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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Acabo de ler "Amor em Segredo" de Sonia Rodrigues

 



Certos livros nos aparecem com um ar de espanto. Ao pesquisar o nome "Nelson Rodrigues", na biblioteca, deparei-me com essa curiosa obra de sua filha.


A relação "pai-filha" é tratada de forma curiosa, visto que seu pai negou-lhe a paternidade diversas vezes. A sua mãe, uma mulher apaixonada, não quis ir atrás também. A filha teve que seguir uma jornada teimosa até que tudo viesse à tona.


Não é de se espantar que o nome "Nelson Rodrigues", um dos maiores autores da história de nosso país, caísse como um trovão no céu ao ser meramente pronunciado devido a grandiosidade de sua obra que, além de excelente, é recheada de polêmicas de alta qualidade.


O livro trás mais da figura de Nelson como pai. Além de sua relação conflituosa com a filha. Todavia não há unifocalidade no tema: há algo de autobiográfico e um quê de gênero de crônica - característica que puxou de seu pai.


Um livro que vale a pena ser lido por todo legítimo fã da obra de Nelson Rodrigues e, evidentemente, de sua continuidade sanguínea.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Acabo de ler "200 crônicas recolhidas" de Rubem Braga

 



Se existe um gênero que eu particularmente amo ler, esse é o gênero de crônicas. A leitura desse livro de 488 páginas foi-me um deleite de finíssimo grau, dando a minha vida aspecto suave e mavioso. Sou apaixonado por crônicas desde que o autor Nelson Rodrigues adentrou em minha vida.

Confesso que quando recebi esse livro, logo o estranhei. Não achava que me interessaria por inteiro pelo livro, mas logo fui conquistado pela riqueza do autor. A forma com que a simplicidade e complexidade se engendram harmoniosamente é particularmente espantosa e espetacular. O autor consegue colocar todo simples assunto num altar, exaltando a simplicidade e demonstrando-a grandiosa. Toda essa apoteose deixa a vida mais enriquecida e bela, com Rubem Braga aprendemos a referenciar os pormenores da vida.

Creio que a beleza salvará o mundo. Até certo momento, tinha um grande problema em encontrá-la. O quão cego eu era. A cotidianidade pode ser incrível, o comum e o fantástico podem ser encontrados no mesmo lugar. Rubem Braga é uma espécie de Chesterton em sua apreciação pelo comum. Não por acaso, Chesterton é citado em uma de suas maravilhosas crônicas.

Passei dias lendo o livro lentamente, sempre apreciando meu novo método de leitura. Nunca pensei encontrar uma rica espiritualidade numa obra que me viria por acaso. Sinto-me grato de ter recebido esse livro dum grande amigo.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Verdetextomania #2 - MINHA NOSSA, COMO EU ODEIO SER FALHO

 


>2022

>seja eu

>tímido e introvertido

>more na capital mais badalada do Brasil 

>isso mesmo, São Paulo, mas conhecido como Sampa

<não é estranho que São Paulo seja um nome masculino e Sampa um nome feminino?

<São Paulo é drag queen e tem nome artístico feminino?

<pouco importa

>nesse dia, tal como outros, encaminhava-me para andar de trem 

<era a estação João Dias ou Santo Amaro?

<pouco importa 

>andei normalmente 

>normalmente ao meu modo

>cabeça inclinada pra baixo

>com a sensação de paz de que o mundo poderia explodir a qualquer momento

>ao menos isso é normal para mim, que sou ansioso em ambientes sociais 

>subindo a escada, vejo um homem velho

>boné, roupa vermelha, shorts jeans

>ele simplesmente olha pra trás 

>sim, bem na minha direção

>penso: "mas o que a foda?"

>ele continua olhando pra mim

>ele simplesmente sorri pra mim 

>não entendi direito

>isso era uma forma dele dizer expressionalmente que me curtia?

>ele queria me pegar?

>ele queria me beijar?

>ele queria me dar?

>ele queria me comer?

>tudo isso passou em minha cabeça a mil por hora

>eu acabo ficando enrubescido 

>como estava subindo

<sim, não tenho paciência para escada, mesmo que seja rolante 

>acabei tropeçando e quase caindo

>o senhor de idade olha pra frente

>ouço algumas risadinhas 

>quando termino de subir, ando rápido 

>passo pelo senhor

>olho pra trás 

>ele olha pra mim também 

>nossos olhos se encontram

>ele sorri de novo 

>sorrio de volta

>corro

>pego o trem que já ia partindo 

>sinto-me um idiota por ser tímido e introvertido

>só um único olhar me desconcerta 

Anos e mais anos, mas a nerdice não sai de mim. Já namorei, já perdi a virgindade bocal e sexual, conquanto não perdi a timidez de uma criança que ainda se espanta em demasia com o mundo. Pois é, meus caros, não sejam tão falhos quanto eu.

sábado, 2 de abril de 2022

O Trágico Fulminante #2 - As Garotas Mais Bonitas da Escola




Conte-me mentiras. Diga-me como esconde a sua consistência líquida e superficial por trás de um belo sorriso e um corpo gostoso. Fale-me sobre sua vida niilista que se resume a uma mera relação insertiva e receptiva de dois órgãos um tanto banais. As revistas de moda não escondem, sua vida mental é como a de um inseto que morrerá após um coito infernal. Como se o que bastasse fosse o pouco do pouco do sexo após sexo e mais sexo, seu único élan existencial que mantém a sua vida vazia de conteudismo enquanto tal.

As garotas mais bonitas da escola são como lindas flores de plástico. Belas, cheirosas, eternamente petrificadas como uma estátua humana após o olhar hipnótico de uma sociedade medusada num vácuo existencial. Tão ricas em exterioridades e tão mortas em interioridades. Incapazes de um assunto que toque as faculdades superiores que não pertencem ao corpo, mas a alma. Ordenadas pelas desordenadas duma sociedade antiaristocrática, enternecidas pelo ode ao mediocracismo dum materialismo sem igual. Num Brasil degenerado em que introspecção virou ofensa pessoal.

Pior do que não entender, é viver para nunca querer entender. A troca da picanha pela maestria do palito. A inversão referencial como meta diabólica de uma revolução ultra dionisíaca. O sexo em vez do amor cria o antisexo, a pornografia mata o erotismo como se matasse uma formiga. É ironia, mas o auge da criação se pôs a andar de quatro. Tornou-se um mero cachorro idealizador do cheiramento de nádegas. A civilização, do cume da sua sapiência, entrou em mantra hipnótico e anticivilizatório em ode pela dança da chuva do acasalamento.

Revele-me como você se despiu de toda humanidade que lhe restou apenas para um momento que se esqueceu. Implore-me para que eu faça parte da quantificação do antivalor. Levante o meu pau, já que sou o animal agonizante. Mas a minha alma você não leva, já que ela é por excelência espiritualizante. E depois de todos os fatos vãos, vá embora por um prazer debilitante do mundanismo ocidental antiocidentalizante.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Novas aquisições!




Ganhei recentemente dois livros. "Grandes Contos" de H. P. Lovecraft, é um livro extremamente belo, de capa grossa e com 1.174 páginas do gênio do terror. Já o outro "200 crônicas escolhidas", possui 488 páginas e é do brilhante Rubem Braga, um dos melhores cronistas brasileiros.