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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Acabo de ler "Porfirio Diaz y su Obra" (lido em espanhol)

 



Essa estranha obra que me chegou ao acaso é, em muitos pontos, bem assemelhantada com uma hagiografia e, em alguns pontos, traz potentes informações históricas que, todavia, não adquirem o rigor preciso pela sanha de deificar a figura de Porfirio Diaz.


Não saberia dizer em que ponto as informações mentem, em que pontos exageram, em que ponto são verídicas. A imaginem que tenho, como homem do século XXI, não é a de uma beatitude messiânica sobre a assombrosa imagem ditatorial de Porfirio Diaz. Se essa obra foi criada pelo próprio Estado como propaganda cultural para manter uma imagem de bom moço de Porfirio, não o sei. Se for um item privado, a(s) pessoa(s) que criaram sofrem dalgum problema de fanatismo político histérico.


De qualquer forma, neste livro somos coroados com uma projeção imagética de Porfirio Diaz como um estadista insuperável. Um homem indumentado pela virtude e despido de pecados. Todos os atos dele adquirem um tom de milagrosos, como que a realização profética dum semideus apoiado pelo próprio Olimpo para o cumprimento de sua divina vontade.


Curiosamente, além de dar ares santarrões ao ilustríssimo Porfirio, deu-se também aos seus familiares. Porfirio é, neste livro, colocado de forma aterradora e sistemática como um messias em todos os mais diversos campos possíveis. Não só isso, sua figura é tão grandiloquente que deve ser copiosamente macaqueada por todos os mexicanos - e, quiçá, por todos os homens da Terra.


Críticas à parte, o livro traz uma importante documentação da imagem que o povo mexicano hipoteticamente tinha de Porfirio Diaz. Além de dados biográficos que, se bem entendidos, dão o enredo que explica como este homem chegou ao poder. É esclarecedor também dizer que não pode ser uma total falsificação da história, mas igualmente não é um documento de todo verdadeiro devido ao alto padrão apologético que se encerra dentro desta tão equidistante mensagem para cidadãos de meu século - na qual, evidentemente, incluo-me.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Acabo de ler "Breve Historia de la Revolución Mexicana" de Felipe Ávila e Pedro Salmerón (lido em espanhol)

 



Pouco tempo antes da enorme convulsão que tomou forma de revolução, Porfirio Díaz governava o México com mãos de ferro. A serviço das grandes elites nacionais, ignorava os grandes desajustes sociais que, mais cedo ou mais tarde, trariam enormes dificuldades na governabilidade do país.


Desde cedo, verificou-se um caráter acentuadamente campesino na revolução mexicana. O assalto das elites pelas terras gerou um processo traumático acumulativo através dos tempos e um desejo de justiça - que foi bastante ignorado. Desta conjuntura, surge um homem radicalmente democrata chamado Madero que clama aos homens por uma reforma. Sendo incapaz de aplicá-la, logo recorre à revolução. O próprio Madero, homem de forte amor à democracia, mas por demasiado tíbio em suas reformas, acabaria assassinado.


É difícil precisar as debilidades do México, um país que carecia de desenvolvimento e foi bastante invadido. Não só pela agressão estadunidense, mas igualmente francesa. A luta por sua real independência e autonomia se realizou em grande parte pelos anseios legítimos por igualdade, desenvolvimento, liberdade e paz. Nesta luta temos Zapata - que também seria assassinado.


Nesta luta contínua, cheia de golpes e traições, vingaram-se contradições que geravam mais conflitos. Questões religiosas, questões territoriais, questões econômicas, educacionais. Sucedem-se presidentes e golpistas num processo convulsional no qual perguntamos quando haverá estabilidade.


De qualquer modo, o estudo da Revolução Mexicana - mesmo que traída pelos sucessivos governos posteriores -, traz uma percepção diferente da América Latina. É difícil olhar para uma história tão sofrida e tão instável sem se chocar - e, em meu caso, chorar. Por outro lado, devemos continuar caminhando, mesmo que em angústia, pelo nosso sonho civilizacional.