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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Acabo de ler "Anatomy of the State" de Murray N. Rothbard (lido em inglês/Parte 5)

 


Nome:

Anatomy of the State


Autor:

Murray N. Rothbard


O Estado quase sempre acaba de duas maneiras: (I) ao ser conquistado por outro Estado pela guerra; (II) ao ser derrubado por um grupo de revolucionários. Quando o povo se move nessas duas direções, seja para o combate do Estado inimigo, seja para a revolução, movem-se pela crença de que, no fundo, estão se dirigindo para a realização da própria vontade ou para defenderem a si mesmos.


O ilusionismo coletivista sempre é, historicamente, um dos principais meios de mobilização. A palavra "nós" é algo muito difícil de se conceituar com precisão. Sim, fazemos parte de uma formação específica e estamos situados no espaço-tempo. Nossa língua talvez seja igual e quiçá tenhamos pontos semelhantes. Todavia pegar uma série de características comuns e, a partir disso, criar uma unidade perfeita de coesão é um salto argumentativo tremendo. Existem pontos, em cada indivíduo, de conexão ou de separação. No máximo, podemos falar de interesses semelhantes ou próximos em dados pontos em alguns momentos. Não há nem coletividade e nem individualidade plena.


O momento em que isso, o ilusionismo coletivista, mais ocorrer é durante uma guerra ou durante uma revolução. O Estado está particularmente interessado na guerra, já que é a partir dela que ele pode utilizar um dos maiores mecanismo de autopreservação que possui: a crença dos indivíduos de que a sociedade existente e o próprio Estado são uma mesma identidade e, portanto, possuem os mesmos fins.


Seríamos nós o Estado? Há um entretanto particularmente interessante. Se o Estado somos nós, por qual razão o Estado está mais preocupado em punir crimes contra a existência de si próprio do que crimes cometidos de um cidadão para outro? Ora, todo crime dentro do Estado, sendo a sociedade o próprio Estado, seria um crime contra o Estado e teria igual valor, não?

domingo, 7 de abril de 2024

Acabo de ler "O Papel do Encenador: das vanguardas modernas ao processo colaborativo" de Cibele Forjaz

 


Existe uma linha, aqui bastante simplificada, para entender o desenvolvimento do encenador/diretor:

1- A primeira posição seria apenas de uma pessoa que vai ajudando nos ensaios para que se acomodem a concepção artística dum dramaturgo, um papel majoritariamente tomado pela subordinação textocêntrica;

2- Posteriormente há um aspecto de vanguarda na direção teatral. O diretor começa a ser tomado como um artista e autor dum processo próprio: a passagem do texto para a cena. Ele é um adaptador e também um co-autor, visto que dá um sentido próprio;

3- Por fim, instale-se o processo colaborativo em que cada pessoa envolvida na peça do teatro adentra como coautora. Uma descentralização que tem a plena potência do vigor democrático.


Estudar a forma que o teatro passa pelo tempo é interessante. O teatro também faz parte da história humana, visto que a arte é intrínseca à humanidade. E é importante ver que a estrutura descentralizada é muito parecida com uma das principais pautas contemporâneas: o desenvolvimento das múltiplas personalidades em harmonia de reconhecimento mútuo e em conjunto para a instauração dum processo criativo.


Quanto mais o tempo passa, mais a sociedade é plural e maior é a necessidade de questionarmos a questão da autoridade e sua centralização. Visto que uma autoridade irredutível é a negação de outras subjetividades, já que elas teriam que se curvar ante a autoridade central. Nessa questão, é preciso que aprendamos a valorizar a importância de cada vida humana, sempre aprendendo com as diferenças e entendendo que cada um tem a sua singularidade. O teatro é uma arte libertacional e, por isso, adiantou-se nesse processo de aceitação da democratização tão necessário ao mundo atual. 

terça-feira, 9 de maio de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung - Capítulo 10: as etapas da vida humana"

 



Jung acreditava que a consciência surge a partir do problema. Isto é, conforme a pessoa se depara com questões mais ou menos espinhosas, mais ela vai adquirindo consciência. Outro aspecto de fundamental importância seriam os nexos que seriam criados gerando conhecimento e identidade.


Os problemas usualmente começam a aparecer conforme vamos nos tornamos mais adultos. Estes por sua vez encadeiam - fazem-nos encadear - respostas. Procuramos respostas para estes problemas - conhecimento é gerado a partir disso - e as soluções que vamos adquirindo levam-nos as ações que nos ligam a dadas ideias, grupos, locais - criando pertencimento e identidade. Daí se vê a relação entre conhecimento e consciência.


O instinto ligar-se-ia à natureza e a consciência atar-se-ia à civilização. É importante lembrar que, para Jung, o instinto continua existindo e influenciado-nos mesmo que o ignoremos, logo devemos aprender com ele em vez de sermos controlados inconscientemente por ele. E o fenômeno da busca por resoluções que ignoram o padrão primitivo encontrado em nós sempre acabam recriando soluções primitivas sem saber (veja, por exemplo, as ideologias que foram criadas para substituir as religiões e acabaram se tornando religiões políticas tão dogmáticas quanto as anteriores).


O correto, para um psiquismo estruturalmente saudável, seria a integração da parte que está faltando ou sendo deliberadamente recusada por nós. Ou seja, a unidade da totalidade de nosso ser - conseguida pela aceitação do ser na plenitude de si mesmo.

sábado, 29 de abril de 2023

Acabo de ler "Marx y los socialismos reales y otros ensayos" de Carlos Rangel (lido em espanhol)

 



De onde vem o ódio a personalidade? Provavelmente de um lado primário e pouco desenvolvido dentro de nós. Historicamente - e biologicamente, aposta o autor - estamos mais acostumados com uma mentalidade coletiva do que com uma capacidade de tomar decisões individualmente. A consciência individual é de origem muito recente.


Sendo a humanidade socialmente forjada, a adequação social se tornou um importante mecanismo para a sobrevivência. Essa busca constante por aceitação se liga claramente com um instinto. E é por isso que, ao buscarmos convalidação, caímos numa retórica tribalista e socialmente idólatra, tipicamente mundana.


Internamente, em sua estruturação primária e primitiva, a humanidade buscará um reforço a unidade primordial em que a coletividade se justificava por si mesma. Onde o peso da escolha individual era inexistente. A liberdade agoniza o ser e o faz buscar instintivamente um passado não tão longínquo onde a consciência individual era inexistente. O peso de ser pode ser diluído na tribalização em que a carga da escolha é, por obrigação, socialmente dividida.


Essa asserção, que talvez seja bastante herética para alguns, é o que guia muito do pensamento de Carlos Rangel. E a sua retórica é muitas vezes guiada por uma defesa da liberdade e da consciência individual, indo contra as fantasias reacionárias tribais de direita ou de esquerda, que sempre ameaçam a liberdade em nome duma fuga coletivista e totalitária.