Acabo de reler "O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação" de Haruki Murakami.
É sempre fantástico ler um livro de Haruki Murakami, reler e ainda se encontrar nele é ainda mais fantástico. O amor e a identificação que tenho por esse grandioso livro é sempre atual e constante. Eu me vejo bastante no protagonista, seja de forma pessimista, seja de forma otimista.
Tsukuru, nome do protagonista, quer dizer "construtor". Alguns teólogos da libertação usam a palavra "antropogênese" para se referir a vida humana, já que o homem não é um produto datado ou regido instintualmente tal como um animal irracional. O próprio personagem segue a sua jornada vocacional, perguntando-se sempre quem ele é e nunca dando um resultado cabal. A resposta para tal enigma é que a vida em si é um enigma e todos nós estamos em construção constante e perpétua - talvez até o momento de nossa morte, quiçá até depois dela. Tsukuru, esse personagem incolor ou sem coloração definitiva, reflete cada um de nós: projetos humanos díspares e singulares, cada qual com sua antropogênese. Se você se sente confuso ou mal por não ter uma identificação imediata e concreta, não se assuste: o ser humano está sempre em antropogênese, essa condição disforme é o que caracteriza a sua liberdade e é a maior marca de sua humanidade. Nunca fique triste por não ter uma posição marcada, isso só prova a sua humanidade. Não fique triste por ser humano, orgulhe-se disso.
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