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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Acabo de ler "O maior perigo do Islã: não conhecê-lo" de José Tadeu Arantes

 



O fenômeno do islamismo no Brasil é tratado como permanente incógnita que, bem ou mal, gera um tensionamento psíquico. Usualmente, assombrado por uma má compreensão de sua realidade, a mídia trabalha numa visão maniqueísta de que a religião islâmica é um reduto de radicais, uma horda de fanáticos. A má compreensão midiática e sensacionalista vem a se juntar com teses duma direita neoconservadora que empobrece ainda mais a compreensão dessa grandiosa religião.

Ao contrário do que se pensa, a situação do Islã e de seus seguidores nunca foi de parco desenvolvimento ou de radicalidade em questões doutrinais. Muito pelo contrário, enquanto o Ocidente submergia na decadência cultural gerada pelo enrijecimento cultural, o mundo muçulmano gozava, além de maior desenvolvimento, de uma cultura intelectualmente pujante. O que não é muito tratado pelos setores da intelectualidade acadêmica e, muito menos, é de conhecimento geral de nosso povo.

Existem, também, outras explicações plausíveis acerca do subdesenvolvimento atual dos países islâmicos - embora seja um fato que, no momento em que escrevo esse texto, existem países muçulmanos com maior IDH que o Brasil. Uma delas é a própria sustentação econômica que os EUA deu a radicais para frear a expansão do socialismo soviético e que posteriormente acabou por gerar problemas dos EUA com países muçulmanos.

De qualquer modo, o islamismo é, para mim, não algo que causa medo ou desgosto. É-me uma grande tradição religiosa que merece, por nossa parte, uma amplitudização de consciência, entendimento e empatia.

domingo, 7 de novembro de 2021

Acabo de ler "Islam em seus princípios" do Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji.

 


    Acabo de ler "Islam em seus princípios" do Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji.


    Em nossa sociedade brasileira, a religiosidade ficou resumida a uma binariedade chamada "judaico-cristã". Essa redução, ou, melhor, esse "reducionismo" não coopera com um real desenvolvimento de um pensamento religioso mais maduro em nosso país. Se fala muito do cristianismo, um pouco do judaísmo e não se aceita nada além disso. Até mesmo o "Islã" é negado por aqui, e o Islã é parte das religiões abraâmicas - querendo ou não.

 
    Para os muçulmanos, o maior milagre existente é a obra completa de Deus em forma de livro. Logo, o milagre entre os milagres, é propriamente o Alcorão. Alcorão que é, para eles, o livro mais completo e a mensagem plena de Deus. O Alcorão é livro final, a versão definitiva da longa jornada que passou por vários escritos religiosos.


    É interessante observar que esse livro não é sunita, mas xiita. E é o primeiro livro de "teologia xiita" que li, o que foi uma experiência bastante interessante para o amadurecimento do meu estudo sobre obras religiosas. A parte em que o autor cita, por exemplo, o imamato (os doze imames) é particularmente interessante.


    A mensagem do Islã, em sua universalidade, visa a superação da ignorância através da "senda reta". Para os muçulmanos, a mensagem de Alá não se encontra racialmente delimitada, não se prendendo a povo algum. E, em muitos pontos, o Islã apresenta uma forte jurisdição social para a harmonia social - muito mais característica que a presente na Bíblia. E é incrível como podemos achar pontos em comum entre o Islã, o cristianismo e o judaísmo.


    O livro também cita momentos em que Jesus fala de um "sucessor". Aquilo que os cristãos interpretam como o "Espírito Santo", os muçulmanos compreendem como Muḥammad. Coisa que, até então, eu nem tinha percebido e me ajudou fortemente a compreender a teologia islâmica em sua conexão com a bíblia cristã e, também, a judaica. Pretendo ler os outros livros posteriormente, já que ajudam demais no entendimento do Islã.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Acabo de ler "Literacia no Islã"

 


“Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia.” (Alcorão 96:1-5) 


    Acabo de ler "Literacia no Islã". Documento de caráter histórico, mas também teológico. Fortalece ainda mais o meu respeito por essa admirável tradição religiosa e a necessidade de diálogo e abertura.


    A primeira palavra revelada para Muhammad é "lê". A leitura é o primeiro milagre: a importância da leitura se dá como ato primordial no Alcorão. Poder-se-ia dizer que a literacia - arte do letramento, da interpretação, da escrita, da compreensão - é parte constitutiva da religião islâmica. É baseado nesse mandamento divino que Muhammad seguiu a sua vida criando condições de estudo, em diversos círculos, por onde passava para que a religião aumentasse. 


    O Islã é tão impulsionado pela literacia que diz até mesmo que Alá facilitará o paraíso para aquele que estudar. A busca por conhecimento facilita o paraíso. Essa característica marcante fará com que a educação islâmica entre em complexidade constante, sempre aumentando o número de tópicos e aprimorando a técnica intelectual de passagem de conhecimento. Aprendia-se com enfoque no Alcorão, mas também buscava-se o conhecimento em outras partes. Tal fato é tão constante que enquanto o conhecimento no mundo europeu ficava restringido a certos círculos religiosos, Bagdá tinha as suas bibliotecas públicas que possibilitaram o estudo de forma mais comum, abrangente e democrática. 


    Quando Bagdá foi atacada, parte dos livros que ali estavam se perdeu. E muitos de seus moradores tinham livros como aspecto lendário. O amor ao conhecimento era transbordante, transbordante a ponto de se tornar até mesmo uma regra estética da cidade. Uma frase de brincadeira ilustra brilhantemente esse pensamento: “É uma antiga doença no Iraque - as pessoas gastam seu dinheiro em livros, não em comida”. Poder-se-ia dizer que a frase de Cristo: "Jesus respondeu: :Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus'" (Mateus 4:4) é aplicada ao mundo islâmico num sentido intelectual-espiritual.