Nos últimos tempos, venho me relegado a transformar solidão em solitude - triste tarefa que demonstra a presente decadência de minha figura. A leitura dos livros de Harry Potter vem sido o meu alívio, também retornei ao estudo de obras de caráter mais teórico e abstrato. Nelas encontro um aconchego de um mundo fantástico ou uma elevação teorizante que me livram da crueza do mundo real. Mesmo isso sendo obtuso e até mesmo alienante, venho visto na figura de Snape um pouco de mim: arrogante, sem relações de concreta amizade ou de amor, solitário, sofreu bullying na infância e adolescência.
De qualquer forma, tenho muito de semelhante e queria estabelecer relações aproximadas. Algumas ideias não m
Te calham pelo meu ressentimento, alguns traços se encaixam mais pelo meu sofrimento do que por minha real adesão. Sei que não posso renegar o meu passado e parte de minha revolta contra esse mundo parte dele. Sei que, no fim, relações se esgotam e pessoas se afastam. Por outro lado, estou tão perturbado que igualmente me afasto. É como se uma paisagem turva se apresentasse a tudo que meus olhos tocam e que meu coração deseja. O desejo se choca com a incorrespondência e todo contato cai na percepção que todo contato é ilusão, sempre caio e me afogo na desilusão. Estou ficando cansado demais para sentir, já que todo sentir é decepcionante.
O que sinto presentemente é um hiato. Hiato esse que se caracteriza não por uma forma ou deforma, mas por uma nuvem fantasmagórica que em parte revela o que já foi e em outro projeta em fragmentos o que virá. Não sei se sou forte o suficiente para isso. Por vezes, penso que nada mais importa. Às vezes quero que tudo se acabe, já tive mais do que o suficiente. O prazer de tentar, a força de se seguir, a coragem para prosseguir, tudo isso se esvai a cada dia e arrasto-me como se eu fosse manco.
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