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domingo, 30 de abril de 2023

Acabo de ler "Historia del Partido Democrata Cristiano de El Salvador" de Hilda Caldera (lido em espanhol)

 



O que fazer num subcontinente em que, devido a fragilidade unitária, está sempre em violentas ebulições sociais e rupturas institucionais? A verdade é que a América Latina é um local bastante hostil.


Desde o momento de sua fundação, analisou Carlos Rangel, estamos com dois problemas básicos:

1. A fundação veio duma ideia retrógrada no campo econômico, profundamente mercantilista, e igualmente retrógrada em todas as outras áreas;

2. O tecido social da sociedade colonizadora (Espanha, neste caso) estava rompido e era impossível que ela se traduzisse numa verdadeira unidade (eu plural).


O caso de El Salvador é a mesmíssima novela latino americana: uma brutal incapacidade de conviver harmonicamente, levando sempre a grupelhos e tiranetes brigando entre si pela hegemonia dentro do país sem se importar com uma real unidade nacional. Não por acaso, El Salvador foi palco duma série de problemas explosivos.


O Partido Social Cristão teve que viver e tentar mudar essa triste realidade, porém como mudá-la se o tecido social é fragmentário desde antes de sua origem? Um pequeno e bom livro, mas de um triste enredo tipicamente latino americano.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Acabo de ler "¿Por qué Argentina no fue Australia?" de Pablo Gerchunoff e Pablo Fajgelbaum (lido em espanhol)

 



Há um velho ditado que diz que "quanto pior uma situação é, mais resiliente uma pessoa ou uma nação se torna". A expectativa que se tem é essa: uma pessoa ou uma nação temperada pela angústia tornar-se-á resiliente para se adaptar ao ambiente inóspito. E essa mesma teoria justificaria, por sua vez, o pouco desenvolvimento nos países tropicais. Trata-se, evidentemente, duma resposta inadequada e simplista.


Argentina e Austrália sempre são postas lado a lado. Diz-se que há, entre as duas, condições similares tidas como pressupostas e a primeira, a Argentina, é tida como uma derrota; enquanto que a segunda, a Austrália, é um caso duma vigorosa vitória e se desenvolveu de forma singular. O livro trabalhará lidando com esse pensamento em pauta.


Localizadas em lugares diferentes e formas de colonização diferentes, as duas encararam questões muitas vezes se forma similar. Entretanto as dificuldades da análise supõem que existe mais do que tal simplismo. A Austrália teve uma independência de caráter mais pacífico, já a Argentina uma independência turbulenta. Fora isso, a Austrália não encontrava inimigos e competidores perto de si. Além de que, durante um longo tempo, a Austrália foi privilegiada pela sua relação geopolítica mais sólida e uma política menos condicionada pelas turbulências chauvinistas tipicamente latino-americanas. 


O leitor verificará que a Austrália teve uma localização geopolítica que a rendeu grandes importadores: logo que o desenvolvimento asiático se sucedeu de forma acelerada, este por sua vez necessitou de recursos provindos da Austrália. Essa troca foi benéfica e essencial para seu desenvolvimento atual.


A Austrália foi guiada por uma dialogicidade democrática, uma permanência de respeito institucional e políticas econômicas mais sólidas e menos isoladas, vencendo a defasagem temporal e sendo competitiva. Por outro lado, a Argentina teve um ambiente inóspito, rupturas institucionais, grandes períodos ditatoriais que retardaram seu desenvolvimento político maduro. Além da relação geopolítica e econômica menos vantajosa.