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quinta-feira, 21 de julho de 2022

Prelúdios do Cadáver #12 - Sem Sentido

Publicado em 05/10/2018


Sonho quente que vem me atormentar, por que você é sempre tão assim? Ó aranha robusta, aqueça-me a volúpia. Laranja, fanta laranja de domingo. Voando pelo alto céu, caindo reversalmente num abismo em direção ao Sol e a total aniquilação.


Menina, amor meu. Menina, sonho meu. Menina, sua corporeidade antropomórfica é tão atrativa. Seu delicioso aspecto cervulíneo. Sua comissão de frente é tão saliente. O que faria, se não desejá-la? Desejo-a intensamente. Desejá-la-ia ainda mais se tu me deres a chance.


Ah, os sonhos da juventude. Pipocando em minha cabeça. Supõe uma condição irrealista. Ó minha maldição idealista. Tu me ferras! Ferraste-me pois nunca poderei alcançá-la. Por que tenho tantos sonhos vãos?


Doce de leite, querido doce de leite. Como com um bocado de goiabada. Que delícia, delícia fundamental. Hey, hey, hey! Delicioso doce de leite, minha vida amarga tu vais curar.


Olá, olá, senhor Sol. Como o senhor está? Está bem quente aí? Ah, desculpe-me, o senhor é o próprio calor. Perdoe-me a incoerência!


O Sol vai-se. A noite chega. Meus sonhos eram ilusões. Eu não sabia que eram, por conta disso estou triste. Sinto-me destruído por dentro. Eu quis seguir o impossível, descobri que quanto maior a idealização maior é a queda. Eu quero explodir todos vocês. Quero aniquilá-los! Eu não suporto isso!


Querida Lua do céu! Vou chegar até a ti. Beijá-la-ei! Tu serás meu eterno conforto. Minha alma repousar-se-á em ti!

Prelúdios do Cadáver #4 - Sinto Raiva

Texto publicado em 16/06/2018


O tempo passa e eu não sei o que estou a fazer de minha vida. A única que venho ficado a sentir, nos últimos tempos, é uma cólera abismal misturada com frustração colossal e com um punhado de letargia zumbificante.


Não sinto vontade de nada. Só sinto a letargia. A letargia devora-me por inteiro. Tenho vontade de ficar parado, deitado ou sentado e sentir a agonia consumir-me por inteiro. O tempo escaparia dolorosa e lentamente. Perguntar-me-ia novamente: “Quantas vezes já me senti assim?” ou “Quantas vezes esse ciclo repetir-se-á causando-me dor e sofrimento?”. Então eu teria as memórias invadindo-me, recordando-me amargamente de toda a minha vivencialidade obtusa.


Tento ler e tento escrever contra a minha própria vontade de nada fazer: acabo por escrever essa porcaria de texto mal inspirado. Tudo que crio é vazio. Tudo que crio é sem sentido. Tudo que crio é destituído de sabor. São criações mortas, criações sem vitalidade. Um produto acinzentado e nojentamente preparado. Tudo isso vem de minha interioridade, tudo isso é o próprio estado de minha interioridade.


Ouço só música cristã e harmônica. A mesma não me traz felicidade, a mesma não me traz alívio nenhum, é uma forma de busca de salvação desesperada. Talvez eu busque um escape mágico. Talvez eu busque fugir de meus pensamentos. Talvez eu busque fugir de mim mesmo. Talvez eu busque simplesmente não aceitar a mim mesmo, esse é sempre meu dilema!


Matar-me-ia se eu pudesse. Estrangular-me-ia mil e uma vezes se necessário. Violentar-me-ia se eu pudesse. Toda a angústia cessaria assim que eu cessasse de existir. Não haveria mais letargia. Não haveria mais ódio. Não haveria mais frustração. Violência autocentrada contra a existencialidade nauseabunda. Morte e desistência da futuridade. Só o adiantamento do fim!


Prelúdios do Cadáver #3 - Síndrome de Underground

Texto publicado em 27/05/2018

Sou um otaku no sentido japonês do termo. Isso significa que sou uma pessoa aficionada em certos assuntos e trato-os de forma inusual. Também significa que sou uma típica pessoa ultra singularizada e que causa certa estranheza. Não me envergonho disso, na verdade: orgulho-me disso, o fato é que ainda não estou tão habituado ao deslocamento. Posso optar por uma vida mais normalizada com assuntos que são de meu puro desinteresse e perder gradualmente minha própria personalidade para viver socialmente ou habituar-me com uma certa dose de solidão e solitude que se confundem e entrechocam.

Na vida social, existem uma série de assuntos comuns que dão a chave para a preservação da sociabilidade. O “problema” é que muitas pessoas fogem desse delimitado número de assuntos comuns. Há um fator duplo: sou solitário quando eu quero e quando eu não quero. Ainda não encontrei a solução para a preservação da singularidade e da vida social.

Em certo sentido, sofro com a chamada síndrome de underground. Não sabem o que é isso? É uma síndrome que faz com que eu desgoste de tudo que é majoritário. Há pouco tempo atrás, eu gostava de política. Gostei de política até a maioria das pessoas interessarem-se por política. Quando vi que a maioria das pessoas começaram a se interessar... Entrei em crise, meu mundo underground entrou em colapso e tive de procurar uma nova identidade. Isso prova que caminho para um dado tipo de singularização voluntária e constituinte de minha personalidade.

Acho que meu destino é ficar saindo do caminho da maioria. É meio solitário, mas não vou negar que gosto dessa solitude. Escreverei sobre isso novamente mais tarde. Sinto que preciso de mais experiência para descobrir no que isso dará. Até lá, nada poderá ser afirmado.