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domingo, 27 de fevereiro de 2022

Acabo de ler "Harry Potter e a criança amaldiçoada" de J. K. Rowling, Jack Thorne & John Tiffany

 



"HARRY: Esses nomes que você tem não deveriam ser um fardo. Alvo Dumbledoree Severo Snape teve seus momentos também. ALVO: Eram bons homens. 
HARRY: Eram grandes homens, com grandes falhas. E elas, quase os fizeram ainda maiores."

Esse livro é como uma pack de extensão. Apresenta um universo já rico e trabalha com esse universo. Embora o formato de texto teatral não seja o mais adequado em minha visão. Mesmo sendo uma adição, quiçá interessante, faltou o mesmo gosto dos livros anteriores. Dá-se então o estranho gosto de fan service. Só que a curiosidade para com essa adição é muito bem respondida em alguns pontos.

Quando Snape descobre que há um futuro em que o filho do Harry  Potter tem o nome dele, por exemplo, é fantástico. E até mesmo ele sentir orgulho disso é também fascinante, porém a forma com que isso se apresenta é mal colocada. O filho do Harry não fez nada de bom, até aquele momento, para ser merecedor de tal orgulho do Snape. Se fossem por outras ações - e isso exigiria mais tempo de desenvolvimento - teria sido algo mais interessante e até melhor.

O livro trabalha com um problema que é fixo em quase toda obra que segue esse estilo - tipo Boruto ou o filho do Batman - um conflito geracional que quase sempre surge por alguma idiotice cometida pela geração posterior. Só que sempre que algo assim ocorre, é sempre com um tom excessivamente dramático e fatalista. Você sempre se pergunta: "como é possível que ele tenha errado tanto?". Não é como se jovens não errassem, mas o ponto do erro é quase sempre excessivo e qualquer um que tenha consumido o suficiente disso, já está cansado disso.

Alvo Severo Potter lembra bem o Harry da Ordem da Fênix, comete erros altos. E nisso o livro decepciona: é como se toda a escala evolutiva acentuada voltasse para um estado anterior tão somente para agradar gerações mais novas e por elas ser compreendida. O que não é uma ideia ruim, porém quase sempre mal-executada (seja em Boruto, com o filho do Batman e até com o do Harry). De todo modo, o livro é uma leitura interessante.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Acabo de ler "Harry Potter e as Relíquias da Morte" de J. K. Rowling

 



Toda jornada tem seu fim, embora essa possa se tornar eterna no meu coração e no de muitos. Pelas minhas contas, li todos os livros em PDF, juntando todas as páginas de todos os livros: foram 2.260 páginas. Não me arrependo de nenhuma maneira por nenhuma delas, rejubilo-me.

“E o conhecimento dele permaneceu lamentavelmente incompleto, Harry! Aquilo a que Voldemort não dá valor ele não se dá sequer o trabalho de compreender. De elfos domésticos e contos infantis, amor, lealdade e inocência, Voldemort não entende nada. Nadinha. Que todos tenham um poder que supere o dele, um poder que supere o alcance da magia, é uma verdade que ele jamais compreendeu"
"É uma coisa curiosa, Harry, mas talvez os que têm maior talento para o poder sejam os que nunca o buscaram"
"Você é o verdadeiro senhor da Morte, porque o verdadeiro senhor não busca fugir da morte. Ele aceita que deve morrer, e compreende que há coisas piores, muito piores do que a morte no mundo dos viventes"
Dumbledore

A maior lição que temos de extrair de Harry Potter é a de que o amor é o maior poder. O amor anula a contradição, e por Voldemort não compreender o amor: fragmentava-se tolamente em itens amaldiçoados. Voldemort temia a morte, era temeroso e supersticioso. Seu medo se tornou em mal e quando a morte lhe sobreveio, a sua figura no outro mundo não era a de uma pessoa completa, mas a de uma criança deformada. Já que Voldemort nunca cresceu, estagnou em seu medo e criou uma longa crença narcisista sobre si mesmo, sem jamais compreender-se.

Por outro lado, Harry Potter nunca se julgou digno. Nunca desejou um poder imenso. E por não desejar: nunca se fragmentou em atos tolos. Quando se entregava a algo, era verdadeiro. Era de fato livre. Não estava aqui ou ali, onde estava é onde estava. As suas ações não se perdiam em multifacetagens diabólicos. Por amar, por aceitar a morte, era mais poderoso que Voldemort: aceitar que a vida é o que é leva ao melhor encaminhamento vocativo da vida. Ao aceitar a morte, aceita-se que se deve viver integralmente, de forma sã. O poder do amor é a união do sujeito no todo. Nenhum tirano compreenderia.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Acabo de ler "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" de J. K. Rowling

 



"– E como é que se divide a alma? – Bem – respondeu Slughorn, constrangido –, você precisa compreender que a alma deve permanecer intocada e una. A divisão é um ato de violação, é contra a natureza."
"Contudo, se encaixava perfeitamente: com a passagem do tempo, Lorde Voldemort parecia ter se tornado menos humano, e as transformações que ele sofrera só me pareciam explicáveis se sua alma estivesse mutilada além da esfera do que chamaríamos de maldade normal...”

O livro nos introduz mais a vida de Voldemort. Não só de forma meramente biográfica, mas ao modus pensandi do icônico vilão que, para atingir a imortalidade, maculou a própria alma. Há também o fascínio pelo mal que atraí Harry a magia das trevas pelo Príncipe Mestiço - (spoiler) que, mais tarde, descobre-se que nada mais é que o próprio Snape. De qualquer forma, a relação com o Snape é ambígua: Harry conheceu e o admirou sem saber que estava a receber um conteúdo de um professor que ele próprio odiava. A relação com Snape (spoiler) é ambígua: admira-o sem saber que é ele, sabe que ele foi responsável por revelar a profecia que levou à morte dos seus pais e é o próprio Snape que mata Dumbledore. Todas essas ações carregam substancialiadade a obra, enriquecendo os personagens e dando um peso realístico dificilmente realizável em obras de menor peso.

O discurso sobre o "um e o múltiplo" me encantou, sobretudo quando se fala da divisibilidade da alma que é a sua corrupção em caráter maior. A divisão da alma, da psiquê, do espírito ou como quer se ouse chamar, é um absurdo trágico. O ser dividido é inautêntico e sofredor. É um ser que está sempre em parte, sofrendo pela mutilação de seu ser que nunca encontra paz. Tal assunto é encontrado na mais alta filosofia, teologia e, igualmente, na literatura e na mística. Nesse livro, vê-se a mística em Harry Potter, duma forma nunca dantes vista dentro do mundo de nosso querido bruxo. E o poder do amor (ou seria "Amor"?) é visto como o equilíbrio desejável, a união do ser consigo mesmo e o laço verdadeiro, o verdadeiro poder: não se pode unir pelo medo, o medo só consegue pressionar com força em determinado tempo e um dia esse mesmo aspecto tensional o arrefece. Logo há ilusão de poder, poder esse que será destruído por sua natureza corrupta e inatural. Não se pode perpetuar a corrupção, já que ela é de aspecto degradante. Onde não há liberdade, há uma gravidade que só pode ser respondida com outro jogo gravitacional de relações, relações essas marcadas pelo o que há de mais baixo.

"o último e maior de seus protetores morrera, e ele estava mais sozinho do que jamais estivera"

Esse livro é de suma importância para Harry Potter. Nele, ele se torna adulto. O mundo protegido por seu padrinho, pai, mãe e até mesmo Dumbledore entrou em colapso. Nas ruínas, ele terá que agora em diante buscar a própria solução, não mais como um menino, mas como um homem legítimo dentro de sua responsabilidade em ação humana. Nisso está a compreensão do livro: o rito de passagem da adolescência para a vida adulta em que se tem que se lutar para conseguir o que se quer. É por isso que esse livro é um dos mais bonitos da franquia, embora recheado duma morte nada agradável. Morte essa de alta significação: o tempo de ser protegido e ter o risco atenuado passou, agora é necessário ser adulto e arcar com as consequências de uma teia embaralhada de alta complexidade irresoluta.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Acabo de ler "Harry Potter e a Ordem da Fênix" de J. K. Rowling




Esse livro apresenta um tamanho maior que o seu anterior, o que torna surpreendente a evolução da autora como um todo, já que ela evolui e muito a sua capacidade narrativa e de construção de universo literário. E é sempre incrível ver como as peças se encaixam nos livros de nosso bruxo predileto.


Apesar de alguns dizerem que é um prólogo ou preparamento aos outros livros, não posso concordar com essa frase e tenho lá as minhas razões. Creio que cada produto cultural apresenta um processo que é diferente, já que a intencionalidade não é a mesma. É preciso ver além daquilo que é demonstrado no corpo total da obra, analisando ela em seu conjunto e em sua parte. A parte reflete o produto total, porém deve também ser analisada por si mesma.


Nesse livro, vemos um Harry mais sentimental e preocupado com as consequências de suas ações. Ele vai, aos poucos, tomando maior consciência de si e revisando seus atos em uma postura autocrítica, sobretudo no final da obra. A relação com os outros personagens igualmente aumenta em substância. Os personagens ganham peso psíquico, histórico e atitudinal. Com a história ganhando cada vez mais complexidade, sentimo-nos satisfeitos com o desenrolar da trama, embora não possamos nos sentir tão felizes com o desenrolar das ações inconsequentes de Harry - ele é adolescente, isso pesa ao seu favor. O que se pode esperar é um desenvolvimento posterior, já que ele se depara (spoiler) com a morte de seu padrinho e terá que arcar com essa responsabilidade.


O que temos nesse livro é: alta densidade política, os sentimentos que são desenvolvidos e a própria caracterização de um mundo cheio de perigo. Tudo isso é de suma importância para o desenvolvimento de cada personagem, já que tudo se torna cada vez mais sério e toda ação termina em consequências trágicas ou dificilmente contornáveis. Harry tem que se desenvolver mesmo que seja à força e começa a entender melhor que o mundo não é tão colorido e que o heroísmo tem um preço que foge do pacote fechado de "felizes para sempre". Termino o livro com a boa sensação de que me deparo com uma obra cada vez mais adulta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Acabo de ler "Harry Potter e o Cálice de Fogo" de J. K. Rowling

 



    "– Se eu achasse que poderia ajudá-lo – disse Dumbledore brandamente –, mergulhar você em um sono encantado e permitir que adiasse o momento em que terá de pensar no que aconteceu esta noite, eu faria isso. Mas sei que não posso. Amortecer a dor por algum tempo apenas a tornará pior quando você finalmente a sentir"

Dumbledore 


    Uma das grandes razões de muitos detestarem Harry é a sua pouca aptidão mágica quando comparado a outros personagens que chegaram até inventar magias. Harry é mal considerado se terem vista Snape ou o próprio Dumbledore, ou sua amiga Hermione. Só que o poder não basta, a ação moral no mundo vale mais do que bastante poder, já que bastante poder na mão de alguém que não é idôneo leva a um uso trágico desse mesmo poder. A ação moral de Harry vale mais do que mil e quinhentas magias de Voldemort. O protagonismo de Harry é ser idôneo e reto, isso faz ele "valer" mais do que os outros.

    Algo que é dito pelo Dumbledore na "Câmara Secreta": "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades".


    Nesse livro, vemos o mundo de Harry cada vez mais adulto. A complexidade galopa de ritmo conforme a história avança e já era esperado que o quarto livro fosse mais adulto e detalhado que os livros anteriores. Esse papel é rigorosamente exercido e a trama é tão boa e os eventos se enquadram de tal forma que parecem até mesmo um roteiro policial. As conexões demonstram a inteligência da autora que é capaz de fazer engendrar pequenos detalhes num corpo cada vez mais bem estruturado. Poder-se-ia dizer-se que há uma sofisticação cada vez mais interessante e que não tira em nada o gosto da leitura, pelo contrário: dá mais gosto ao leitor.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Acabo de ler "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" de J. K. Rowling

 



    Se há algo de espacial para se comentar sobre esse livro é a evolução da narração literária da escritora. É incrível como o mundo criado por ela ganhou mais ricos detalhes e a história amadureceu muito mais do que no segundo livro, embora eu ainda creia que as pessoas dão menos crédito ao segundo livro do que ele de fato merece. Mesmo assim, digo-lhes: esse terceiro livro é fantástico e é, até o presente momento, um dos livros de Harry Potter que mais gostei de ler.


    O livro tomou um ar mais sombrio e a presença dos malignos dementadores deixou o mundo mágico com toques de malignidade bem adulta. A ideia de morte e sofrimento é mais bem trabalhada nesse livro e tom cômico infantil vai, gradualmente, adentrando num humor um tanto sarcástico. Creio que o humor pitoresco, trocado pelo sarcástico, foi pouco a pouco sendo trocado para o amadurecimento narrativo e o próprio crescimento de Harry Potter enquanto personagem.  Finalmente podemos ver consequências mais severas, sem aquele ar de que tudo pode terminar em feijoada e pouco importando o rumo tomado - coisa que me enjoa nos filmes da Marvel.


    A sensação que me domina é essa: hoje compreendo muito mais o bom gosto que as pessoas tinham ao ler Harry Potter. Dir-lhes-ei mais: os livros são bem mais legais que os filmes, embora o Harry Potter 1 e 2 do PlayStation 1 ainda sejam, em meu coração, adaptações magnânimas do universo do bruxinho. Sem dúvida logo engatarei na leitura do próximo livro. E, sim, estou maravilhado e contente com essa experiência fantástica!

Acabo de ler "Harry Potter e a Câmara Secreta" de J. K. Rowling

 


    "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades" (Dumbledore)


    Quando terminei de ler o primeiro livro, senti logo vontade de ler o segundo livro. E, apesar de alguns não gostarem tanto dele assim - julgam-no como um livro de menor importância  -, acabei por gostar bastante da experiência. Tenho-no como uma evolução do primeiro, mas aviso aos imbecis ideológicos: "evolução", em meu linguajar, não indica superioridade alguma, mas sim uma forma de continuidade que pode ou não ser boa. No caso, vejo-o como uma grata expansão do primeiro. Acentuando claramente o potencial da história e amadurecendo o mundo do Potter.


    É incrível ver como a história apresenta uma série de mal-entendidos e como Potter é confundido, preconceituosamente, com um mago das trevas. E como nazismo, magia negra e sonserinismo se aparentam, Harry enfrentou vários problemas por causa dessa visão de que ele era o herdeiro de Salazar Sonserina. Até mesmo falar com cobras - possivelmente ele estava falando em alemão,  mas não façam isso em casa - garoto podia e acabou por ser visto por toda a escola como um grande estorvo e até mesmo como um assassino.


    Quanto a comparação ao livro anterior, dir-lhes-ei que esse ainda preza pelo tom cômico, mas a característica sombria de que as pessoas podem sofrer foi mais acentuada. O que dá ao livro um tom bem mais sombrio e adulto. Fora que somos apresentados ao passado de Voldemort e as suas ligações e rivalidade com Harry Potter.


    Livro excelente, vale a pena dar uma olhada e, quiçá, ler todos os outros livros e se inteirar no mundo fantástico de Harry.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Acabo de ler "Harry Potter e a Pedra Filosofal" de J. K. Rowling.



    "Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele" (Dumbledore).


    Ler Harry Potter depois de anos é uma maravilha. A primeira vez que o li, estava no segundo ano do ensino médio. Ou seja, há cerca de oito anos atrás. Não me lembrava do quanto o seu universo era curioso e nem o quanto o livro era engraçado em diversos bons aspectos. E digo-lhes o livro é melhor que o filme, embora eu o tenha assistido - o primeirão - enquanto ainda era só uma criança. Assisti-o naquela ferramenta tecnológica, hoje antiquada, chamada Fita Cassete. Até hoje me lembro de estar ao lado de minha irmã enquanto assistia o primeiro filme de Harry Potter, das poucas coisas que me lembro da infância, essa é uma das melhores.


    Talvez a serenidade da vida adulta tenha acalmado o desordenado senso de realidade que me fazia digerir livros rapidamente em minha tenra mocidade adolescente. Talvez eu tenha ficado lento e reacionário, mas tendo fortemente a gostar mais de produções literárias que audiovisuais. Muitas coisas hoje não me agradam, entre elas os memes e as microescritas e microleituras que dominam a internet atual. Só que hoje, afastado da reação espalhafatosa, creio que é melhor calar-se e curtir um "próprio" universo cultural do que entrar em briga com uma unanimidade de imbecis. 


    Se alguém disser que "Harry Potter" é insuficiente como produto literário, dir-lhes-ia que são poucos os capazes de criar universos ricos de sentido e que a beleza da vida está mais contida em coisas que não veem do que as que veem. 

    Quanto a velhice e a morte, fico com as palavras de Dumbledore:

    "Afinal, para a mente bem estruturada, a morte é apenas a grande aventura seguinte".