanga, não se sentem desencorajados"
Coronel Henry Knox

Uma simples colônia, vendo-se afrontada, decide atacar a força armada mais poderosa do planeta. Com um bando de camponeses famintos, de roupas rasgadas e de nenhum treinamento militar de caráter suficiente, inicia-se uma guerra com um inimigo muito maior e mais bem preparado. Os comandantes dessa operação suicida também não eram homens preparados, tinham até uma formação deficiente na arte da guerra.

Uma história cheia de acúmulos de problemas, que se sucediam um após o outro, não poderia dar certo. Na verdade, teria tudo para dar errado. Em grande parte do tempo, o exército americano simplesmente esteve a fugir e viu toda a sua força desgastada e a sua imagem desmoralizada. Mesmo em uma situação tão adversa, a guerra continuou. Uma batalha não é feita só de fadiga física, ela também se localiza na exaustão psicológica. Muitas vezes se questionou a possibilidade de ir adiante. Muitos queriam rendição, outros eram até mesmo favoráveis à Inglaterra.

Washington, líder revolucionário e comandante da operação, é descrito nesses termos: "Ele não era um brilhante estrategista ou tático,  nem um orador talentoso, e também não era um brilhante intelectual". Como é que então um homem tão simples pôde vencer a mais poderosa nação da Terra? A resposta dada pelo autor do livro é: "a experiência foi sempre o seu maior mestre" e também "nunca se esqueceu de tudo que estava em risco, e em momento algum desistiu".

A história dessa guerra é mais do que uma simples leitura da história. Ela é também um convite para a guerra. Ela nos inspira a seguirmos em frente, enfrentando as adversidades com labuta. Pode-se dizer que ela tem um importante núcleo inspiracional e ensina-nos a importância da persistência e coragem, mesmo que nas horas mais inacreditavelmente sombrias.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Acabo de ler "Qualquer Coisa Serve" de Theodore Dalrymple.

 


    Acabo de ler "Qualquer Coisa Serve" de Theodore Dalrymple.

    "Não odeio religião - na verdade, sou mesmo a favor dela. Assemelho-me a Gibbon, que ao tratar do sincretismo religioso romano declarou, admirado, que o povo achava que todas as religiões eram igualmente verdadeiras, que os filósofos as julgavam igualmente falsas e que os magistrados as consideravam igualmente úteis, sem porém haver qualquer conflito sobre o assunto. Ou seja: a religião era útil por melhorar o comportamento humano e mantê-lo lícito".

    Dalrymple é um dos escritores que mais gosto devido a sua escrita sarcástica que, muitas vezes, leva-me a várias risadas durante a leitura. O mais interessante é que Dalrymple é um homem que dá análises de situações extremas que, por sua extremidade, sempre levam ao aguçamento de minha curiosidade.

    Grande parte da escrita de Dalrymple se deve ao seu contato direto, sua experiência pessoal, com criminosos, com ditaduras e com países subdesenvolvidos que sofrem de violência extremada. E não para por aí, a própria vida investigativa de Dalrymple contempla o estudo de várias experiências perigosas que tomaram forma de literatura. Estudar a questão do mal é, para ele, um assunto sempre novo e interessante.

    Creio que as várias experiências com "o problema do mal" que Dalrymple vivenciou o levaram ao seu ceticismo político e seu pessimismo antropológico, tornando-o um intelectual conservador. Não um intelectual conservador qualquer ou algum fanático político. Dalrymple está longe de ser um reacionário bolsonarista ou coisa análoga, muito pelo contrário: ele é um brilhante intelectual, com uma erudição vastíssima e um reportório argumentativo inigualável. Não só isso, como já disse anteriormente: muito de seu posicionamento intelectual surge de uma experiência direta com o problema tratado.

    Não me senti nem minimamente entediado em nenhum momento da leitura da obra, sempre fiquei impressionado pela riqueza vivencial e intelectual de Dalrymple. E, mais do que isso, tive muitas boas risadas com o sarcasmo do autor.