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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 13)

 


Nessa parte, começamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 211 à 218). Na outra, de Emil Ludwig, tínhamos uma análise de um observador não-marxista. Agora temos uma análise marxista e uma pequena biografia de Stalin. Seria Stalin um diminuto revolucionário de menor importância que subiu ao poder por mero acaso e depois arrombou o poder com a sua mesquinhez? Talvez esse, como muitos incitam por aí, não seja o caso.


A vida de Stalin é notória. Como já escrito anteriormente, sua inteligência já era maior que a média e ele era um diligente estudante. Tanto que foi colocado num seminário de uma Igreja Católica Ortodoxa. Seu rumo se desviou conforme entrava em contato com a literatura revolucionária, isto é, uma literatura considerada subversiva. Não só marxista, mas também de índole nacionalista. Os problemas da Geórgia lhe eram comuns, seja na esfera empírica, seja na epistemológica.


O contato com a literatura marxista lhe eram satisfatórios. Conheceu a literatura produzida por Marx e Engels, mas não só eles. A literatura bolchevique e, sobretudo, os escritos de Lenin lhe eram bastante comuns. O contato com a obra de Lenin foram profundos em suas vida e na condução da ala revolucionária que escolheu: o marxismo. Com o tempo, tornou-se um grande e inegável apologista do marxismo.


A atividade de Stalin como propagador, agitador, defensor, escritor, estrategista e líder revolucionário é de importância vital para o crescimento do marxismo no extinto Império Russo. Graças a ele, as zonas dominadas pelos czaristas foram influenciadas pelo marxismo. Sem ele, dificilmente essa atividade teria dado frutos. Tal noção básica, após anos de esforço de apagamento, foi se desfazendo com o tempo. Hoje é preciso acima de tudo recordar o papel de Stalin no maior acontecimento do século XX.

domingo, 5 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 10)

 


Esse trecho ainda é o de Emil Ludwig. Vai da página 161 à 168. Nessa parte, Emil nos dá pistas de suas ideias em relação à União Soviética e Stalin: existe uma dualidade, essa dualidade é entre a alta admiração e, ao mesmo tempo, o desgosto. Emil Ludwig é um anticoletivista e, portanto, não pode ser descrito como um comunista. Emil tinha uma visão bastante complexa, cheia de detalhes, acerca da União Soviética. Sendo admirador de suas proezas e contrário aos aspectos totalitários.


Emil Ludwig, sendo um homem bastante culto, consegue filosoficamente delinear pontos de concordância e disconcordância. Algo que falta aos intelectuais mais inaptos, todavia que não faltaria a um grande intelectual. É desse dissecamento, dessa capacidade de sutileza, dessa visão de traços, que surge uma rica análise. A análise de um doutrinador ou de um doutrinário é sempre simplista, visto que concorda ou discorda dogmaticamente em blocos, como numa unidade de fé. Algo bastante comum em nossos intelectuais mais fracos, mas igualmente comum no mundo todo.


Emil conheceu Stalin e esteve na União Soviética. Ele pôde ver de perto tudo o que acontecia. Esteve livre para analisar tranquilamente. E graças a isso a sua visão é favorecida. Emil via em Stalin as características típicas de um autocrata asiático: a de um ditador parcimonioso e acostumado a uma análise crítica e estratégica da situação política. O Stalin visto por Ludwig não se surpreenderia com seus aliados, com o povo ou com seus admiradores. É da natureza dos homens a volatilidade e tudo pode ir da água pro vinho e do vinho pro abate. Graças isso, confiava mais em manter o bem-estar geral e em manter uma rígida política de controle social.


Manter um progresso contínuo, um bem-estar relativo e uma política de controle social. Essa linha – também vista na China – é a garantia da permanência no poder. Para Emil, Stalin sabia da falsidade de seus seguidores. Essa diferença crucial demonstra a frieza e, ao mesmo tempo, a expertise de Stalin. Algum dia, compreenderão a genialidade da análise política de Emil Ludwig e a genialidade política de Stalin.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 8)

 


Mais uma parte de Emil Ludwig, essa vai da página 123 à 152. O que demonstra a genialidade de Stalin? Talvez seja o fato dele não ter dado crédito à esperança trotskista de que existiria uma revolução na Europa – o que de fato não houve – e muito menos tenha gastado os já cansados cidadãos soviéticos na expansão brutal do socialismo – o que aumentaria a hostilidade dos países em relação à União Soviética. Todavia não se resume a isso: a forma com que ele assumiu o poder, como o manteve, como realizou os planos, como concretizou o que concretizou, tudo isso demonstra o pleno vigor dum homem metódico e determinado.


Stalin nunca foi um covarde e nem um incompetente. Sua vida demonstra que era um homem comprometido com a causa socialista, embora divergisse do rumo socialista de outros teóricos socialistas de seu tempo – inclusive no seio da própria União Soviética. Chamá-lo de traidor ou ver em sua concretude política a imagem dum capitalista é o mesmo que um delírio. Acusá-lo de ser semelhante ao Hitler é o mesmo que mau-caratismo ou argumentação alucionatória. Hitler e Stalin tinham gênios distintos e planos ainda mais distintos, distintíssimos por sinal.


Hitler criou um aparato governamental que era visto por vários cidadãos de seu país como algo tenebroso e que só serviria para a sua destruição ou opressão. Stalin, por sua vez, criou um aparato governamental que fez o povo inteiro se identificar como parte constituinte do Estado – poder-se-ia dizer-se: "o Estado somos nós". Enquanto Hitler oprimia minorias por simples diferenças, Stalin acolhia-as e empregava-as na máquina soviética. Enquanto Hitler destruía parte da educação para elitizá-la, Stalin ampliava a educação e a melhorava substancialmente. Enquanto Hitler queria criar um sistema na imagem e semelhança de seu narcisismo, Stalin criava um sistema que valia por uma construção coletiva e não pelo peso de uma figura excêntrica.


Existem tantas distinções que não poderíamos categorizar o regime soviético como semelhante ao nazismo, mesmo que os dois tenham um caráter "coletivista" e "totalitário".

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 7)

 



Continuando, mais uma vez, a parte de Emil Ludwig, estamos nas páginas 109 à 122. Nessa parte temos a acentuação do conflito de Stalin e Trotsky, indo até a expulsão de Trotsky do país e, posteriormente, adentrando no conflito da União Soviética com a Alemanha nazista. É evidente que, nesse conflito, temos mais o aspecto da luta pelo domínio do poder interno na União Soviética do que a luta da União Soviética contra a Alemanha Hitlerista.


É interessante: o poder tem uma natureza que é paradoxal. Ao mesmo tempo que apresenta uma sutileza que é regida pelas múltiplas contrariedades que carrega, existe uma outra colocação, esta é o de sua brutalidade. Algo que só alguém de olhos bem treinados poderia entender, num esforço de grau simetricamente parecido ao do exercício esotérico. Trotsky e Stalin tinham o mesmo objetivo: o de trazer luz a um mundo socialista. E, mesmo assim, caíram um contra o outro como dois predadores de objetivos opostos. Como poderíamos explicar tamanha contradição? Talvez pelo próprio impulso de governar, de mandar, de estar na liderança. Mesmo num regime de comunidade, de governança coletiva, de cooperativismo, a natureza humana ainda pesa e ainda se faz escutar por meio da sua influência incontornável.


Outro ponto salutar: a capacidade de manter o socialismo no país requisitava uma harmonia de interesses. Sem essa harmonia, manter o socialismo no país seria algo absurdamente difícil. Uma tarefa quase impossível, para não dizer ingrata. É dessa dualidade – manter o desejo político dum projeto de poder comum ao mesmo tempo em que se lida com as múltiplas versões desse mesmo projeto por diferentes pessoas que se antagonizam – que surge a anatomia do poder soviético e a sua carga de repressão. Olhando minuciosamente, o aumento do poder repressivo do Estado soviético para manter o próprio Estado soviético não é um mero acidente em sua substância, mas a própria substância do mesmo Estado soviético. Tal como é a substância de qualquer modelo de Estado, isto é, a mesmíssima substância de autoconservação. Uma das naturezas do Estado é a de manter a própria natureza do Estado.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 6)

 



Ainda na parte escrita por Emil Ludwig, estamos nas páginas 87 à 108 do livro. Aqui vemos o governo de Lênin e toda a conjuntura de dar forma ao poder revolucionário. Com os poder em mãos, o esforço não era mais o de promover instabilidade ao poder dominante e sim o de criar um novo poder dominante. Ou seja, o de construir a ditadura do proletariado. Um estado diferente de todos os outros: não sendo mais controlado pelo clero (via religião), pela aristocracia ou realeza (via política) ou pela burguesia (via economia), agora cabia ao próprio proletariado e ao seu fiel amigo, o campesinato, o de ditar o rumo de sua própria vida e engendrar as engrenagens da liberdade que sempre almejou.


Só que havia um problema nesse sonho, o problema era que o sonho não era só de um. O sonho era um sonho compartilhado com várias visões que, mesmo que se juntassem com alguma semelhança, apresentavam-se distintamente. Dentro do próprio partido, existiam rupturas. Não só isso: socialistas revolucionários, anarquistas, mencheviques e tantos outros, também combateram a burguesia e seus aliados na revolução. Cada qual queria ter parte nesse poder que surgia, mas cada qual tinha uma visão distinta sobre esse poder. Partidários de uma mesma classe – ou duas classes (proletariado e campesinato) –, divididos por diferentes ideais.


O poder evidentemente caiu nas mãos dos bolcheviques, isto é, dos comunistas. Inicialmente esse poder foi utilizado para reprimir os teóricos e adversários do poder comunista, garantindo a estabilidade do poder com base na repressão. Depois de terem calado os inimigos "extra-doutrinários", cabia-se estabilizar o poder nas mãos dos comunistas. E como é que eles fariam isso? Concentrando-o nas mãos de um grupo de comunistas em vez de reparti-lo nas mãos de todos os comunistas. Esse repetitivo processo de concentração para estabilização do poder e para manter a revolução seria, a posteriori, um grande problema para o Estado Soviético e um dos principais motivos de seu fim.


De qualquer forma, a rivalidade entre Trotsky e Stalin vai se delineando e uma ruptura definitiva vai surgindo pouco a pouco.

domingo, 28 de abril de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 5)

 



Essa parte do livro é referente ao capítulo II, em que o historiador Emil Ludwig, dá continuidade a sua análise sobre a vida de Stalin. Vai das páginas 73 à 86. Conta um pouco mais do período de agitação revolucionária e como Stalin, de forma subterrânea – e sempre obedientemente –, continuou como um disciplinado seguidor de Lênin em seu ofício revolucionário.


Quanto a Stalin observa-se: este queria ser, tão apenas, um seguidor de um grande homem. Este grande homem era Lênin. Stalin era uma mescla: ao mesmo tempo em que era um grande estrategista revolucionário, era calmo e quieto. Tal paradoxidade é, até hoje, um grandioso mistério para as múltiplas análises que aparecem grandiloquentemente nos textos produzidos por intelectuais. Isto é, um homem pode ser quieto e, ao mesmo, um incendiário iconoclasta dum regime opressor? A contradição ainda é uma marca humana e, muitas vezes, até mesmo intelectuais decaem em suas análises perante esse formidável fenômeno. Stalin era tão paradoxal quanto é o mais simples humano, mesmo sendo tão complexo quanto é um grande homem.


Stalin tinha aquilo que muitos dos seus seguidores acreditavam: uma forte intuição revolucionária e uma capacidade de compreender a conjuntura dinâmica do real. Conjuntura marcada por um forte desenvolvimento dialético em que múltiplas forças se alteram em tentativas e erros. Cada uma levantando uma série de hipóteses que podem se provar falhas ou assertivas. Tal qual Hitler acertou ao levantar o sentimento nacionalista ao mesmo tempo que censurava fortemente – por morte até mesmo – os líderes revolucionários para frear o contínuo aumento de poder dos socialistas.


O poder e o bom sucesso de Stalin não veio por acaso, muito pelo contrário: é uma obra dum homem que se pôs inteiramente ao serviço da revolução. É possível falar assim de fé revolucionária. O pensamento de Stalin era, antes de tudo, um modus vivendi que se revelava ontologicamente antes de se revelar como um modus pensandi que se revela filosoficamente. Não compreender isso é não compreender a Stalin e, tampouco, tantos outros revolucionários que incendiaram o mundo.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 4)

 



Essa parte do livro é escrita por Emil Ludwig, historiador alemão de ascendência judaica. Ludwig tinha uma teoria histórica baseada numa noção muito específica: não eram os povos que tinham missões a serem desempenhadas, mas sim que as grandes individualidades conduziam o fluxo da história. Se Stalin é analisado por ele, então ele crê que Stalin era portador duma grande individualidade e, com essa substancial personalidade, alterou o fluxo da história com a sua marca. Essa análise vai da página 57 à página 72.


É interessante observar que Ludwig não poderia ser classificado como comunista, muito menos como um partidário de Josef Stalin – Ludwig se classifica como "individualista incondicional". E, mesmo assim, na autonomia da criticidade de seu trabalho, foi um admirador expectante da obra de Stalin. A fundação da União Soviética parecia-lhe o maior acontecimento político do século XX. Dizia até mesmo que: "os russos são o único povo a destruir o reinado do dinheiro".


Ludwig demonstra um Stalin diferente da imagem contemporânea: um homem de profundos estudos, metodologicamente disciplinado, apaixonado pela solitude e duma capacidade oratória e retórica fulminante. Sua atividade revolucionária não foi tímida, só foi típica da sua estrutura comportamental de asiático: silenciosa e parcimoniosa, mas, ainda assim, portadora duma fidelidade férrea e absoluta. A índole de Stalin não é a de um homem apaixonado narcisicamente por si mesmo, tal qual era a de Hitler. A índole de Stalin está, como diz seu próprio nome, no aço. "Stalin" designa exatamente isso: Homem de Aço.


O texto é altamente biográfico, explora a infância de Stalin e o princípio de sua atividade revolucionária. Com uma infância marcada pela mazela da pobreza, Stalin viu muitas vezes pessoas ricas abusarem do poder. O que lhe marcou profundamente, causando-lhe um desgosto para com a situação política da Geórgia e também do Império Russo. Sua vida no seminário lhe deu uma instrução privilegiada, mas o que lhe arrebatou o coração foram as atividades revolucionárias e as mensagens políticas incendiárias que circunstancialmente apareciam.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 3)

 


Quem é Josef Stalin? Essa pergunta soa e ressoa, mesmo após um período tão distante. Para responder essa pergunta, debruçamo-nos na visão do primeiro embaixador estadounidense na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: Joseph E. Davis. Que tipo de visão vocês creem que Joseph nutria acerca de Stalin? Uma péssima, não é mesmo? A resposta é: não. Joseph admirava Stalin e via-o como um homem de notável inteligência e capacidade política. Além disso, acreditava ver nele um excelente homem.


Stalin é aqui relatado como um cavalheiro bastante cordial. Mesmo compreendendo a natureza crua – e por vezes fria – do processo político em sua dimensão real, a famosa realpolitik, Stalin ainda demonstra traços de humanidade e arrependimento dos problemas internos e externos, tentando sempre evitá-los ou atenuá-los na medida do possível. Fora isso, seu contato com os cidadãos da União Soviética é bastante próximo e a sua vida está envolvida numa disciplina que a deixava produtiva e vigorosa.


Hitler também foi analisado, embora numa escala menor, nesse pequeno texto. Hitler é descrito como megalomaníaco e que rouba os créditos do esforço coletivo inteiramente para si. Stalin, por sua vez, demonstra-se mais humilde e compreensivo, valorizando o trabalho coletivo. O único paralelo entre os dois é: a capacidade de realizar grandes planos. Hitler regozijava-se da própria crueldade, Stalin sempre se arrependeu de ter que usá-la.


Um dos pontos sempre falados, mas que hoje salta aos olhos do estudante contemporâneo, ainda mais nessa época de triunfo narrativo do anticomunismo e "antistalinismo": Stalin era um homem bastante metódico, de pouquíssimos prazeres, perpetuamente entregue ao estudo sistemático e ao trabalho contínuo. Ele cumpria ferreamente seus compromissos e estudava os problemas nacionais – além de ter uma compreensão elevada da Europa de seu tempo. Além do mais, admirava os Estados Unidos e não queria um conflito com ele.


Seria um homem assim um monstro tal como hoje se pinta? Talvez os objetivos ocultos da narração contemporânea tenham mais a dizer do que a própria narração que tanto se alardeia.