Mostrando postagens com marcador Resident Evil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Resident Evil. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de outubro de 2022

Acabo de ler "Resident Evil IV" de S. D. Perry

 



O livro acontece logo após os incidentes de Resident Evil 2 (o jogo) ou do volume III (no caso do universo criado por S. D. Perry). Dessa vez, encontramos personagens autorais de Perry (David, John, Trent, Reston) ao lado de personagens mais canônicos (Claire, Rebecca, Leon). Na trama do livro, finalmente ficamos sabendo - bem no final - os objetivos do personagem enigmático chamado Trent.

Antes de mais nada, gostaria de dizer que esse livro poderia ser encarado como um "filler". Só que há o fato de que o universo de S. D. Perry ganhou uma forma original de ver o universo de Resident Evil. Não que isso seja ruim, apesar das várias más experiências que temos tido ultimamente com isso, S. D. Perry soube conciliar bem o canônico com aquilo que poderia se considerar "sua parte criativa e autoral".

Na maior parte do tempo, o time andou dividido e enfrentando problemas diferentes num local secreto da Umbrella chamado "Planeta". Nesse livro, eles finalmente tem a chance de revelarem os odiosos segredos da Umbrella ao público. Se você se assustou com isso, saiba que estamos numa eterna demora para que a Umbrella seja descoberta. Ela sempre arranja alguma desculpa ou consegue um bode expiatório.

Quanto a experiência final do livro, estou vendo que S. D. Perry conseguiu inserir-se genialmente no universo criativo de Resident Evil. Não ficou um produto tosco gerado pela "visão genialíssima e original" de um roteirista ou diretor. O universo dele é, na verdade, bem agradável e condizente com os jogos na medida do razoável.

sábado, 10 de setembro de 2022

Acabo de ler "Resident Evil Vol III" de S. D. Perry

 



Esse é o terceiro livro, todavia é o quarto que analiso. E estou gostando da experiência de ler todos os livros disponíveis da melhor franquia sobre armas biológicas do mundo. Preferi ler os livros do que perder meu precioso tempo com filmes e séries questionáveis que são excepcionais em fugir do enredo central dos jogos.

Nesse livro, acompanhamos o mais fantástico personagem da franquia, Leon S. Kennedy. Além da irmã de Chris, Claire Redfield. Os dois, como já devem adivinhar, sem muita sorte. Leon embarca em Raccoon City como seu primeiro dia de policial - e que primeiro dia, minha gente - e Claire busca seu irmão. Como consequência, os dois se deparam com uma série de problemáticas geradas pela empresa queridinha da galera (Umbrella).

A trama se passa num estado muito mais avançado de degradação de Raccoon. O cenário de catástrofe é cada vez mais presente e a destruição da cidade toma contornos de nível apocalíptico. Numa cidade cheia de zumbis, abandonada por aqueles que foram suficientemente espertos de ir embora cedo, Leon e Claire serão testados por todo tipo de abominação que por lá anda. O inferno na Terra torna-se ainda maior quando Birkin cria algo pior que o T-vírus - provando que nada é tão ruim que não possa piorar -, o famoso G-vírus. Birkin injetará o vírus em si mesmo e viverá uma arma biológica ambulante e mortal.

O livro também conta com a participação de Ada Wong, uma espiã que está incumbida da tarefa de roubar o G-vírus. A filha e a esposa do gênio do mal, senhorita e senhora Birkin. O leitor é convidado a entrar nessa deliciante e horrorosa viagem cheia de monstros, tragédias e condições abomináveis de todos os tipos.

Como fã de terror desde a minha tenra idade, ao ponto de ouvir creepypastas antes de dormir, sou suspeito ao falar. Gostei bastante do livro e, ao terminar essa análise, já parto para o próximo. Vale muito a pena se dedicar à horripilante e dantescamente fantástica de Resident Evil.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Acabo de ler "Resident Evil Vol 2: O Incidente de Caliban Cove" de S. D. Perry

 



Essa história se passa antes dos eventos do Resident Evil 2. A personagem central aqui é a Rebecca Chambers e o vilão principal é Nicolas Griffith. E se você se pergunta em qual jogo esse livro se baseia, talvez você fique um pouco decepcionado: em nenhum. Bola pra frente, vamos encarar o conteúdo do livro - que pode ser mais do que um irritante "filler" - como um universo paralelo que acrescenta na experiência em si do Resident Evil.

Esse é um livro curto e que trata duma série de personagens que surgiram da mente do próprio S. D. Perry. Ele apostou em dar uma guinada mais autêntica e original em sua criação. Parece que isso sempre ocorre quando se trata de Resident Evil. Para falar a verdade, estamos cansados dessa bagunça que se tornou um inferno caótico. Até mesmo importantes jogos são resetados, tal como Code Veronica. Fora que existem boatos que a história do Resident Evil 4 será alterada.

Vou tentar deixar a mágoa de lado e partir pra algo que seja um pouco mais preciso. A história de Caliban Cove não é ruim. Só que é um pouco desconexa com a linha de continuidade. "Zumbis" inteligentes só apareceriam com maior maestria no Resident Evil 4 e esse livro vem com eles antes do 2. O que demonstra que tudo é uma espécie de bagunça, não? Cada um opta por ir por um caminho diferente.

No livro, Dr. Griffith consegue criar um vírus superior ao T-vírus. Esse cria pessoas de aspectos manipulável, capazes de receberem ordens de um mestre. Griffith vê nisso uma espécie de redenção da humanidade, ele alteraria ela a sua imagem e semelhança como um homem convertido em deus. Um grupo formado por Rebecca e outros membros da S.T.A.R.S. fará de tudo para impedi-lo enquanto buscam provas para destruir a Umbrella.

O livro se torna bastante apreciável, sobretudo em carga dramática, lá para o final. O terreno que o autor preparou aos poucos foi excelente, ele conseguiu de fato produzir um peso dramático a obra e uma forte carga sentimental por cada personagem que lentamente trabalhou. Vale a pena não pular esse livro e dá-lo uma chance.

domingo, 21 de agosto de 2022

Acabo de ler "Resident Evil: a Conspiração Umbrella" de S. D. Perry

 



Esse segundo livro de Resident Evil que leio. O outro foi o 0, o qual li primeiro por questão de ordem cronológica da história. Então se você está vendo essa postagem e achando-a estranha, recomendo que dê uma lurkada no Instagram, Facebook ou no blog Cadáver Minimal para achar a postagem anterior. Caso ache desnecessário ou já tenha lido a análise anterior, vá em frente com a leitura.

Esse livro adapta os acontecimentos do primeiro jogo do Resident Evil. Jogo esse lançado em 1996 pro saudoso PlayStation 1 da Sony. Antes que me perguntem: não, a leitura não requer que o leitor tenha jogado os jogos da franquia. Tenham esse  livro como um "produto em si mesmo" ou como uma adaptação funcional da franquia. Tal como o jogo, esse é um livro de terror. Se você for aficionado por terror, é uma boa pedida gastar um tempinho lendo os livros da série.

A história é definida pelos planos mirabolantes da Umbrella. Assassinatos estranhos começam a ocorrer em Raccoon City e cabe a S.T.A.R.S. investigar. A suposição é que sejam malucos canibais, um tipo de seita estranha ou um grupo desorganizado de desordeiros psicopatas. E, ah, como seria mais fácil se fosse qualquer uma dessas inconveniências. Na verdade, a Umbrella sofre de um vazamento de suas armas biológicas e zumbis andam a solta por aí.

O livro vai se construindo por uma narrativa claustrofóbica pela elegante e estranha Mansão Spencer. Uma linda obra arquitetônica recheada de segredos, enigmas, armas biológicas dos mais variados tipos e obras de arte de tirar o fôlego. Talvez essa mansão tivesse sido um pouco mais aproveitável em estadia se quase tudo que estivesse lá não tivesse o objetivo primário de te matar, mas quem sou eu de questionar a genialidade do gênio fundador da Umbrella.

Ler esse livro é ser conduzido por uma gigantesca conspiração satânica de todas coisas que não deveriam existir e como os personagens tentam sobreviver a todo inferno que experienciam. Perdemos o fôlego pela série de problemas que cada um perscruta. E, se você ama histórias com zumbis, esse é um livro indicado para você.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Acabo de ler "Resident Evil: Hora Zero" de S. D. Perry

 



Eu decidi ler esse livro antes de qualquer outro por um simples motivo: a história dele antecede todos os outros, mesmo que tenha sido lançado depois. Logo burlei a ordem de lançamento e parti para aquele que, se não me falha a memória, foi o último a ser lançado, mas é o primeiro em ordem cronológica. Uma situação semelhante ocorre com o Resident Evil 0 lançado para aquele videogame obscuro, porém fantástico, GameCube.


Resident Evil tem uma lore maravilhosa, embora as produções audiovisuais feitas com base nele para o cinema ou até para a Netflix - em forma de série - sejam lamentáveis. Ainda existem algumas animações em forma de filme que são apreciáveis. Recomendo que deem uma boa olhada neles. Só que um bom fã da franquia não pode se furtar a ler os livros baseados nos jogos - que gozam de uma maior fidelidade ao cânon dos jogos.


Em primeiro lugar, a pergunta que vem a pessoa é: por que esse livro (tal como o jogo) se chama 0? Basicamente por sua história se passar antes do 1. Isso pode parecer banal, todavia a história do Resident Evil é profundamente rica. Para um bom entendedor, meia palavra basta. Vira um item obrigatório para quem quer se inteirar mais sobre esse mundo cercado de zumbis e armas biológicas.


Nesse livro, acompanhamos a história de Rebecca e de Billy (um fugitivo da justiça) e como se deparam com um dos fundadores da Umbrella - revivido por grotescas sanguessugas. Toda história se passa com Rebecca suportando sua primeira missão prática que abre a sua vida para um inferno insuportável de zumbis e toda uma série de bichos modificados geneticamente. A trama conta mais um pouco da história da Umbrella (essa maravilhosa fabricadora dos maiores pesadelos de toda humanidade sã).


A sensação que tive lendo esse livro é um pouco de estranheza. Não estou muito habituado a pensar no Resident Evil como um zoológico do terror. Porém com o tempo me afeiçoei a forma distinta pela qual operaram o terror sombrio da obra. Por fim, simpatizei-me mais com vários personagens, até mesmo com os diabólicos vilões. Valeu-me muitíssimo a pena imaginar cada detalhe, a sensação psicológica foi diferenciada.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Acabo de ler "Sangue, Suor e Pixels" de Jason Schreier

 



Videogames são a coisa mais divertida do mundo, não? Podemos desvendar masmorras mortais em The Legend of Zelda, viver o apocalipse zumbi em Resident Evil, correr a velocidade do som com Sonic, espancar deuses em God of War. Tudo indica que videogames são divertidos, eles abrem um leque de possibilidades existenciais nas quais entramos de cabeças em novos mundos... mas, pera aí, como tudo isso é feito mesmo? Cada possibilidade que adentra no fantástico mundo da gameplay é meticulosamente preparada por pessoas que, às vezes, passam dias trabalhando mais de dez horas por dia sem ver a família ou dormindo no próprio estúdio pra poupar tempo e maximizar a produção.

Sim, tudo gasta tempo e esforço. O cogumelo que aumenta o tamanho do seu encanador favorito requisitou tempo e esforço daquele que o programou para fazer isso. Os zumbis que lhe perseguiram pelas ruas de Raccoon City requisitaram de uma sofisticada inteligência artificial. Até mesmo o Sol e o reflexo na água tiveram um determinado tempo para ficarem prontos. Alguém teve que deixar qualitativo os movimentos das gramas. Sem falar da física que a tudo rege que teve incontáveis cálculos matemáticos. Fora uma série de piruetas de todos os tipos, alguém teve que conceber artisticamente o produto para que ele fosse bonito e verificar se as mecânicas dentro dele o deixavam divertido além de jogável.

Atrasos de produção, pessoas largando tudo para produzir jogos, horas de discussões intermináveis sobre poderes e como aplicá-los, passar tempo longe da família, não ver os filhos crescerem. Se isso lhe parece uma vida divertida, quiçá esteja apto pra trabalhar 12 horas por dia para que uma flor apareça numa tela e dê poder de fogo a um encanador barrigudo que luta contra tartarugas. A vida dos programadores não é fácil, videogames podem até ser divertidos, só que produzi-los é um esforço estóico do mais alto nível. Toda essa história é contada por uma série de relatos nesse livro.

Pra quem quer entender mais sobre videogames, esse livro é de leitura obrigatória. Ele trabalha com relatos que dão uma nova compreensão sobre jogos de forma inesquecível.

quinta-feira, 3 de março de 2022

Zumbis

 


Quando criança, eu já sabia. Eles um dia estariam lá. Não só pelas ruas, estariam nos metrôs e nos trens que se conectam com toda uma rede de locais que são pórticos de esperança. Não tardaria para que eles vissem, para que eles me cobrassem a tarifa da existência. Ignorei-os pelo fato de que achava que nada podia macular a minha integridade. A infância é sempre ditada pela tolice duma esperança ingênua e logo soube meu lugar no mundo: ou a vida zumbi que dilacera a carne do próximo na esperança que ele se adeque na solidão de seu corpo ou o suicídio idealista que a alma elava, já que no corpo não mais a contém.

Eu sempre soube que eles estariam também estariam nas linhas de trem. Caminhavam em seu sofrimento eterno. Condenados a comer a carne humana, condenados a destruir seus iguais e igualá-los em sua maldição. Crianças, adolescentes, adultos e velhos - nem mais crianças e adolescentes podiam se livrar do jugo da existência cadavérica. Todos deveriam caminhar zumbificados por todos os lugares, sempre e em todo lugar. Logo, nada diferentes do usual, nada diferentes dos seres humanos normais. E nada mais normal que a escravidão. Humanos, demasiadamente humanos, imersos em lodaçais de normas sem fim. Buscando um emprego prum sustento precário. Buscando o básico, o imanente, o nauseante nauseabundado.

Inicialmente desejei sobreviver, eu acreditei que era natural que o Sol se fizesse presente num novo alvorecer. Triste ilusão. A verdade é que o ideal sempre esmaga o real. Às vezes a gente aprende, por outras não. Por vezes só queremos acreditar que o mundo é burlável e que a alma é imortal - crença antiga e reacionária, portanto revolucionária para os parâmetros de hoje.


A noite aqui é sempre fim. Ela é sem fim, mas a Lua é sempre sem gosto. A Lua aqui nunca é mística e não há boêmia no amanhacer. Agora a rotina era mais que a rotina, a rotina era sem transcendência. Agora a rotina era utilitária sem a divindade da inutilidade que encanta a vida e o que objetivo da vida encerra. Era uma noite apolínea sem a dialética dionisíaca. Agora só era só isso, matar ou morrer. Infelizmente, viver não era viver. Infelizmente, viver só era sobreviver. Humanos tornam-se cruéis sem a domesticação da tirania, tão logo que se perde a elevada civilização, perde-se de igual modo a sobriedade da ideação corretamente ordenada. Não são agora só os zumbis problemáticos, são os estupradores, ladrões e aqueles que se fanatizaram pelo gosto pelo sangue, pelo gosto pela morte. Num mundo assim, do que adianta ainda viver? Viver aqui é inatural, já que tirando o sobrenatural do natural, sobra-se tão somente o inatural.

Eu escolhi. Escolhi tristemente, mas escolhi. Escolhi que fugiria dos zumbis na espera do próximo trem. Nesse trem, arquétipo da salvação da alma, entregar-me-ei de corpo para que salve a minha alma. Eu tinha que fugir dos zumbis. Eu tinha que fugir até de mim mesmo. Tinha que sair da cela não tão monástica de meu corpo. A cada dia, eles andavam lentamente ao meu lado. A cada dia, imploravam para que com eles eu caminhasse. Eles andavam sempre vagarosamente, o que era mais detestável era o cheiro. Cheiro cadavérico e distante de todo sonho. Cheiro de zumbi, conquanto cheiro de mim. Cheiro que só sobrevive e não vive. Alguns sem olhos, outros com tripas de fora. De tanto ao lado deles caminhar, cheiro deles já era cheiro meu.

 Quem eu sou? Eu sou o Hipo Cristo justificado, já que fui também crucificado. Um falso cristo, um cristo sem santidade. Cristo esse que tinha sonhos tão proféticos quanto o verdadeiro Cristo. Cristo esse tão crucificado quanto o próprio Cristo. A brutal diferença era que eu não tinha deidade e nem minha morte remia o mal do mundo, mas por ele era condenado. Adequei-me a cada dor. Aprendi com cada qual em seu ódio sem ódio. Com cada qual o ódio mortal, com cada qual o pior tipo de ódio, com cada qual o ódio realizado que matou o realizador. Eu não quero ser um zumbi, eu quero ser o ser amado e o ser que ama. Não quero ser encerrado num corpo que já não tem alma ou espírito, não quero ser um zumbi ou, mais precisamente, não quero ser um cidadão líquido duma pós-modernidade. Não quero, como eles, ser encerrado em um corpo desalmado, como num dia triste sem fim.