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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Acabo de ler "Modelo Argentino para El Proyecto Nacional" de Juan D. Perón (lido em espanhol)




Pensar e estruturar o que um país deve cumprir para sanar seus problemas estruturais e adequar-se as novas regras globais que cobram uma postura determinada em seu agir é uma tarefa de difícil empreitada. Ainda mais quando o modelo político está sujeito a análise da população e aos olhos das outras nações do mundo.


Para este fim, Juan Domingos Perón trouxe um importante documento em que elenca diversos problemas e sugere, de modo bem global e consciencioso, resolucionar tais problemas. Não sem, é claro, trazer consigo mecanismos mergulhados na mais profunda dialogicidade das partes políticas que compõem a Argentina. O documento não visa um governo composto por elites, mas a unidade de todos os grupos que lá estão. Um verdadeiro governo que intercala conciliação de classes e autêntica governança unitária para o prol do povo.


Juan fala acerca da necessidade de união, de sólidos compromissos com as pautas comuns e universais. Propõe uma governança global não baseada na intimidação, mas no reconhecimento de cada nação em igualdade, liberdade e autodeterminação. Além de reconhecer que, na altura do campeonato, que o mundo está cada vez mais conectado entre si e que devemos achar mecanismos de utilização responsável dos recursos.


Documento este que, graças a inteligência e síntese do autor, envelheceu muito bem e ainda traz respostas para o tempo presente. Uma pena que suas pautas não tenham sido consideradas com a tenacidade que deveriam.


Certamente se nota, ao fim da leitura, que Perón era um estadista de grande estatura e que, atualmente, faz falta não só na Argentina, como também no debate latino-americano e mundial.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Acabo de ler "Breve Historia de la Argentina" de José Luis Romero (lido em espanhol)

 



Quem diria que eu iniciaria um livro inteiramente em espanhol já no início de 2023? Pois é, e mais do que isso: analisar livros escritos em espanhol se tornará prática comum daqui em diante.


A Argentina desperta curiosidade por ser, aparentemente, a nossa maior rival. Embora talvez eles vejam essa figura no Chile. Sua história é bastante assemelhada com a nossa: um país que foi colonizado e teve seu desenvolvimento voltado a sua própria exploração, um país que vivenciou uma série de golpes e rupturas institucionais, um país que sofreu nas garras de tiranetes que tinham por fim a dominação política e territorial.


Se seu desenvolvimento se deu em razão de sua própria condição exploratória, as ideias liberais que pipocavam na Europa lhe trouxeram uma visão problematizadora de sua relação com a sua "dona". Conflitos sociais se acentuaram em seu seio na medida em que os tradicionalistas - usualmente ligados ao regime espanhol por privilégios - conflitavam com aqueles que sonhavam com a sua pátria liberta.


Mesmo após a sua libertação, a unidade de sua nação foi posta em cheque várias vezes por caudilhos que queriam preservar seus domínios territoriais. Também havia a questão de Buenos Aires que relutou por muito tempo se integrar com o restante do país. Quanto menos um território era ilustrado, mais resistente demonstrava-se para com mudanças essenciais.


Outra questão que lhe marcou é a forma como Perón conduziu o poder e gerou um importante legado político - que até hoje a marca - e a forma com que ela mudou alternativamente entre o liberalismo e o nacionalismo. Assemelhando-se a típica instabilidade latino-americana.


Sem dúvidas, um livro fantástico e que marcarei em meu coração pela beleza de sua história e, igualmente, por ter sido o primeiro livro que li em espanhol.