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quinta-feira, 3 de julho de 2025

Acabo de ler "MAGA: The Covert Call for Colonialism's Come Back" de Janga (lido em Inglês)

 


Nome:

MAKE AMERICA GREAT AGAIN (MAGA): THE

COVERT CALL FOR COLONIALISM'S COMEBACK 


Autor:

Janga Bussaja


Quando o movimento MAGA ia se delineando, algumas propostas iam se estabelecendo retoricamente. Dentre elas, as principais eram: protecionismo econômico, restrição de imigração, retorno aos valores americanos tradicionais. Todas essas promessas eram emaranhadas por uma visão mística e nostálgica do passado americano.


Essa visão mística e nostálgica tinha como referência uma visão da hegemonia americana. Uma visão que acompanhava a ideia de que os Estados Unidos estava em decadência e que a segurança econômica não era mais uma garantia. O que havia no passado? Os Estados Unidos eram fortes, o papel da religião era garantido na esfera pública, a visão de mundo era provavelmente estável. Além disso, o papel de cada americano era pré-configurado e inquestionável: raça, etnia e condição socioeconômica cumpriam os seus deveres.


Não muito estranhamente, a retórica de Trump conecta-se com o supremacismo branco, com o fundamentalismo cristão e com a decadência dos políticos do establishment — dentre os quais os antigos conservadores do Partido Republicano. O movimento MAGA encontrou um sólido apoio na nova mídia americana. Breibart News e Fox News tornaram-se uma referência midiática pro movimento.


O movimento MAGA não é um ponto fora da curva da história dos Estados Unidos. Ele possui raízes históricas no próprio período de colonização. Os Estados Unidos foram fundados com base na exploração e subjugamento dos povos nativos e no comércio transatlântico de escravos negros. Um sistema de opressão e desigualdade cresceu lado a lado com a história americana — não fora, mas dentro. A destruição e marginalização do povo indígena ocorria também, lado a lado, com a importação e escravização do povo negro.


Na parte discursiva e narrativa, construía-se uma racionalização: o discurso da superioridade racial branca ao lado da superioridade cultural, o racismo científico acompanhado e brindado pelo mito da superioridade branca. Tudo isso criava um ambiente propício pro racismo sistêmico. Esse passado dos Estados Unidos reverbera até hoje na mentalidade do povo americano.


O movimento MAGA tem uma retórica que contempla uma elite corrupta e um virtuoso povo. Sua identidade é baseada num fervor nacionalista e práticas de exclusão. Um passado mitológico estabiliza e dá uma noção de prosperidade que os Estados Unidos há muito tempo não contempla. Existe também a demonização de grupos marginalizados, como pessoas de cor e imigrantes. Um cenário complexo e um prato cheio para análise.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Acabo de ler "Proposta ou Abordagem Triangular: uma breve revisão" de Ana Mae Barbosa

 



Quando refletimos sobre a arte devemos refletir de forma contextualizada, relativizadora e desalienante para que possamos ver a nós e aos outros de forma norma, pensando de forma crítica e conscienciosa.


Quando a burguesia criou a sua produção, ela precisava dum público consumidor. Para tal, ela reforçou um modelo de assimilação alienatória. Este modelo tinha muito a ver com a apreensão de objetos culturais - e também normas e valores - produzidos pela burguesia. Criou, com isso, uma dupla condição:

I- A venda de seus produtos culturais;

II- A assimilação de seus valores de forma imperceptível para a maioria das pessoas.


O modelo de cópia ou o mero consumo dos produtos, sobretudo aqueles produzidos pela indústria cultural, pode incorrer numa postura grosseira em que uma série de valores e normas culturais são psiquicamente naturalizadas como a realidade em si mesma e são reproduzidas por uma sociedade de modo acrítico. De tal forma, esse modelo de alienação pode ser aplicado por classes dominantes para arrefecer as classes dominadas ou por países dominantes contra países mais fracos.


A abordagem triangular é um modelo baseado na contextualização, na relatização dos valores e normas que regem o funcionamento das sociedades, na postura que temos diante do outro e de nós mesmos. É um modelo que pensa e age de forma crítica, possibilitando uma percepção social e uma autopercepção. O que vai contra as práticas de alienação e busca uma via de libertação pela arte. Buscando uma vida carregada de sentido, um devir artístico e descobertas múltiplas: sociológicas, antropológicas, geopolíticas, psicológicas, artísticas.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Acabo de ler "A Igreja no Brasil-colônia" de Eduardo Hoornaert

 



O livro, escrito por um sacerdote católico, traz uma abordagem bastante crítica da história da Igreja no Brasil colonial. Sendo bastante contundente, traz uma diferenciação entre o tratamento dados aos povos indígenas e aos povos africanos. Além de estabelecer diferenças entre as diferentes ordens e como atuavam dentro do território do Brasil colonial.


A missão da Igreja no Brasil se confundiu com os objetivos colonizadores portugueses muitas vezes, levando até mesmo a perda de seus critérios messiânicos e evangélicos em prol do empreendimento português. Um exemplo claro disso é a forma com que parte da sociedade requeria o trabalho escravo indígena e como se posicionaram as diferentes ordens católicas frente a esse posicionamento. Os jesuítas tenderam a desfavorecer essa iniciativa, já outras ordens se posicionaram com favorecimento dessa causa.


Por outro lado, houve uma diferença de tratamento bastante clara entre o indígena e o africano. O africano tendeu a ser abandonado a sua própria sorte e o indígena gozou do privilégio de algum respaldo das instituições religiosas. Houve também uma utilização maléfica da fé para fins de submissão, como um grande veículo cultural que implantava mensagens alienantes em prol da subserviência dos outros povos não-europeus. Diferenças de tonalidade de pele também foram usadas como critérios hierárquicos nas instituições eclesiásticas.


O mais interessante é que o autor da mensagem, bastante crítica para com a história da Igreja no Brasil, é um sacerdote e como ele se propõe a uma leitura imparcial e autêntica. Provando a capacidade modernizadora da própria Igreja Católica como instituição e como doutrina cristã.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Acabo de ler "A Ilusão Americana" de Eduardo Prado

 



A América Latina encantou-se por muito tempo com os Estados Unidos da América. Isso se dava pela a concepção errônea de que a Doutrina Monroe garantiria uma defesa unitária dos interesses de todos os cidadãos do continente americano. O que não poderia deixar de ser mais enganoso.


O puro condicionamento servil e imitador das instituições estadunidenses e a esperança vã de que o Brasil e os Estados Unidos pudessem ter uma amizade desinteressada é um dos contos mais trágicos de nossa história. Ao contrário do que se esperava, os Estados Unidos agiu como agente desestabilizador e dominador imperialista no próprio continente em que faz parte.


Eduardo Prado, mesmo sendo perseguido por suas críticas ásperas - e desgostosamente verdadeiras -, fez de tudo para nos avisar o fim de tão trágica comédia. Mas o Brasil, enquanto eterna mulher de malandro, perseguiu e censurou o nosso caro profeta em sentido rodrigueano ("somente profetas conseguem ver óbvio", dizia Nelson Rodrigues).


É preciso colocar que o que os Estados Unidos nos reservou, seja no passado, seja no presente e, muito provavelmente, também no futuro: é o desprezo e a exigência de submissão a sua tutela parasitária e deletéria. O que deveria levar, a nível de consciência nacional, uma suspicácia sistemática para tudo que seja norte-americano.


O leitor encontrará nesse livro fantástico argumentos convincentes para entender a relação histórica do Brasil com os Estados Unidos e, igualmente, a forma geral que se fez as relações dos demais países latino-americanos com o nosso infeliz irmão do norte.