terça-feira, 28 de junho de 2022

Um ano de Cadáver Minimal

 


O blog tá fazendo um aninho e eu nem tenho o que falar. Infelizmente, não tenho nada de especial para lhes dar. Ao menos não agora. Só que para felicidade geral da nação, não venho de mãos vazias. Trago-lhes o meu canal do YouTube em que realizo narrações de textos, alguns encontrados nesse mesmo blog e outros de outras pessoas!

https://youtube.com/channel/UChS1QmDXtyHvJktE9NlwAYw

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Acabo de ler "O Napoleão de Nothing Hill" de G. K. Chesterton

 



"E no mais escuro dos livros de Deus está escrita uma verdade que é também um enigma. É das coisas novas que os homens se cansam – modas, propostas, melhorias e mudanças. São as coisas velhas que assustam e intoxicam. São as coisas velhas que são jovens. Não há cético que não sente que muitos duvidaram antes. Não há homem rico e volúvel que não sente que todas as suas novidades são antigas. Não há adorador da mudança que não sente sobre o pescoço o grande peso do cansaço do universo. Mas nós que fazemos as coisas antigas somos alimentados pela natureza com uma infância perpétua"

Eu nunca pensei que me impressionaria tanto com esse livro. Tanto que desisti da leitura umas duas vezes. Só que, dessa vez, resolvi lê-lo do princípio ao fim para ver o que daria. É importante dizer que: Chesterton nunca me decepciona.

O livro se encontra com duas partes dialéticas que descobrimos que se completam. Auberon, um rei que queria apenas rir de tudo. Adam Wayne, que fanaticamente aderia as ideias malucas de Auberon como se fossem verdades absolutas, acreditando que estava cumprindo seu papel com um clássico amor. Auberon é a piada em fatalismo, Wayne é a seriedade em fatalismo. Se você se questiona quem está certo, já errou: o certo é a unidade entre os dois. Para você entender Chesterton nesse livro, terá de sintetizá-los.

Chesterton também traça uma crítica aos intelectuais de seu tempo. Além de nos chamar a sanidade por meio do paradoxo, temos uma crítica bem certeira aos chamados progressistas que, no fim, apenas pegam tendências e dizem que elas vão se radicalizar tenebrosamente. Ele fala sobre a natureza universal do homem, que não é radical quando saudável, mas paradoxal e dialética. O erro do intelectual está em seu fatalismo e em sua crença radicalizada e monótona em algo que se sucederá. E mais uma vez: a humanidade ri do profeta que se acha certo em sua rigorosidade fatálica, já que o paradoxo é a condição do real.

sábado, 25 de junho de 2022

Novas Aquisições



Acabo de receber a coleção de livros cristãos, utilizá-los-ei no meu estudo teológico e edificação espiritual. São eles:

O Homem Eterno - Chesterton

Graça Abundante ao Principal dos Pecadores - John Bunyan

Pecadores nas mãos de um Deus Irado - Jonathan Edwards

Ortodoxia - Chesterton 

Nascido Escravo - Martinho Lutero 

A Verdadeira Obra do Espirito - Jonathan Edwards 

A Imitação de Cristo - Tomás de Kempis

Caminhando com o Peregrino - Charles Spurgeon

Os Pais Apostólicos - J. B. Lightfoot

Praticando a Presença de Deus - Irmão Lawrence

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Acabo de ler "O Modelo Winnicott de atendimento ao adolescente em conflito com a lei" de Elsa Dias e Zeljko Loparic

 





Escrevi onze páginas de anotação. Não deu pra botar todas as fotos por causa disso, já que a plataforma inicial dos textos é o Instagram. Mas deixemos isso de lado e vamos para mais uma típica análise. 






Conhecer a psicanálise foi uma das coisas mais maravilhosas de minha vida. O curso é meio corrido e tenho conteúdo para estudar pelo resto de minha vida. O que para mim é um desafio e um prazer. Acredito que estou a me abrir para novos horizontes e venho conseguido expandir minha consciência.


Como o módulo de agora é o de Winnicott, estive a ler esse artigo acadêmico para me preparar para a prova e o que mais me surpreendeu foi a humanidade a qual se baseia a teoria psicanalítica winnicottiana. Ele consegue ver a esperança até nos mais hostis membros da humanidade, numa técnica que recobra a eles a humanidade perdida.







Por trás de todo agressor, existe a ambiência que traz passados traumáticos. A delinquência nada mais é uma forma de manifestar a revolta contra uma situação sofrida e a vida marginalizada é a causa substancial ao crime. Cabe não só dar uma espécie de isolamento, mas possibilitar uma nova linha de vida em que a pessoa se realize e integre-se ao conjunto social, alcançando maioridade e tornando-se produtiva.






Winnicott é um teórico maravilhoso. A forma com que ele se lida com a profundidade das questões humanas e tenta resolvê-las de forma humanística, sempre por uma medida socioeducativa, é o que me fez apreciar a leitura e dar-me um gosto de quero mais. Eu nunca teria visto dessa forma se eu não fosse apresentado a ele.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Carta a Fada Azul

Enquanto vejo o Sol surgir após essa noite tardia. Busco conciliar a angústia que até agora dominou meu peito com o alvorecer da nova manhã. Só que depois de tanta escuridão, a claridade que me ficou desconhecida agora queima meus olhos. O calor que tanto esperei me queima e, após tanta melancolia meditabunda, pergunto-me se não morrerei pelos raios solares que ao meu peito invadem.


A paradoxidade do que sinto: buscar a luz, mas estar habituado a escuridão. Eu nasci do primeiro princípio, Deus mesmo, só que meu corpo recobriu-se de satânica canção. O que fazer agora que a obscuridade me evade e a claridade me queima? Conciliar o degosto com o gosto para que o bom gosto não mate toda toxina que carrego? Toxina essa que lentamente me mata, porém é o veneno a qual estou habituado.

O problema do tumor que carrego é que ele foi alimentado, muito bem alimentado, pela minha vida perversa. De perversidade em perversidade, corrompia-me a cada página. Meu caderno é cheio de rabiscos ininteligíveis. Meu braço é cheio de riscos que outrora sangravam. Machucava-me para que, no mínimo, sentisse qualquer coisa em vez de nada. O vazio, a privação, o niiliabsorto: tudo isso dói mais do que a sensação amena de parca felicidade.

Confesso que não sou feliz há oito anos. Só que nesses oito longo anos, tive momentos de felicidade em tempo raso. Só que nessa mesma rasura encontrei boêmia longevidade. Uma pena: agora só sobrou a dor. Sou como o Papa Gregório em "Vida de São Bento": "Estou, pois, avaliando o que sofro, avaliando o que perdi; e, enquanto considero o que perdi, pesa-me ainda mais o que suporto".

sábado, 11 de junho de 2022

Acabo de ler "Violent Cases" de Neil Gaiman e Dave Mckean

 



Essa HQ é bem diferente das que estou acostumado a ler. Para ser mais exato, propus-me a uma pequena loucura quando decidi lê-la: pegar uma HQ aleatoriamente, sem ler a sua sinopse e curtir essa experiência do acaso tal como alguém que abre um livro religioso aleatoriamente esperando uma resposta da providência divina. E não me decepcionei em momento algum, muito pelo contrário.

Essa revista em quadrinhos é meio confusa, já que o conto é narrado no presente, mas a história se passa na percepção meio infantil duma criança. Fora isso, há outro fator que complexifica a leitura da obra: a mistura entre realidade e fantasia dentro da mesma narrativa, o que leva a múltiplos caminhos interpretativos. Damo-nos conta de que estamos numa memória meio confusa que está sempre sincretizando múltiplos eventos.

A sensação de confusão que temos ao ler a HQ não é ruim, ela é prazerosa e dá-nos um quê de misticismo. Essa sensação mística se mistura com a própria beleza artística a qual somos expostos. A beleza e a confusão nos transbordam de sentimentos indescritíveis durante todo no intercurso de leitura. E mesmo não chegando a compreensão literal, compreendemos que ela não é necessária: trata-se, antes de tudo, de uma estranha experiência maravilhosa que joga o leitor numa penumbra lunática e maviosa.

Ao terminar de ler, sinto-me dado a grandes mistérios da vida, não concluindo logicamente sobre eles. O que tendo é entender que existem coisas que escapam as nossas mesquinhas definições.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Psicologia Aplicada de Freud: A Contribuição da Psicanálise para Arte

 



Aprendemos, com Freud, que a arte pode ter um "poder utópico" que metodologicamente serve como mecanismo realizativo do ser e, com isso, atinge um grau de sublimação que servirá de relaxamento do tensionamento psíquico - o acúmulo enérgico e o sofrimento decorrido dele podem, redimidos pela arte, serem arrefecidos.

Freud mesmo encontrava na literatura uma chave para o entendimento dos dramas humanos. A educação cultural e a cultura tornam-se meios de retirada da tensionalidade que ao ser deprime em sua tormenta. Freud insistiu que os artistas anteciparam as verdades mais essenciais do psiquismo humano.






Mesmo que a arte seja definida como: não "bastante forte para nos fazer esquecer nossa miséria real". Ela ainda serve como um substituto daquilo que perdemos na vida em si. Um paliativo ao sofrimento que, quando não encarado como saída absoluta - o que seria uma alienação -, tem a possibilidade de ser uma forma de evasão da tensionalidade energética. A possibilidade de ser, numa existência paralela, uma nova pessoa faz com que saíamos da rotina encarcerada e (de)limitada do real.







Não por acaso, o surrealismo - que foi inspirado na psicanálise- representa um questionamento aos padrões comportamentais e morais socialmente estabelecidos. Sempre escapando da regra, já que o ser sempre necessita de um mecanismo de escapamento para a angústia que o cerceia. Contrariar um pouco é necessário, mesmo que um conjunto de regras estabelecidas sejam necessárias a própria existência humana - e uma vigilância constante sobre as regras estabelecidas também é necessária.

Mais uma vez, a amplitude da psicanálise fascina-me. É como uma ferramenta altamente dialógica capaz de abarcar uma série de fenômenos que, para o bem ou para o mal, vivencio.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Acabo de ler "Asa Noturna: Estágio Futuro" 1 e 2 de Andrew Constant e Nicola Scott

 




Essa HQ não explica nada, quase tudo que existe nela são apontamentos que, mesmo não dando uma condução mais literal pras coisas, possibilita várias margens para interpretação. O que pode ser visto como ruim e, pela experiência geral, geralmente é. Só que perceber o enredo pela ambientação é fantástico e ainda prende o leitor.




Vemos Asa Noturna após perder o Batman. Não sabemos se Batman está de fato morto ou se apenas sumiu provisoriamente. O Batman que aparece não é o Batman de fato e ao final da experiência não sabemos quem é. Creio que se ele fosse o Batman, o próprio Dick perceberia isso. De qualquer forma, o luto pela Batman e a personalidade abalada de Dick ocorrem durante todo percurso da história, criando uma atmosfera diferente e até sombriamente agradável.






Quando um personagem tira sarro do Asa Noturna e de seu descontrole é simplesmente maravilhoso. Temos um Asa Noturna diferente do habitual. Ele é sombrio e fatalista, virando o próprio Batman da história em termos atitudinais e de personalidade. O tempo todo, ele visa cumprir o legado de seu mestre. Ao ponto que ele é o próprio comandante da situação e atua como líder da batfamília. É por isso que gostei desse Asa: sendo taciturno, aparenta-se mais com o seu mentor e a ligação que constrói com ele, sendo uma espécie de novo Batman após a sua (suposta) morte é um dos pontos mais altos da história.





Carrego uma dualidade: tudo se resolveu facilmente demais. As duas HQs mais abrem uma aventura psicológica na mente de Dick Grayson do que uma aventura completa com um bom começo, meio e fim. E embora eu tenha gostado desse Dick, ainda considero a qualidade geral da obra baixa. É um gosto de "eu esperava mais" difícil de lidar, o potencial foi jogado no lixo.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 12)

  Essa é a última parte de Emil Ludwig, indo da página 185 à 208. Aqui termina a triunfalmente rica e arguta análise de Ludwig. E talvez sej...