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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Acabo de ler "Breve Historia de la Argentina" de José Luis Romero (lido em espanhol)

 



Quem diria que eu iniciaria um livro inteiramente em espanhol já no início de 2023? Pois é, e mais do que isso: analisar livros escritos em espanhol se tornará prática comum daqui em diante.


A Argentina desperta curiosidade por ser, aparentemente, a nossa maior rival. Embora talvez eles vejam essa figura no Chile. Sua história é bastante assemelhada com a nossa: um país que foi colonizado e teve seu desenvolvimento voltado a sua própria exploração, um país que vivenciou uma série de golpes e rupturas institucionais, um país que sofreu nas garras de tiranetes que tinham por fim a dominação política e territorial.


Se seu desenvolvimento se deu em razão de sua própria condição exploratória, as ideias liberais que pipocavam na Europa lhe trouxeram uma visão problematizadora de sua relação com a sua "dona". Conflitos sociais se acentuaram em seu seio na medida em que os tradicionalistas - usualmente ligados ao regime espanhol por privilégios - conflitavam com aqueles que sonhavam com a sua pátria liberta.


Mesmo após a sua libertação, a unidade de sua nação foi posta em cheque várias vezes por caudilhos que queriam preservar seus domínios territoriais. Também havia a questão de Buenos Aires que relutou por muito tempo se integrar com o restante do país. Quanto menos um território era ilustrado, mais resistente demonstrava-se para com mudanças essenciais.


Outra questão que lhe marcou é a forma como Perón conduziu o poder e gerou um importante legado político - que até hoje a marca - e a forma com que ela mudou alternativamente entre o liberalismo e o nacionalismo. Assemelhando-se a típica instabilidade latino-americana.


Sem dúvidas, um livro fantástico e que marcarei em meu coração pela beleza de sua história e, igualmente, por ter sido o primeiro livro que li em espanhol.

sábado, 22 de outubro de 2022

Acabo de ler "Mitos e Falácias sobre a América Latina" de Carlos Angel

 



Achei esse livro ao acaso na biblioteca. Ao contrário do que indica a capa, o fenômeno petista não é analisado. O livro evita muito falar sobre o Brasil, vê o Brasil como algo diferente da américa hispânica. Tanto que, na absoluta maioria das vezes, o termo "América Latina" refere-se quase que exclusivamente ao território hispânico.

Em relação ao conteúdo do livro em si, pude observar uma tendência de crítica voraz não só aos socialistas radicais, mas igualmente aos conservadores caudilhos gerados pela própria desintegração da sociedade hispânica. O autor chega até a se conciliar e defender sociais democratas, muitas vezes sendo altamente elogioso as suas políticas e gosto pela democracia. A sua proximidade para com a esquerda moderada pode ser vista até maior do que pela direita enquanto tal em certos pontos.

O trabalho nesse livro é determinar as raízes dos problemas da américa hispânica. Isso o autor fará metodicamente, procurando razões que precedem até mesmo a descoberta da America. Uma das principais era a busca dos europeus por um local impoluto em que a pureza original prévia ao pecado original tinha permanecido intacta. Local que se pensou ter achado com a descoberta da América. Vem daí o indigenismo latino americano. Há também críticas sobre a fragmentação territorial da America Hispânica e a forma com que a ausência de integridade das instituições gerou um vácuo de poder que só poderia ser preenchido por quem tivesse maior força bruta (o que explica a origem dos caudilhos).

Um dos pontos que o autor baterá é a forma com que se sucedeu a revolução anglo americana (para preservar direitos) e a revolução hispânica americana (para conquistar direitos que não estavam acostumados a exercer). Parte também daí diferenças substanciais que marcam seus percursos políticos.

No geral, achei um livro bastante interessante e de argumentação rica. Pode ser um pontapé para quem quer aprender mais sobre nossos queridos companheiros.