Esse livro apresenta um tamanho maior que o seu anterior, o que torna surpreendente a evolução da autora como um todo, já que ela evolui e muito a sua capacidade narrativa e de construção de universo literário. E é sempre incrível ver como as peças se encaixam nos livros de nosso bruxo predileto.
Apesar de alguns dizerem que é um prólogo ou preparamento aos outros livros, não posso concordar com essa frase e tenho lá as minhas razões. Creio que cada produto cultural apresenta um processo que é diferente, já que a intencionalidade não é a mesma. É preciso ver além daquilo que é demonstrado no corpo total da obra, analisando ela em seu conjunto e em sua parte. A parte reflete o produto total, porém deve também ser analisada por si mesma.
Nesse livro, vemos um Harry mais sentimental e preocupado com as consequências de suas ações. Ele vai, aos poucos, tomando maior consciência de si e revisando seus atos em uma postura autocrítica, sobretudo no final da obra. A relação com os outros personagens igualmente aumenta em substância. Os personagens ganham peso psíquico, histórico e atitudinal. Com a história ganhando cada vez mais complexidade, sentimo-nos satisfeitos com o desenrolar da trama, embora não possamos nos sentir tão felizes com o desenrolar das ações inconsequentes de Harry - ele é adolescente, isso pesa ao seu favor. O que se pode esperar é um desenvolvimento posterior, já que ele se depara (spoiler) com a morte de seu padrinho e terá que arcar com essa responsabilidade.
O que temos nesse livro é: alta densidade política, os sentimentos que são desenvolvidos e a própria caracterização de um mundo cheio de perigo. Tudo isso é de suma importância para o desenvolvimento de cada personagem, já que tudo se torna cada vez mais sério e toda ação termina em consequências trágicas ou dificilmente contornáveis. Harry tem que se desenvolver mesmo que seja à força e começa a entender melhor que o mundo não é tão colorido e que o heroísmo tem um preço que foge do pacote fechado de "felizes para sempre". Termino o livro com a boa sensação de que me deparo com uma obra cada vez mais adulta.