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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Acabo de ler "Psicología evolucionista, el caso de las fobias" de Vários Autores (lido em espanhol)

 




Nome completo do artigo: PSICOLOGÍA EVOLUCIONISTA, EL CASO DE LAS FOBIAS

Autores: Troglia, Marisa; Gillet, Silvana Ruth; Fasciglione, María Paola

A teoria da evolução é uma teoria que afirma que existe um princípio de adaptação ao meio que se marca a partir da luta pela sobrevivência. É a luta pela sobrevivência que promove, não só a humanidade como todos os outros animais, a adaptação ao meio. A psicologia evolucionista, surgida a partir da teoria da evolução, propõe uma perspectiva integradora. Ela sintetiza a teoria evolucionista, a psicologia cognitiva e a psicologia aplicada. Ela serve para o estudo – e também o diagnóstico – da normalidade e da patologia.

As emoções têm um valor adaptativo para o indivíduo. Elas fazem parte dele por serem úteis e por facilitarem a sua sobrevivência. Uma explicação psicológica evolucionista da ansiedade é a de que ela é útil para detectar perigos no meio ambiente e promover respostas adaptativas. A ansiedade pode ser natural (advinda de perigo real) ou uma disfunção (advinda de defeitos genéticos ou uma variação). A função genética do medo é a de ativar e movimentar o organismo para enfrentar o perigo. Atualmente muitas das questões desenvolvidas por nós fazem parte de nossas características filogenéticas, mas não possuem muita validade numa sociedade em que o homem já domina muito do meio em que vive.

Somos preparados pela nossa história evolutiva (filogenética) para associar certos estímulos a certas respostas. A história evolutiva das espécies (seleção natural) tem inegáveis vantagens adaptativas, todavia ela sempre é uma incógnita. O ambiente é móvel, isto é, está sujeito a alteração. Logo podemos estar em vantagem ou desvantagem de acordo com nossa adaptabilidade.

Existe o conceito de preparação, no qual é apresentada a ideia de que o organismo está filogeneticamente preparado (através do processo evolutivo da sua espécie) para associar certos estímulos com relativa facilidade ou dificuldade (um mecanismo de cálculo), esses podem ser:
  • Seletividade: são ativadas quando entramos em contato com perigos que foram importantes na história da humanidade;
  • Fácil aquisição: são adquiridas num único ensaio e sem necessidade de um estímulo traumático;
  • Resistência a extração: é uma característica da "aprendizagem preparada", isto é, nossa disposição para aprender acerca de um perigo;
  • Irracionalidade: desproporção entre um perigo real e sua resposta proporcional em ansiedade.
As reações fóbicas, isto é, o medo ante a determinada situação ou objeto, foram transmitidas geneticamente. A razão é pelo fato de que os indivíduos portadores de certos medos foram mais capazes de sobreviverem e se adaptarem. Quando um evento acontece, uma reação emerge no organismo para esse evento. Essa é a linha da aprendizagem preparada. As variações genéticas, por sua vez, traçam que certos indivíduos tem maior potencialidade de adquirirem certas fobias do que outros. 

quinta-feira, 7 de março de 2024

Acabo de ler "El Túnel" de Ernesto Sábato (lido em espanhol)

 



"había un solo túnel, oscuro y solitario: el mío, el túnel en que había transcurrido mi infancia, mi juventud, toda mi vida"


Juan Pablo é um homem que a tudo vê de forma obscurecida. Seus pensamentos, infinitos e variados, impedem-lhe de enxergar algo que vá além de sua subjetividade. É como se existisse, em sua percepção, uma espécie de sobrecarga mental que o próprio pensamento impedisse a percepção do mundo ao redor. Um pensamento atropela o outro, a sua ansiedade marca páginas e páginas do livro, projetando psicologicamente a angústia do personagem no cenário.


Imagine que um livro seja projetado psicologicamente: nada escapa à sobrecarga psíquica do protagonista. E o leitor, lendo o livro, se vê ficando sem ar. É tanta ansiedade, é tanto detalhamento neurótico, é tanto pensamento atrás de pensamento que nem o leitor e nem o personagem central conseguem ter sossego. A leitura do livro pode ser descrita numa única fala que traduz todo esse passeio mental: asfixiante.


Não posso negar que me sinto semelhante ao protagonista da obra: toda essa incompreensão, toda essa neurose, todo esse desprezo pela maioria, toda essa capacidade de sentir por não se integrar e, além disso, a própria noção de que há uma barreira mental, projetada pelo próprio protagonista, entre o ser e o mundo. Tudo isso não me é estranho, é até mesmo comum.


Essa leitura, a não ser em excepcional caso, adentrará como uma das melhores leituras do ano. Eu certamente me apaixonei pela forma que Ernesto Sábato escreve. Vejo aqui um homem brilhante que usa o espanhol com a grandeza dum mestre.