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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Acabo de ler "Campus Battlefield" de Charlie Kirk (lido em inglês/Parte 8)


Nome:

CAMPUS BATTLEFIELD

HOW CONSERVATIVES CAN WIN THE BATTLE ON CAMPUS AND WHY IT MATTERS


Autor:

Charlie Kirk


Quando o número de palavras catalogáveis em "discurso de ódio" não para de crescer, como podemos saber o que é um "discurso de ódio" de forma simples para que a maioria das pessoas saibam o que é ou não é um discurso de ódio? Entrar nessa discussão vem sido um esforço muito marcado pela incongruência e falta de precisão terminológica. Muitas vezes, a ideia de discurso de ódio vem sido usada para... Criminalizar uma série de outros discursos que, em situações normais, nem seriam classificáveis como discurso de ódio.


O caso exemplar dos discursos acerca da meritocracia é um exemplo concreto da natureza incerta acerca do propósito do "discurso de ódio". De fato, o discurso de ódio existe. Só que mesmo discordando da natureza da meritocracia na ampla maioria dos casos, não poderíamos classificar o discurso acerca da meritocracia como algo naturalmente odioso e lamentável. Isto é, não podemos classificar todo e qualquer discurso sobre meritocracia como automaticamente um discurso de ódio.


Os códigos de linguagem visam uma mudança profunda na forma com que nos comunicamos. Essas novas regras linguísticas vêm dado o que falar. Além disso, muitos ainda não "absorveram" a razão das mudanças e nem a forma com que deveriam falar a partir de agora. Só que há uma questão maior por trás desses códigos linguísticos: a forma com que nos expressamos demonstram, em parte, como pensamos. Se somos obrigados a mudar a forma como pensamos, deve haver uma razão especial para isso. Quando somos levados a repensar falas que eram muitas vezes racistas, LGBTfóbicas e até classistas, isso era um bom ponto. Todavia estamos entrando em um caminho em que precisamos revisar crenças em prol de uma crença que não é mais sobre uma simples convivência civilizada, mas uma imposição de um padrão de pensamento.


Veja que combater a meritocracia em todas as instâncias não é justo. Se uma pessoa defende a igualdade de oportunidades para que as pessoas possam de fato competir, ela seria uma pessoa defendendo um ponto de vista odioso? Uma pessoa pode, a partir disso, ser obrigada a lingüísticamente ter um discurso que defende a "igualdade absoluta" em todos os campos e em todos os termos apenas para não ser encarada como uma portadora de um "discurso de ódio". Isso não é apenas uma forma de não proferir um discurso ofensivo, é uma forma de sustentar um discurso que está contra o que ela crê.


Toda essa engenharia comportamental sútil não pode ser encarada como essencial para a convivência social e para a preservação da democracia. Já que ela já ultrapassou a barreira da civilidade e adentrou no domínio do pensamento. Esses novos códigos podem levar a destruição da democracia e a um totalitarismo que se implanta lentamente, mas de forma consistente.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Agradecimentos

 



Fui buscar meu diploma hoje. Várias memórias se passaram dentro de minha cabeça, era como um episódio de flashbacks. Até aquele período em que estudei depressivamente, desmoronando pela submersão de vários sentimentos, tornaram-se alegres. Uma sensação, um sentimento de conquista justificado pelo esforço e a capacidade de não desistir.


Passei 3 anos em uma labuta, indo quase toda semana pegando livros da biblioteca em paralelo às aulas diárias que tinha. Durante o curso, frequentei duas bibliotecas para complementar a minha formação literária, fora alguns cursos que executava em paralelo. A formação se deu pelo esforço, muitas vezes foi uma batalha de vitalidade e persistência para dar continuidade a uma série de estudos privados e de ordem curricular. De qualquer modo, sempre decidi ir além. Eu tentei conciliar e fiz, na medida do possível, uma série de estudos que complementavam o curso.


A faculdade foi-me mais do que um compromisso burocrático. Era-me um mundo inteiro. As disciplinas - nem todas, mas a maioria - me encantaram. Os assuntos tratados, na sala de aula ou fora dela, foram-me de máxima importância. Em pouco tempo, eu, garoto revolto, tornei-me tão acadêmico quanto poderia ser. Embora eu sempre tenha mantido um olhar para aquelas questões e autores pouco olhados, visados ou admirados. A vida me foi como um grande pancânon dialético e ainda o é. A dialogicidade e a necessidade de negar-se para ir além do aceitável para mim mesmo me foi compromisso antes, durante e depois do curso.


Agradeço aos carinhosos professores, amigos e companheiros que, durante esse trajeto, acompanharam-me e ajudaram-me. Espero sempre estar, mesmo que espiritualmente, ao vosso lado. Foi difícil a minha trajetória, já que além de autista eu sou bipolar e tudo se atrapalha no meu autocentramento e mudanças de humor. Só que consegui superar isso e ir além graças a vocês. Também sou grato imensamente a minha família que esteve ao meu lado em todas essas múltiplas crises que se apresentaram em meu caminho. Espero um dia ser digno do amor que recebi de todos vocês.


Ao terminar essa postagem, sinto que estou mais velho e, quiçá, mais sábio também.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Carta a Dionísio - A conjuração duma dualidade trágica




Quando penso em você, penso igualmente em mim. Você me era como um arquétipo e como uma contradição a qual deveria rivalizar. Era-me arquétipo na medida em que era alguém de posicionamento social, econômico e funcional melhor do que o meu. Só que não era só isso, era belo e inteligente. Você era um grande ímã que sequestrava todos ao redor com teu hipnotismo, sobretudo as mais belas garotas que víamos na faculdade. Conseguia navegar na divergência e no enquadro. Via-me como um acessório ou alguma coisa a orbitar o espaço de sua espetacular presença que a todos encantava.


Todo garoto tem direito a ter seu super herói a preencher o seu imaginário. Quanto mais tímido for o garoto, mais esse se ancorará na figura heróica de seu ídolo. A timidez e a admiração tornam-se simbioticamente a causa da mudança, um condicionar-se à figura do ser amado e idealisticamente pensado. Em certo sentido, a imagem mental que tinha de ti gerava uma confusão identitária na constituição de meu pensamento. Quando a imagem que tinha de ti era fortalecida, mais alienantemente fugia da minha própria autoimagem e, também, daquilo que era a minha identidade.

Eu era como um Narciso às avessas, sempre que me deparava com a pequeneza e feiúra de minha própria imagem, preferia gritar ao me ver em cada reflexo. O horror para comigo mesmo me levava à loucura de vôos imagéticos em que eu sempre me imaginava o contrário do que eu era. Segui-lo era tornar-me um bichinho que seguia o protagonista e servia-lhe de adorno, ressaltando sempre o protagonismo do personagem central da história. Eu era uma pessoa destituída de uma boa história mitológica.

Virei uma espécie parasitária de vampiro. Sugava de ti as hipóteses e possibilidades, numa dependência abjeta. Minha maturidade caminhava a lentos passos. Só que o peso do heroísmo pode ser trágico, toda crítica sua me jogava em profunda náusea. E, nos tempos finais de nossa proximidade, inferiorizou-me ao todo, jogou-me pra baixo. Mesmo assim, chorei depois de vê-lo partir. Hoje tento achar a mim mesmo, procurando pontuar o que sou e o que não sou. Quero me dissociar de tua imagem, quero ter meu próprio projeto e minha própria história. Não quero parasitá-lo ou imitá-lo, quero vocacionar-me.

Eu não estou lhe culpando, falo-lhe de mim mesmo e do impacto que você causou. Afasto-lhe para que eu seja, busco autenticidade. O princípio de nirvana requer um grau de expurgo para que o organismo volte a sua funcionalidade. Se não afastar-lhe, tua voz atrapalhará a voz de minha consciência e minha intimidade. É uma questão fundamental viver minha própria história.

Por muito tempo, os rumos de minha vida se afastaram de meus objetivos. Tudo me impactava sombriamente: os fóruns virtuais, as drogas, as bebidas, os locais. Eu preciso de tempo, eu quero um grande espaço - um espaço pelo resto de minha vida. O tempo e o labor fincarão o que busco, a minha nova vida requer novos hábitos, pessoas, leituras, jogos e amores. Não sei se isso lhe entristece, sinto mais alívio do que qualquer outra coisa. Afasto-me também duma série de outras pessoas, conhecidas nossas. Aprendi a verdadeira liberdade, ela me diz que nada que me prenda ou leve a perca de minha vontade como verdadeiramente livre.

Lembro-me da estação de metrô em que estava no dia em que tentei me matar. Queria ter enviado uma mensagem última a ti e outros dois ex-amigos. Parei de falar com eles por eu ter me tornado insuportável e insustentável. Não quero manchá-los com a minha vida turbulenta, ainda mais quando eles trouxeram ao mundo uma nova vida. Além disso, soube de algo que prefiro nunca contar. O sofrimento que teriam ao saber seria grande demais. Encaro isso como uma traição, porém é uma traição que suportarei com a dignidade de alguém que se afasta para o bem. Trai-os com a necessidade de protegê-los, além de livrá-los de minha influência nefasta. O meu coração carregará essa dor tal como carrega tantas outras dores.

O que mais me dói é a ideia fixa de que um personagem não possa ter duas origens. Se assim não o for, estarei eternamente condenado aos meus erros passados. Eu estou longe dele, abandonei a tudo: fórum, antigas leituras, drogas, bebidas, ciclo social. O único lugar donde extraío minha força é do santo terço, quase sempre chorando e pedindo perdão a Deus por toda dor que causei a todos ao meu redor. Sei que todos os meus ex-amigos encontram-se melhor sem mim. Dar a eles espaço é privá-los de meu mal e, igualmente, dar a mim um espaço para comigo mesmo. Mudanças produtivas vêm vindo, só que só se manterão se eu me manter na senda reta.